247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a visãoblaze crash 3xdesenvolvimento sustentável do Brasil “está alicerçada no potencial da bioeconomia” e que o país “desponta como celeiroblaze crash 3xoportunidades neste mundo revolucionado pela transição energética”. “Nossa visãoblaze crash 3xdesenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia. O Brasil sediará a COP 30blaze crash 3x2025 convictoblaze crash 3xque o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática. O Brasil desponta como celeiroblaze crash 3xoportunidades neste mundo revolucionado pela transição energética”, disse Lula durante seu discurso na cerimôniablaze crash 3xabertura da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),blaze crash 3xNova York, nesta terça-feira (24).
“Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa do mundo. 90% da nossa eletricidade provémblaze crash 3xfontes renováveis, como a biomassa, a hidroelétrica, a solar e a eólica. Fizemos opção pelos opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração. Estamos na vanguardablaze crash 3xoutros nichos importantes, como da produção do hidrogênio verde. É horablaze crash 3xenfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependenteblaze crash 3xcombustíveis fósseis”, destacou. &nbsp;
Confira a íntegra do discurso do presidente Lula. 
 
"Meus cumprimentos ao presidente da Assembleia Geral, Philemon Yang.
E também quero saudar o secretário-geral António Guterres e cada um dos Chefesblaze crash 3xEstado eblaze crash 3xGoverno e delegadas e delegados presentes.
Dirijo-meblaze crash 3xparticular à delegação palestina, que integra pela primeira vez esta sessãoblaze crash 3xabertura, mesmo que ainda na condiçãoblaze crash 3xmembro observador. E quero saudar a presença do presidente Mahmmoud Abbas.
 
Senhoras e Senhores,
Adotamos anteontem, aqui neste mesmo plenário, o Pacto para o Futuro.
Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimentoblaze crash 3xnossa capacidade coletivablaze crash 3xnegociação e diálogo.
Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo: andamosblaze crash 3xcírculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes.
Nem mesmo com a tragédia da COVID-19, fomos capazesblaze crash 3xnos unirblaze crash 3xtornoblaze crash 3xum Tratado sobre Pandemias na Organização Mundial da Saúde.
Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional.&nbsp;
Vivemos um momentoblaze crash 3xcrescentes angústias, frustrações, tensões e medo.
Testemunhamos alarmante escaladablaze crash 3xdisputas geopolíticas eblaze crash 3xrivalidades estratégicas.
2023 ostenta o triste recorde do maior númeroblaze crash 3xconflitos desde a Segunda Guerra Mundial.
Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram 2,4 trilhõesblaze crash 3xdólares.
blaze crash 3x Maisblaze crash 3x90 bilhõesblaze crash 3xdólares foram mobilizados com arsenais nucleares.
Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima.
O que se vê é o aumento das capacidades bélicas.
O uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra.&nbsp;
Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencialblaze crash 3xse tornarem confrontos generalizados.
Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectivablaze crash 3xpaz.
O Brasil condenoublaze crash 3xmaneira firme a invasão do território ucraniano.
Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar.
O recurso a armamentos cada vez mais destrutivos traz à memória os tempos mais sombrios do confronto estéril da Guerra Fria.&nbsp;
Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento.
Essa é a mensagem do entendimentoblaze crash 3xseis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processoblaze crash 3xdiálogo e o fim das hostilidades.
Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano.
O que começou como ação terroristablaze crash 3xfanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletivablaze crash 3xtodo o povo palestino.
São maisblaze crash 3x40 mil vítimas fatais, emblaze crash 3xmaioria mulheres e crianças.
O direitoblaze crash 3xdefesa transformou-se no direitoblaze crash 3xvingança, que impede um acordo para a liberaçãoblaze crash 3xreféns e adia o cessar-fogo.
Conflitos esquecidos no Sudão e no Iêmen impõem sofrimento atroz a quase trinta milhõesblaze crash 3xpessoas.
Este ano, o número dos que necessitamblaze crash 3xajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões.
Em temposblaze crash 3xcrescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras.
Mas é impossível “desplanetizar” nossa vidablaze crash 3xcomum.
Estamos condenados à interdependência da mudança climática.
O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está fartoblaze crash 3xacordos climáticos não cumpridos.
Está cansadoblaze crash 3xmetasblaze crash 3xreduçãoblaze crash 3xemissãoblaze crash 3xcarbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega.
O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global.
2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna.
Furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastroblaze crash 3xmortes eblaze crash 3xdestruição.
No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941.
A Amazônia está atravessando a pior estiagemblaze crash 3x45 anos.&nbsp;
Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhõesblaze crash 3xhectares apenas no mêsblaze crash 3xagosto.
O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica dablaze crash 3xsoberania.
Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais.
Alémblaze crash 3xenfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental.
Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime organizado.
Reduzimos o desmatamento na Amazôniablaze crash 3x50% no último ano e vamos erradicá-lo até 2030.
Não é mais admissível pensarblaze crash 3xsoluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas.
Nossa visãoblaze crash 3xdesenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia.
O Brasil sediará a COP-30,blaze crash 3x2025, convictoblaze crash 3xque o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática.
Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano,blaze crash 3xlinha com o objetivoblaze crash 3xlimitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio.&nbsp;
O Brasil desponta como celeiroblaze crash 3xoportunidades neste mundo revolucionado pela transição energética.
Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa.
90% da nossa eletricidade provémblaze crash 3xfontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica.
Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração.&nbsp;
Estamos na vanguardablaze crash 3xoutros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde.
É horablaze crash 3xenfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependenteblaze crash 3xcombustíveis fósseis.
Senhor presidente,
Na América Latina vive-se desde 2014 uma segunda década perdida.
O crescimento médio da região nesse período foiblaze crash 3xapenas 0,9%, metade do verificado na década perdidablaze crash 3x1980.
Essa combinaçãoblaze crash 3xbaixo crescimento e altos níveisblaze crash 3xdesigualdade resultablaze crash 3xefeitos nefastos sobre a paisagem política.
Tragada por disputas, muitas vezes alheias à região, nossa vocaçãoblaze crash 3xcooperação e entendimento se fragiliza.
É injustificado manter Cubablaze crash 3xuma lista unilateralblaze crash 3xEstados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis.
No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar a ordem pública e promover o desenvolvimento.
No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento.
Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviçoblaze crash 3xinteresses reacionários.
A democracia precisa responder às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência.
No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas.
Tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldadesblaze crash 3xum continente depauperado.
O futuroblaze crash 3xnossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formasblaze crash 3xdiscriminação.
Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei.
A liberdade é a primeira vítimablaze crash 3xum mundo sem regras.
Elementos essenciais da soberania incluem o direitoblaze crash 3xlegislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentroblaze crash 3xseu território, incluindo o ambiente digital.
O Estado que estamos construindo é sensível às necessidades dos mais vulneráveis sem abdicarblaze crash 3xfundamentos macroeconômicos sadios.
A falsa oposição entre Estado e mercado foi abandonada pelas nações desenvolvidas, que voltaram a praticar políticas industriais ativas e forte regulação da economia doméstica.
Na áreablaze crash 3xInteligência Artificial, vivenciamos a consolidaçãoblaze crash 3xassimetrias que levam a um verdadeiro oligopólio do saber.
Avança a concentração sem precedentes nas mãosblaze crash 3xum pequeno númeroblaze crash 3xpessoas eblaze crash 3xempresas, sediadasblaze crash 3xum número ainda menorblaze crash 3xpaíses.
Interessa-nos uma Inteligência Artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e que fortaleça a diversidade cultural.
Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação.
E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra.
Necessitamosblaze crash 3xuma governança intergovernamental da inteligência artificial,blaze crash 3xque todos os Estados tenham assento.
Senhor presidente,
As condições para acesso a recursos financeiros seguem proibitivas para a maioria dos paísesblaze crash 3xrenda média e baixa.
O fardo da dívida limita o espaço fiscal para investirblaze crash 3xsaúde e educação, reduzir as desigualdades e enfrentar a mudança do clima.
Países da África tomam empréstimo a taxas até 8 vezes maiores do que a Alemanha e 4 vezes maior que os Estados Unidos.
É um Plano Marshall às avessas,blaze crash 3xque os mais pobres financiam os mais ricos. &nbsp;
Sem maior participação dos paísesblaze crash 3xdesenvolvimento na direção do FMI e do Banco Mundial não haverá mudança efetiva.
Enquanto os Objetivosblaze crash 3xDesenvolvimento Sustentável ficam para trás, as 150 maiores empresas do mundo obtiveram, juntas, lucroblaze crash 3x1,8 trilhãoblaze crash 3xdólares nos últimos dois anos.
A fortuna dos 5 principais bilionários mais que dobrou desde o início desta década, ao passo que 60% da humanidade ficou mais pobre.
Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora.
Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido na cooperação internacional para desenvolver padrões mínimosblaze crash 3xtributação global.
Os dados divulgados há dois meses pela FAO sobre o estado da insegurança alimentar no mundo são estarrecedores.
O númeroblaze crash 3xpessoas passando fome ao redor do planeta aumentoublaze crash 3xmaisblaze crash 3x152 milhões desde 2019.&nbsp;
Isso significa que 9% da população mundial (733 milhõesblaze crash 3xpessoas) estão subnutridas.
O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas ele também persisteblaze crash 3xpartes da América Latina.
Mulheres e meninas são a maioria das pessoasblaze crash 3xsituaçãoblaze crash 3xfome no mundo.
Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios agrícolas dos países ricos ampliam o alcance desse flagelo.
Mas a fome não é resultado apenasblaze crash 3xfatores externos. Ela decorre, sobretudo,blaze crash 3xescolhas políticas.
Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la.
O que falta é criar condiçõesblaze crash 3xacesso aos alimentos.
Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemosblaze crash 3x2014.
Sóblaze crash 3x2023, retiramos 24 milhões e 400 mil pessoas da condiçãoblaze crash 3xinsegurança alimentar severa.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que lançaremos no Rioblaze crash 3xJaneiroblaze crash 3xnovembro, nasce dessa vontade política e desse espíritoblaze crash 3xsolidariedade.&nbsp;
Ela será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20 e está aberta a todos os países do mundo.
Todos os que queiram se somar a esse esforço coletivo são bem-vindos.
Senhor presidente, senhoras e senhores,
Prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente.
Apenas quatro emendas foram aprovadas, todas elas entre 1965 e 1973.
A versão atual da Carta não tratablaze crash 3xalguns dos desafios mais prementes da humanidade.
Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193.
Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento.
Inexiste equilíbrioblaze crash 3xgênero no exercício das mais altas funções. O cargoblaze crash 3xSecretário-Geral jamais foi ocupado por uma mulher.
Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada.
É horablaze crash 3xreagir com vigor a essa situação, restituindo à Organização as prerrogativas que decorrem dablaze crash 3xcondiçãoblaze crash 3xforo universal.
Não bastam ajustes pontuais.
Precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta.
Sua reforma deve compreender os seguintes objetivos:
<ul>
 <li>a transformação do Conselho Econômico e Social no principal foro para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, com capacidade realblaze crash 3xinspirar as instituições financeiras.</li>
 <li>a revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusiveblaze crash 3xtemasblaze crash 3xpaz e segurança internacionais.</li>
 <li>o fortalecimento da Comissãoblaze crash 3xConsolidação da Paz.</li>
 <li>a reforma do Conselhoblaze crash 3xSegurança, com foco emblaze crash 3xcomposição, métodosblaze crash 3xtrabalho e direitoblaze crash 3xveto,blaze crash 3xmodo a torná-lo mais eficaz e representativo das realidades contemporâneas.</li>
</ul>
A exclusão da América Latina e da Áfricablaze crash 3xassentos permanentes no Conselhoblaze crash 3xSegurança é um eco inaceitávelblaze crash 3xpráticasblaze crash 3xdominação do passado colonial.
Vamos promover essa discussãoblaze crash 3xforma transparenteblaze crash 3xconsultas no G77, no G20, no BRICS e na CELAC, no CARICOM, entre tantos outros espaços.
Não tenho ilusões sobre a complexidadeblaze crash 3xuma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizadosblaze crash 3xmanutenção do status quo.
Exigirá enorme esforçoblaze crash 3xnegociação. Mas essa é a nossa responsabilidade.
Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global.
A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam às expressões cruas dos mecanismos do poder.
Neste plenário ecoam as aspirações da humanidade.
Aqui travamos os grandes debates do mundo.
Neste foro buscamos as respostas para os problemas que afligem o planeta.
Recai sobre a Assembleia Geral, expressão maior do multilateralismo, a missãoblaze crash 3xpavimentar o caminho para o futuro.
Muito obrigado".

Lula na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

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Brasil Sustentável

"Brasil desponta como celeiroblaze crash 3xoportunidades para a transição energética", diz Lula na ONU

247 - A eletrificaçãoblaze crash 3xônibus urbanos é importante no enfrentamento das mudanças climáticas, mas está longeblaze crash 3xser suficiente para o combate às emissõesblaze crash 3xcarbono no transporte. Tão ou mais importante do que a transição energética é reduzir o usoblaze crash 3xautomóveis e motos e priorizar o transporte coletivo. Esta foi uma das principais conclusõesblaze crash 3xespecialistas presentes à 9ª Conferência Cidades Verdes, realizada pelo Instituto Onda Azulblaze crash 3xparceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Rioblaze crash 3xJaneiro). “A transição energética e as cidades” foi o tema deste ano. O "abandono urgente" do combustível fóssil também foi defendido por especialistas presentes ao evento, nos dias 16 e 17blaze crash 3xsetembro.
No painel “Transportes sem emissões”, Andrea Souza, coordenadora do Programablaze crash 3xEngenhariablaze crash 3xTransportes da Coppe/UFRJ, disse que as mudanças climáticas assumiram uma velocidade "que pode comprometer a nossa existência”. Segundo ela, o transporteblaze crash 3xpassageiros foi responsável por 47% das emissõesblaze crash 3xcarbono do setor, mas uma pesquisa da Confederação Nacionalblaze crash 3xTransporte concluiu que a demanda pelo ônibus vem caindo vertiginosamente:blaze crash 3x2017 a 2024, o índiceblaze crash 3xbrasileiros que se deslocam por este modal se reduziublaze crash 3x45% para 30,9%. Já o uso do carro subiublaze crash 3x22% para 29%, especialmente por conta dos aplicativos.
Mudar a lógica do deslocamento
“Não adianta ter ônibus elétrico se as pessoas ainda preferem o automóvel”, diz Guilherme Wilson, gerenteblaze crash 3xPlanejamento e Controle da Semove (Federação das Empresasblaze crash 3xMobilidade do Estado do Rioblaze crash 3xJaneiro). A queda na demanda e a ampliação do usoblaze crash 3xbiocombustíveis, segundo ele, levaram os ônibus a reduzirem as emissõesblaze crash 3xCO2blaze crash 3x52%blaze crash 3xdez anos.
Para reverter a perdablaze crash 3xpassageiros, segundo Isaque Ouverney, gerenteblaze crash 3xInfraestrutura da Firjan, é preciso repensar o desenvolvimento das cidades como um todo. “Não há como falarblaze crash 3xmobilidade sustentável sem abordar a necessidade da alteração da lógica do deslocamento”, acredita. “Se uma pessoa morablaze crash 3xCampo Grande e trabalha no Centro, leva duas horas para chegar, acaba fazendo escolhas como comprar uma moto ou um carro”, diz Ouverney. Transição energética, segundo ele, "diz respeito a planejar o território”.
O combate aos combustíveis fósseis
A necessidadeblaze crash 3xinvestimentoblaze crash 3xenergias renováveis foi um consenso na Conferência Cidades Verdes. Para Andrea Souza, “é preciso que a gente se afasteblaze crash 3xforma definitiva" dos combustíveis fósseis. “O Brasil tem matriz com participação hídrica, eólica, solar e outras renováveis que vêm despontando, e o país pode se destacar na liderança dessa transição justa para uma economia verde com transporte público eficiente”, acredita. O biogás, para Wilson, da Semove, precisa ser mais explorado. “Com o potencial que temos, daria para substituir 70% do diesel usado”, garante ele.
O economista Sérgio Besserman, presidente do Institutoblaze crash 3xPesquisa Jardim Botânico do Rioblaze crash 3xJaneiro, foi também peremptório: “Temos que abandonar definitivamente os fósseis.” No painel “A era dos combustíveis fósseis está mesmo no fim?”, Besserman disse que “o carro está nos levando para um aumentoblaze crash 3x2,7 graus, se as missões (do Acordo) forem cumpridas. Mas, e se não forem cumpridas?”, questiona. “A probabilidade da extinção da espécie humana, embora pequena, existe.”
Hidrogênio na transição energética
Diante do cenárioblaze crash 3xcalamidade climática vivida por vários países, inclusive o Brasil, a transição para outras fontesblaze crash 3xenergia limpa é urgente, ressaltaram os debatedores. “A gente vive neste momento um desafio inédito na história da humanidade”, disse Amanda Ohara, coordenadora da Iniciativa Energia e Amazônia do iCS (Instituto Clima e Sociedade). Andrea, da Coppe/UFRJ, sugeriu mais pressão sobre os governos pelo abandono dos fósseis: “Precisamos usar a COP30 para pressionar no sentidoblaze crash 3xacelerar o fim do uso dos combustíveis fósseis. A comunidade científica está muito preocupada”, disse ela. A 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas aconteceráblaze crash 3xnovembroblaze crash 3x2025,blaze crash 3xBelém.
O Brasil tem potencial técnico para a produçãoblaze crash 3x1,8 bilhãoblaze crash 3xtoneladasblaze crash 3xhidrogênio por ano, e este pode ser um caminho estratégico para a transição energética no país. A conclusão foi dos especialistas do painel “O presente e o futuro do hidrogênioblaze crash 3xbaixa emissãoblaze crash 3xcarbono”. Para Danielle Valois, da Associação Brasileirablaze crash 3xHidrogênio, diversos segmentos podem ser beneficiados pelo hidrogênio, como empresasblaze crash 3xmineração eblaze crash 3xtransportes pesados. “Precisamos colocar a mão na massa para termos energia mais limpa, e o Brasil tem um potencial enorme para a produçãoblaze crash 3xhidrogênio”, disse Danielle Valois.
Para Carlos Peixoto, cofundador e CEO da H2hellium, a diversificação da ofertablaze crash 3xenergia é urgente, mas deve ser feitablaze crash 3xmaneira justa. “Há 50 milhõesblaze crash 3xbrasileiros que não consomem energia digna. Eu me preocupo mais com estas pessoas”, afirma Peixoto, para quem a captaçãoblaze crash 3xhidrogênio natural é uma possibilidade futura, mas é preciso investimentoblaze crash 3xtecnologia para que aconteça. “Nós precisamos ser conscientes do que é possível fazer. Nosso objetivo é descarbonizar”, conclui.
Resíduos não são mais problema, diz Eletronuclear
A conferência também discutiu "O impacto socioambiental das diversas formas energéticas”, abordando questões delicadas como o desmatamento promovido pelos biocombustíveis, os prejuízos sociais e ambientais das hidrelétricas e a preocupação com resíduosblaze crash 3xusinas nucleares.
O chefeblaze crash 3xgabinete da presidência da Eletronuclear, André Osório, disse que “a questão do armazenamento já foi um problema muito sério, complexo eblaze crash 3xdifícil solução, mas hoje não é mais”. Segundo ele, os depósitos das centrais estão “quase lotados”, mas a instalação do Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental, o Centena, será importante para dar sobrevidablaze crash 3xcercablaze crash 3x20 anos às geradorasblaze crash 3xenergia, alémblaze crash 3xsuprir a necessidadeblaze crash 3xespaçoblaze crash 3xarmazenamentoblaze crash 3xresíduos que, no futuro, devem ser produzidos por Angra 3.
Planejado pelo governo federal para abrigar os resíduosblaze crash 3xforma definitiva, o Centena deve ocupar uma áreablaze crash 3xcercablaze crash 3x40 hectaresblaze crash 3xSão Paulo, Minas Gerais ou Rioblaze crash 3xJaneiro. “Este repositório não atenderia apenas às usinas, mas a outros produtoresblaze crash 3xresíduos nucleares”, explicou Osório. Ele espera que até 2030, com o início das operaçõesblaze crash 3xAngra 3 (atualmente com 65% das obras civis prontas), o Centena estejablaze crash 3xfuncionamento. A gestão do espaço ficará a cargo do CNEN, autarquia federal do Ministérioblaze crash 3xCiência, Tecnologia e Inovação.
Reusoblaze crash 3xágua e segurança hídrica
O Brasil está muito atrasado no reusoblaze crash 3xágua, uma ação estratégica para a segurança hídrica das populações e da economia. Foi o que apontaram os especialistas do painel “Reuso da Água e as Cidades Inteligentes”. A vice-diretora do Institutoblaze crash 3xReuso da Água, Maíra Lima, apresentou o casoblaze crash 3xSingapura, onde 40% do esgoto tratado são reutilizados. Em Israel, o índice vai a 85%, na Austrália a 15%, mas no Brasil não chega a 1%.
“Cidades inteligentes reusam a água, e ela se reverteblaze crash 3xenergia, transporte e mobilidade, segurança hídrica, qualidade do ambiente, qualidadeblaze crash 3xhabitações, saúde, iluminação pública, agricultura inteligente, comunicação, educação”, explica Maíra. “Não há uma regulamentaçãoblaze crash 3xnível federal nem municipal”, lamenta.
O Estado do Rioblaze crash 3xJaneiro está criando uma norma técnica para o reusoblaze crash 3xágua na indústria, informou a subsecretáriablaze crash 3xRecursos Hídricos e Sustentabilidade do Estado, Ana Asti. “Estamos vivendo uma escassez hídrica, e a águablaze crash 3xreuso é um alicerce importante deste programa estadual”, afirmou.
Cidades precisam ser inteligentes
Ana Asti anunciou a divulgação, no fimblaze crash 3xoutubro,blaze crash 3xum estudo encomendado pelo governo à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que apontará recomendações e diretrizes para que o Rioblaze crash 3xJaneiro se torne uma metrópole inteligente - e azul, segundo ablaze crash 3xdefinição - do pontoblaze crash 3xvista dos recursos hídricos, alémblaze crash 3xsugerir meiosblaze crash 3xfinanciamento para tal. “É complexo porque são atoresblaze crash 3xdiferentes níveis envolvidos, porque a água não conhece fronteiras. Bebemos aqui uma água que nasceblaze crash 3xSão Paulo”, exemplifica.
O gerenteblaze crash 3xsustentabilidade da Firjan, Jorge Peron, defendeu que as cidades invistam maisblaze crash 3xtransformações. O conceitoblaze crash 3xcidade-esponja, emblaze crash 3xopinião, é um dos mais interessantes. “São cidades permeáveis, com soluções que permitem o fluxo e o escoamento naturais da água. Precisamos trazer urgentemente para a nossa realidade urbana soluções como tetos verdes, paredes verdes, pisos e concretos permeáveis, revestimentos porosos, ampliaçãoblaze crash 3xparques urbanos etc.”
Para Leonardo Soares, diretorblaze crash 3xAssuntos Corporativos da Iguá Saneamentos, "o Rio vive uma falsa sensaçãoblaze crash 3xdisponibilidade contínua e abundanteblaze crash 3xágua". Segundo ele, "nosso sistemablaze crash 3xestaçõesblaze crash 3xtratamentoblaze crash 3xesgoto não é desenhado com a conformação necessária para que seja produzida águablaze crash 3xreuso". Peron concorda: “Sabemos que vai acontecer (a faltablaze crash 3xágua). A questão é saber quando e nos prepararmos para isso.”
Municípios campeõesblaze crash 3xpreservação
Secretáriosblaze crash 3xMeio Ambienteblaze crash 3xoito municípios fluminenses receberam na Conferência Cidades Verdes moçõesblaze crash 3xreconhecimento do programa ICMS Ecológico. Dez cidades integram o ranking 2024 das que mais preservam o meio ambiente. Criadoblaze crash 3x2007, o ICMS Ecológico estabelece critériosblaze crash 3xconservação ambiental para o aumento do repasseblaze crash 3xrecursos aos municípios.
No cálculo, entram índices como conservaçãoblaze crash 3xmananciais e das áreas protegidas, tratamentoblaze crash 3xesgoto, destinaçãoblaze crash 3xresíduos, remediaçãoblaze crash 3xvazadouro e qualidade do sistema municipalblaze crash 3xmeio ambiente. Cumpridos os requisitos, as cidades recebem 2,5% do totalblaze crash 3xICMS arrecadado pelo Estado.
No ano passado, o grande vencedor foi o municípioblaze crash 3xCachoeirasblaze crash 3xMacacu, seguidoblaze crash 3xRio Claro e Silva Jardim. As cidadesblaze crash 3xMesquita, Nova Iguaçu, Mangaratiba, Niterói, Paraty, Sapucaia e Nova Friburgo, nesta ordem, completam o IFCA, Índice Finalblaze crash 3xConservação Ambiental. Participam das análisesblaze crash 3xreconhecimento a Secretariablaze crash 3xEstado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Fundação Ceperj.
No Índiceblaze crash 3xMananciais, Rio Claro saiu vencedora. Armaçãoblaze crash 3xBúzios lideroublaze crash 3xTratamentoblaze crash 3xEsgoto, enquantoblaze crash 3xGestãoblaze crash 3xResíduos o destaque ficou com Barra Mansa, que também venceu o rankingblaze crash 3xRemediaçãoblaze crash 3xVazadouro. Paraty lideroublaze crash 3xÁrea Protegida, Mesquita venceu o Índiceblaze crash 3xÁrea Protegida Municipal, e Arraial do Cabo, o Índiceblaze crash 3xQualidade do Sistema Municipalblaze crash 3xMeio Ambiente. Confira os rankings do ICMS Ecológico 2024blaze crash 3xcada índice aqui - https://www.rj.gov.br/ceperj/ranking.
A conferência
A 9ª edição do Seminário Cidades Verdes teve o patrocínio da Semove e Iguá, com o apoio da Firjan, Band News, O Dia, Inea, Coppe/UFRJ, C40, ICLEI, ANAMMA e FSFA. André Esteves, presidente do Instituto Onda Azul, comemorou o resultado da Conferência Cidades Verdes. "A alta participação, com quase 700 inscritos, mostra que as pessoas estão entendendo que este é um evento importante, sobretudo neste momentoblaze crash 3xemergência climática que estamos vivendo", disse André.

Cidades Verdes: especialistas defendem transporte coletivo e urgência no combate a combustíveis fósseis

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"Brasil desponta como celeiroblaze crash 3xoportunidades para a transição energética", diz Lula na ONU

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