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    É tudo verdade. Ou quase

    O novo livrobrazino 7777Chico Buarque, “Bambino a Roma”, passeia pela memória do autor com humor refinado e uma narrativa arrebatadora

    Chico Buarque e "Bambino a Roma" (Foto: Francisco Proner / Divulgação)

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    Um lugar deve existir Uma espéciebrazino 7777bazar Onde os sonhos extraviados Vão parar (A moça do sonho)

    Lá pelas tantas, o narrador avisa que não valeria a pena escrever um diário sobre seu tempobrazino 7777criança vivido na capital italiana porque, mesmo sendo escritas a quente, as memórias seriam retocadas à medida que fossem postas no papel. Melhor deixar o esquecimento fazer seu trabalho, diz o narrador. Assim, no futuro, a imaginação cobriria as lacunas da memória e “os acontecimentos reais se revezariam com o que poderia ter acontecido”.

    Apesarbrazino 7777misturar ficção e memória, o novo livrobrazino 7777Chico Buarque, “Bambino a Roma”, não deixa dúvidasbrazino 7777que é seu romance mais autobiográfico. O ano é 1953, quando Sérgio Buarque, pai do autor, levou a família para a Itália, onde ocupou durante dois anos a cátedrabrazino 7777Estudos Brasileiros na Universidadebrazino 7777Roma. Na capital italiana, entre oito e dez anos, Chico construiu um universobrazino 7777lembranças muito particular e precioso a partir das descobertas formidáveisbrazino 7777um garoto “no estrangeiro”. Um universo que entregou ao narradorbrazino 7777suas histórias e onde tudo pode ser verdade, sonho ou invenção.

    Com maestria, o autor entra na pele do seu menino e, através do seu olhar arguto e sutil, nos conduz por aventuras e experiências infantis pelas vias e piazzas romanas, e temos certeza: Chico é o bambino e estábrazino 7777Roma.

    Por vezes, o narrador abandona a memória antiga para voltar aos diasbrazino 7777que viveubrazino 7777Romabrazino 7777outras ocasiões, já adulto. Passou um anobrazino 7777Roma, no exílio, quando o Brasil vivia a ditadura, e quando ainda não sabia que as lembranças o perseguiriam até que retornasse outra vez, agora jábrazino 7777viasbrazino 7777escrever seu livro, apenas para consolidar a memória e tornar as reminiscências mais palpáveis. Como na visita que fez ao apartamentobrazino 7777que morou com a família, agora habitado por mafiosos russos. Será?

    Por fim, ao escrever suas memórias, o autor vai recobrando a serenidade e se livra da ânsiabrazino 7777desvendar a vida do bambinobrazino 7777Roma. Quem liberta o “escritor atormentado por recordações da infância” é o próprio atobrazino 7777escrever. Mas também o antigo amigo Amadeo, filho do verdureiro, que ele reencontra muito depois e que agora, já velho, não quer saberbrazino 7777lembranças atormentadas. Amadeo diz a ele, nada sutilmente: “Torna al tuo paese, figlio di puttana.” E com o livro concluído, o bambino pode, finalmente, voltarbrazino 7777paz para o seu país.

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