Jornalista e mestrabetnacional donoComunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autorabetnacional dono"Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".
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A Liga dos Campeões, anteriormente conhecida como Taça dos Clubes Campeões Europeus, foi disputada pela primeira vez betnacional dono {k0} 1955. 💻 Desde então, apenas algumas equipas demonstraram uma consistência impresionante no torneio. Além disso, sob as regras antigas, betnacional dono 1968-69 a 💻 2008-09, apenas cinco clubes conquistaram o troféu diversas vezes o bastante para ganhá-lo permanentemente.
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Eram 16h36 do dia 31betnacional donomarço (em 2016), quando liguei para o André. “Vamos?”.
E ele: “O cara confirmou?”
Há 52 anos, eu era apenas uma garotinha e vi desfilar,betnacional donoum 31betnacional donomarço, à minha frente, no interiorbetnacional donoMinas, o comboio do general Mourão rumo ao golpe. Espichei o meu pescoço até onde a vista alcançou e quando esta história sinistra sumiu na curva do final da avenida principal, e depois na curva do tempo, eu tinha decidido que iria atrás dela, mesmo que ela estivesse bem longe, no Riobetnacional donoJaneiro.
Sim, o cenário era o Rio. Chico Buarquebetnacional donoHolanda tinha dúvidas se iria ao Largo da Carioca, estar diante do seu público, olhos nos olhos daquela gente, para repetir o que já vinha dizendo: “Não,betnacional dononovo não, não vai ter golpe”.
Plim. “Denise, estou terminando uma consulta, saio antes das seis. É só o tempobetnacional donotomar um banho e fazer a barba. Você pode me pegar às sete?”
Às sete, às nove, às oito... Epa, mas havia uma multidão que, sem saber o que estava por vir, podia debandar. “Pode ser seis e meia? Temo que com este trânsito a gente não consiga chegar a tempobetnacional donopegar o ato cheio”, arrisquei. A esta altura, já falando ao vivo, pelo celular e ele:
“Vamos negociar. Seis e quarenta, então. Sou pontual”.
Eu também. “Estarei nabetnacional donoporta. Fique tranquilo”.
Ele desceu. Pontual. Minutos para uma selfie, que tietagem é para todos,betnacional donose tratando dele. E quem seria bestabetnacional donoficar sem uma foto para provar que não mentiu, que não cartou?
Saltei para o bancobetnacional donotrás do carro, para fazer sala para o nosso convidado ilustre. André botou a máquinabetnacional donomovimento. Lá fora seguia o meu coração, aos pulos, buscando vento à frente do carro, para aliviar a tensão do momento.
A meu lado, amável, divertido, ia um amigobetnacional donolonga data (é esta a sensação que ele passa, abetnacional donoque você é seu amigobetnacional donoinfância) a puxar assunto, a responder perguntas as mais variadas, e a rir, contando histórias. Não sem demonstrar uma pontabetnacional donoansiedade, pontuando a conversa com perguntas tais como:
“Será que nesse vai ter pouca gente?” (a boataria do meiobetnacional donosemana apontava que sim). “Não estamos indo muito cedo?”
À medida que o carro engolia o asfalto eu imaginava como seria o desembarque, conduzindo o mito. Com extrema competência André calculou o trajeto, os minutos, a chegada.
O carro parou. Olhei para fora e a massa compacta a princípio me aliviou e me impactou. Mas agora era resolver rápido: como vencer os 100 metros até o palco?
Homens decididos e sarados formaram um pequeno corredorbetnacional donoproteção. Não eram muitos, mas eram rápidos.
Um rapazinhobetnacional donobarbicha fez carabetnacional donoquem tinha visto a luz. Com arbetnacional donoespanto e deslumbramento gritou: “é o Chico”. Como uma hola, o bordão foi sendo repetido alto, gritado, berrado, enquanto o nosso grupo, tal como um comboio se desenvolvia numa corrida que mais se assemelhava a um grupobetnacional donomaratonistas.
Não se enxergava mais nada a não ser braços, bocas, olhos, cabelos. O som foi preenchido por gritos quebetnacional donotão forte provocavam um zumbido. Era como se até aquele momento, nas gargantas, estivesse comprimido um gritobetnacional donogol. Chico galgou o palco com a rapidezbetnacional donoum atacante. Um braço atravessado à minha frente me disse: “A senhora não!”.
Como??? Alguém podia falar para aquele jovenzinho que eu trouxera aquele homem para pregar no sopé daquela montanha???
Não. Ninguém me salvaria. Com a ferocidadebetnacional donouma leoa gritei: “eu estou com ele!!!”. Nada. Um marbetnacional donogente pulava à minha frente como peixes na piracema, roubando o pouco espaço que o meu corpo exige. Agarrei o rapazinho pelas bochechas coradas e devolvi: “se não fosse por mim, ele não vinha, entendeu???”
Não havia tempo para dramas. A cena levou segundos, mas consumiu uma eternidade. Rompi o cerco.
Já no palco, Chico estava à vontade, sendo empurrado, fotografado, apertado. Alguém lhe entregou uma rosa. “Tu vens, tu vens / Eu já escuto o teu sinal”, teve tempobetnacional donocantarolar com o intérprete Daniel Guerra,betnacional donoNova Iguaçu, que um dia vai contar aos netos: “eu cantei com Chico Buarque.”
A plateia não ouvia mais nada. Aquele grito – que parecia me levantar do chão, tamanha a força e a energia – foi se transformando: “Chico, guerreiro, do povo brasileiro”.
O mestrebetnacional donocerimônias pediu silêncio. Agora só se ouvia a voz do Chico. Os olhos da multidão faiscavam como as telas dos celulares. No cantinho do palco constatei que o seu público o vê "como se você fosse assim, uma espéciebetnacional donosanto", graças às suas convicções, abetnacional donodignidade.
A princípio se dirigiu à “gente que votou no PT, gente que não gosta do PT, gente que foi do PT e se desfiliou do partido, gente que votou na Dilma, gente que votou na Dilma e está decepcionada com esse governo. Mas, sobretudo, gente que não pode pôrbetnacional donodúvida a integridade da presidente Dilma Rousseff. Portanto, é claro que estamos todos aqui unidos pelo apreço à democracia ebetnacional donodefesa intransigente da democracia", falou, com a voz firme, mas com a tranquilidadebetnacional donosempre.
E lembroubetnacional dono31betnacional donomarçobetnacional dono1964 para defender a permanência da presidente. "Eu vejo gente aqui no palanque, na praça, gente da minha geração que viveu 31betnacional donomarçobetnacional dono1964. Mas vejo, sobretudo, uma imensa juventude que não era então nem nascida, mas conhece a história do Brasil. Então, estou aqui para agradecer a vocês que me animam a acreditar que não,betnacional dononovo, não. Não vai ter golpe", finalizou.
Sob o mesmo atropelo voltamos ao carro. Os olhosbetnacional donoChico eram duas esmeraldas faiscantes. Seu aspecto era obetnacional donoalguém que havia saídobetnacional donouma acirrada partida no Politheama. Tinha um olhar líquido.
Naquele momento eu só consegui dizer: “Chico, esse povo te ama”. Você não ébetnacional donoHolanda. Você é Chico Buarque do Brasil.
