247 – A economia circular, que transforma a maneira como as sociedades lidam com recursos e resíduos, está ganhando força no Brasil com iniciativas que vão desde cooperativascatadores até parcerias com grandes empresas do setor industrial. Um exemplo emblemático desse movimento é o Projeto Circular, lançado pela ANCAT (Associação Nacional dos Catadores e CatadorasMateriais Recicláveis)parceria com a Ambipar, uma multinacional brasileira especializadasoluções ambientais.
O Projeto Circular tem como objetivo estruturar cooperativas e assegurar condições dignastrabalho para catadorestodo o país, impactando positivamente as taxasreciclagem. Segundo Roberto Rocha, presidente da ANCAT, “essa parceria tem um impacto social imenso e vem para fortalecer o elo com o nosso ecossistema e trazer os catadores como protagonistas essenciais na cadeia da reciclagem”. A proposta é transformar as operações das cooperativas através da profissionalização dos processos, proporcionando aos trabalhadores um ambiente mais seguro e eficiente.
A formalização dos catadores, assim como a implementaçãonovos maquinários e a criaçãoespaços adequados para manuseio e armazenamentomateriais, são apenas algumas das frentesatuação do projeto. Para viabilizar essas mudanças, a Ambipar fornecerá uniformes, EPIs, prensas, esteiras e outros equipamentos essenciais. Felipe Cury, HeadPós-Consumo da Ambipar, destaca: “Ao apoiar essas cooperativas, temos um ganho exponencial não apenas para o nosso negócio, mas também para o modeloeconomia circular ao agregar ganhos ambientais, sociais e econômicos para todo o Brasil”.
<h3>Parcerias Estratégicas e Metas Ambiciosas</h3>
Além do Projeto Circular, a Ambipar também está envolvidaparcerias estratégicas para ampliar a reciclagemresíduos plásticos no Brasil. Um exemplo notável é o memorandoentendimento firmado com a gigante Dow, que visa elevar a capacidadereciclagempolietileno no país2 mil para 60 mil toneladas anuais até o final da década. Essa meta ambiciosa, que prevê a construçãonovas instalaçõesreciclagem ao longo dos próximos cinco anos, inclui o processamento80 mil toneladasresíduos plásticos por ano para a produção60 mil toneladasresina pós-consumo (PCR).
A aliança entre a Ambipar e a Dow reforça a posição do Brasil no cenário globalsustentabilidade, introduzindo tecnologias avançadasreaproveitamentoresíduos e promovendo uma economia mais circular. “Essa colaboração representa um passo importante para alinharmos o Brasil aos padrões globaissustentabilidade”, aponta Cury.
<h3>Incentivos ao Descarte Responsável</h3>
A Ambipar também participainiciativas voltadas diretamente ao consumidor, como a parceria com a Neoenergia Coelba e a Heineken Spin, que amplia o alcance do projeto Vale Luz. Agora, o valor pago por cada quilogramavidro coletado aumentouR$ 0,08 para R$ 0,25, incentivando a adesão ao descarte responsável. O projeto oferece um ciclo completologística reversa para diversos tiposresíduos e promove a conscientização ambiental entre os consumidores e catadores.
De acordo com Thiago Guth, diretor presidente da Neoenergia Coelba, “essa parceria reflete o compromisso com um futuro sustentável. Oferecer um valor mais atrativo pelo descarte incentiva a reciclagem e destaca a importância da economia circular”. Ana Mascarenhas, superintendenteEficiência Energética da Neoenergia, reforça que “hoje no projeto Vale Luz já temos 451 catadores cadastrados, que poderão agora se beneficiar do aumento no descartemais esse material”.
Entenda o que é a economia circular
A economia circular é um conceito que desafia o modelo econômico linear tradicional, que segue a sequência“extrair, produzir, usar e descartar”. Em vez disso, a economia circular busca uma abordagem regenerativa, onde os materiais são continuamente reutilizadosciclosprodução e consumo. O objetivo é reduzir o desperdício ao mínimo, mantendo os recursosuso o máximotempo possível e transformando resíduosnovos insumos produtivos.
Na prática, isso significa que, ao invéssimplesmente descartar produtos e materiais no finalsua vida útil, eles são reintegrados à cadeia produtiva. Isso pode ser feito por meio da reciclagem, da reutilização ou da reparaçãoprodutos. Por exemplo, embalagensplástico podem ser recicladas para criar novos itens, e equipamentos eletrônicos podem ser consertados e reutilizados, reduzindo a necessidadenovos recursos naturais.
A economia circular também promove a inovação no designprodutos, que devem ser projetados desde o início para ter uma vida útil prolongada, ser desmontados facilmente e recicladosmaneira eficiente. Esse tipodesign sustentável facilita a recuperaçãomateriais e reduz os impactos ambientais, promovendo uma economia que gera menos resíduos e uma pegadacarbono reduzida.
Outro pilar importante da economia circular é a chamada logística reversa, um processo no qual empresas se responsabilizam pelo retorno dos produtos após o consumo. Isso garante que os materiais sejam recolhidos e encaminhados corretamente para o reaproveitamento ou descarte responsável.&nbsp;
Além dos benefícios ambientais, a economia circular é uma ferramenta poderosa para a geraçãovalor econômico enovas oportunidadestrabalho. Ao incentivar a reciclagem, a reutilização e a reparação, são criados novos postostrabalhocooperativas, empresasreciclagem e startupstecnologia sustentável. O resultado é uma economia mais inclusiva e diversificada, que fomenta a participaçãodiversos setores e comunidades.
Por fim, a transição para uma economia circular exige um esforço conjunto entre governos, empresas e a sociedade. Políticas públicas que incentivam práticas sustentáveis e regulamentações que reforçam a responsabilidade das empresas sobre o ciclovidaseus produtos são essenciais para que o modelo circular se consolide.&nbsp;

Parceria entre Associação NacionalCatadores e Catadoras (Ancat) e a Ambipar

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Brasil Sustentável

Economia circular amplia rendacooperativascatadores e avança também no setor industrial

Por Regina Zappa, para o 
<blockquote>Um lugar deve existir
Uma espéciebazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
(A moça do sonho)</blockquote>
Lá pelas tantas, o narrador avisa que não valeria a pena escrever um diário sobre seu tempocriança vivido na capital italiana porque, mesmo sendo escritas a quente, as memórias seriam retocadas à medida que fossem postas no papel. Melhor deixar o esquecimento fazer seu trabalho, diz o narrador. Assim, no futuro, a imaginação cobriria as lacunas da memória e “os acontecimentos reais se revezariam com o que poderia ter acontecido”.
Apesarmisturar ficção e memória, o novo livroChico Buarque, “Bambino a Roma”, não deixa dúvidasque é seu romance mais autobiográfico. O ano é 1953, quando Sérgio Buarque, pai do autor, levou a família para a Itália, onde ocupou durante dois anos a cátedraEstudos Brasileiros na UniversidadeRoma. Na capital italiana, entre oito e dez anos, Chico construiu um universolembranças muito particular e precioso a partir das descobertas formidáveisum garoto “no estrangeiro”. Um universo que entregou ao narradorsuas histórias e onde tudo pode ser verdade, sonho ou invenção.
Com maestria, o autor entra na pele do seu menino e, através do seu olhar arguto e sutil, nos conduz por aventuras e experiências infantis pelas vias e piazzas romanas, e temos certeza: Chico é o bambino e estáRoma.
A paixão nada secreta por Sandrene,musa desengonçada da escola americana, para quem ele escreve seu primeiro romance, se desfazpó quando ela desperdiça seu talento precoce e lança ao vento as páginas do suado manuscrito do garoto. O prenúncio da veia literária aparece também na despedidasua professora. Miss Tuttle – a quem o livro é dedicado – diz adeus ao aluno querido com a certezaque um dia encontrará histórias e romances escritos por F. B.Holanda.
A história segue um ritmo homogêneo e acomoda memória e invenção sem desvios abruptos. O incômodoser “estrangeiro” e terse adaptar a novos códigos não impede que o menino voe combicicletapneus brancos pelas ruas próximas àcasa e ao colégio, e faça amizade com o filho do verdureiro ou com o garçom do restaurante frequentado pela família aos domingos. Quando encontra,êxtase,uma livraria do bairro, o livroSérgio Buarque, “Raízes do Brasil”, traduzido para o italiano, o menino descobre a estatura do pai.
Nem é tudo verdade, nem tudo é invenção. A atriz Alida Valli, com quem o bambino dança uma valsa na festa do seu amigo, é real. Mas teria ele encontradoverdade a famosa atriz italiana? E teria ela se interessadodançar com o pirralho? Não importa. Como dizem os italianos: se non è vero, è molto ben trovato.
Depois do angustiante e emblemático “AnosChumbo”, Chico volta à literatura com a leveza e graça do seu “Bambino”. O humor percorre toda a narrativa e,muitos momentos, o leitor deixa escapar boas risadas. Como no começo do capítuloque os filhos, reunidostorno da mãe, uma condessa italiana à beira da morte, decidem que ela não pode morrer sem aprender “de uma vez por todas” as regras do impedimento no futebol. Ou como nas histórias (talvez traumáticas) da mão despudoradaMister Welsh.
Por vezes, o narrador abandona a memória antiga para voltar aos diasque viveuRomaoutras ocasiões, já adulto. Passou um anoRoma, no exílio, quando o Brasil vivia a ditadura, e quando ainda não sabia que as lembranças o perseguiriam até que retornasse outra vez, agora jáviasescrever seu livro, apenas para consolidar a memória e tornar as reminiscências mais palpáveis. Como na visita que fez ao apartamentoque morou com a família, agora habitado por mafiosos russos. Será?
Por fim, ao escrever suas memórias, o autor vai recobrando a serenidade e se livra da ânsiadesvendar a vida do bambinoRoma. Quem liberta o “escritor atormentado por recordações da infância” é o próprio atoescrever. Mas também o antigo amigo Amadeo, filho do verdureiro, que ele reencontra muito depois e que agora, já velho, não quer saberlembranças atormentadas. Amadeo diz a ele, nada sutilmente: “Torna al tuo paese, figlio di puttana.” E com o livro concluído, o bambino pode, finalmente, voltarpaz para o seu país.

Cultura

É tudo verdade. Ou quase

Por Regina Zappa, – Em agosto chega às livrarias mais um livroChico Buarque: “Bambino a Roma”. “Foi um livro que escrevi rápido. É um livro pequeno, menos páginas que os outros, e por isso não chamoromance, masnovela”, afirmou. Desta vez é, declaradamente, seu livro mais autobiográfico. Na novela, Chico conta parte dainfância, passada na Itália, dos oito aos dez anos, quando seu pai, Sergio BuarqueHollanda foi convidado para ocupar uma cátedraEstudos Brasileiros na UniversidadeRoma por dois anos.
O livro foi entregue à Companhia das Letras no dia primeiromaio. De 2019 para cá, Chico escreveu três livros: o romance “Essa Gente” (2019), o livrocontos “AnosChumbo” (2021) e “Bambino a Roma”, que publica este ano. Nesse período, compôs “Que tal um samba” e fez um turnêlonga duração pelo Brasil e Portugal com o show que ganhou o mesmo nome da canção.
Os livros escritos depois da eleiçãoBolsonaro, “Essa Gente e “AnosChumbo”, retratam um Brasil que vivia um tempo obscuroruptura democrática e governo da extrema-direita. Mas o tempo clareou com a composição “Que tal um samba” e agora aguardamos as memórias da infância.

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Economia circular amplia rendacooperativascatadores e avança também no setor industrial

É tudo verdade. Ou quase

Novo livroChico Buarque chega às livrariasagosto