Por Victória Ribeiro, da Agência Einstein
A leucemia, tipoapostar campeão copa do mundocâncer que afeta as células sanguíneas e a medula óssea, conta com diversos tipos e é complexaapostar campeão copa do mundotratar, especialmenteapostar campeão copa do mundoadultos, que muitas vezes não respondem aos tratamentos convencionais. As terapias celulares têm se estabelecido como uma abordagem promissora, especialmente nos casosapostar campeão copa do mundoque as opçõesapostar campeão copa do mundotratamentos comuns não são eficazes. O raciocínio por trás é simples, mas a tecnologia utilizada é complexa: reprogramar as células naturais do sistema imunológico para que elas atuem no combate às células malignas.
Uma das terapias celularesapostar campeão copa do mundomaior evidência atualmente é a CAR-T, que utiliza células do próprio paciente, modificadas geneticamente, para atacar células relacionadas a tipos específicosapostar campeão copa do mundocâncer sanguíneo, como a leucemia linfoblástica aguda (LLA)apostar campeão copa do mundocélulas B, os linfomas não Hodgkin e o mieloma múltiplo.&nbsp;
Além dela, a terapia com células natural killers (“assassinas naturais”,apostar campeão copa do mundoportuguês, e abreviadasapostar campeão copa do mundoinglês como NK) também vem ganhando destaque. As células NK, ao contrário das CAR-T, podem ser extraídas do sangue periférico ou do sangueapostar campeão copa do mundocordão umbilical e armazenadas para uso futuro, tornando o tratamento mais rápido e menos dependenteapostar campeão copa do mundoprocessos individuais.
“Além do alto custo, que pode chegar aos milhões, a terapia com células CAR-T é autóloga, ou seja, utiliza as células do próprio paciente, que podem estar debilitadas por tratamentos anteriores”, explica Virginia Picanço, coordenadora do Laboratórioapostar campeão copa do mundoBiotecnologia do Hemocentro da Universidadeapostar campeão copa do mundoSão Paulo (USP)apostar campeão copa do mundoRibeirão Preto. O processoapostar campeão copa do mundomanufatura dessas células leva cercaapostar campeão copa do mundoduas a três semanas para ser concluído e o produto liberado. “Esse períodoapostar campeão copa do mundoespera, infelizmente, pode resultar na perdaapostar campeão copa do mundoalguns pacientes antes que o tratamento seja recebido", pontua.
Já as células NK, segundo Picanço, oferecem uma solução off the shelf. Significa que elas ficam disponíveis para ser usadas quando for necessário, e não são produzidas para um único paciente. As células natural killers recebem esse nome devido aapostar campeão copa do mundocapacidadeapostar campeão copa do mundoidentificar e destruir células estranhas ao organismo, como aquelas infectadas por vírus ou cancerígenas. “Todos nós possuímos células NK, masapostar campeão copa do mundopessoas com câncer elas podem se tornar menos eficazes emapostar campeão copa do mundofunção”, explica a hematologista Lucila Kerbauy, coordenadora médicaapostar campeão copa do mundoterapia celular avançada do Hospital Israelita Albert Einstein.
Outra vantagemapostar campeão copa do mundorelação às células CART-T é que, devido aos altos custos do tratamento com elas, muitas vezes o paciente acaba recorrendo a processos judiciais para obter acesso à terapia — que é produzida internacionalmente. Os valores, alémapostar campeão copa do mundosobrecarregarem o sistema públicoapostar campeão copa do mundosaúde, também evidenciam as barreiras socioeconômicas.&nbsp;
Justamente por isso, Virginia Picanço defende que, cada vez mais, as terapias celulares sejam desenvolvidas no Brasil. “Os custos dessas terapias são elevados para a realidade do sistema públicoapostar campeão copa do mundosaúde. Por isso, quanto mais conseguirmos produzir essas terapias localmente, reduzindo a dependênciaapostar campeão copa do mundotecnologia estrangeira, mais acessíveis elas se tornarão, permitindo que um maior númeroapostar campeão copa do mundopacientes seja beneficiado", defende a pesquisadora da USP.
Terapias celulares no cenário brasileiro
Já há estudos com células NK contra leucemia sendo conduzidos no Brasil. Em 2021, uma equipe liderada pela médica hematologista Lucia Silla, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), publicou no periódico British Journal of Haematology uma pesquisa pioneira no país utilizando células natural killers. No caso, o material era obtido a partirapostar campeão copa do mundodoadores, com a finalidadeapostar campeão copa do mundotratar casosapostar campeão copa do mundoleucemia mieloide aguda (LMA).
Causada por alterações genéticasapostar campeão copa do mundocélulas da medula óssea, a LMA é uma forma agressivaapostar campeão copa do mundocâncer no sangue que afeta principalmente adultos. Nos últimos cinco anos, o Sistema Únicoapostar campeão copa do mundoSaúde (SUS) registrou um aumento na quantidadeapostar campeão copa do mundocasos da doença, que passouapostar campeão copa do mundo144.895apostar campeão copa do mundo2019 para 166.338apostar campeão copa do mundo2023, saltoapostar campeão copa do mundo15%. Paralelamente, os custos com tratamento para a condição também avançaram, passandoapostar campeão copa do mundoR$ 59 milhões para R$ 102 milhões, um aumentoapostar campeão copa do mundo72%.
Em julho, o Einstein deu início a uma pesquisa que utiliza células NK extraídasapostar campeão copa do mundocordões umbilicais para tratar a LMAapostar campeão copa do mundopacientes que não respondem aos tratamentos tradicionais. O estudo já recebeu aprovação da Agência Nacionalapostar campeão copa do mundoVigilância Sanitária (Anvisa) para avançarapostar campeão copa do mundotestes com humanos. A primeira das três etapas consisteapostar campeão copa do mundoavaliar se o tratamento é seguro para que, na próxima fase, seja determinadaapostar campeão copa do mundoeficácia.&nbsp;
“A meta dos testesapostar campeão copa do mundohumanos é verificar se essas células podem efetivamente tratar o tumor ou, ao menos, levar a doença à remissão, possibilitando ao paciente a realizaçãoapostar campeão copa do mundooutro transplante”, explica o hematologista Nelson Hamerschlak, coordenador do Programaapostar campeão copa do mundoHematologia e Transplantesapostar campeão copa do mundoMedula Óssea do Einstein. “Se o tratamento for bem-sucedido, poderemos oferecer uma nova esperança a pacientes que atualmente têm poucas opções além dos cuidados paliativos.”
A USP, porapostar campeão copa do mundovez, está desenvolvendo uma abordagem diferente. Conforme explica Picanço, a pesquisa da universidade com células NK ainda estáapostar campeão copa do mundofase inicial, focada na provaapostar campeão copa do mundoconceito e no desenvolvimentoapostar campeão copa do mundouma variante geneticamente modificada dessas células. “Nossa abordagem inclui a modificação genética das células NK, o que as torna mais específicas para atacar células neoplásicas CD19 positivas, comumente encontradasapostar campeão copa do mundoleucemia do tipo linfoblástica aguda e linfoma”, relata a pesquisadora.
Além do alvo do tratamento, a fonteapostar campeão copa do mundocélulas também é diferente: enquanto o Einstein usa células extraídasapostar campeão copa do mundocordões umbilicais, a USP e a UFRGS estão utilizando célulasapostar campeão copa do mundosangue periférico, obtidasapostar campeão copa do mundodoadores adultos saudáveis. “É mais acessível para nós, considerando a estrutura do hemocentro. Nós temos um bancoapostar campeão copa do mundocordão umbilical, mas o uso dessas amostras ainda estáapostar campeão copa do mundotrâmite, pois envolve algumas burocracias”, comenta Virginia Picanço.
A utilizaçãoapostar campeão copa do mundocordões umbilicais como fonteapostar campeão copa do mundocélulas NK se deve ao fatoapostar campeão copa do mundoque, atualmente, há muitos cordões disponíveisapostar campeão copa do mundoestoques públicos no país e que estão sem utilização. Além disso, apenas um cordão umbilical é capazapostar campeão copa do mundogerar inúmeros tratamentos. &nbsp;“Ao redor do mundo, temos maisapostar campeão copa do mundo1 milhãoapostar campeão copa do mundobolsasapostar campeão copa do mundocélulasapostar campeão copa do mundocordão umbilical estocadas, incluindo aqui no Brasil. Essas células foram congeladas principalmente com a intençãoapostar campeão copa do mundoser usadasapostar campeão copa do mundotransplantesapostar campeão copa do mundomedula óssea, mas hoje essa aplicação é cada vez menos frequente”, relata Kerbauy. “Muitas dessas bolsas permanecem armazenadas, sem uso. Ao mesmo tempo, com apenas um cordão umbilical, conseguimos tratar, no mínimo, 10 pessoas”, destaca a médica hematologista.
Segundo ela, as terapias celulares para tratar LMA são importantes porque a demandaapostar campeão copa do mundopacientes com essa condição é significativa, e as chancesapostar campeão copa do mundocura para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais são baixas. O objetivo é que, no futuro, o tratamento com células NK seja disponibilizado como um “produtoapostar campeão copa do mundoprateleira”, pronto para uso, o que tornaria o tratamento mais rápido e acessível para os pacientes.&nbsp;
“Seria algo mais genérico, que não exigiria compatibilidade genética. Isso também será testado neste estudo: se realmente não será necessário ter compatibilidade genética entre o cordão umbilical e o paciente. Se demonstrarmos que é seguro nesse sentido, poderemos tratar qualquer pessoa, independentemente da compatibilidade genética”, destaca Kerbauy.&nbsp;

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Brasileiros investigam como terapias celulares podem ajudar a tratar leucemia

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