247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira, 1ºcasino revolutMaio, no estádio do Corinthians, na zona leste da capital paulista, do ato unificado das centrais sindicais pelas celebrações do Dia do Trabalho.
Em seu discurso, Lula fez críticas ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, por contacasino revoluto ato ter sido, segundo o presidente, "mal convocado".&nbsp;
“Vocês sabem que ontem eu conversei com ele [Márcio Macêdo] sobre esse ato e disse para ele: ‘Ô Márcio, o ato está mal convocado’. O ato está mal convocado, nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidadecasino revolutgente que era preciso levar, mas,casino revolutqualquer forma, eu estou acostumado a falar com 1.000, com milhão, mas também se for necessário eu falo apenas com a senhora que está ali na minha frente”, disse Lula.&nbsp;

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Brasil

Lula se queixacasino revolutato do Dia do Trabalhador: "mal convocado"

Agência Brasil - Às 3h da madrugada, quando a grande maioria dos brasileiros está no meio do sono, o despertador toca na casacasino revolutCarlos Rafael da Cruz Novais. Ele mora no bairro da Paciência, na zona oeste do Riocasino revolutJaneiro, e precisa chegar às 6h na transportadoracasino revolutque trabalha como conferente, na Pavuna, bairro da zona norte, a 35 quilômetros (km) da casa dele.
Correndo contra o tempo, Carlos Rafael saicasino revolutcasa às 3h30. A primeira parte da jornada rumo à empresacasino revolutlogística tem que ser uma caminhadacasino revolutmeia hora.
“De madrugada não tem transporte público, não tenho opçãocasino revolutvan nem ônibus”, lamenta.
Em seguida, um trechocasino revolutônibus e um complementocasino revolutvan concluem o trajeto. “Gasto duas horas e meia”, calcula. Na volta, muitas vezes o deslocamento chega a três horas. “O trânsito é pesado, e o transporte para muito”, conta à Agência Brasil.
Carlos Rafael resume as consequências do tempo desperdiçado no deslocamentocasino revolutforma direta: “cansaço físico e mental”. Na ida, ele consegue tirar um cochilo com tranquilidade, mas na volta a viagem é mais desgastante. “Os ônibus têm ar-condicionado, mas não funciona. É tudo fechado, um calor infernal. Enche, para muito”.&nbsp;
“Quando vou ver, perdi mais tempocasino revolutviagem do que trabalhando ou descansando”, diz o conferentecasino revolut30 anos, que ainda arranja espaço na rotina diária para fazer faculdadecasino revolutengenhariacasino revolutproduçãocasino revolutforma semipresencial. Em algumas épocas, consegue também trabalharcasino revolutcasa como confeiteiro, fazendo bolos.
“Esse tempocasino revolutviagem que eu levo é precioso. Se eu conseguisse economizar uma ou duas horas, seria muita vantagem, eu conseguiria ficar mais organizado na questãocasino revolutacademia, faculdade e trabalho”.
<h3>Preocupação com atrasos</h3>
Assim como o conferente no Riocasino revolutJaneiro, o porteiro Pedro Luiz da Silva,casino revolut58 anos, acorda ainda na madrugada para trabalhar, por voltacasino revolut3h30. Ele mora no Tucuruvi, bairro na zona nortecasino revolutSão Paulo e trabalhacasino revolutum prédio na região do Bixiga, na zona central da maior cidade do país, famosa pelos intermináveis congestionamentos.&nbsp;
Às 4h10 ele pega um ônibus para chegar à estaçãocasino revoluttrem Tucuruvi, da Linha 1-Azul. A primeira composição sai às 4h40m. No entanto, Pedro Luiz, que segue até a estação São Joaquim, conta que começa lá a primeira insatisfação. “O metrô nunca sai no horário certo, sempre atrasa. Fica muito tempo parado nas estações, e o que levaria 20 minutos, às vezes, leva 30”, se queixa.
“Já acordo cedo pensando nestas situações, pois não gostocasino revolutchegar atrasado”, diz precavido o porteiro, que leva entre uma hora e uma hora e meia até o localcasino revoluttrabalho.
Pedro Luiz reclama também do deslocamento na volta para casa. “É pior ainda, atrasa muito o metrô. O retorno écasino revolutaproximadamente duas horas”.
Procurado pela Agência Brasil, o Metrôcasino revolutSão Paulo não se manifestou.
Já sobre as queixascasino revolutCarlos Rafael no Riocasino revolutJaneiro, a Secretaria Municipalcasino revolutTransportes informou que açõescasino revolutfiscalização nas ruas fazem parte da rotina do órgão. "Só no último ano, foram aplicadas cercacasino revolut7,8 mil multas aos consórcios por problemascasino revolutconservação e faltacasino revolutar-condicionado ", afirma.
A secretaria acrescenta que, dependendo do estado do veículo, podem ser lacrados. Segundo a pasta, 80% da frota da cidade é climatizada.
Sobre a faltacasino revolutônibus na madrugada, a Secretariacasino revolutTransportes informou que monitora, via GPS (sistemacasino revolutposicionamento global via satélite), a operaçãocasino revolutcada linha. "Caso não atinjam a metacasino revolut80% da quilometragem diária determinada pelo município, não recebem o subsídio".
Ainda segundo a secretaria, o plano operacional é revisado mensalmente com basecasino revolutdadoscasino revolutdemanda por hora, pesquisacasino revolutocupação dos veículos e reclamações recebidas sobre as linhas para atualização da quantidadecasino revolutviagens. "casino revolut Mais linhas podem ser criadas ou retomadas conforme a verificação da necessidade", explica.
<h3>Produtividade e bem-estar</h3>
Os dois casos relatados pela Agência Brasil neste Dia do Trabalhador são apenas uma amostra do que acontece diariamente com inúmeros trabalhadorescasino revolutgrandes cidades brasileiras. Um levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)casino revolutagosto do ano passado revela que 36% dos trabalhadores passam maiscasino revolutuma hora por dia no trânsito.
A pesquisa identificou que 21% ficam entre uma e duas horas dentro do transporte; 7% passam entre duas e três horas; e 8% gastam maiscasino revoluttrês horas. O estudo identificou também como o tempo dispensado para ir e voltar para casa afeta a rotina dos trabalhadores.
casino revolut Mais da metade (55%) afirmou que têm a qualidadecasino revolutvida afetada. Para 51% dos pesquisados, a produtividade é impactada negativamente por causa do tempocasino revolutdeslocamento.
O efeito na produtividade pode ser mensurado pela respostacasino revolut60% dos entrevistados que afirmam que já chegaram atrasado e/ou estressado no ambiente profissional. casino revolut Maiscasino revolutum terço (34%) afirmou já ter perdido um períodocasino revoluttrabalho.&nbsp;
Os impactos no ir e vir afetam também o futuro dos trabalhadores. O levantamento identificou que 10% já resolveram trocarcasino revolutemprego por causa do tempocasino revolutdeslocamento, enquanto 32% deixaramcasino revolutaceitar ofertacasino revolutvaga por problemascasino revolutlocomoção.
O estudo da CNI foi feitocasino revolutabrilcasino revolut2023 com 2.019 pessoas da população economicamente ativa (PEA) brasileira acimacasino revolut16 anos,casino revolutmunicípios com população a partircasino revolut250 mil habitantes nas 27 Unidades da Federação. A margemcasino revoluterro écasino revolutdois pontos percentuais, com intervalocasino revolutconfiançacasino revolut95%.
<h3>Desgaste do trabalhador</h3>
O sociólogo Alexandre Fraga, professor do Departamentocasino revolutSociologia do Institutocasino revolutCiências Sociais da Universidade do Estado do Riocasino revolutJaneiro (Uerj), aponta que são inúmeras as pesquisas no país que associam impactos na produtividade a problemascasino revolutmobilidade das grandes cidades, como congestionamento, tempocasino revolutespera, conduções cheias e desconforto térmico.
“Essa situação recorrente afeta a qualidadecasino revolutvida deles, eleva a irritabilidade e o cansaço e diminui as horas dedicadas ao lazer e ao descanso”.
Fraga cita o conceitocasino revolutócio criativo, desenvolvido pelo pensador italiano Domenicocasino revolutMasi, que defende o tempo livre como necessário para estimular a criatividade e proporcionar bem-estar, imprescindível para o aumento da produtividade no trabalho.
“O tempocasino revolutnão trabalho é importante justamente para não sobrecarregar o trabalhador, para que possa descansar, relaxar, ter momentoscasino revolutlazer. Poderia dormir um pouco mais, ter mais lazer ou passar mais tempo com a família”.
Além do tempo do deslocamentocasino revolutsi, o sociólogo da Uerj explica que as condições da locomoção impedem que o tempo gasto no transporte seja mais bem desfrutado.
“Mesmo que queira aproveitar as horas no transporte público para ler, ouvir música ou qualquer outra possibilidadecasino revolutócio, [o trabalhador] enfrentará obstáculos, como conduções cheias, viagenscasino revolutpé e faltacasino revolutclimatizaçãocasino revolutparte da frotacasino revolutônibus, por exemplo”.
São condições que afetam diretamente o desempenho no ambiente profissional. “Se tiver um trabalho mais manual, já pode chegar cansado antes mesmocasino revolutcomeçar a jornada. E se tiver um trabalho mais mental, já pode chegar estressado e com dificuldadecasino revolutconcentração”, ressalta.
Na busca por mitigações, o professor defende ações por parte do poder público ecasino revolutempresas.
Às autoridades públicas, caberia elaborar estudos, pensar os gargalos da cidade, planejar a mobilidade urbana e integrar os diferentes meioscasino revoluttransporte. “Isso ajudaria a conter os congestionamentos e diminuir o tempocasino revolutespera”. Além disso, acrescenta Fraga, é preciso fiscalizar o cumprimento das regras do contrato,casino revolutforma a evitar superlotação e garantir climatização da frota.
Já as corporações poderiam insistircasino revolutexperimentos, como a semanacasino revolutquatro diascasino revoluttrabalho. “Qualquer medida que aumente a qualidadecasino revolutvida dos trabalhadores, amplie o descanso e lazer e os deixe mais felizes é importante para a culturacasino revolutuma empresa, para o ambientecasino revoluttrabalho e para as metas e os resultados a serem alcançados”, acredita.
<h3>Investimento</h3>
O professor Cresocasino revolutFranco Peixoto, da Faculdadecasino revolutEngenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadualcasino revolutCampinas (Unicamp), avalia que há no país uma “clara faltacasino revolutrecursos para que possamos fazer as efetivaçõescasino revolutmuitos projetos que envolvem a mobilidade”. Além disso,casino revolutse tratandocasino revolutplanoscasino revolutmobilidade, ele critica “visões celulares”, como se várias regiõescasino revolutgrandes cidades fossem unidades isoladas.
“Regiões metropolitanas são compostas por vários centros, e a busca por oportunidadecasino revoluttrabalho se dá, não raramente,casino revolutforma intercelular, ou seja, se apresenta entre essas cidades, entre esses centros”, diz à Agência Brasil.
Para o professor da Unicamp, existe a necessidadecasino revolutbusca e efetivaçãocasino revolutprojetos que envolvem volumescasino revolutrecursos extremamente altos, “mas que têm retornos do pontocasino revolutvista social e ambiental”. Segundo ele, as fontescasino revolutrecursos podem ser do poder público oucasino revolutparcerias público-privadas (PPP), como já existe, por exemplo, no metrôcasino revolutSão Paulo, onde a Linha 4-Amarela é uma PPP desde 2010. São 12,8 kmcasino revolutextensão e 11 estações.
Peixoto elenca como medidas necessárias a multiplicaçãocasino revolutvias expressas, sistemascasino revolutsemáforos que privilegiem o transporte público e implantaçõescasino revolutmodais como Bus Rapid Transit (BRT, corredores exclusivos para ônibus expressoscasino revolutalta capacidadecasino revolutpassageiros) e veículos leve sobre trilhos (VLT).
Outro sistemacasino revoluttransportecasino revolutmassa defendido pelo professor da Unicamp são linhascasino revolut“metrôcasino revolutverdade”, ou seja, efetivamente subterrâneas, no qual as estações sigam o esquema Origem e Destino (OD), isto é, o metrô vai até os pontoscasino revolutgrande circulação, sem a necessidadecasino revolutas pessoas terem que sair dos seus caminhos para irem até estações mais afastadas das melhores rotascasino revolutcirculação.
“É para atender o trabalhador, o passageiro da cidade e não cargas. Existem alguns metrôs no Brasil que, na realidade, se tratamcasino revolutantigas linhas que levavam cargas e foram adaptadas para levar pessoas”, aponta.
Para ilustrar a capacidadecasino revolutmodaiscasino revolutmassa, Creso Peixoto lista a capacidadecasino revoluttransportar pessoas, por exemplo,casino revolutuma via com faixacasino revoluttrês metrocasino revolutlargura, medida padrãocasino revolutuma rua.
Se for exclusiva para ônibus, o volume é 2 mil pessoas por hora; no casocasino revolutônibus, até 9 mil; se VLT, chegaria até 22 mil. Já o metrô transportaria 100 mil aproximadamente.
O professor reconhece que quanto maior a capacidade do meiocasino revolutdeslocamento, maior o custocasino revolutimplementação. Enquanto são necessários US$ 1 milhão para construir 1 kmcasino revolutrodovia, este valor salta para US$ 5 milhões para um trechocasino revolutBRT, US$ 50 milhões para 1 kmcasino revolutVLT e US$ 100 milhões para cada kmcasino revolutmetrô.
“Parece que a solução é só BRT, não é verdade. As grandes capitais têm movimentos gigantescoscasino revolutpassageiros que não se medemcasino revolut10 mil nem 100 mil. São medidoscasino revolutmilhõescasino revolutpassageiros por dia”.
“É possível justificar tamanho volumecasino revolutrecurso pelo altíssimo retorno profissional e social que eles apresentam”, acredita o professor, que acrescenta outro elemento negativo no deslocamento diário do trabalhador: o ruído.
“Com mais horas no trânsito, mais horas sofrendo com ruído. Não é só o nívelcasino revolutruído e, sim, a quantidadecasino revoluttempo a que se está exposto a esse ruído.”
<h3>Mobilidade sistêmica</h3>
O professor Marcelino Aurélio, chefe do Departamentocasino revolutEngenhariacasino revolutTransportes da Escola Politécnica da Universidade Federal do Riocasino revolutJaneiro (UFRJ), defende que o planejamentocasino revoluttransporte das grandes cidades deve ser feito semprecasino revolutforma sistêmica, levando à risca os planoscasino revolutmobilidade elaborados por especialistas.
"Às vezes a cidade vai crescendocasino revolutforma desordenada, então,casino revolutfato, precisa ter um planejamento mais sistêmico para garantir uma melhor qualidadecasino revolutvida das pessoas".
Ele acrescenta que a ausênciacasino revoluttransporte coletivocasino revolutqualidade se torna um ciclo vicioso, a partir do momento que as pessoas passam a considerar iniciativas individuais.
"A gente tem que garantir que o transporte coletivo sejacasino revolutqualidade para que as pessoas venham, cada vez mais, para o transporte público. Quando não está com uma qualidade boa, termina tendo mais pessoas no transporte individual, então vai aumentando o problema".
O professor Pedro Barretocasino revolutMoraes, do Departamentocasino revolutArquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Riocasino revolutJaneiro (PUC-Rio), aponta que para a mobilidade urbana não ser um problema crônico é preciso pensar, essencialmente, no conceitocasino revolutacessibilidade, "entendido como a capacidadecasino revolutalcançar diferentes localizações, independentemente da forma urbana, do meio pelo qual vai ser feito, do horário..."&nbsp;
"A mobilidade não deve ser um fimcasino revolutsi mesmo. Ela é um meio, assim como a ideiacasino revolutconectividade,casino revolutdensidade,casino revolutdistribuição igualcasino revolutpropriedades ao longo do território, para que a gente atinja uma desejada acessibilidade para todas as pessoas", avalia.

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Lula se queixacasino revolutato do Dia do Trabalhador: "mal convocado"

Em grandes cidades, deslocamento é drama diário para trabalhador