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Mortes por câncer já ocupam primeiro lugaralgumas regiões do Brasil

Estudo mostra que a mortalidade por tumores supera a das doenças cardiovascularesalguns locais do país, revelando uma transição epidemiológica

Simulaçãovisão microscópicaum tumor maligno (Foto: DALL-E/Gerada por IA)

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Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein - O câncer já é a primeira causamortealgumas regiões do Brasil, ocupando o lugar das doenças cardiovasculares. Um estudo inédito revela uma transição epidemiológica no país, tendência que já vem sendo observadanações ricas. O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade FederalSão Paulo (Unifesp) e outras instituições, como Fundação Getúlio Vargas e Universidade FederalUberlândia,Minas Gerais, acabaser publicado no The Lancet Regional Health - Americas.

Para chegar ao resultado, os autores analisaram dados5.570 municípios brasileiros fornecidos pelo SistemaInformaçõesMortalidade entre os anos2000 e 2019. Também foram avaliadas as mortes prematuras, aquelas que ocorrem na faixa dos 30 aos 69 anos, que não são atribuídas ao envelhecimento.

Nesse período, as taxasmortalidade por doenças cardiovasculares caíram25 dos 27 estados, enquanto ascâncer cresceram15. O númeromunicípiosque o câncer é a principal causamorte quase dobrou, passando7% para 13%. E, enquanto a mortalidade por problemas cardiovasculares caiu drasticamente, quase 40%, acâncer reduziu apenas 10%.

Embora as doenças cardiovasculares ainda liderem as mortes, alguns fatores explicam essa transição. “Os avanços no diagnóstico e no tratamento, bem como as campanhas antitabagismo, por exemplo, tiveram grande impacto na queda da mortalidade cardiovascular. O câncer, por outro lado, engloba maiscem doenças com diferentes causas e alguns são mais fáceisprevenir, outros mais limitados”, analisa Leandro Rezende, um dos autores do estudo e coordenador do programapós-graduaçãoSaúde Coletiva da Escola PaulistaMedicina, da Unifesp.

Nesse aspecto, o estudo também revela as desigualdades do país: se as mortes por doenças como infarto e AVC caírammodo geral, aquelas causadas por câncer cresceram principalmente nas regiões mais pobres. Os achados ainda mostram locaisque há potencial para reduzir a mortalidade cardiovascular, incluindo estados como Amapá, Roraima e Acre, onde há uma tendênciaaumento desses óbitos.

Para os autores do novo estudo, é preciso desenvolver políticas específicas para cada região, capazesmelhorar o acesso à saúde nos municípios menores e mais vulneráveis e, é claro, atuar na prevenção primária. “Isso envolve políticas públicas, incluindo campanhas antitabaco, controle do álcool e o grande desafio da obesidade, que é um fatorrisco para vários tumores. Sabe-se que o estilovida está associado a cerca20 tiposcâncer, e um terço das mortes poderia ser evitado com mudanças nos hábitosvida”, destaca Rezende.

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