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    Leia a íntegra do discursofaz o bet aí contatoLula na ONU

    Presidente foi o primeiro a discursar na abertura da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas

    Lula na 79ª Assembleia Geral da ONU (Foto: Reuters/Mike Segar)
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    247 - O presidente Lula (PT) discursou nesta terça-feira (24) na abertura da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Abaixo, a íntegra da declaração do líder brasileiro:

    Meus cumprimentos ao presidente da Assembleia Geral, Philemon Yang.

    E também quero saudar o secretário-geral António Guterres e cada um dos Chefesfaz o bet aí contatoEstado efaz o bet aí contatoGoverno e delegadas e delegados presentes.

    Dirijo-mefaz o bet aí contatoparticular à delegação palestina, que integra pela primeira vez esta sessãofaz o bet aí contatoabertura, mesmo que ainda na condiçãofaz o bet aí contatomembro observador. E quero saudar a presença do presidente Mahmmoud Abbas.

    Nem mesmo com a tragédia da COVID-19, fomos capazesfaz o bet aí contatonos unirfaz o bet aí contatotornofaz o bet aí contatoum Tratado sobre Pandemias na Organização Mundial da Saúde.

    Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional.

    Vivemos momentofaz o bet aí contatocrescentes angústias, frustrações, tensões e medo.

    Testemunhamos alarmante escaladafaz o bet aí contatodisputas geopolíticas efaz o bet aí contatorivalidades estratégicas.

    O que se vê é o aumento das capacidades bélicas.

    O uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra.

    Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencialfaz o bet aí contatose tornarem confrontos generalizados.

    Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectivafaz o bet aí contatopaz.

    Essa é a mensagem do entendimentofaz o bet aí contatoseis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processofaz o bet aí contatodiálogo e o fim das hostilidades.

    Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano.

    O que começou como ação terroristafaz o bet aí contatofanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletivafaz o bet aí contatotodo o povo palestino.

    São maisfaz o bet aí contato40 mil vítimas fatais, emfaz o bet aí contatomaioria mulheres e crianças.

    O direitofaz o bet aí contatodefesa transformou-se no direitofaz o bet aí contatovingança, que impede um acordo para a liberaçãofaz o bet aí contatoreféns e adia o cessar-fogo.

    Conflitos esquecidos no Sudão e no Iêmen impõem sofrimento atroz a quase trinta milhõesfaz o bet aí contatopessoas.

    Este ano, o número dos que necessitamfaz o bet aí contatoajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões.

    Em temposfaz o bet aí contatocrescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras.

    Mas é impossível “desplanetizar” nossa vidafaz o bet aí contatocomum.

    Estamos condenados à interdependência da mudança climática.

    O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está fartofaz o bet aí contatoacordos climáticos não cumpridos.

    Está cansadofaz o bet aí contatometasfaz o bet aí contatoreduçãofaz o bet aí contatoemissãofaz o bet aí contatocarbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega.

    O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global.

    2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna.

    Furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastrofaz o bet aí contatomortes efaz o bet aí contatodestruição.

    No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941.

    A Amazônia está atravessando a pior estiagemfaz o bet aí contato45 anos.

    Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhõesfaz o bet aí contatohectares apenas no mêsfaz o bet aí contatoagosto.

    O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica dafaz o bet aí contatosoberania.

    Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais.

    Alémfaz o bet aí contatoenfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental.

    Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime organizado.

    Reduzimos o desmatamento na Amazôniafaz o bet aí contato50% no último ano e vamos erradicá-lo até 2030.

    Não é mais admissível pensarfaz o bet aí contatosoluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas.

    Nossa visãofaz o bet aí contatodesenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia.

    O Brasil sediará a COP-30,faz o bet aí contato2025, convictofaz o bet aí contatoque o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática.

    Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano,faz o bet aí contatolinha com o objetivofaz o bet aí contatolimitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio.

    O Brasil desponta como celeirofaz o bet aí contatooportunidades neste mundo revolucionado pela transição energética.

    Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa.

    90% da nossa eletricidade provêmfaz o bet aí contatofontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica.

    Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração.

    Estamos na vanguardafaz o bet aí contatooutros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde.

    É horafaz o bet aí contatoenfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependentefaz o bet aí contatocombustíveis fósseis.

    Senhor presidente,

    Na América Latina vive-se desde 2014 uma segunda década perdida.

    O crescimento médio da região nesse período foifaz o bet aí contatoapenas 0,9%, metade do verificado na década perdidafaz o bet aí contato1980.

    Essa combinaçãofaz o bet aí contatobaixo crescimento e altos níveisfaz o bet aí contatodesigualdade resultafaz o bet aí contatoefeitos nefastos sobre a paisagem política.

    Tragada por disputas, muitas vezes alheias à região, nossa vocaçãofaz o bet aí contatocooperação e entendimento se fragiliza.

    É injustificado manter Cubafaz o bet aí contatouma lista unilateralfaz o bet aí contatoEstados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis.

    No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar a ordem pública e promover o desenvolvimento.

    No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento.

    Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviçofaz o bet aí contatointeresses reacionários.

    A democracia precisa responder às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência.

    No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas.

    Tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldadesfaz o bet aí contatoum continente depauperado.

    O futurofaz o bet aí contatonossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formasfaz o bet aí contatodiscriminação.

    Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei.

    A liberdade é a primeira vítimafaz o bet aí contatoum mundo sem regras.

    Elementos essenciais da soberania incluem o direitofaz o bet aí contatolegislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentrofaz o bet aí contatoseu território, incluindo o ambiente digital.

    O Estado que estamos construindo é sensível às necessidades dos mais vulneráveis sem abdicarfaz o bet aí contatofundamentos macroeconômicos sadios.

    A falsa oposição entre Estado e mercado foi abandonada pelas nações desenvolvidas, que voltaram a praticar políticas industriais ativas e forte regulação da economia doméstica.

    Na áreafaz o bet aí contatoInteligência Artificial, vivenciamos a consolidaçãofaz o bet aí contatoassimetrias que levam a um verdadeiro oligopólio do saber.

    Avança a concentração sem precedentes nas mãosfaz o bet aí contatoum pequeno númerofaz o bet aí contatopessoas efaz o bet aí contatoempresas, sediadasfaz o bet aí contatoum número ainda menorfaz o bet aí contatopaíses.

    Interessa-nos uma Inteligência Artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e que fortaleça a diversidade cultural.

    Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação.

    E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra.

    Necessitamosfaz o bet aí contatouma governança intergovernamental da inteligência artificial,faz o bet aí contatoque todos os Estados tenham assento.

    Senhor presidente,

    As condições para acesso a recursos financeiros seguem proibitivas para a maioria dos paísesfaz o bet aí contatorenda média e baixa.

    O fardo da dívida limita o espaço fiscal para investirfaz o bet aí contatosaúde e educação, reduzir as desigualdades e enfrentar a mudança do clima.

    Países da África tomam empréstimo a taxas até 8 vezes maiores do que a Alemanha e 4 vezes maior que os Estados Unidos.

    É um Plano Marshall às avessas,faz o bet aí contatoque os mais pobres financiam os mais ricos.

    Sem maior participação dos paísesfaz o bet aí contatodesenvolvimento na direção do FMI e do Banco Mundial não haverá mudança efetiva.

    Enquanto os Objetivosfaz o bet aí contatoDesenvolvimento Sustentável ficam para trás, as 150 maiores empresas do mundo obtiveram, juntas, lucrofaz o bet aí contato1,8 trilhãofaz o bet aí contatodólares nos últimos dois anos.

    A fortuna dos 5 principais bilionários mais que dobrou desde o início desta década, ao passo que 60% da humanidade ficou mais pobre.

    Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora.

    Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido na cooperação internacional para desenvolver padrões mínimosfaz o bet aí contatotributação global.

    Os dados divulgados há dois meses pela FAO sobre o estado da insegurança alimentar no mundo são estarrecedores.

    O númerofaz o bet aí contatopessoas passando fome ao redor do planeta aumentoufaz o bet aí contatomaisfaz o bet aí contato152 milhões desde 2019.

    Isso significa que 9% da população mundial (733 milhõesfaz o bet aí contatopessoas) estão subnutridas.

    O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas ele também persistefaz o bet aí contatopartes da América Latina.

    Mulheres e meninas são a maioria das pessoasfaz o bet aí contatosituaçãofaz o bet aí contatofome no mundo.

    Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios agrícolas dos países ricos ampliam o alcance desse flagelo.

    Mas a fome não é resultado apenasfaz o bet aí contatofatores externos. Ela decorre, sobretudo,faz o bet aí contatoescolhas políticas.

    Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la.

    O que falta é criar condiçõesfaz o bet aí contatoacesso aos alimentos.

    Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemosfaz o bet aí contato2014.

    Sófaz o bet aí contato2023, retiramos 24 milhões e 400 mil pessoas da condiçãofaz o bet aí contatoinsegurança alimentar severa.

    A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que lançaremos no Riofaz o bet aí contatoJaneirofaz o bet aí contatonovembro, nasce dessa vontade política e desse espíritofaz o bet aí contatosolidariedade.

    Ela será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20 e está aberta a todos os países do mundo.

    Todos os que queiram se somar a esse esforço coletivo são bem-vindos.

    Senhor presidente, senhoras e senhores,

    Prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente.

    Apenas quatro emendas foram aprovadas, todas elas entre 1965 e 1973.

    A versão atual da Carta não tratafaz o bet aí contatoalguns dos desafios mais prementes da humanidade.

    Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193.

    Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento.

    Inexiste equilíbriofaz o bet aí contatogênero no exercício das mais altas funções. O cargofaz o bet aí contatoSecretário-Geral jamais foi ocupado por uma mulher.

    Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada.

    É horafaz o bet aí contatoreagir com vigor a essa situação, restituindo à Organização as prerrogativas que decorrem dafaz o bet aí contatocondiçãofaz o bet aí contatoforo universal.

    Não bastam ajustes pontuais.

    Precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta.

    Sua reforma deve compreender os seguintes objetivos:

    • a transformação do Conselho Econômico e Social no principal foro para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, com capacidade realfaz o bet aí contatoinspirar as instituições financeiras.
    • a revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusivefaz o bet aí contatotemasfaz o bet aí contatopaz e segurança internacionais.
    • o fortalecimento da Comissãofaz o bet aí contatoConsolidação da Paz.
    • a reforma do Conselhofaz o bet aí contatoSegurança, com foco emfaz o bet aí contatocomposição, métodosfaz o bet aí contatotrabalho e direitofaz o bet aí contatoveto,faz o bet aí contatomodo a torná-lo mais eficaz e representativo das realidades contemporâneas.

    A exclusão da América Latina e da Áfricafaz o bet aí contatoassentos permanentes no Conselhofaz o bet aí contatoSegurança é um eco inaceitávelfaz o bet aí contatopráticasfaz o bet aí contatodominação do passado colonial.

    Vamos promover essa discussãofaz o bet aí contatoforma transparentefaz o bet aí contatoconsultas no G77, no G20, no BRICS e na CELAC, no CARICOM, entre tantos outros espaços.

    Não tenho ilusões sobre a complexidadefaz o bet aí contatouma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizadosfaz o bet aí contatomanutenção do status quo.

    Exigirá enorme esforçofaz o bet aí contatonegociação. Mas essa é a nossa responsabilidade.

    Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global.

    A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam às expressões cruas dos mecanismos do poder.

    Neste plenário ecoam as aspirações da humanidade.

    Aqui travamos os grandes debates do mundo.

    Neste foro buscamos as respostas para os problemas que afligem o planeta.

    Recai sobre a Assembleia Geral, expressão maior do multilateralismo, a missãofaz o bet aí contatopavimentar o caminho para o futuro.

    Muito obrigado.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entrefaz o bet aí contatocontato com redacao@brasil247.com.br.

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