Silvio Santos representava o "populismo midiático da pobreza", aponta jornalista
Marcela Magalhães critica o apresentador por lucrar com a exploração da pobreza
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Marcela Magalhães, embet 28recente postagem no X, discutiu a relação entre pobreza e entretenimento na TV, focandobet 28como programasbet 28Santos como "Porta da Esperança" e "Topa Tudo por Dinheiro" serviam como uma formabet 28entretenimento que explorava as dificuldades econômicas dos participantes. Segundo ela, esses programas ilustravam uma formabet 28"populismo midiático da pobreza", onde a necessidade e a esperança das pessoas eram transformadasbet 28espetáculo.
Ela lembra que, num país onde o Estado muitas vezes falhabet 28garantir direitos básicos, figuras como Silvio Santos emergiram como ícones culturais não apenas porbet 28presença televisiva, mas por encarnarem a promessa, muitas vezes ilusória,bet 28ascensão social através do entretenimento. O "Topa Tudo por Dinheiro", especificamente, era notório por colocar participantesbet 28situações humilhantesbet 28trocabet 28recompensas financeiras, destacando a exploração da vulnerabilidade econômica para o lucro e o entretenimento.
A mortebet 28Silvio Santos marca o fimbet 28uma era na televisão brasileira, deixando um legado complexo que mescla alegria e crítica social. A famíliabet 28Santos e o SBT expressarambet 28nota que, apesar da tristeza, são gratos pelo amor e a alegria que ele trouxe ao público brasileiro ao longobet 28maisbet 28seis décadas. Confira a postagembet 28Marcela Magalhães:
A pobreza como moedabet 28entretenimento e Silvio Santos
Cresci no interior do Ceará e minha mãe e minha avó adoravam o Silvio Santos. Não eram as únicas. Tínhamos a única tv da rua e não era raro aparecerem os vizinhos pra ver “Porta da Esperança”, “Topa tudo por dinheiro”.
Era relativamente fácil entender pelo menos dois dos motivos do sucesso desses tiposbet 28programa. Num país onde o Estado falhavabet 28garantir os direitos básicosbet 28seus cidadãos, a televisão se apresentava como a última tábuabet 28salvação.
Lembro bem como o “Topa Tudo por Dinheiro" explorava abertamente a precariedade econômica e a disposição das pessoasbet 28se submeterem a situações humilhantesbet 28trocabet 28prêmiosbet 28dinheiro.
Num país onde o desemprego, a sub-remuneração e a informalidade sempre foram realidades esmagadoras, o programa refletia o desespero das massas, ao mesmo tempobet 28que reforçava a ideiabet 28que a única saída é submeter-se às regras do jogo,mesmo que custasse a própria dignidade.
Mas, quando um programabet 28televisão se apresenta como o redentor dos pobres, ele não só ilude o público com promessasbet 28uma salvação rápida e acessível, mas também desvia a atenção das verdadeiras causas da pobreza. E ainda vemos muitos programas assim.
Programas que transformam a misériabet 28espetáculo, oferecendo prêmios e caridades que, na prática, não fazem muito mais que lucrarem com o sofrimento alheio televisionado. Os reality shows que vemos hoje são filhos destes programas que nossos pais e avós viram.
Como lembra Terry Eagleton, o único Messias que nunca nos decepcionará é aquele que nunca aparece, pois ele nunca será confrontado com a realidade e, portanto, nunca falharábet 28cumprir as expectativas depositadas nele. Silvio Santos deixava esta esperança aberta.
Essa esperança, como Eagleton sugere, precisava permanecer vazia para não ser destruída. No casobet 28Silvio Santos, a promessabet 28uma solução para os problemas econômicos era sempre algo possível, mas raramente alcançado.
Ao manter a esperança aberta e indeterminada, seus programas perpetuavam a ilusãobet 28que a pobreza poderia ser superada sem uma mudançabet 28verdade, deixando o sistema intacto e as massas à esperabet 28um milagre que nunca chega. Nunca chegou.