A sinergia sino-brasileira e o dilema da Nova Rota da Seda

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Não por acaso, a maioria dos países da América do Sul já aderiu a ela. E isso não representou um “alinhamento ideológico” e tampouco perdaplataforma arbetysoberania diplomática para quaisquer dos países aderentes, na medida que a China não intervém nos assuntos domésticosplataforma arbetyterceiros e não condiciona o ingresso a convergênciasplataforma arbetycunho geopolítico. Daí que governantes das mais diversas colorações ideológicas tenham expandido os laços bilaterais com os chineses e simpatizado com os rumos e as proposições da Nova Rota da Seda. Consequentemente, não há o que o Brasil possa temer com relação a uma eventual adesão. As recentes declaraçõesplataforma arbetyoficiais americanos contra a ICR, sob a égide da retórica da “Nova Guerra Fria”, são ameaças veladas contra a opção soberana dos países da região a ampliarem os vínculos cooperativos com a China. O Brasil nada tem a ganhar seguindo os rumosplataforma arbetytal visão paternalista e neocolonialplataforma arbetyWashington, que mais uma vez demonstra abertamente seu insaciável desejoplataforma arbetycontrolar o rumo da política externa dos países latino-americanos, atualizando os princípios da enfadonha Doutrina Monroe.

Logicamente, o peso político do Brasil no mundo e a respectiva envergaduraplataforma arbetysua economia e indústria fazem com que pleiteie condições diferenciadas para acordosplataforma arbetycooperaçãoplataforma arbetylongo prazo, tais como os que a China lhe propõe por meio da ICR. E é nesse sentido que o governo Lula sinaliza a necessidadeplataforma arbetydiscussões mais aprofundadas e detalhadas sobre alguns pontos,plataforma arbetyforma que as “relações ganha-ganha” se consolidem não apenas aumentando o fluxo comercial bilateral, mas servindo como elemento catalisador para o necessário processoplataforma arbetyreindustrialização do país. Nesse sentido, as obras do PAC e a Nova Rota da Seda também tendem a ser complementares.

Às vésperas da vindaplataforma arbetyXi Jinping e da delegação chinesa ao Brasil, ambos os governos têm enfocado aprofundar as sinergias, ao invésplataforma arbetyressaltar eventuais diferençasplataforma arbetyconcepções. Inúmeras iniciativas recentes demonstram isso. Na última semana, foi amplamente noticiado o projetado início das operações da empresa chinesaplataforma arbetysatélites SpaceSail no Brasil. Há pouco maisplataforma arbetyum mês, a presidente do Banco dos BRICS, Dilma Rousseff, foi agraciada por Xi Jinping com a Medalha da Amizade da China, grandiosa honraria que sinaliza o claro alinhamento que ambos os países vêm mostrando à frente dos BRICS. São crescentes as expectativas acerca do papel que o Brasil ocupará na cadeiaplataforma arbetyvalor vinculada ao mercado dos carros elétricos, e as perspectivasplataforma arbetyprodução não apenas dos automóveis, mas também das baterias para os carros elétricos no país passam diretamente pela cooperação com os chineses. O alinhamento entre ambos na construçãoplataforma arbetyuma agenda propositiva no vindouro encontro do G20 apenas reforça o compromisso para a construçãoplataforma arbetyuma ordem global multipolar, regida pela paz e a cooperação para o desenvolvimento. Assim, o foco excessivoplataforma arbetydeterminados setores acerca do impactoplataforma arbetyuma momentânea não adesão brasileira à ICR mais diz sobre seus mais profundos e silenciosos desejos, ávidos pelo estremecimento das relações entre os dois gigantes do Sul Global, do que sobre a inquebrantável e crescente sinergia sino-brasileira.

(*) Pesquisador Visitante do Institutoplataforma arbetyEstudos Regionais eplataforma arbetyPaíses, Universidade Sun Yat-sen, China