Aposentados seguem no mercadoarbety plataformatrabalho para complementar renda
Muitos aposentados precisam seguir trabalhando para conseguir se sustentar e sustentar a própria família
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Agência Brasil - O trabalhoarbety plataformaJúlio Hagio é, como ele mesmo diz, “de domingo a domingo”. O produtor rural acorda às 4h, trabalha na lavoura, ajuda nos negócios dos filhos, faz entregas. A jornada termina por volta das 18h. A rotina é quase a mesma desdearbety plataformaquando era criança. Ele começou a ajudar o pai com 8 anosarbety plataformaidade. Hoje, aos 70 e aposentado, Hagio ainda não pode lagar o batente.“Estou recebendo benefício, aposentadoria, mas com um salário mínimo só não tem como a gente sobreviver, né? Tem que pagar o remédio, isso, aquilo. Aí não sobra nada. Então, eu ajudo meus filhos, para complementar a renda”, diz o trabalhador, que vivearbety plataformaMogi das Cruzes (SP).
Assim como Hagio, muitos aposentados precisam seguir trabalhando para conseguir se sustentar e sustentar a própria família. “A gente tem que lutar na vida para ganhar o pãoarbety plataformacada dia. Então a gente continua desse jeito. Desde criança eu vivi disso. Então, na minha idade, eu vou procurar outro serviço? Ninguém vai dar o serviço para uma pessoa idosaarbety plataformacerta idade. Então, fica difícil. Aí a gente vai lutando como pode.”
Hagio é um dos 23 milhõesarbety plataformaaposentados no Brasil,arbety plataformaacordo com o Sistema Únicoarbety plataformaInformaçõesarbety plataformaBenefício. Segundo o governo federal, o sistema previdenciário é o maiorarbety plataformatodos os programas sociais, concedendo cercaarbety plataforma40 milhõesarbety plataformabenefícios todo mês e injetando maisarbety plataformaR$ 70 bilhões na economia do país. Quase 70% dos municípios brasileiros dependem dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadoresarbety plataformaEducação (CNTE), Heleno Araújo, explica que o salário dos professores e trabalhadoresarbety plataformaeducação nas escolas é composto por benefícios que acabam sendo perdidos na aposentadoria. “Como eles não são contemplados pelo planoarbety plataformacasa e carreira, não são contemplados pelo reajuste do piso do magistério, eles também sobrevivemarbety plataformacomplementos, né? Então você tem auxílio-alimentação e outros, que somando, vai juntando e ajudando no seu salário. Se ele se aposenta, ele perde isso. Ele vai para o salário básico. E aí ele não consegue, com o salário básico, manter esse padrãoarbety plataformavida dele. Aí, o que é que faz? Ele fica trabalhando. Às vezes, adoece muito, mas fica trabalhando se ele tiver aposentadoria. Essa tendência que hoje já acontece com os funcionários da educação, a perspectiva é ela acontecer também com todo o magistério”, diz.
Os impactos da reforma, que ainda estáarbety plataformaperíodoarbety plataformaimplementação, para a categoria são também preocupação entre os professores,arbety plataformaacordo com Araújo. Ele ressalta o aumento do tempoarbety plataformacontribuição considerando “uma estruturaarbety plataformaescola que traz um adoecimento a um terço da nossa categoria". "Isso traz impacto no trabalho da pessoa, naarbety plataformaautoestima, no processoarbety plataformaplanejamento daarbety plataformavida. Sem garantir as boas condiçõesarbety plataformatrabalho, você está aumentando também o processoarbety plataformaadoecimento earbety plataformaafastamento das atividadesarbety plataformasalaarbety plataformaaula. Aumentando também o índicearbety plataformaatestados médicos,arbety plataformaafastamento, a necessidadearbety plataformacontratações para substituir esse profissional. Então, traz um conjuntoarbety plataformaprejuízos e um impacto financeiro alto para os municípios”, avalia.
Dora Cudignola está com 71 anos. Ela se aposentouarbety plataforma2018, ainda antes da vigência da reforma da Previdência, que estabeleceu a idade mínimaarbety plataforma57 anos para mulheres e 60 para homens, alémarbety plataforma25 anosarbety plataformacontribuição previdenciária para poder se aposentar, ao final do períodoarbety plataformaimplementação. Hoje ela é vice-presidente do EternamenteSOU, associação sem fins lucrativos que atuaarbety plataformaprol das pessoas idosas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero). Segundo ela, para essa parcela da população, o envelhecimento sem condições dignas gera inda mais vulnerabilidade.
Ao contrárioarbety plataformaAguiar, Sandra Nascimento conseguiu se planejar. Ela vemarbety plataformauma realidade diferente, era funcionária pública e se aposentou após trabalhar 30 anos com recursos humanos,arbety plataforma2020. Hoje com 55 anos, ela conta que começou a se planejar cercaarbety plataformade anos antesarbety plataformase aposentar. Ela queria mudararbety plataformacarreira. Hoje é empreendedora e tem a própria marca, Sandra com Elas, trabalha como consultora, desenvolvimento humano, saúde e bem-estar. O que ganha, apesararbety plataformater estabilidade, também complementa a renda.
“Eu observava que, principalmente para as mulheres, tem essa coisaarbety plataforma‘eu me aposentei, o que eu vou fazer depois?’ Não, você tem uma gamaarbety plataformacoisas que você pode fazer após a aposentadoria, né? A aposentadoria, ela não te limita”, diz. “Quando você busca o conhecimento, ele te abre portas que você jamais imaginou, é justamente isso que eu estou passando. Porque até então, eu só pensei que eu estaria palestrando. De repente, eu estou organizando palestra, eu estou com um grupoarbety plataformamulheres, empreendedoras, com alguns coletivos, com podcast. Então, assim, pensando na minha trajetória, eu tive um ganho. O conhecimento me trouxe um ganho”, acrescenta.
Discussão urgente
Segundo a coordenadoraarbety plataformaExtensão do Núcleoarbety plataformaEnvelhecimento Humano da Universidade do Estado do Rioarbety plataformaJaneiro (Uerj), Sandra Rabello, que é presidente do Departamentoarbety plataformaGerontologia da Sociedade Brasileiraarbety plataformaGeriatria e Gerontologia, não éarbety plataformahoje que as aposentadorias não são capazesarbety plataformasustentar os trabalhadores e garantir um descaso e qualidadearbety plataformavida. “No contexto da maioria da população, aquela população mesmo que tem, depois da aposentadoria, que depender do INSS , isso já é um fato que já vem ocorrendo há mais ou menos 20 anos. É aquela questão do déficit nos salários e há uma dificuldadearbety plataformacomplementação”, diz.
A coordenadora explica que a população está envelhecendo e está vivendo mais, e que isso que traz um desafio para a Previdência Social, que precisa manter as pessoas por mais tempo, mas isso precisa ser feitoarbety plataformaforma digna, para que elas não precisem se submeter a condições precáriasarbety plataformatrabalho.
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