COP29: para negociador brasileiro, vantagens da economia verde compensarão ‘efeito Trump’ na conferência
"Setor privado americano está sempre atento a áreas nas quais ele pode ter vantagens, inclusive no combate à mudança do clima", disse André Corrêa do Lago
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Lúcia Müzell, da RFIbonus bet 365Paris - A 29ª Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas começa nesta segunda-feirabonus bet 365Baku, no Azerbaijão, sob a sombra do retornobonus bet 365Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Mas para o Brasil, país anfitrião da conferênciabonus bet 3652025,bonus bet 365Belém, o momento ébonus bet 365não deixar o desânimo tomar conta dos 196 países participantes.
“O setor privado americano está sempre atento a áreas nas quais ele pode ter vantagens, inclusive no combate à mudança do clima. Esse lado econômico, eu acho, nos reserva provavelmente boas surpresas”, disse o secretáriobonus bet 365Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, André Corrêa do Lago,bonus bet 365entrevista à RFI. “E não podemos esquecer que o Donald Trump é apoiado pelo Elon Musk, o grande empresário americanobonus bet 365carros elétricos.”
Em meio a negociações diplomáticas bloqueadas sobre o financiamento climático que deve ser implementado a partirbonus bet 3652026, a COP29 deve finalmente entregar a regulamentação, sob a supervisão da ONU,bonus bet 365um mercado internacionalbonus bet 365créditosbonus bet 365carbono. O mecanismo permitirá que empresas e países que não atingiram as suas metasbonus bet 365reduçãobonus bet 365emissões adquiram créditosbonus bet 365CO2 daqueles que promovam cortes superiores aos seus objetivos – graças a iniciativas como o fechamentobonus bet 365uma usina a carvão, a promoção da agricultura sustentável ou políticasbonus bet 365recuperação florestal.
“Se o combate à mudança do clima não melhorar a vida das pessoas, nós vamos ter muita dificuldadebonus bet 365convencer as populações e os governosbonus bet 365que essa agenda é importantíssima. E é nesse pontobonus bet 365vista que o mercadobonus bet 365carbono satisfaz,bonus bet 365uma certa forma, um setor que não é particularmente favorável ao combate à mudança do clima, que são aqueles que acreditam que somente se tiverem algum tipobonus bet 365lucro é que eles poderão contribuir”, afirmou o negociador brasileiro.
André Corrêa do Lago: A gente tem que lembrar que você pode definir os Estados Unidosbonus bet 365várias maneiras na questão da mudança do clima. Os Estados Unidos são, ao mesmo tempo, emissores não só atualmente importantíssimos, como historicamente importantes. Mas os Estados Unidos também são uma fontebonus bet 365ciência muito grande, uma fontebonus bet 365experiências muito importantes, universidades incríveis. A gente tem que lembrar que uma presidência Trump poderá afetar algumas dessas dimensões da importância dos Estados Unidos, mas poderá não afetar outros.
O senhor prefere ver o copo mais cheio? A negociação vai seguir o seu rumo?
Sempre. Se eu não olhar pelo lado do copo cheio, não dá para negociar o clima.
Donald Trump vai assumir o poderbonus bet 3652025, justamente o anobonus bet 365que o Brasil vai presidir a COP30. E é o anobonus bet 365que os países deveriam formalizar seus novos compromissos para limitar as suas emissões – um ano-chave, portanto, nessas Conferências do Clima. O quanto a provável paralisação da ambição climática americana ou os esperados retrocessos no governobonus bet 365Trump poderão influenciar todo esse processo,bonus bet 365os países apresentarem os seus novos objetivos climáticos?
Esse novo contexto vai,bonus bet 365certa forma, redirecionar a maneira como a COP 30 vai ser conduzida?
Sim, eu acredito que sim. E por isso eu acho que essa questão do mercadobonus bet 365carbono tem tanta importância, também nesse contexto.
O foco dessa conferência no Azerbaijão é a discussãobonus bet 365financiamento, que nos últimos meses ou anos, se mostra paralisada. Os países devem definir o novo valor que vai ser concedido para as naçõesbonus bet 365desenvolvimento e o que exatamente vai entrar neste cálculo complexo. Os valores que estão sobre a mesa são coerentes com as necessidades, estimadas na casa dos trilhõesbonus bet 365dólares por ano, e não mais bilhões?
Não, eles não são nada coerentes com as necessidades. A questão do financiamento é um problema que se arrasta desde o início dessas negociações, para assinatura da própria Convenção do Clima,bonus bet 3651992, no Riobonus bet 365Janeiro. Tem uma enorme dificuldadebonus bet 365avançar, então não é uma novidade. Mas o que é novidade é que nós hoje temos muito mais informação científica: nós sabemos que a mudança do clima é mais grave e ela está mais próxima, que nós temos poucos anos para fazer o que é necessário. Infelizmente, na dimensão financeira, esse elemento simplesmente essencial não está entrando.
Os esforços da China são reconhecidos por todos e ela tem desenvolvido tecnologias incríveis, mas a China tem sobretudo reduzidobonus bet 365maneira extraordinária o custo das novas tecnologias, por causa dabonus bet 365escala. Quando a China produz painéis solares a baixíssimo custo, isso significa que a África pode ter painéis solares. Então há uma contabilidade muito primária e razoavelmentebonus bet 365má fé, por parte dos países desenvolvidos, sobre o papel da China nessa questãobonus bet 365financiamento para os paísesbonus bet 365desenvolvimento.
O que os paísesbonus bet 365desenvolvimento, como Brasil, China, Indonésia e Índia sustentam é que, pelas regras da Convenção [da ONU sobre as Mudanças do Clima] e pelas regras do Acordobonus bet 365Paris, esses recursos devem vir obrigatoriamente dos países desenvolvidos. Não há discussão que os paísesbonus bet 365desenvolvimento estão ajudando também. Mas eles não têm obrigação, nem pela convenção, nem pelo Acordobonus bet 365Paris,bonus bet 365dar recursosbonus bet 365forma obrigatória. Há uma tentativa dos países envolvidosbonus bet 365reduzir abonus bet 365responsabilidade.
Isso eu acho que é uma coisa bastante intolerável, porque os países desenvolvidos não cumprem aquilo com que eles próprios se comprometeram – eles tinham se comprometido com US$ 100 bilhões durante cinco anos. Então, quem não pagou não pode querer dividir a conta.
Se os dois lados continuam inflexíveis, as chancesbonus bet 365bloqueio sobre o financiamento permanecem altas nessa COP?
Neste caso, só tem um lado que está errado, porque pelas regras da convenção e do Acordobonus bet 365Paris, quem está errado são os países desenvolvidos. Agora, se eles tivessem como argumento “nós vamos fazer a nossa parte, mas nós achamos que esses países médios devem fazer mais”, isso é uma conversa perfeitamente razoável e racional. Porém “nós só vamos fazer a nossa parte, que é obrigatória, se os outros fizerem também” não é basebonus bet 365discussão.
Por outro lado, a diplomacia brasileira se mostra otimista quanto às chancesbonus bet 365decisões a respeito do artigo 6 do Acordobonus bet 365Paris, sobre o mercado internacionalbonus bet 365créditosbonus bet 365carbono. Qual é abonus bet 365avaliação sobre o mecanismo que está se desenhando nessa COPbonus bet 365Baku, depoisbonus bet 365tantos anosbonus bet 365negociações travadas sobre este tópico?
Essa discussão é muito importante e,bonus bet 365fato, nós estamos otimistas. O que acontece é que o mercadobonus bet 365carbono não vai resolver tudo, mas é muito importante, porque é um dos elementos que lembra ao mundo que a negociação do clima é essencialmente uma negociação econômica. Para nós combatermos a mudança do clima, todos os países do mundo vão ter que mudar abonus bet 365formabonus bet 365crescer ebonus bet 365se desenvolver. Para alguns países, é um desafio gigantesco, e para outros é uma oportunidade. Então, nós temos que tratar issobonus bet 365maneira muito racional do pontobonus bet 365vista do impacto econômico, sobre os empregos e sobre a qualidadebonus bet 365vida das populações.
Se o combate à mudança do clima não melhorar a vida das pessoas, nós vamos ter muita dificuldadebonus bet 365convencer as populações e os governos, sobretudo nas democracias,bonus bet 365que essa agenda é uma agenda importantíssima. E é nesse pontobonus bet 365vista que o mercadobonus bet 365carbono satisfaz,bonus bet 365uma certa forma, um setor que não é particularmente favorável ao combate à mudança do clima, que são aqueles que acreditam que somente se tiverem algum tipobonus bet 365lucro é que eles poderão contribuir. Ao mesmo tempo, é muito legítimo que uma empresa que se dá contabonus bet 365que vai ter custos adicionais possa ter um recurso para reduzir os custos para fazer a coisa certa. Então, é um passo muito importante, mas que infelizmente não resolve tudo.
As novas NDC, os compromissosbonus bet 365cada país para reduzir as suas emissões, já começaram a ser anunciadas e o Brasil, no papelbonus bet 365anfitrião da próxima COP, acababonus bet 365apresentar a sua, nas vésperas da conferênciabonus bet 365Baku. O país está mostrando que é capazbonus bet 365fazer o seu deverbonus bet 365casa na questão do desmatamento, como temos visto nos números, sucessivamente, ao longo do ano. Mas vai ser possível liderar pelo exemplo se o Brasil continuar com os seus planosbonus bet 365abrir novas frentesbonus bet 365exploraçãobonus bet 365petróleo?
Em todos os países do mundo, tem várias dimensões dabonus bet 365economia que parecem incompatíveis. Isso acontece na Alemanha, que está usando agora mais carvão do que usou nas últimas décadas. Isso acontecebonus bet 365vários outros países desenvolvidos ebonus bet 365desenvolvimento. Uma das condições para nós combatermos a mudança do clima é que sejam levadasbonus bet 365conta as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a ambiental, a social e a econômica.
Os caminhos para você chegar às boas soluções podem ser diferentes, dependendobonus bet 365cada país. Então, eu acredito que sim, que as NDC brasileiras serão uma referênciabonus bet 365ambição. Eu acredito que, sim, elas devem ser publicadas muito proximamente e eu acredito que elas são,bonus bet 365certa forma, um guia para o país que nós pretendemos terbonus bet 3652035.
Temos que lembrar também que há uma grande coerência neste governo brasileiro, tanto na áreabonus bet 365energia como, sobretudo, na área do Ministério da Fazenda e das Finanças. O quanto nós estamos coordenando uma políticabonus bet 365crescimento que está incorporando a dimensão do clima. No G20, o Brasil acentuou muito isso e eu acredito que é um dos maiores legados do G20 brasileiro: o quanto nós precisamos encontrar uma formabonus bet 365incorporar nos investimentos ebonus bet 365um modo geral, na economia mundial, a dimensão do clima.
Nós não podemos continuar tratando o clima com fundos específicos para o clima, porque todas as atividadesbonus bet 365todos os países do mundo impactam o clima. Nós temos que optar pelas que impactam menos. E eu acredito que isso deva passar por uma nova maneirabonus bet 365se olhar para o clima na área financeira, na áreabonus bet 365investimentos e,bonus bet 365um modo geral, na própria teoria econômica.
*A entrevista foi realizada um dia antesbonus bet 365o Palácio do Planalto apresentar a nova NDC do Brasil, na noitebonus bet 365sexta-feira (8).