Quem é María Corina Machado, a amiga da extrema-direita que lidera oposição na Venezuela

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Brasileurowin apostaFato - O principal candidatoeurowin apostaoposição para as eleições da Venezuela é Edmundo González Urrutia. O ex-diplomata vai para a disputa presidencialeurowin aposta28eurowin apostajulho como o nome forte da direita do país para tentar evitar a reeleição do atual presidente, Nicolás Maduro. Mas entre os dois, há uma terceira figura que está por trás da campanhaeurowin apostaUrrutia contra o governo: a ex-deputada ultraliberal María Corina Machado.

eurowin aposta Mais do que uma madrinha políticaeurowin apostaUrrutia, ela protagoniza a campanha desse setor da direita, já que escolheu o ex-diplomata - até então desconhecido no mundo político venezuelano - para substituireurowin apostaprópria candidatura presidencial.

Durante os atos da campanha, é comum que apoiadores da direita declarem seu votoeurowin apostaMaría Corina, nãoeurowin apostaEdmundo, formando uma espécieeurowin apostaconsensoeurowin apostaque uma vitóriaeurowin apostaUrrutia significaria um futuro governoeurowin apostaMachado. No entanto, a ex-deputada não poderá nem concorrer e muito menos assumir a Presidência, já que está inabilitadaeurowin apostaocupar cargos públicos por 15 anos pela Justiça venezuelana.

O processo contra ela começoueurowin aposta2015 e a penaeurowin aposta15 anos foi divulgada pela Controladoria-Geral da Repúblicaeurowin apostajunhoeurowin aposta2023. Segundo o órgão, ela cometeu "inconsistência e ocultação"eurowin apostaativos na declaraçãoeurowin apostabens que apresentou no períodoeurowin apostaque foi deputada na Assembleia Nacional (2011-2014). A opositora, no entanto, nega qualquer irregularidade e alega sofrer perseguição.

Apesareurowin apostaprotagonizar a campanha opositora das eleiçõeseurowin aposta2024, a história políticaeurowin apostaMaría Corina Machado não começou nos últimos meses. A ex-deputada atua politicamente no país há décadas e já se envolveueurowin apostagolpeseurowin apostaEstado, pedidoseurowin apostasanções e apoios à intervenção armada estrangeira.

Família rica e ONG financiada pelos EUA

A histórica opositora ao chavismo é filhaeurowin apostaEnrique Machado Zuloaga, um dos maiores empresários venezuelanos, falecidoeurowin apostajaneiroeurowin aposta2023. Dono da siderúrgica Sivensa, Zuloaga chegou a construir um império ligado ao ramoeurowin apostametais pesados e energia que, apóseurowin apostamorte, continua sob o comando da família. O atual presidente da empresa é Oscar Augusto Machado, primoeurowin apostaMaría Corina.

No início dos anos 1990, as empresas da família Machado se tornaram as primeiras exportadoras privadas não-petroleiras da Venezuela, mas entrarameurowin apostachoque com o governo do ex-presidente Hugo Chávez. Em 2009, o mandatário decretou a expropriaçãoeurowin apostaduas filiais da Sivensa. No ano seguinte,eurowin aposta2010, após uma greveeurowin apostatrabalhadoreseurowin apostaoutra subsidiária da Sivensa, a Sidetur, o ex-presidente também nacionalizou a empresa. 

Naquele período, Machado já atuava politicamente no país dirigindo uma organização fundada por ela mesma chamada Súmate, que se classifica como uma ONG para "monitorar eleições na Venezuela". No entanto, a entidade teve participação ativa nas mobilizações que culminaram no golpeeurowin apostaEstado contra Chávezeurowin aposta2002 e na campanha para a convocaçãoeurowin apostaum referendo revogatório para encerrar o mandato do ex-presidenteeurowin aposta2004. Após a vitória chavista na votação com quase 60% dos votos, os diretores da Súmate foram acusadoseurowin apostaconspiração pela Justiça venezuelana por receberem doações do National Endowment for Democracy (NED), instituição estatal dos EUA criada nos anos 1980 para atuar na política externa estadunidense.

Golpe contra Chávez e visita a Bush

Além do apoio da Súmate ao golpe que derrubou Chávez por 48 horaseurowin aposta2002, María Corina apoiou pessoalmente o governo golpista que se apoderou do país momentaneamente naquele ano. Na ocasião, o então diretor da principal entidade empresarial do país, Pedro Carmona Estanga, se autoproclamou presidente da Venezuela e assinou um decreto que fechava o Congresso, anulava a Constituição, dissolvia a Suprema Corte e suspendia garantias legais. María Corina estava entre as maiseurowin aposta300 pessoas que fizeram parte do breve governo golpista e assinaram o chamado "Decreto Carmona". 

Após o golpe e a derrota no referendo revogatórioeurowin aposta2004, Machado amplioueurowin apostaação e buscou apoio internacional para a Súmate. Em 2005, visitou a Casa Branca e se reuniu com o então presidente dos EUA, George W. Bush. O encontro gerou repúdio por parteeurowin apostaCaracas, que alegou que, naquele momento, nem o embaixador venezuelanoeurowin apostaWashington conseguia uma reunião com Bush.

Deputada cassada e 'guarimbas'

Em 2010, Machado foi eleita como deputada pelo Estadoeurowin apostaMiranda, mas não chegou a terminar o mandato. Ela foi cassadaeurowin aposta2014, após aceitar um cargoeurowin apostaembaixadora do Panamá na OEA (Organização dos Estados Americanos), violando o artigo 149 da Constituição venezuelana que impede funcionários públicoseurowin apostaaceitar cargoseurowin apostagovernos estrangeiros sem a autorização do Congresso. Segundo María Corina, o posto oferecido pelo governo panamenho serviria para "denunciar a violência cometida" pelo presidente Nicolás Maduro.

Enquanto ocupou o cargo na OEA, Machado pediu mais sanções contra a Venezuela para pressionar o governo. As violências às quais Maria Corina se referia eram as ações policiais contra diversos protestos opositores, que ficaram conhecidos no país como "guarimbas". O estopim das marchas foram as declarações dadaseurowin aposta2013 pelo então candidato opositor à Presidência, Henrique Capriles, dizendo que não reconheceria a vitóriaeurowin apostaMaduro e que convocaria a população a protestar contra os resultados eleitorais.

No entanto, ao longo dos meses, os protestos foram ganhando amplitude e ficaram marcados pelo alto níveleurowin apostaviolência empregado pelos manifestantes que incendiavam prédios públicos, atacavam sedeseurowin apostapartidoseurowin apostaesquerda e agrediam trabalhadores que se recusavam a aderir às marchas. Neste momento, Capriles tentou afastareurowin apostaimagem dos distúrbios e enfrentamentos quase diários entre a polícia e os manifestantes. A decisão abriu brecha para que outros líderes opositores assumissem a liderança dos protestos. Entre eles, estava María Corina Machado.

As "guarimbas" voltaram a ocorrer três anos mais tarde,eurowin aposta2017. Os protestos daquele ano, no entanto, duraram mais tempo e se mostraram ainda mais violentos que oseurowin aposta2014. Segundo a versão do governo, ao menos seis pessoas foram mortas e 23 foram atacadas durante os atos por serem simpatizantes ou apoiadores do chavismo.

O caso mais emblemático da violência das "guarimbas" ocorreueurowin apostamaioeurowin aposta2017, quando Orlando Figuera, um jovemeurowin aposta22 anos, foi linchado, esfaqueado e teve seu corpo incendiado após ser acusadoeurowin apostaser chavista durante uma marcha na zona lesteeurowin apostaCaracas. Segundo a mãe do rapaz, que o encontrou no hospital ainda com vida, os participantes da marcha perguntaram a Figuera se ele era chavista e o jovem respondeu que sim. "O apunhalaram, lincharam, colocaram gasolina e queimaram. O queimaram vivo porque ele era negro e porque era chavista", disse a mãeeurowin apostauma entrevista ao jornal português Público.

Visita ao Brasil e medida cautelar

Em meio às primeiras “guarimbas” e logo após ser cassada, Maria Corina visitou o Brasileurowin apostaabrileurowin aposta2014. A convite do então senador Ricardo Ferraço, Machado foi recebida na Comissãoeurowin apostaRelações Exteriores do Senado, onde foi elogiada pela bancada da então oposição à ex-presidenta Dilma Rousseff e questionada pelos senadores da base governista. Protestoseurowin apostamovimentos populares contra a presença da opositora também foram registradoseurowin apostaBrasília. A passagem pelo país também incluiu uma reunião com o então governadoreurowin apostaSão Paulo e atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, e a participação no programa Roda Viva da TV Cultura.

Em junho daquele ano, após retornar à Venezuela, María Corina foi formalmente indiciada pelo Ministério Público poreurowin apostaparticipação nos episódios violentos ocorridos durante os protestos opositores. Além disso, ela foi acusadaeurowin apostaparticipareurowin apostaum plano para outro golpeeurowin apostaEstado, desta vez, para derrubar Maduro. A denúncia foi acolhida pelo MP após o vazamentoeurowin apostasupostos e-mails trocados entre Machado e outros opositores que tratavameurowin apostaum plano golpista “com apoioeurowin apostaWashington”.

Durante as investigações, o MP pediu à Justiça uma medida cautelar para impedir que a opositora deixasse o país durante o processo. 

Juan Guaidó e bloqueio dos EUA

Em 2019, a oposição deu mais um passo no caminho insurrecional para tentar chegar ao poder ao apoiar a autoproclamação do ex-deputado Juan Guaidó como "presidente interino" do país. O plano estava inserido na chamada estratégiaeurowin aposta"pressão máxima" elaborada por Donald Trump durante seu período na Casa Branca. Aliado a Guaidó e ao "governo interino", as sanções impostas pelos EUA contra a indústria petroleira tinham a intençãoeurowin apostacriar o caos econômico e político e, assim, forçar uma saídaeurowin apostaMaduro do poder.

Fora dos holofotes, María Corina apoiou Guaidó durante todo o período do "interinato", apesareurowin apostanunca ter ocupado nenhum cargo dos que foram criados pelo governo paralelo. Foi também durante esse período que a opositora passou a falar mais abertamenteeurowin apostauma "intervenção militar estrangeira" na Venezuela para derrubar o governo chavista.

"Se a ameaça não for real, o regime não vai ceder", disse Machado à BBCeurowin aposta2019. No ano seguinte,eurowin aposta2020,eurowin apostauma entrevista à agência alemã Deutsche Welle, a ex-deputada chegou a pedir uma "intervenção militar cirúrgica, que retire Maduro do poder".

Apesar da derrota eleitoraleurowin apostaTrumpeurowin aposta2020, do fim do "governo interino"eurowin apostaGuaidóeurowin aposta2022 e mesmo durante a campanha eleitoral na Venezuela, María Corina segue apoiando a políticaeurowin apostasanções dos EUA contra a Venezuela, que hoje formam um conjuntoeurowin apostamaiseurowin aposta900 medidas tomadas contra instituições, empresas estatais e funcionários públicos.

Ultraliberal e amiga da extrema direita

As posturaseurowin apostaMaría Corina, ao longo dos últimos anos, estiveram marcadas pela oposição ao chavismo e às políticas econômicas dos governos Chávez e Maduro. No entanto, foi só no último ano que suas ideias políticas, econômicas e sociais ganharam mais destaque na imprensa nacional e internacional.

Uma das principais propostaseurowin apostaMachado é privatizar a maioria dos bens e empresas públicas da Venezuela, inclusive a petroleira PDVSA. A empresa é a principal responsável pela arrecadaçãoeurowin apostadivisas do Estado e, apesar da crise e das sanções, continua sendo o pólo mais dinâmico da economia venezuelana. A opositora, entretanto, ainda não apresentou um plano sobre como executaria a venda da estatal.

A proposta está baseadaeurowin apostaideias ultraliberais que Machado defende há anos e que estão no estatuto do partido que ela fundoueurowin aposta2012, o Vente Venezuela: o Estado mínimo, a predominância da propriedade privada e o protagonismo do setor empresarial.

No âmbito social, apesareurowin apostase manter neutraeurowin apostaquestões como a legalização do aborto e o matrimônio igualitário, Machado adota um discurso conservador que reverbera entre opositores mais radicais ao chavismo, alémeurowin apostaestareurowin apostasintonia com algumas forças políticaseurowin apostaextrema direitaeurowin apostaoutros países, como o partido Vox, da Espanha, e com figuras ligadas ao "bolsonarismo" no Brasil.

Prova disso é que a ex-deputada venezuelana é uma das signatárias da Cartaeurowin apostaMadri, manifesto criadoeurowin aposta2020 com o apoioeurowin apostadiversas correntes e personagens da ultradireita, como Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Javier Milei, presidente da Argentina, e Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália.

Comissão do Senado

María Corina Machado foi convidada pelo ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil) para participareurowin apostauma audiência da Comissãoeurowin apostaSegurança Pública do Senado brasileiroeurowin apostasetembroeurowin aposta2023. Ela compareceu por videoconferência e recebeu elogios dos únicos cinco senadores presentes, todos ligados ao campo político "bolsonarista": Hamilton Mourão (Republicanos), Esperidião Amin (PP), Jorge Seif (PL), Eduardo Girão (Novo) e Sergio Moro (União Brasil).

Ela apresentou algumas propostaseurowin apostacampanha, criticou o governoeurowin apostaNicolás Maduro e disse que estaria disposta a recebê-loseurowin apostaCaracas para eventuais visitas oficiais.

Fora das eleiçõeseurowin aposta2024

Mesmo com a inabilitação, Machado participou das primárias da oposição vencendo e aumentando a tensãoeurowin apostatorno daeurowin apostaparticipação no pleitoeurowin aposta2024. 

O governo e parte da oposição assinarameurowin apostaoutubroeurowin aposta2023 um acordoeurowin apostaBarbados para delimitar as regras iniciais para as eleições. Entre os termos definidos, estava a revisão dos inabilitados pelo Tribunal Supremoeurowin apostaJustiça (TSJ). Em dezembroeurowin aposta2023, a ultraliberal entrou com um pedido no TSJ para revisareurowin apostainabilitação. A decisão da Corte foi divulgadaeurowin apostajaneiro, confirmando a impossibilidadeeurowin apostaconcorrer.

Fora da disputa, ela tentou emplacar uma professora universitária chamada Corina Yoris para a disputa, mas não recebeu apoioeurowin apostaoutros partidos da oposição. Machado então começou um embate pessoal com o governadoreurowin apostaZulia, Manuel Rosales, que também estava inscrito como candidato. A disputa se deueurowin apostatornoeurowin apostaquem seria o candidato que formaria um consenso na Plataforma Unitária. A ultraliberal conseguiu chegar a um acordo com Rosales para apoiar Edmundo González Urrutia.