Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein - Fumar faz mal à saúde, mas o hábito durante a gravidez pode ser nocivo tanto para a gestante quanto para o bebê que ainda nem nasceu. Os impactos do tabagismo são bem conhecidos: riscovem bet apostasmalformação congênita, maior taxavem bet apostasabortamento (perda do bebê até a 20ª semanavem bet apostasgestação), riscovem bet apostasóbito intrauterino, prematuridade e restriçãovem bet apostascrescimento. O cigarro ainda pode causar outras repercussões graves ao longo da vida da criança, como alterações neurológicas que afetem o desenvolvimento cognitivo e psicomotor.
Segundo um estudo recente, fumar na gravidez também pode reduzir o desempenho acadêmicovem bet apostascrianças expostas ao tabagismo pré-natal. O levantamento foi liderado por pesquisadores da Austrália e publicadovem bet apostasjunho <a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0306460324000340">no periódico Addictive Behaviors</a>.
Uma revisão sistemática conduzida pela equipe levantou dadosvem bet apostas19 estudos, que envolviam 1,25 milhãovem bet apostasparticipantes, e encontrou a associação do tabagismo com a piora no desempenho acadêmico. O grupo também realizou uma meta-análise, com dadosvem bet apostasoito pesquisas envolvendo maisvem bet apostas723 mil pessoas, e constatou que crianças expostas ao cigarro pela mãe tinham um risco 49% maiorvem bet apostasbaixo desempenho acadêmico,vem bet apostascomparação com aquelas que não foram expostas ao fumo no útero.
Em um dos trabalhos, feito na Austrália, foi relatada piora no desempenho das crianças que eram filhasvem bet apostasmães fumantes nos domínios envolvendo ortografia, escrita e literatura e matemática. Em outro trabalho, esse realizado na Islândia, os resultados apontam pontuaçõesvem bet apostas5% a 7% menores no desempenho acadêmicovem bet apostascrianças entre 10 e 16 anos expostas ao cigarro na gestação. Já uma pesquisa nos Estados Unidos reforça que o tabagismo pré-natal foi associado à piora no desempenhovem bet apostasliteratura, ortografia e aritmética.
“Uma meta-análise bem-feita, como é o caso deste estudo, é a maior evidência científica que temos na literatura. Esse resultado vem demonstrar,vem bet apostasforma incisiva, uma piora do desempenho escolar relacionado ao tabagismo. Isso abre um sinalvem bet apostasalerta para indicar que outros problemas podem estar relacionados também”, avalia o ginecologista e obstetra Rômulo Negrini, coordenador-médico da Obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein.
Problemavem bet apostassaúde pública
Apesarvem bet apostastodos os esforços e campanhas antitabagismo realizados no mundo, o cigarro continua sendo um problemavem bet apostassaúde pública global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 7% das mulheres fumam todos os dias, sendo que 2% delas o fazem durante a gravidez.&nbsp;
No Brasil, mesmo com a redução significativa na quantidadevem bet apostasfumantes nos últimos 35 anos, o númerovem bet apostastabagistas continua alto. Em 1989, 27% das mulheres e 43% dos homens fumavam;vem bet apostas2023, esse percentual caiu para 9,6% das mulheres e 15,9% dos homens,vem bet apostasacordo com o Ministério da Saúde.&nbsp;
“Melhorou muitovem bet apostasrelação ao que era, mas ainda tem muito a melhorar. Se pensarmos que umavem bet apostascada dez mulheres fuma, isso ainda é bem preocupante. Não temos dados específicosvem bet apostastabagismo na gestação, mas deve girarvem bet apostastorno dos 2% que a OMS calcula”, analisa Negrini.
Efeitos deletérios
Os efeitos nocivos do tabagismo na gestação são estudados desde a décadavem bet apostas1980, com vários trabalhos demonstrando os efeitos deletérios do cigarro. A fumaça do tabaco tem cercavem bet apostas7 mil compostos tóxicos, que afetam o desenvolvimento fetal.&nbsp;
Essas substâncias atuam estreitando os vasos, o que dificulta a circulação sanguínea. Ao mesmo tempo, o monóxidovem bet apostascarbono presente na fumaça do cigarro ocupa o lugar do oxigênio na hemoglobina, fazendo chegar menos sangue e menos oxigênio para o bebê, que não consegue crescer adequadamente. “Estima-se que cercavem bet apostas10% dos casosvem bet apostasprematuridade sejam decorrentesvem bet apostastabagismo na gestação. Além disso, o tabagismo materno é responsável por quase 20% dos casosvem bet apostasbebês que nascem com baixo peso”, alerta Negrini.
Outro risco é ovem bet apostasgravidez nas trompas, a chamada gravidez ectópica. Isso acontece porque as substâncias do tabaco alteram a motilidadevem bet apostaspequenos cílios presentes nas trompas, que são os responsáveis por levar o embrião para dentro do útero. “Sem a motilidade adequada, o embrião se implanta dentro das trompas e essa gravidez não poderá seguir. Na maioria das vezes, é preciso operar para reduzir o risco materno”, explica o ginecologista e obstetra.
Bebês com restriçãovem bet apostascrescimento — seja devido ao tabagismo materno, seja por outras questões — ainda são mais propensos a ter diabetes e hipertensão. Negrini ressalta, no entanto, que a maioria dos ginecologistas e obstetras não relaciona o tabagismo ao desenvolvimento da criança a longo prazo. O que se reforça no pré-natal, na maioria das vezes, é a questão do riscovem bet apostasaborto, restriçãovem bet apostascrescimento e prematuridade.&nbsp;
“Ter um estudo como esse pode ajudar a abrir os olhos não somente dos obstetras, mas também das mães tabagistas, pensando nos riscos acadêmicos dessas crianças. A decisãovem bet apostascada mulher é individual, mas cabe a nós, médicos, fazermos essa ponte entre a literatura científica e a vida real”, observa o especialista.

Cigarro causa mais câncervem bet apostasmulheres, diz estudo

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Saúde

Fumar durante a gravidez pode piorar o desempenho acadêmico da criança

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