247 - O presidente Lula (PT) discursou nesta quarta-feira (12) na abertura do FII Priority Summit, um fórum internacionalinvestimentos organizado pelo Future Investment Initiative Institute. O evento acontece no RioJaneiro e busca atrair atenção global para discussões centradas na sustentabilidade e inclusão social.
Durantefala, o presidente deu um ‘puxãoorelha’ nos agentes do mercado financeiro, destacando a necessidadealiar o debate econômico aos problemas sociais. “Eu não consigo falareconomia sem colocar a questão social na ordem do dia. Em todos os debates que fazem tratandoeconomia a gente falaum montecoisa, mas parece que os problemas sociais não existem. E eles existem e estão no nosso calcanhar, estão nas nossas portas, nas ruas. É por isso que esse mundo extraordinário digitalizado ainda permite que 735 milhõespessoas vão dormir toda noite sem ter o que comer,um mundoque a gente tem conhecimento genético para produzir alimentosobra para todo mundo. Alguma coisa está faltando”. 
“Nos últimos anos foram gastos quase US$ 3 trilhõesguerra, quando esse dinheiro poderia ser gastopaz, investimento,reduzir a miséria, a desigualdade e pobreza no mundo. Eu tenho um compromissofé, nãomandato. Só tem sentido um governante governar alguma coisa se ele tiver compromissocuidar do seu povo,dar oportunidade a todos,permitir que todos, sem distinção, tenham a oportunidadese desenvolver,viver uma vida digna eser uma pessoa respeitada”, acrescentou
Leia abaixo a íntegra do discursoLula:
É a primeira vez que o Brasil sedia uma edição da IniciativaInvestimento Futuro.
Este espaço, que já se consolidou como a “Davos do Deserto”, não deixa nada a desejar para a Davos dos Alpes.
Ele confirma a consolidaçãoatores emergentes no debate econômico mundial, para além dos centros tradicionais.
Já é passada a horareconhecer o crescente pesopaíses como a Arábia Saudita e o Brasil, sócios cada vez mais próximos e parceiros nos BRICS.
Com minha visita a Riade,novembro passado, e a recente visita do Vice-Presidente Alckmin, estamos dando impulso a essa colaboração.
A escolha do RioJaneiro para receber este evento sinaliza a confiança que os maismil participantes depositamnosso país.
Estou aqui hoje para mostrar que o Brasil é digno dessa confiança. 
Sempre digo que a coisa mais importante para um investidor é a estabilidade.
E isso o Brasil temsobra para oferecer.
Na esteira da Constituição Cidadã1988, aperfeiçoamos nossos marcos legais e garantimos estabilidade jurídica. 
Com determinação, vencemos os fantasmas da inflação e da dívida externa e conquistamos estabilidade econômica.
Soubemos navegar pela crise2008 e, superado o impacto da pandemia, reencontramos o caminho do crescimento. 
Contrariando as expectativas pessimistas, nosso PIB cresceu 2,5% nos últimos 12 meses.
Caminhamos para ser a oitava maior economia do mundo neste ano.
Até o final do mandato, podemos voltar a ser a sexta economia mundial, como fomos2011.
Nossa balança comercial bateu recorde2023, com o maior saldo da história.
As exportações entre janeiro e abril deste ano alcançaram a marca recorde108 bilhõesdólares, com aumento da participaçãoprodutos da indústriatransformação.
Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicasordem para assegurar equilíbrio fiscal.
O aumento da arrecadação e a queda da taxajuros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidadeinvestimento público.
A reforma tributária vai tornar nosso regime mais justo e eficiente, deixandopenalizar os mais pobres e dando mais competitividade à economia.
Mas sabemos que a economia não existe no vácuo.
O mercado não é uma entidade abstrata apartada da política e da sociedade. 
Nada disso se sustenta sem estabilidade política e social.
Felizmente, demonstramos nossa resiliência frente à maior provação que o Brasil enfrentou emhistória recente.
Nossas instituições sobreviveram à tentativadesmonte do Estado brasileiro e a democracia prevaleceu sobre os ataquesforças extremistas.
O governo reatou o pacto federativo com Estados e Municípios, retomou o diálogo com o Congresso e voltou a respeitar o Judiciário.
Por meio do ConselhoDesenvolvimento Econômico Social Sustentável, a sociedade voltou a ser ouvida na definiçãodiretrizes e na formulaçãopolíticas públicas.
Recuperamos a capacidadeplanejar o desenvolvimento e enfim pudemos nos concentrar novamente no que realmente importa: melhorar a vida das pessoas.
Para isso, foi preciso recolocar o pobre no orçamento.
Restabelecemos a políticavalorização do salário mínimo e reestruturamos programas sociais.
O desemprego no trimestre fevereiro a abril foi o menor desde 2014.
O tema deste Fórum é “investir na dignidade”. Essa é nossa prioridade.
Henry Ford já ensinava que os empresários só prosperam se os trabalhadores puderem consumir o que produzem.
De nada adianta construir ilhasprosperidade cercadasmiséria. 
Muito dinheiro na mãopoucos significa fome, doença, analfabetismo e criminalidade.
Mas se muitos têm pelo menos um pouco, a sociedade muda para melhor.
Em um cenário internacionaltantas incertezas, o Brasil se firma como porto seguro.
Somos um país amante da paz e avesso a rivalidades geopolíticas.
Dialogamos e negociamos com todos os que possam e queiram contribuir para o progresso do país e do mundo.
Em qualquer constelaçãopoder que se forme no panorama global, a estrela do Brasil continuará brilhando.
Estaremos lá para construir pontes e encurtar distâncias.
É esse o espírito das nossas presidências do G20 e dos BRICS e da COP do ClimaBelém.
O G20 é o lugar onde o Norte e o Sul se encontram para buscar consensos que tragam benefícios coletivos.
É espaço privilegiado para combater as desigualdades que persistem dentronossos países e entre eles.
A COP30 será um evento determinante para o planeta. Sem o esforçotodos, conforme suas responsabilidades e capacidades, o aquecimento global poderá atingir níveis catastróficos.
Estamos vivenciando issoprimeira mão com as enchentes do Rio Grande do Sul, cuja reconstrução demandará investimentos maciços do governo e do setor privado. 
Não há negacionismo capazrefutar a tragédia que se abateu sobre nossos irmãos gaúchos.
O investimento público é decisivo para induzir o desenvolvimento.
Mas o capital privado pode ser um aliado dinâmico, se Estado e empresariado convergiremtornouma mesma visãofuturo. 
O Brasil que vislumbramos é um gigante da sustentabilidade e um peso pesado da segurança alimentar. 
 É um país capazampliarprodutividade agrícola com respeito ao meio ambiente erenovarvocação industrial a partir da energia limpa e da inovação tecnológica.
O mapa do caminho para esse Brasil está desenhado no novo ProgramaAceleraçãoCrescimento e no Nova Indústria Brasil.
O novo PAC vai criar as condições necessárias para aumentar a competitividade da economia brasileira.
Entre fontes públicas e privadas, serão investidos recursos da ordem320 bilhõesdólares, 75% dos quais até 2026.
Vamos promover a modernizaçãonossa infraestrutura logística, construindo e ampliando rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, e da rede elétrica, levando luz para todos.
Vamos tornar nossas cidades mais resilientes e aprimorar a infraestruturaprestaçãoserviços sociais.
Também investiremos na integração física com nossos vizinhos, por meiocinco rotas multimodais que cruzarão toda a América do Sul, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico.
A Nova Indústria Brasil vai mobilizar linhasfinanciamento, compras governamentais e melhorias regulatórias para fomentar setores estratégicos para nosso desenvolvimento sustentável.
Em 16 mesesgoverno, já foram aprovados 15 bilhõesdólares para projetos voltados à inovação, sustentabilidade e ampliação da produtividade e da capacidade exportadora brasileira.
Em um mundo cujas bases econômicas serão revolucionadas pelas transições energética e digital, o Brasil desponta como celeirooportunidades.
Nossa visãodesenvolvimento sustentável para a Amazônia, um dos biomas mais importantes do planeta, está alicerçada no potencial da bioeconomia.
Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa.
88%nossa eletricidade provêmfontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica.
Fizemos a opção pelos biocombustíveis há quarenta anos, muito antes que a discussão sobre alternativas a combustíveis fósseis ganhasse tração. 
Há alguns dias inauguramos a maior plantaetanolsegunda geração do mundo.
Fomos os pioneiros e continuamos na vanguarda da bioenergia.
Isso nos colocavantagem para ocupar espaçosoutros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde eminerais críticos.
O Brasil tem potencial para se tornar o maior produtorhidrogênio verde do mundo. E temos grandes reservasminerais estratégicos como nióbio, grafite, níquel e terras raras.
Buscamos parceiros interessadosagregar valor a esses recursosnosso território.
A condiçãomero exportadormatérias-primas não nos convém. 
Podemos produzir localmente aço verde e componentesbaterias elétricas e gerar assim mais renda para nossa população.
Os veículos elétricos são o motor do atual renascimento da indústria automotiva brasileira.
 Não queremos simplesmente instalar maquiladoras. Somos perfeitamente capazesproduzir peças e componentes no país.
Já somos líderesvários setores ligados à alta tecnologia.
Nossa competência é amplamente reconhecida na produçãoônibus elétricos e aeronaves.
O potencial da indústria aeronáutica brasileira é tão grande que já estamos falando nos primeiros protótiposveículos elétricosdecolagem e pouso vertical.
Estamos prontos para explorar novas fronteiras tecnológicas.
Vamos elaborar um plano nacional sobre inteligência artificial, que vai mapear a infraestruturaprocessamento necessária para atender áreas estratégicas.
Essas são as razões que explicam porque o Brasil se tornou o segundo maior destinoinvestimentos estrangeiros diretos2023. 
Vejo no relacionamento com a Arábia Saudita grande potencialganhos recíprocos e quero que seja exemplo modelar para as relações sul-sul que almejamos promover.
Há claros pontosconvergência entre nossos projetosdesenvolvimento.
O objetivo da “Visão 2030”diversificar a economia e fazer crescê-la com inovação, é também o que nos move. 
Temos grandes expectativasrelação à criação do Fundo bilateral para InvestimentosOportunidades Especiais, que fortalecerá ainda mais a parceria entre nós. 
A Arábia Saudita sempre terá no Brasil um sócio privilegiado.
Tenho certeza que este evento proporcionará proveitosos debates e negócios e convido todos a investirem, cada dia mais,nosso país. 
Muito obrigado.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a sessãoabertura do FórumInvestimentos Prioridade 2024 do Instituto da IniciativaInvestimentos Futuros (FII Institute), no Copacabana Palace, RioJaneiro - RJ

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Em evento com investidores, Lula dá puxãoorelha no mercado: "parece que os problemas sociais não existem"

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Em evento com investidores, Lula dá puxãoorelha no mercado: "parece que os problemas sociais não existem"