Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein - Apesaralano 03 slotssua longa históriaalano 03 slotssucesso no programa nacionalalano 03 slotsvacinação, desde 2016 o Brasil enfrenta queda nos índicesalano 03 slotscobertura vacinalalano 03 slotscrianças. O quadro foi agravado após a pandemiaalano 03 slotsCovid-19, especialmentealano 03 slotsdecorrência da desinformação sobre a segurança e eficácia das vacinas. Um novo estudo brasileiro buscou entender as razões por trás da hesitação vacinal (além da desinformação) e descobriu que quase umalano 03 slotscada quatro pais (23%) não conseguiram vacinar seus filhos, apesaralano 03 slotsterem ido a um posto vacinação – e isso tem impacto direto na decisãoalano 03 slotsretornar ou não.&nbsp;
Além da dificuldadealano 03 slotsefetivar a imunização, o estudo também aponta que existe desigualdade racial no acesso: o percentualalano 03 slotspais que não conseguiram vacinar os filhos chegou a 17% entre brancos e ultrapassou 29% entre pretos. O estudo aponta também que 7% dos responsáveis enfrentaram dificuldades para levar os pequenos ao postoalano 03 slotssaúde por motivos que vão da faltaalano 03 slotstempo à dificuldadealano 03 slotstransporte – essa probabilidade foi 75% maior entre população preta comparada à branca.
O levantamento foi conduzido por pesquisadores da Universidade Federalalano 03 slotsSanta Catarina (UFSC) e da Faculdadealano 03 slotsCiências Médicas da Santa Casaalano 03 slotsSão Paulo, e os resultados foram publicados no último dia 23alano 03 slotsagosto <a href="https://www.scielo.br/j/ress/a/SgFP8TvGxD4P8JXzjH3KsSK/?lang=pt">na revista científica Epidemiologia e Serviçosalano 03 slotsSaúde</a>.
alano 03 slots Maisalano 03 slots37 mil entrevistas
Para conduzir a pesquisa, os estudiosos brasileiros partiramalano 03 slotsinformações do Inquérito Nacionalalano 03 slotsCobertura Vacinalalano 03 slotsmaisalano 03 slots37,8 mil nascidos vivosalano 03 slots2017 e 2018. Depois, a equipe foi a campo, nas 26 capitais do Brasil, no Distrito Federal ealano 03 slots12 cidades com maisalano 03 slots100 mil habitantes, para visitar todas essas famílias.&nbsp;
Nas residências, os pesquisadores fizeram entrevistas com as mães ou responsáveis pelas crianças e fotografaram as cadernetasalano 03 slotsvacinação. “As informações foram digitadas e incluídas no nosso bancoalano 03 slotsdados por profissionais especializados no programa nacionalalano 03 slotsvacinação. Conseguimos uma boa qualidade dos dados porque não usamos informações autorreferidas, que poderiam ter um viésalano 03 slotsmemória”, explica o epidemiologista Antonio Fernando Boing, primeiro autor do estudo e professor da UFSC.
Ao cruzar os dados, os pesquisadores descobriram, por exemplo, que 86% das crianças com até 2 anosalano 03 slotsidade não foram vacinadas nas idades previstas no calendário nacional. Isso as deixaalano 03 slotsuma situaçãoalano 03 slotsmaior risco e vulnerabilidade, por ficarem expostas a agentes causadoresalano 03 slotsdoenças que podem ser controladas ou evitadas com vacinação.&nbsp;
Nas respostas para explicar o motivo desse atraso, as famílias citaram a distância do postoalano 03 slotssaúdealano 03 slotsrelação à casa ou ao trabalho, faltaalano 03 slotstempo para levar a criança até a unidade, horário inadequadoalano 03 slotsfuncionamento, dificuldadesalano 03 slotstransporte para ir ao posto, não liberação do empregador e não disporalano 03 slotscadernetaalano 03 slotsvacinação.
Quando foram questionadas sobre o motivoalano 03 slotsnão terem conseguido vacinar os filhos, mesmo tendo ido até o postoalano 03 slotsvacinação, responderam que entre razões estavam: não havia imunizante disponível, a salaalano 03 slotsvacinação estava fechada (algumas funcionam somentealano 03 slotsdias específicos), não havia profissionalalano 03 slotssaúde para aplicar o imunizante, acabara a senhaalano 03 slotsatendimento para aquele dia ou não estavam com o documentoalano 03 slotsvacinação no momento.&nbsp;
Cor e raça&nbsp;
A partir desses resultados, os pesquisadores decidiram fazer um recorte por cor e raça para ver se havia alguma influência nesse sentido também. E descobriram que as criançasalano 03 slotsmães pretas e pardas têm maior probabilidadealano 03 slotsenfrentar essas dificuldades ealano 03 slotsestarem com o esquema vacinal incompleto nos primeiros cinco e 12 mesesalano 03 slotsvida.&nbsp;
De acordo com Boing, a associação da cor/raça para esse desfecho se manteve mesmo quando os pesquisadores fizeram ajustes e tiraram o fator socioeconômico das análises. “Mesmo considerando outros fatores, como a escolaridade da mãe, ainda assim a associaçãoalano 03 slotscor/raça se manteve maior para as dificuldades entre mães pretas”, relata. &nbsp;“Além das raízes sociais, econômicas e raciais que dificultam o acesso, observamos também barreiras no serviço. Vimos que as falhas do sistemaalano 03 slotssaúde impactam mais severamente a população preta, que é a mais vulnerável.”
Hesitação vacinal
Na visão do professor da UFSC, os resultados são “estarrecedores”, pois o estudo mostra que essas famílias venceram barreiras anteriores e foram até o postoalano 03 slotsvacinação, mas encontraram novos obstáculos.
“Em muitos casos, ir até o postoalano 03 slotssaúde implicou um esforço muito grande,alano 03 slotsuma negociação das mães com múltiplas partes, e não se alcançou o objetivo. Isso envolve um esforço financeiro,alano 03 slotsconseguir sair do trabalho,alano 03 slotsviabilizar meios para ir até a unidade. Não necessariamente essa mãe vai conseguir retornar ao postoalano 03 slotssaúde. E, se retornar, pode não ser no tempo oportuno, colocando a criançaalano 03 slotsrisco. É uma perdaalano 03 slotsoportunidadealano 03 slotsvacinação”, frisa o pesquisador.&nbsp;
O infectologista pediátrico Alfredo Gilio, coordenador da Clínicaalano 03 slotsImunizações do Hospital Israelita Albert Einstein e professor doutor da Faculdadealano 03 slotsMedicina da USP, também considera o resultado preocupante, especialmente devido à perdaalano 03 slotsoportunidade vacinal e ao riscoalano 03 slotsessa pessoa não voltar para atualizar a caderneta da criança.
“Vinte e três por cento desses pais saíramalano 03 slotssuas casas e não conseguiram vacinar seus filhos. Isso pode se tornar um dificultador num momentoalano 03 slotsque estamos tentando recuperar as taxasalano 03 slotscobertura vacinal. Apesar dos esforços do Ministério da Saúde, ainda estamos abaixo da cobertura ideal para todas as vacinas. Qualquer coisa que atrapalhe é péssimo. Cada vez que deixamalano 03 slotsvacinar, essas pessoas podem não voltar”, avalia Gilio.
Na avaliação do infectologista, o estudo ajuda a entender o fenômeno da queda da vacinação no Brasil. Para ele, as dificuldades dos filhosalano 03 slotsmães pretas envolvem possivelmente a questão socioeconômica da família, o localalano 03 slotsmoradia (distante do postoalano 03 slotssaúde, por exemplo) e o horárioalano 03 slotstrabalho. “Certamente essas crianças moram mais longe e enfrentam mais dificuldades. Precisamos tomar atitudesalano 03 slotscima disso”, defende.
Soluções para melhorar a cobertura
Na avaliaçãoalano 03 slotsBoing, por conta da Covid-19, os debates se concentraram quase exclusivamente na questãoalano 03 slotscombater informações falsas. “Isso é importante, e ações fortes para enfrentá-las precisam estar na agenda sanitária. Mas nosso estudo comprova que há outros fatores econômicos ealano 03 slotsorganização do serviçoalano 03 slotssaúde totalmente evitáveis e inaceitáveis que contribuem para esse cenário catastrófico da cobertura vacinal no Brasil”, analisa.&nbsp;
Para ele, modificar esse contexto exige melhorar as condiçõesalano 03 slotsvida da população, qualificar os profissionais do Sistema Únicoalano 03 slotsSaúde (SUS),alano 03 slotsespecial a atenção primária, e investiralano 03 slotsaçõesalano 03 slotsmonitoramento e enfrentamentoalano 03 slotsdesigualdadesalano 03 slotssaúde.
Segundo Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileiraalano 03 slotsImunizações (SBIm), esse resultado é preocupante e não deveria ocorrer nesse percentual tão alto. “Não se pode deixaralano 03 slotsvacinar alguém que foi até o posto. É preciso rever os problemas estruturais do SUS, porque a perdaalano 03 slotsoportunidade é algo que não pode acontecer dentro da vacinação, ainda mais num momentoalano 03 slotsbaixa cobertura vacinal”, frisa.
Para o Brasil voltar ao panoramaalano 03 slotsaltas coberturas vacinais, diz Levi, é preciso construir uma demanda sustentável por vacinas e manter a confiança não só nos imunizantes, mas também no prescritor, no vacinador e no sistemaalano 03 slotssaúde. “Precisamos manter toda a estrutura que envolve a vacinação funcionando corretamente para que a hesitação seja combatida”, completa a presidente da SBIm.
Estratégias do Ministério
O Ministério da Saúde informou,alano 03 slotsnota, que desde 2023 tem atuado com estados e municípios na implementaçãoalano 03 slotsuma estratégiaalano 03 slotsmicroplanejamento para recuperar as altas coberturas vacinais. “Dentro dessa estratégia, destacam-se ações como a ampliação dos horáriosalano 03 slotsfuncionamento dos postosalano 03 slotsvacinação, campanhas locais para conscientizar a população sobre a importância e a segurança das vacinas, e a integração com o setoralano 03 slotseducação para promover a vacinaçãoalano 03 slotsambientes escolares. O combate às fake news, o monitoramentoalano 03 slotseventos relacionados à vacinação e a melhoria dos Sistemasalano 03 slotsInformação também são ações fundamentais", diz a nota.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, a realizaçãoalano 03 slotsoficinasalano 03 slotstodos os estados, seguida por monitoramento e avaliação, contribuiu para o aumento das coberturas vacinais infantisalano 03 slotsrotina. “Comparando 2022 com 2023, apenas três das 16 vacinas do Calendário Nacional da Criança não apresentaram aumentoalano 03 slotscobertura".&nbsp;
Sobre o problemaalano 03 slotspossível faltaalano 03 slotsvacinas nos postos, o Ministério da Saúde informou que "devido à capacidade limitada da redealano 03 slotsfrio dos postos, pode haver desabastecimento temporárioalano 03 slotsalgumas vacinas, sendo recomendada a buscaalano 03 slotsoutras unidades ou o retorno no dia seguinte.”

original

1250x600

610x380

1280x490

300x400

500x240

321x200

square

320x320

thumbnail

viewImage

Saúde

Um a cada quatro pais não consegue vacinar crianças, mesmo indo ao postoalano 03 slotssaúde

Por Agência Brasil - Rioalano 03 slotsJaneiro
As internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentaramalano 03 slotsGoiás, Bahia, Paraíba, Sergipe e São Paulo. Em Goiás, a principal causa é a covid-19 entre a população idosa. Nos demais estados, a maior ocorrência éalano 03 slotsrinovírus entre crianças e adolescentesalano 03 slots2 até 14 anosalano 03 slotsidade. Os dados estão no Boletim InfoGripe, divulgado nesta quinta-feira (22) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em relação às capitais, sete apresentam crescimento nos casosalano 03 slotsSRAG: Aracaju, Brasília, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Salvador e São Paulo. A análise é referente à Semana Epidemiológica 33, do períodoalano 03 slots11 a 17alano 03 slotsagosto.
Nos dados nacionais, os casosalano 03 slotsSRAG oscilaram na tendênciaalano 03 slotslongo prazo (últimas seis semanas) e há indíciosalano 03 slotsaumento naalano 03 slotscurto prazo (últimas três semanas). As ocorrênciasalano 03 slotsSRAG por vírus sincicial respiratório (VSR) e influenza A mantêm tendênciaalano 03 slotsqueda na maior parte do país. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, os casos positivos tiveram prevalênciaalano 03 slots22,6% por VSR; 19,4% por Sars-CoV-2 (covid-19); 16,3% por influenza A; e 1,8% por influenza B.
Sobre o aumento dos casosalano 03 slotscovid-19, a pesquisadora Tatiana Portela, do Programaalano 03 slotsProcessamentoalano 03 slotsComputação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e do Boletim InfoGripe, reforça a importância da vacinaçãoalano 03 slotsdia para todas as pessoas dos gruposalano 03 slotsrisco.
“Apesar dos casosalano 03 slotsinfluenza A estarem diminuindoalano 03 slotstodo o país, geralmente agora é a épocaalano 03 slotsque a influenza B começa a aumentar. Por isso, é importante também que todos estejamalano 03 slotsdia com a vacinação contra a influenza”, recomenda a pesquisadora.
No ano epidemiológico 2024, foram notificados 115.152 casosalano 03 slotsSRAG. Desse total, 55.912 (48,6%) tiveram resultado laboratorial positivo, 45.477 (39,5%) negativo, e ao menos 7.499 (6,5%) aguardam resultado. Dos casos positivos, 43,1% são VSR; 19,1% são influenza A; 7,7% são Sars-CoV-2 (covid-19); e 5% são influenza B.
Nas últimas oito semanas epidemiológicas, a incidência e mortalidade semanal média mantêm o cenárioalano 03 slotsmaior impacto nos extremos das faixas etárias. Entre as crianças até 2 anosalano 03 slotsidade, a incidência e mortalidadealano 03 slotsSRAG são causadasalano 03 slotsmaior parte pelo VSR e do rinovírus. Entre os maioresalano 03 slots65 anosalano 03 slotsidade, a incidência e a mortalidadealano 03 slotsSRAG por covid-19 já se aproxima da incidência e mortalidade por influenza A.

Tag: pais

Um a cada quatro pais não consegue vacinar crianças, mesmo indo ao postoalano 03 slotssaúde

Fiocruz: casosalano 03 slotsrinovírus e covid-19 crescem no país