Por Luiz Claudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A preparaçãobet317netnovo livrobet317netautoficção, trabalhosbet317netcurtos filmes que chamabet317netpoesias audiovisuais e uma memória detalhista sobre maisbet317netseis décadasbet317netatividades marcam a trajetória do belga Jean-Claude Bernadet,bet317net88 anos, ícone do cinema brasileiro. Ele será homenageado por uma mostrabet317netfilmes (por trás ou na frente das câmeras) que serão exibidos nas unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)bet317nettrês cidades (Brasília, a partir desta sexta,16; São Paulo, dia 24; e Riobet317netJaneiro, dia 28). A exibição tem acesso livre. Confira programação no <a href="https://ccbb.com.br/" target="_blank">site</a><a href="https://ccbb.com.br/" target="_blank"> do CCBB</a>. 
O artista tem ainda rotina produtiva, mesmo com a degeneração na retina que o tem deixado longe das salasbet317netcinema. “Eu quase não vou ao cinema porque não enxergo a tela”, lamenta. Mesmo assim, conta com a parceriabet317netrealizadores para escrever um novo livrobet317netautoficção, com o títulobet317netViver o medo, que escreveubet317netparceria com a ex-aluna Sabrina Anzuategui, conforme reveloubet317netentrevista à Agência Brasil. 
Na memória do artista, ele reconhece a importância do ensinobet317netcinema na Universidadebet317netBrasília,bet317netplena ditadura militar. Fica orgulhoso com a participação como atorbet317netfilmesbet317netuma nova geraçãobet317netcineastas e diz que se sente mais à vontade hoje escrevendo. Ele se reconhece como referência na cultura brasileira, mas entende que o reconhecimento fez parte da construção dessa figura socialbet317netque acabou se tornando.
Confira abaixo trechos da entrevista concedida por Jean-Claude Bernadet:
Agência Brasil - O senhor tem uma passagem importante pela Universidadebet317netBrasília, ao participar da criação do cursobet317netcinema na décadabet317net1960. Pode rememorar essa história? 
Bernadet - Naquela época, as universidades estavam se atualizando. Entendo que o primeiro curso universitáriobet317netcinema foi obet317netBrasília. As universidades recorreram a profissionais, já com renome, com obras realizadas, para compor o corpo docente. Houve muita pressão sobre nós, por parte da polícia e da reitoria. Em 1965, porém, houve demissão do corpo docente. Nós achávamos que se os militares nos queriam fora da universidade, eles que nos tirassem. 
Em 1969, fui cassado pelo AI-5 com 24 professores da Universidadebet317netSão Paulo (USP), porque eu pertencia a essas duas universidades (UnB e USP).
Agência Brasil - O Brasil lembra,bet317net2024, os 60 anos da ditadura. Como era falarbet317netcinema naquele começo do regime? O senhor era um jovem professorbet317net28 anos.
Bernadet - Primeiro,bet317net1965, na Universidadebet317netBrasília, houve muitas greves. Então, eu e os alunos nos reuníamos para conversar e fazer projeçãobet317netfilme. A gente se encontrava à noite para projetar filmes e discutir, sem quebrar a greve. À tarde, as salasbet317netaula ficavam vazias.
Agência Brasil - Ainda sobre a capital, o senhor foi roteiristabet317net“Brasília: contradiçõesbet317netuma cidade nova” (documentáriobet317netJoaquim Pedrobet317netAndrade,bet317net1967). Foi importante esse filme para o senhor?
Bernardet - Sem dúvida. Naquela época, era realmente uma cidade nova, recém-inaugurada, e era muito curioso porque havia esses palácios, mas havia também a W3 (avenida comercial que atravessa as asas sul e norte). Era como uma rua principalbet317netuma cidadebet317netinterior. Então era um ambiente muito, muito especial e, por outro lado, havia grande entusiasmobet317netrelação à universidade. 
Então, a gente estava sendo extremamente dinâmico e ativo porque tinha a impressãobet317netestar construindo alguma coisa que depois foi reprimida. Mas o ânimobet317netBrasília, nesses anos, era muito intenso.
Agência Brasil - O que o senhor tem feito atualmente?
Bernardet - O que acontece é o seguinte... eu fiquei praticamente cego (teve uma degeneração na retina). Então, me distanciei muito do cinema. 
Trabalhei com uma amiga, que é ex-aluna, Sabrina Anzuategui, e publicamos, no fim do ano passado, um livro (Wet Mácula), uma espéciebet317netromance, e agora estamos trabalhandobet317netoutro livro. E só é isso. Eu faço pequenos poemas audiovisuais também,bet317netmédiabet317netseis minutos. Não são narrativas, mas justaposiçãobet317netimagem.
Agência Brasil - Aproveitando que o senhor está falando sobre isso, aparecer como ator na frente da câmera não deixabet317netser uma novidade nabet317nettrajetória. 
Bernadet - Atualmente, me sinto mais à vontade escrevendo. Eu escrevo com a Sabrina. Eu quase não vou ao cinema porque não enxergo a tela. Faço também esses pequenos filmes,bet317netseis minutosbet317netgeral, com materialbet317netarquivo. 
Recentemente, tive uma pequena participação no Nosferatu, do Cristiano Burlan. Fiz um curta-metragem como ator também com Pedro Goifman, filho do cineasta Kiko Goifman. Ele fez um pequeno filme e eu sou ator no filme dele. 
A leitura é extremamente difícil para mim. Com a Sabrina, eu trabalho bem. A gente conversa e ela escreve. Um dos meus filmes, que é a Cama Vazia, entroubet317netmaisbet317net40 festivaisbet317netcinema. No Brasil, o último filme é A Última Valsa, que também estará na mostra no CCBB.
Agência Brasil - O senhor fez o Cama Vazia com o Fábio Rogério. Trata-sebet317netuma internação que teve?
Bernardet - Eu estava hospitalizado e o Fábio tinha comprado uma máquinabet317netfotografar. E aí ele acabou fazendo essas fotos que são a base do filme. É sempre isso. Eu tento trabalhar no sentidobet317netter as condições, e depois surge a ideia. E não o contrário: ter uma ideia para fazer um filme.
Agência Brasil - Como é para o senhor contribuir com a formação desses novos cineastas?
Bernardet - Eu estava aposentado. Então, eles, digamos, me revitalizaram. O Filmefobia (do Kiko Goifman), para mim, foi fundamental, porque é um filmebet317netque gosto muito. Eu vi outra perspectiva possível para mim.
Agência Brasil - O senhor tem acompanhado essas novas geraçõesbet317netcineastas mais engajadosbet317nettemas sociais?
Bernardet - Às vezes, não consigo enxergar e aí fico muito frustrado no fim da projeção. Eu fico tão frustrado assim porque não reconheço os atores, não vejo os atores. Então, infelizmente, não estou acompanhando. 
Agora, quanto à questão do cinema negro, as pesquisas sobre cinema começaram há bastante tempo. E eu participei do início dessas pesquisasbet317netSão Paulo,bet317netque um grupobet317netjovens negros estava começando a focalizar mais precisamente a negritude no cinema brasileiro
Agência Brasil - Dentro desses trabalhos, tem algumbet317netque se orgulha mais?
Bernadet - Não classifico o que é o melhor, o mais intenso, etc. Então, por exemplo, essa produçãobet317netfilmesbet317netseis minutos, estou fascinado por isso agora. Assim como estou escrevendo com a Sabrina outro romance (com o título Viver o Medo). 
 Agência Brasil - Como espera que as pessoas recebam o seu trabalho nessa mostrabet317netfilmes? 
Bernardet - Eu sou,bet317netgrande parte, uma construção social. Tudo isso fazbet317netmim uma referência na cultura brasileira, mas eu considero que isso não é uma coisa tão individual. O reconhecimentobet317netuniversidades e do CCBB, por exemplo, constroem essa figura socialbet317netque acabei me tornando.
<h2>Serviço</h2>
Mostra Bernardet e o cinema

CCBB DF (16/8 a 5/9) 

CCBB SP (24/8 a 22/9) 

CCBB RJ (28/8 a 22/9)
Entrada gratuita

Jean-Claude Bernadet,bet317net88 anos, ícone do cinema brasileiro, será homenageado por uma mostrabet317netfilmes (por trás ou na frente das câmeras) que serão exibidos nas unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)

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Jean-Claude Bernadet tem mostrabet317net3 cidades e prepara novo livro

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