Lucas Weber, Brasilrr betfato - Há 10 anos, quando o Brasil recebia o reconhecimento por parte das Nações Unidas (ONU)rr better saído do Mapa da Fome, foi a então ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, quem recebeu o títulorr betnome do país. Hoje, diretora Socioambiental do Banco Nacionalrr betDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Campello está confiante que o Brasil irá reconquistar a marcarr betbreve. Na verdade, para ela, nesta retomada da gestão petistas à frente do governo federal, o maior desafio que vem enfrentando “é lutar contra uma parte da elite brasileira que quer que a gente seja pequeno”. 
Em entrevista ao programa Bem Viver desta segunda-feira (21), a diretora celebrou os avanços que o BNDES vem conquistando nestes quase dois anos que ela está à frente da diretoria, sob presidênciarr betAloizio Mercadante.
“Esse um ano e dez meses foi um período excepcional para a nossa atuação no Banco. Nós resgatamos um papel histórico do BNDES”, diz.
“Durante um período, esses atores ligados ao bolsonarismo, ligados à extrema-direita, mas principalmente ligados a uma ideiarr betque o Brasil tem que voltar a cumprir um papelrr betser agrícola e exportador, tentou acabar com o BNDES".
Campello cita entre as conquistas do Banco a parceria com o governo federalrr betpolíticarr betcombate à fome voltadas ao fomento à agroecologia e a agricultura familiarrr betmodo geral. 
“Os programas voltaram, o Programarr betAquisiçãorr betAlimentos [PAA] voltou, o <a href="https://www.brasildefato.com.br/2024/10/11/mais-cara-e-menos-saudavel-alimentacao-escolar-perdeu-42-do-poder-de-compra-nos-ultimos-14-anos">Pnae</a> voltou, que é o Programa Nacionalrr betAlimentação Escolar, outra agenda estratégica que a FAO destacavarr betpor que que saímos do Mapa da Fome. E nessa agendarr betfortalecimento da agricultura familiar tinha um conjuntorr betelementos, dentre eles o próprio Ecoforte do BNDES e da Fundação Banco do Brasil".
“Todas essas agendas foram retomadas. Nesse um ano e 11 meses a gente pode dizer que nós conseguimos reconstruir tudo aquilo que eles destruíram", reforça Campello. 
Embora veja com perspectiva, a diretora pondera que há um novo desafio neste momento: os ultraprocessados. 
“A situaçãorr betfome é muito identificada quando a pessoa não tem acesso a comida nenhuma, mas hoje o brasileiro tem acesso a um tiporr betalimentação que é o não-alimento, um alimento que pode matar a dor da fome, mas que não nutre”. 
“Uma criança que viverr betbiscoito recheado, que vive tomando sucorr betcaixinha, essa criança está mal alimentada".
Confira a entrevista na íntegra 
Qual tem sido o maior desafio desta retomada do BNDES sob gestão petista?
Esse um ano e dez meses foi um período excepcional para a nossa atuação no Banco. Nós resgatamos um papel histórico do BNDES. 
Se a gente for pensar no que existerr betpositivo, as grandes conquistas modernas do Brasil, vamos lembrar do pioneirismo na árearr betbiocombustíveis, da Embraer, da indústriarr betpapéisrr betcelulose... quando a gente olha esses últimos 70 anosrr betBrasil, é difícil imaginar uma área estratégica que o BNDES não tenha atuado. 
O BNDES está colado com a ideia deste Brasil moderno, deste Brasil que se desenvolveu, do esforçorr betdeixarrr betser um país agrícola, um país agrícola exportador, e ser um país desenvolvido, um país que garante geraçãorr betemprego e rendarr betqualidade para o seu povo. 
Durante um período, esses atores ligados ao bolsonarismo, ligados à extrema-direita, mas principalmente ligados a uma ideiarr betque o Brasil tem que voltar a cumprir um papelrr betser agrícola e exportador, tentou acabar com o BNDES. Não só enforcou, praticamente, o Banco, deixando ele restrito a um conjuntorr betatribuições, como lançou essa nuvemrr betdúvidas e questionamentos, chamando o BNDESrr betcaixa preta. 
Bom, foi feita uma devassa nas contas do Banco e encontraram o quê? Nada. E agora nós temos a alegriarr betcomemorar, não só que eles não encontraram nada, mas que o BNDES,rr bettodas as auditorias que tem passado, tem se saído super bem e foi considerado a instituição mais transparente entre todas as instituições públicas no Brasil. 
Mas você perguntou qual o maior desafio, né? Olha, o maior desafio é lutar contra uma parte da elite brasileira que quer que a gente seja pequeno. A gente tem que lutar todo dia, como diz o presidente Lula, mas eu acho que nós estamos vencendo. 
Você tem levado seu legadorr betcombate à fome para a gestão no BNDES?
[Na semana passada], eu tive a oportunidaderr betestar com o presidente Lula e ministros resgatando um conjuntorr betações das gestões anteriores, e lançando dois planos superimportantes: o Plano Nacionalrr betAbastecimento Alimentar “Alimento no Prato” [Planaab] e Plano Nacionalrr betAgroecologia e Produção Orgânica [Planapo]. 
E dentro dessa agenda, tantorr betabastecimento quantorr betagroecologia, estão algumas ações do BNDES, mas não só. 
Eu queria resgatar um pouco do contexto que foi a saída do Brasil do Mapa da Fomerr bet2014, e que voltou durante o governo do presidente Bolsonaro muito rapidamente. 
Quando a gente saiu do Mapa da Fomerr bet2014, o que se dizia? Por que o Brasil saiu do mapa da fome? Primeiro, porque enfrentou a agendarr betrenda. 
O povo passava fome, não porque não queria trabalhar, mas porque não tinha renda suficiente para se alimentar com a qualidade e com a quantidade necessária. 
Como que a gente aumentou a renda do povo? Todo mundo acha que é o Bolsa Família, mas não é. Primeiro, aumento do salário mínimo, que teve impactos variados no Brasil, nas aposentadorias, mesmo quem não tem salário mínimo, carteira assinada, ele é uma referência. 
Os programas voltaram, o Programarr betAquisiçãorr betAlimentos [PAA] voltou, o Pnae voltou, que é o Programa Nacionalrr betAlimentação Escolar, que era outra agenda estratégica que a FAO destacavarr betpor que que saímos do Mapa da Fome com uma alimentaçãorr betqualidade nas escolas brasileiras. 
E nessa agendarr betfortalecimento da agricultura familiar tinha um conjuntorr betelementos, dentre eles o próprio Ecoforte do BNDES e da Fundação Banco do Brasil. 
Todas essas agendas foram retomadas. Nesse um ano e 11 meses a gente pode dizer que nós conseguimos reconstruir tudo aquilo que eles destruíram. 
Tem muita coisa que tem que avançar ainda, claro. 
O Ecoforte é um programarr betfortalecimento das redesrr betagroecologia. Não basta somente a gente pensarrr betarroz e feijão. Nós temos que pensar numa diversidade enorme err betproduzir sem produtos agrotóxicos. 
E essa agenda da agroecologia é uma agenda que tem que ser fortalecida, ela é típica da agricultura familiar brasileira. 
A gente estava pronto para encerrar as inscrições, mas teve uma grande movimentação da sociedade civil com carta assinada por todas as redesrr betagroecologia pedindo que a gente estendesse o prazo. Então nós estendemos mais uma vez. 
Ao mesmo tempo que há esses investimentos na agroecologia, o Banco também segue liberando crédito para o agronegócio e setores da mineração. A senhora vê isso como uma contradição?
Essa agenda não deveria ser tratada dentro do BNDES, ela é uma contradição do país. O fornecimento e a ofertarr betcrédito para o agronegócio não é um dinheiro do banco, é um dinheiro do Plano Agrícola e Pecuário do Brasil. 
Esse montanterr betrecursos é ofertado pelo conjunto dos bancos, pelos vários bancos públicos, o BNDES, o Banco do Brasil, Caixa e bancos privados. Mas é uma política nacionalrr betfinanciamento da agricultura brasileira, que é necessária porque a agricultura é parte da importância do PIB. 
Nós não vamos fazer a transição para uma agriculturarr betbaixo carbono, para uma agricultura sustentávelrr betuma vez. 
Quer dizer, você cortar o crédito... isso teria impacto dramático, não só na renda nacional, nas exportações, no nosso crédito, como na própria ofertarr betalimentos. 
O esforço do governo federal ao lançar o Planapo é dizer que nós queremos transitar, gradualmente, para a redução do usorr betprodutos químicos err betagrotóxicos. 
Já o dinheiro do Ecofort é o dinheiro do banco, esse dinheiro querr betoutras instituições o povo chamarr betrecursos concessionais, né? Então um pedaço do nosso lucro, que é um pedaço do recurso que o banco dispõe, a gente decidiu investirrr betagroecologia. 
E no caso do nosso recorterr betrecursos do Plano Agrícola e Pecuário, nós temos um diferencial: nós não vamos ofertar esses recursos para quem desmatou. Então o BNDES foi pioneiro ao usar o MapBiomas, que faz a identificaçãorr betáreas que foram desmatadas legal ou ilegalmente, e ao identificar que houve desmatamento ou por fogo ou desmatamento físico sem fogo, a gente não oferta recursos. 
Isso gerou todo um frisson, muita gente nos questionou. Mas hoje, apesar das críticas que nós recebemos lá no começo, isso está pacificado. 
Voltando a falar sobre o combate à fome, a senhora diria que os ultraprocessados são o maior inimigo do Brasil hoje?
São, eu tenho convicção pela pesquisa que eu fiz ao longo do meu período acadêmico. 
A situaçãorr betfome é muito identificada quando a pessoa não tem acesso a comida nenhuma, mas hoje o brasileiro tem acesso a um tiporr betalimentação que é o não-alimento, um alimento que pode matar a dor da fome, mas que não o nutre. 
Uma criança que viverr betbiscoito recheado, que vive tomando sucorr betcaixinha, essa criança está mal alimentada. 
As pessoas acham que o ultraprocessado é um produto cheiorr betsal, cheiorr betgordura saturada, e é verdade, mas não é só isso. Ele também não tem nada que ajude a fazer essa nutrição. 
O Brasil tem historicamente um tiporr betalimentação que é a melhor alimentação que a gente poderia ter, que é o nosso arroz com feijão, com legumes, com verdura, com uma proteína, então com carne, com frango, com peixe. 
Mas a base da alimentação não é a carne, o peixe, o frango. É o arroz, o feijão, que é super nutritivo, misturado com legumes. Essa alimentação é super saudável e nos ajuda a resistir. 
Se você perguntar pra uma família, 'ó, se você pudesse, hoje, comer uma comida bem gostosa, um arroz gostoso, um feijãozinho temperado, uma carninha com uma vagem e cenoura... ou você comer 5 dias na semana uma lasanha pronta toda engordurada, o que você escolheria?', eu tenho certeza que a grande maioria da população escolheria a nossa comida tradicional. 
Só que isso tá ficando difícil. Por quê? Por toda uma facilidade que a indústria vende essas coisas prontas, mentindo, dizendo que aquela é nutritiva. 
Às vezes você vê um pacote e diz lá: 'contém vitaminas, contém tudo que você precisa para o seu dia a dia'. Mentira, não contém. Aquele pacote cheiorr betgordura, cheiorr betsal, sem nutriente nenhum ou com nutriente adicionado, não substitui essa comida. 
O grande desafio nosso é poder enfrentar essa discussão e aí isso não se faz com uma única política. O Pnae vai nos ajudar a fazer isso, o Ecofort vai nos ajudar a fazer.
E esse impulso dos ultraprocessados não pode “maquiar” essa saída do Brasil do Mapa da Fome? Sermos enganados querr betfato combatemos o problema, mas estamos gerando outro?
Não, os dados e as informações levam também issorr betconsideração. 
A gente tem cada vez mais evidências científicasrr betque parte da origem das doenças crônicas não transmissíveis, que é o câncer, que são as doenças cardiovasculares, diabetes... vem do aumento exponencial pela má alimentação. 
Então eu não diria que ele vai maquiar, porque isso está considerado nas perguntas que são feitas nos nossos inquéritos, mas eu acho que para a genterr betfato deixarrr better no mesmo corpo a fome e a obesidade, nós vamos ter que transitar para um tiporr betalimentação mais saudável. 
Na mesma família você pode ter uma pessoa desnutrida e uma pessoa obesa. E às vezes é a mesma pessoa, ou no mesmo bairro, ou no mesmo território. 
Esse é um desafio gigantesco do mundo todo e eu acho que o Brasil tem mais condição do que qualquer outro país para enfrentar essa agenda, até porque a gente resiste à alimentação do brasileiro apesarrr bettoda essa guerrarr betmarketing da indústriarr betultraprocessado. 
Essa resistência que está no imaginário da população, que está na nossa agricultura familiar, que é superpotente, que produz alimentosrr betqualidade, que faz um esforço enorme para garantir que esse alimento chegue na população, na base da população.

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Economia

Tereza Campello: maior desafio do BNDES é lutar contra uma parte da elite que quer o Brasil pequeno

247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atendeu a um pedido feito por movimentos sociais e incluiu o programarr betreduçãorr betagrotóxicos nos planos nacionaisrr betAbastecimento Alimentar err betAgroecologia e Produção Orgânica. Agrônomo e doutorrr betEstudos Ambientais, Paulo Petersen comemorou a ideia.
"O alimento não pode ser tratado como uma mercadoria como outra qualquer. Se a alimentação for regulada apenas pelo mercado, parcelas importantes da sociedade seguirão passando fome ou só terão acesso aos produtos ultraprocessados vendidos nas grandes redesrr betsupermercados. Permanecerão sem acesso a alimentos saudáveis e adequados", disse. A entrevista foi concedida à <a href="https://marcozero.org/movimentos-sociais-vencem-industrias-e-lula-inclui-reducao-de-agrotoxicos-em-novo-plano-de-agroecologia/">Marco Zero</a>.
"É mais do que uma vitória", afirmou a conselheira do Conselho Nacionalrr betSegurança Alimentar e Nutricional (Consea), Cidinha Moura, que também é coordenadora da ONG Fase no mesmo estado do ministro Fávaro.&nbsp;
"Para nós do movimento agroecológico, os dois planos juntos são fundamentais para fortalecer as iniciativasrr betagroecologia no Brasil, pois, alémrr betpolíticasrr betproduçãorr betalimentos, precisamosrr betpolíticas capazesrr betconstruir mercados para a agricultura familiar e para agricultura agroecológica".

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Vitória dos movimentos sociais: Lula inclui reduçãorr betagrotóxicosrr betplanorr betagroecologia

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