Sarampo, meningite, pólio: vacinas evitam sequelas para a vida toda
Quem passou pelas doenças faz alerta aos pais: vacinem seus filhos
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Por Vinícius Lisboa, repórter da Agência Brasil - Em 1960, Helena Teodoro Michelon tinha 1 ano e 2 mesesbonus betmotionidade quando deu entrada no Hospital das Clínicasbonus betmotionSão Paulo, com a perna direita paralisada. Até então, a febre alta tinha sido tratada com dipirona por um farmacêutico, mas o temido sintoma alertou a avó e a mãebonus betmotionque o motivo poderia ser mais grave. As duas viraram a noite para conseguir uma vagabonus betmotioninternação.“Só naquela noite, junto comigo, internaram 49 crianças com pólio. E lá fiquei dois meses,bonus betmotionum isolamento só com crianças com pólio. Fiquei no pulmãobonus betmotionaço. Assim começou minha lutabonus betmotionsequelada da pólio”, conta Helena, que hoje tem 64 anos. “Falo para as mães novas que não deixembonus betmotionvacinar seus filhos. Me olhem, olhem com olhos fixos, porque eu sou prova viva da sequela da pólio. A sequela da pólio é o que eu sou hoje. Então, prestem atenção. A sequela da pólio é para o resto da vida, não tem cura. É uma deficiência permanente”.
A prevenção da paralisia infantil era uma esperança urgente, mas ainda distante no anobonus betmotionque Helena foi internada. Albert Sabin havia descoberto a vacina oral contra a poliomielite (VOP) três anos antes, e a vacinação contra a doença no Brasil começaria apenasbonus betmotion1961, no Riobonus betmotionJaneiro ebonus betmotionSão Paulo. O Plano Nacionalbonus betmotionControle da Poliomielite, primeira tentativa organizada nacionalmentebonus betmotioncontrolar a doença no país, viria apenas 10 anos depois,bonus betmotion1971.
“Perto da minha casa, teve o Fernando, a Elizabeth, a filha dela… Que eu conheci, foram quatro crianças com pólio. Comigo, cinco”, lembra Helena.
“O meu carrinhobonus betmotionbebê, que o meu pai comprou pra mim antesbonus betmotioneu nascer, quando minha mãe foi vender, a pessoa falou: não vou comprar, porque ela teve paralisia e pode passar pra minha criança. Tinham mães que pediam para os filhos se afastarem da gente na escola. Havia muito preconceito”, lembra. “Não tinha acessibilidade nenhuma na escola. Eu tinha que subir escadas para ir à aula que não tinham corrimão. Pra subir, eu conseguia, sentando e encostando na parede. Mas, para descer, descia rolando. Se chovia na escola, eu não descia nem no recreio. Para ir ao banheiro, eu precisava ajuda das professoras e nem sempre elas estavam dispostas a ajudar”.
O usobonus betmotionórtese e a dificuldadebonus betmotioncaminhar se agravaram conforme a donabonus betmotioncasa envelheceu. Em 1998, uma queda fez com que fraturasse o joelho e iniciasse o acompanhamento na Associaçãobonus betmotionAssistência à Criança com Deficiência (AACD), instituição sem fins lucrativos fundada inicialmente para acompanhar crianças com sequelas da poliomielite. A superintendentebonus betmotionpráticas assistenciais da AACD, Alice Rosa Ramos, conta que hoje os pacientes com sequelas da poliomielite são poucos e com tratamentosbonus betmotionlonga data, ou imigrantesbonus betmotionpaíses onde a pólio não foi eliminada ainda.
“Mas a gente tem outras doenças também, principalmente o sarampo e a meningite, que podem ser prevenidas por vacina e causam principalmente quadros importantesbonus betmotionlesão encefálica ebonus betmotionsequelas motoras, visuais, auditivas e intelectuais. O sarampo e as doenças pós meningite têm uma extensãobonus betmotionsequelas muito maior”, acrescenta. “A falta do conhecimento da sequela leva muita gente a optar por não vacinar. Ninguémbonus betmotionsã consciência vai optar por participarbonus betmotionuma roleta russa. O númerobonus betmotionpessoas com a sequela realmente é pequeno se comparado ao todo. Mas e se for eu? E se for o meu filho? O meu neto? Vou fazer uma aposta nisso? Eu não apostaria”.
Múltiplas cirurgias - No caso dos pacientesbonus betmotionpólio, é comum que apresentembonus betmotionalgum momento da vida a síndrome pós-pólio, com um quadrobonus betmotiondor, perdas motoras, maior dificuldade funcional. A médica acrescenta que a própria idade faz com que pacientes já sequelados percam ainda mais mobilidade e, por exemplo, parembonus betmotionandar com órteses e fiquem na cadeirabonus betmotionrodas. No caso dos pacientes com sequelas da pólio, limitações motoras que são comuns à velhice chegam mais cedo ebonus betmotionforma mais rápida.
A mãebonus betmotionHugo, Maria Franciscabonus betmotionOliveira Silva,bonus betmotion47 anos, conta que a doença progrediubonus betmotionforma rápida. “Ele foi dormir bem e acordou com um febrãobonus betmotion40 graus. Levei na pediatra e, chegando lá, ela fez todos os exames e procedimentos, mas não conseguia baixar a temperatura. Antes dos exames ficarem prontos, a pediatra percebeu que o corpo dele estava cheiobonus betmotionmanchas vermelhas, que foram aumentando com a formaçãobonus betmotionbolhasbonus betmotionágua. Foi então que a pediatra falou que o caso dele era meningococcemia”.
Durante a internação, a doença causou uma sériebonus betmotioncomplicações, como insuficiência renal e hepatite medicamentosa, que também deixaram sequelas que precisam ser acompanhadas até hoje. “Ele vai no hepatologista, no ortopedista, faz tratamento com fonoaudiólogo, fisioterapia, hematologista e gastro”.
Na AACD desde 1 ano e 9 meses, ele passou pela terapia ocupacional, fisioterapia solo, fisioterapia aquática, musicoterapia e fonoaudiologia. Atualmente, já não é atendido mais no Centrobonus betmotionReabilitação da Instituição, porém ainda conta com acompanhamento médico e na Oficina Ortopédica para ajuste ou trocabonus betmotionprótese da perna amputada.
A meningite meningocócica pode ser prevenida pela vacina meningocócica C conjugada, que deve ser administrada com duas doses, aos 3 e aos 5 mesesbonus betmotionidade, e requer ainda uma dosebonus betmotionreforço aos 12 meses. O Sistema Únicobonus betmotionSaúde (SUS) oferece ainda a vacina meningocócica ACWY a adolescentesbonus betmotion11 a 14 anosbonus betmotionidade.
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