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    Decisões favoráveis a policiais frustram famíliascada apostavítimas no Rio

    Em 2024, foram ao menos 5 absolvições ou transferênciascada apostacorte

    PM-RJ (Foto: Leonardo Lucena)

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    Por Rafael Cardoso, Agência Brasil - Legítima defesa. Faltacada apostaprovas. Homicídio sem intençãocada apostamatar. Expressões corriqueirascada apostajulgamentoscada apostapoliciais acusadoscada apostaassassinar moradorescada apostafavelas. No fim, as sentenças são semelhantes: os réus são absolvidos ou o processo é transferido para cortes mais favoráveis aos policiais, como o Tribunal Militar. Em 2024, no Riocada apostaJaneiro, pelo menos cinco casoscada apostagrande repercussão tiveram esse tipocada apostaresultado.

    O julgamento mais recente foi o do adolescente João Pedro Mattos Pinto. Na tarde do dia 18cada apostamaiocada aposta2020, a Polícia Federal e Polícia Civil do Riocada apostaJaneiro fizeram uma operação na comunidade do Salgueiro,cada apostaSão Gonçalo, na região metropolitana. João Pedro, então com 14 anos, estava na casa do tio e foi ferido nas costas por um tirocada apostafuzil. A casa ficou com maiscada aposta70 marcascada apostatiros.

    A investigação constatou que o disparo que matou o menino veio da armacada apostaum policial civil. A defesa dos agentes alegou que eles entraram na casa para perseguir criminosos durante um confronto. Mas uma testemunha disse que não viu traficantes no local. O Ministério Público afirmou que a cena do crime foi alterada pelos policiais para simular um confronto.

    Em fevereirocada aposta2022, os agentes Mauro José Gonçalves, Maxwell Gomes Pereira e Fernandocada apostaBrito Meister viraram réus por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e fútil, e respondiamcada apostaliberdade. Até que, no dia 10cada apostajulho, a juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine decidiu absolver os três, ao alegar que eles agiramcada aposta“legítima defesa”.

    Em 6cada apostamarço, o 3º Tribunal do Júri da Capital decidiu que o assassinatocada apostaJohnathacada apostaOliveira Lima,cada aposta2014, na favelacada apostaManguinhos, na Zona Norte, deveria ser tipificado como homicídio culposo, quando não há intençãocada apostamatar. A decisão representa uma classificação inferior à pedida pela acusação, para quem o crime cometido pelo policial militar Alessandro Marcelinocada apostaSouza foi um homicídio doloso (com intençãocada apostamatar).

    A decisão resultoucada apostadeclíniocada apostacompetência e o caso foi transferido para julgamento no Tribunal Militar. O processo e as investigações recomeçarão e a pena vai ser decidida por juízes militares. Ministério Público e Defensoria Pública recorreram da decisão.

    Johnatha tinha 19 anoscada apostaidadecada aposta14cada apostamaiocada aposta2014, quando cruzou com um tumulto entre policiais e moradores da favelacada apostaManguinhos. Um tiro disparado pelo agente da Unidadecada apostaPolícia Pacificadora (UPP), Alessandro Marcelino, atingiu as costas do jovem. Ele foi levado para a Unidadecada apostaPronto Atendimento (UPA) e morreu.

    “A gente tinha provas testemunhais, provas periciais, inclusive foi feito o vídeocada apostauma períciacada aposta3D, que jogava por terra a versão da polícia. Havia muitas provas. E mesmo depoiscada aposta10 anos, as testemunhas continuavam dispostas a falar”, diz Ana Paula.

    “A maioria das vezes o inquérito acaba sendo realizadocada apostaforma meramente protocolar, com a finalidadecada apostajuntar as peças necessárias para o arquivamento. Então, se junta o boletimcada apostaatendimento médico, o do exame cadavérico, termocada apostareconhecimento dos familiares e os antecedentes criminais da vítima. Não se investigam esses casos. Os raros que chegam ao Tribunal do Júri são aquelescada apostaque os familiares conseguem coletar provas e há maior repercussão na imprensa”, complementa Grillo.

    Poliana Ferreira, doutoracada apostaDireito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com estágiocada apostapesquisa na Harvard Kennedy School, concorda que a questãocada apostaprodução das provas e a fiscalização do trabalho policial são fundamentais.

    “São os próprios policiais que produzem as provas. Precisamos pensarcada apostanovos mecanismos institucionais que equilibrem esse processo. Fazer com que as narrativas dos familiarescada apostavítimas repercutam melhor no tribunal. Repensar os protocolos e melhorar a fiscalização dos policiais. Um exemplo é o registrocada apostaimagens nas câmeras corporais, mas também a possibilidadecada apostaque essas imagens sejam acessadascada apostaforma mais ampla e não apenas pela própria polícia”, argumenta Poliana.

    Mesmo quando os processos conseguem avançar e vão para o Tribunal do Júri, o resultado pode ser insatisfatório. O que mostra que o problema é ainda mais complexo.

    Os PMs Sérgio Lopes Sobrinho, Bruno Rego Pereira dos Santos, Wilson da Silva Ribeiro e Luiz Henrique Ribeiro Silva se tornaram réuscada apostajulhocada aposta2021. Três anos depois, tiveram o portecada apostaarmas restituído e foram reintegrados às funções policiais. Na decisão, o juiz Gustavo Gomes Kalil afirmou que eles dispararamcada aposta“legítima defesa” e alegou faltacada apostaprovas para incriminá-los pelo tiro que atingiu a cabeçacada apostaLucas. A Defensoria Pública recorreu da decisão.

    A mãecada apostaLucas, Laura Ramoscada apostaAzevedo, investigou o crime por conta própria. Dentre as provas coletadas, encontrou uma testemunha e uma foto que reforçaram o argumentocada apostaque Lucas foi colocado na viatura policial sem ferimentos na cabeça. O que levou a acusaçãocada apostaque os PMs o executaram. Mas Laura não viveu para presenciar o julgamento. Ela morreucada apostadecorrênciacada apostaum câncercada aposta2023.

    Em 18cada apostamarço, o Tribunal do Júri do Rio absolveu seis policiais militares envolvidos na morte da auxiliarcada apostaserviços gerais Claudia Silva Ferreira. Ela foi mortacada aposta2014, perto da casa onde morava no Morro da Congonha, Madureira, na Zona Norte. Um vídeo flagrou o corpocada apostaClaudia sendo arrastado por cercacada aposta300 metros por uma viatura da Polícia Militar durante suposta tentativacada apostasocorro.

    Na decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira afirmou que houve legítima defesa e faltacada apostaindícios sobre a autoria dos disparos que atingiram Claudia. Os agentes Rodrigo Medeiros Boaventura e Zaqueucada apostaJesus Pereira Bueno foram absolvidos do crimecada apostahomicídio. Adir Serrano Machado, Alex Sandro da Silva Alves, Rodney Miguel Archanjo e Gustavo Ribeiro Meirelles se livraram da acusaçãocada apostafraude processual, por terem removido o corpo da vítima do localcada apostaque ela foi baleada.

    No dia 5cada apostaabrilcada aposta2024, o Conselhocada apostaSentença do I Tribunal do Júri absolveu por insuficiênciacada apostaprovas os quatro acusadoscada apostaenvolvimento nas mortescada apostaEdmea da Silva Euzébio ecada apostasua sobrinha, Sheila da Conceição.

    Edmea e Sheila foram executadas a tiros no dia 19cada apostajaneirocada aposta1993, no estacionamento da estação do metrô da Praça XI, no Centro do Rio. Os acusados pelo crime foram Eduardo José Rocha Creazola, Arlindo Maginário Filho, Adilson Saraiva Hora e Luis Claudiocada apostaSouza.

    Edmea era uma das líderes do movimento que ficou conhecido como Mãescada apostaAcari, formado por mãescada aposta11 jovens da Favela do Acari, que foram sequestradoscada apostaum sítiocada apostaSuruí, bairrocada apostaMagé, na região metropolitana,cada apostajulhocada aposta1990. Eles nunca foram encontrados.

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