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    Mulheres vão às ruas na França exigir constitucionalização do direito ao aborto

    Organizações feministas convocaram manifestações nas maiores cidades francesas para este sábado (02/07)

    Protesto na França (Foto: Reuters)

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    RFI - A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidosestrela bet bda 7 anossuspender o decreto que garantia o direito ao aborto às americanas ganha forte repercussão na França. Organizações feministas convocaram manifestações nas maiores cidades francesas para este sábado (2/07) para pedir a inscrição na Constituição do país da lei que permite a interrupção voluntária da gravidez. Parlamentares da França já debatem sobre essa possibilidade, temendo um possível retrocesso no país, como ocorreu nos Estados Unidos.

    A revogação do decreto Roe versus Wade, na semana passada, surpreendeu a opinião pública francesa. Nos últimos dias, o assunto estampou capasestrela bet bda 7 anosjornais e foi temaestrela bet bda 7 anoseditoriais na França. A “marcha à ré” da justiça americana também mobilizou a classe política do país.

    Não é à toa que Aurore Bergé, chefe do partido governista Renascimento na Assembleia Nacional, anunciou que apresentaria uma propostaestrela bet bda 7 anoslei na Casa para constitucionalizar a leiestrela bet bda 7 anosdescriminalização do aborto – chamadaestrela bet bda 7 anoslei Veil na França (1975),estrela bet bda 7 anosreferência àestrela bet bda 7 anosautora, a ministra da Saúde Simone Veil. A iniciativa já é apoiada pela primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, e por partidosestrela bet bda 7 anosesquerda.

    Especialistasestrela bet bda 7 anoslegislação são unânimesestrela bet bda 7 anosafirmar que, embora uma lei tenha mais força do que um decreto – como era o caso nos Estados Unidos – nada garante que não seja revogada ou não seja modificada. Por isso, inscrever a descriminalização do aborto na Constituição seria uma garantia a mais para as francesas que o direito delas não corre risco. O temorestrela bet bda 7 anosparte da sociedade e da classe política francesa é que essa lei que permite o aborto, considerada como um direito adquirido das mulheres, acabe indo pelo mesmo caminho do decreto Roe versus Wade nos Estados Unidos.

    Caminho até a Lei Veil

    Na França, o procedimento do aborto é conhecido como IVG, sigla para interrupção voluntária da gravidez. O direito entrouestrela bet bda 7 anosvigor no inícioestrela bet bda 7 anos1975 com a chamada “lei Veil”, que leva o nomeestrela bet bda 7 anossua autoria, a advogada Simone Veil, que teve uma longa carreira política e é um ícone da luta pelos direitos das mulheres na França.

    A lei não foi aprovada sem polêmica: foi um processo muito longo, que começouestrela bet bda 7 anos1967, quando a França legalizou o usoestrela bet bda 7 anosanticoncepcionais. Até então, o aborto era passívelestrela bet bda 7 anosprisão.

    Uma sérieestrela bet bda 7 anosacontecimentos marcam o caminho até a lei Veil, nos anos 1970, como a mobilizaçãoestrela bet bda 7 anosfeministas nas ruas, que começaram a chamar atenção para as centenasestrela bet bda 7 anosmortesestrela bet bda 7 anosmulheres por ano na França após complicações que resultavam dos abortos realizadosestrela bet bda 7 anosforma clandestina.

    Em 1971, 343 mulheres resolveram se expor, assinar uma petição pública e dizer que elas já haviam praticado o aborto clandestino. Entre as várias personalidades célebres do movimento, que ficou conhecido como “343 vagabundas”, estava a escritora Simoneestrela bet bda 7 anosBeauvoir, autora do manifesto.

    Outras leis foram atualizando o texto originalestrela bet bda 7 anosSimone Veil ao longo dos anos. Na época do auge da pandemiaestrela bet bda 7 anosCovid-19, com a superlotação dos hospitais e dos centros médicos da França, o atendimento às mulheres que queriam realizar o IVG também ficouestrela bet bda 7 anossegundo plano e o debate sobre o prazo limite para o aborto voltou à tona. Em fevereiro deste ano, a França aprovou uma nova lei, que entrouestrela bet bda 7 anosvigorestrela bet bda 7 anosmarço, prorrogando o prazo para a interrupção voluntária da gravidezestrela bet bda 7 anos12 para 14 semanas.

    Masestrela bet bda 7 anoscasoestrela bet bda 7 anosgravidezestrela bet bda 7 anosrisco para a vida da mãe ou se o feto é diagnosticado com uma doença grave e incurável, o aborto por razões médicas pode ser praticado a qualquer momento até o fim da gestação.

    O procedimento é realizadoestrela bet bda 7 anoshospitais da rede pública, mas tambémestrela bet bda 7 anoshospitais e clínicas particulares com convênio com o sistema públicoestrela bet bda 7 anossaúde da França. Independentemente do local onde o aborto é realizado, ele é gratuito e as despesas são inteiramente pagas pelo Estado.

    Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, 232 mil abortos voluntários foram realizados no paísestrela bet bda 7 anos2019; quem mais recorre à interrupção da gravidez na França são jovens dos 20 aos 29 anos.

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