Entenda o que foi a Nakba, a catástrofe do povo palestino
Cerca22bet freebet40% dos palestinos tornaram-se refugiados após êxodo forçado
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Por Lucas Pordeus León, repórter da Agência Brasil - O conflito no Oriente Médio envolvendo palestinos e israelenses tem entre suas raízes a criação do Estado22bet freebetIsrael que - para os palestinos – causou o que eles chamam22bet freebetNakba, que22bet freebetárabe significa “catástrofe” ou “desastre”. Por isso, para compreender a guerra travada na região é preciso entender esse episódio que segue vivo na memória do povo palestino.A Nakba é lembrada todo 1522bet freebetmaio, que é o dia seguinte ao da Independência22bet freebetIsrael, declarada22bet freebet1948 e baseada na Resolução 181 das Nações Unidas que recomendou a partilha da Palestina entre árabes e judeus. Em consequência, eclodiu o que ficou conhecida como a 1ª guerra “árabe-israelense”, quando Síria, Jordânia, Egito, Líbano e Iraque iniciaram uma ofensiva contra o novo país.
Como resultado desse conflito, estima-se que22bet freebet700 mil a 800 mil palestinos foram expulsos22bet freebetsuas terras e entre 400 e 500 vilas palestinas foram destruídas. Por isso, seis meses depois,22bet freebetdezembro22bet freebet1948, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a Resolução 194, dando direito aos palestinos refugiados voltarem paras suas terras se assim desejassem. Porém, essa resolução nunca foi cumprida.
Segundo a relatora especial das Nações Unidas para a Palestina Ocupada, Francesca Albanese, cerca22bet freebet40% dos palestinos da Cisjordânia são refugiados desde 1948 “que fugiram da violência que acompanhou a criação do Estado22bet freebetIsrael”. Além disso, a maioria dos residentes da Faixa22bet freebetGaza é22bet freebetrefugiados ou descendentes22bet freebetrefugiados, segundo a especialista da ONU.
Agência Brasil: O que foi a Nakba?
Soraya Misleh: A pedra fundamental da Nakba é a formação do Estado22bet freebetIsrael mediante limpeza étnica planejada. A construção dessa Nakba é um projeto colonial que começou no fim do século 19 com o surgimento do sionismo político moderno e que visava a conquista da terra e do trabalho na Palestina histórica, via o que eles chamavam22bet freebettransferência populacional. Afinal, no final do século 19, tinha só 6%22bet freebetjudeus na Palestina.
O que acontecia? Cada vez que eles chegavam lá constituíam um colonato, um assentamento, expulsando os palestinos nativos. Além disso, cada vez que se estabelecia uma fábrica ou um serviço, o trabalho era exclusivo para judeus. Teve várias revoltas contra isso. Em 1947, a ONU recomendou a partilha da Palestina. A resolução [181 da ONU] foi o sinal verde para que aqueles planos22bet freebetlimpeza étnica fossem executados. Em seguida, começou a fase mais agressiva da expulsão dos palestinos. Teve vários genocídios. O caso clássico era o que aconteceu com a aldeia da minha família, que tinha 2 mil habitantes e vivia22bet freebetagricultura22bet freebetsubsistência. Eles cercavam as aldeias por três lados e deixando uma única saída para as pessoas irem embora. Em seguida, bombardeavam o centro da aldeia - que era a praça onde estava a escola, a Mesquita, a vida comunitária - matavam algumas pessoas, também teve casos22bet freebetestupros. Em consequência, foram 800 mil palestinos expulsos e mais22bet freebet500 aldeias destruídas. Desde então, a sociedade está inteiramente fragmentada e se iniciou o problema dos refugiados.
Bernardo Kocher: É um contraponto à felicidade que os israelenses demonstraram ao criar seu Estado nacional. Com a partilha da ONU22bet freebetmaio22bet freebet1947, foi declarada a independência22bet freebetIsrael e as terras que os israelenses receberam tinham 50%22bet freebetárabes. Com isso, os palestinos e o mundo árabe questionaram, como é que pode um Estado judeu criado com a metade da população22bet freebetnão judeus? A resolução da partilha, da qual o Brasil presidiu com o ministro Oswaldo Aranha, foi um equívoco brutal. Ela deu as melhores terras aos israelenses e, a partir22bet freebet1947, os israelenses, que já vinham fazendo isso lentamente, aceleraram o processo22bet freebetexpulsão22bet freebetpalestinos e22bet freebetinvasão22bet freebetaldeias com massacres e ações terroristas. Portanto, israelenses apresentam isso como um feito e os palestinos, que foram expulsos, começaram a chamar a Independência22bet freebetIsrael como Nakba. É uma forma22bet freebetmanter essa memória porque muitas matanças foram feitas, aldeias inteiras foram dizimadas. Um dos exemplos mais conhecidos foi o massacre da aldeia22bet freebetDeyr Yassin por grupos terroristas. Vários desses grupos terroristas depois foram incorporados ao Exército22bet freebetIsrael. A Nakba é a forma dos palestinos chamarem o início22bet freebetsua diáspora.
Soraya Misleh: Significa o presente na vida dos palestinos. A Nakba não acabou. O passado para os palestinos é o presente. Essa Nakba continua presente todos os dias e é a ameaça22bet freebetapagamento existencial do futuro. Meu pai contava como era a Palestina antes22bet freebet1948. Meu pai é uma vítima e um sobrevivente da Nakba. Ele falava sempre como eles levavam uma vida simples, mas feliz. Não tinha tranca nas portas e a gente corria por aquele verde, tudo o que a gente precisava a terra dava. Era uma vida muito comunitária.
Kocher: Você já deve ter visto os palestinos portando aquelas grandes chaves antigas. É a chave22bet freebetcasa que eles esperam algum dia voltar. Eles enxergam esse processo22bet freebetuma forma muito lúcida, sem nenhuma ilusão. Nós que estamos longe desse conflito, e os europeus que fingem que não veem, olhávamos para a situação22bet freebetuma forma muito romantizada sobre o que é Israel. Para os palestinos, não foi dado esse direito22bet freebetromantizar essa história e todos eles têm uma consciência muito clara do que se passou.
Agência Brasil: Acredita que a demanda22bet freebetretorno dos palestinos expulsos na Nakba inviabiliza um acordo22bet freebetpaz com Israel?
Soraya Misleh: Sim, mas isso é um direito inalienável e inegociável do povo palestino reconhecido pela ONU na22bet freebetResolução 194. Israel não quer a paz. Não existe paz sem justiça para a totalidade do povo palestino. Você tem 6 milhões22bet freebetpalestinos22bet freebetcampos22bet freebetrefugiados, milhares na diáspora, e se você não reconhece o direito humano internacional ao retorno à terra, não há qualquer tipo22bet freebetacordo. O historiador israelense Ilan Pappé está falando há muitos anos que essa apregoada solução22bet freebetdois Estados está morta pela expansão colonial agressiva israelense.
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