247- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta quarta-feira (24) no pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, principal projeto do Brasil na presidência do G20. Lula chamou a atenção para os dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que mostraram o crescimento da extrema pobreza e da fome no mundo, o que ele classifica como um “apartheid alimentar”.
“Os dados divulgados hoje pela FAO sobre o estado da insegurança alimentar no mundo são estarrecedores. A pobreza extrema aumentou pela primeira veznew version 1xbetdécadas. O númeronew version 1xbetpessoas passando fome ao redor do planeta aumentounew version 1xbetmaisnew version 1xbet152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial, 733 milhõesnew version 1xbetpessoas, estão subnutridas. O problema é especialmente grave na África, na Ásia e também persistenew version 1xbetparte da América Latina. Mesmo nos países ricos aumenta o apartheid nutricional com a pobreza alimentar e a epidemia da obesidade”, alertou.
O presidente também criticou os diferentes tiposnew version 1xbetdiscriminação, e afirmou que a fome no mundo é consequêncianew version 1xbetescolhas políticas. “A discriminação etnica, racial e geográfica também amplifica a fome e a pobreza entre populações afrodescendentes, indígenas enew version 1xbetcomunidades tradicionais. Crises recorrentes e simultâneas agravam esse resultado. A pandemianew version 1xbetCovid aumentou drasticamente a subnutrição e esses níveis elevados se mantêm inalterados. Conflitos armados interrompem a produção e distribuiçãonew version 1xbetalimentos, contribuindo para o aumento dos preços. Eventos climáticos extremos ceifam vidas, devastam cultivos e infraestruturas. O protecionismo discrimina os produtosnew version 1xbetpaísesnew version 1xbetdesenvolvimento".
"Mas a fome não resulta apenasnew version 1xbetfatores externos", advertiu o presidente. "Ela decorre sobretudonew version 1xbetescolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la. O que falta é criar condiçõesnew version 1xbetacesso aos alimentos. Enquanto isso, os gastos com armamentos subiram 7% no último ano, chegando a 2,4 trilhõesnew version 1xbetdólares. Inverter essa lógica é um imperativo moral,new version 1xbetjustiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável que buscamos”, disse Lula.
Muitos viam os pobres como um “mal necessário” e mão-de-obra barata para produzir as riquezas das oligarquias.
Falsas teorias os consideravam responsáveis pela própria pobreza, atribuída a uma indolência inata, sem qualquer evidência nesse sentido.
Foram ignorados por governantes e setores abastados.
Mantidos à margem da sociedade e do mercado.
Em pleno século 21, nada é tão absurdo e inaceitável quanto a persistência da fome e da pobreza, quando temos à disposição tanta abundância, tantos recursos científicos e tecnológicos e a revolução da inteligência artificial.
Esta é uma constatação que pesanew version 1xbetnossas consciências.
Nenhum tema é mais atual e mais desafiador para a humanidade.
Não podemos naturalizar tais disparidades.
O númeronew version 1xbetpessoas passando fome ao redor do planeta aumentounew version 1xbetmaisnew version 1xbet152 milhões desde 2019.
Isso significa que 9% da população mundial (733 milhõesnew version 1xbetpessoas) estão subnutridas.
O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas ele também persistenew version 1xbetpartes da América Latina.
Mesmo nos países ricos, aumenta o apartheid nutricional, com a pobreza alimentar e a epidemianew version 1xbetobesidade.
Em 2023, 29% da população mundial (2,3 bilhõesnew version 1xbetpessoas) enfrentou graus moderados ou severosnew version 1xbetrestrição alimentar.
A fome tem o rostonew version 1xbetuma mulher e a voznew version 1xbetuma criança.
Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoasnew version 1xbetsituaçãonew version 1xbetfome no mundo.
Muitas mulheres são chefesnew version 1xbetfamília, mas ganham menos.
Trabalham mais no setor informal, se dedicam mais aos cuidados não-remunerados, e têm menos acesso à terra que os homens.
A discriminação étnica, racial e geográfica também amplifica a fome e a pobreza entre populações afrodescendentes, indígenas e comunidades tradicionais.
Crises recorrentes e simultâneas agravam esse quadro.
A pandemianew version 1xbetCovid-19 aumentou drasticamente a subnutrição, e esses níveis elevados se mantêm inalterados.
Conflitos armados interrompem a produção e distribuiçãonew version 1xbetalimentos e insumos, contribuindo para o aumento dos preços.
Eventos climáticos extremos ceifam vidas, devastam cultivos e infraestruturas.
Subsídios agrícolasnew version 1xbetpaíses ricos solapam a agricultura familiar no Sul Global.
O protecionismo discrimina contra os produtosnew version 1xbetpaísesnew version 1xbetdesenvolvimento.
Mas a fome não resulta apenasnew version 1xbetfatores externos.
Ela decorre, sobretudo,new version 1xbetescolhas políticas.
Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficiente para erradicá-la.
O que falta é criar condiçõesnew version 1xbetacesso aos alimentos.
Enquanto isso, os gastos com armamentos subiram 7% no último ano, chegando a 2,4 trilhõesnew version 1xbetdólares.
Inverter essa lógica é um imperativo moral,new version 1xbetjustiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável.
No Brasil, combatemos a fome por meionew version 1xbetum novo contrato social, que coloca o ser humano no centro da açãonew version 1xbetgoverno.
Retomamos as políticasnew version 1xbetvalorização do salário mínimo,new version 1xbeterradicação do trabalho infantil enew version 1xbetcombate a formas contemporâneasnew version 1xbetescravidão.
Temos uma sólida políticanew version 1xbetgeraçãonew version 1xbetpostosnew version 1xbettrabalhos formais. O desemprego é o mais baixonew version 1xbetuma década.
Aprovamos uma lei sobre igualdadenew version 1xbetremuneração entre homens e mulheres.
Formulamos um Plano Nacionalnew version 1xbetCuidados que considera as desigualdadesnew version 1xbetclasse, gênero, raça, idade, deficiências e territórios, com olhar especial para trabalhadores e trabalhadoras domésticos.
Programas como o Bolsa Família,new version 1xbetAquisiçãonew version 1xbetAlimentos enew version 1xbetAlimentação Escolar permitem que refeições saudáveis cheguem aos mais vulneráveis, estimulem a produção agrícola e promovam o desenvolvimento local.
A agricultura familiar é componente essencial dessa estratégia. São quase 5 milhõesnew version 1xbetpropriedades ruraisnew version 1xbetaté 100 hectares produzindo parte expressiva dos alimentos consumidos no país.
Em síntese, tomamos a decisão políticanew version 1xbetcolocar os pobres no orçamento.
Como resultado, sónew version 1xbet2023 retiramos 24 milhões e 400 mil pessoas da condiçãonew version 1xbetinsegurança alimentar severa.
Ainda temos maisnew version 1xbet8 milhõesnew version 1xbetbrasileiras e brasileiros nessa situação.
Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemosnew version 1xbet2014.
Meu amigo Diretor Geral da FAO, pode ir se preparando para anunciarnew version 1xbetbreve que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome.
Senhoras e senhores,
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza nasce dessa vontade política e desse espíritonew version 1xbetsolidariedade.
Ela será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20.
Seu objetivo é proporcionar renovado impulso às iniciativas existentes, alinhando esforços nos planos doméstico e internacional.
Queremos colocar os Objetivosnew version 1xbetDesenvolvimento Sustentáveisnew version 1xbetvolta nos trilhos.
Em 2008, o G20 foi fundamental para evitar o colapso da economia internacional.
Agora, os líderes mundiais têm diantenew version 1xbetsi a oportunidadenew version 1xbetresponder a esse outro desafio sistêmico.
Precisamosnew version 1xbetsoluções duradouras, e devemos pensar e agir juntos.
A Aliança representa uma estratégianew version 1xbetconquista da cidadania.
A melhor maneiranew version 1xbetexecutá-la é promovendo a articulaçãonew version 1xbettodos os atores relevantes.
Com esse fim, reunimos as duas trilhas,new version 1xbetFinanças e dos Sherpas, nesta Força Tarefa.
É gratificante ver aqui hoje ministrosnew version 1xbettrinta países membros e convidados ao ladonew version 1xbetorganizações internacionais e bancosnew version 1xbetdesenvolvimento.
O papel das Nações Unidas e, particularmente, da FAO, do FIDA e do Programa Mundialnew version 1xbetAlimentos será decisivo.
Vamos seguir dialogando com governadores, prefeitos, sociedade civil e setor privado.
Nossa melhor ferramenta será o compartilhamentonew version 1xbetpolíticas públicas efetivas.
Muitos países também tiveram êxitonew version 1xbetcombater a fome e promover a agricultura e queremos que esses exemplos possam ser conhecidos e utilizados.
Aproveitaremos essas experiências e o conhecimento acumulado e ampliar o alcance dos nossos esforços.
Nenhum programa vai ser mecanicamente transpostonew version 1xbetum lugar a outro.
Vamos sistematizar e oferecer um conjuntonew version 1xbetprojetos que possam ser adaptados às realidades específicasnew version 1xbetcada região.
Toda adaptação e implementação deverá ser liderada pelos países receptores, porque cada um conhece seus problemas.
Eles devem ser os protagonistasnew version 1xbetseu sucesso.
A Aliança será gerida com basenew version 1xbetum secretariado alojado nas sedes da FAOnew version 1xbetRoma enew version 1xbetBrasília.
Sua estrutura será pequena, eficiente e provisória, formada por pessoal especializado e funcionará até 2030, quando será desativada.
Metade dos seus custos serão cobertos pelo Brasil. Quero registrar minha gratidão aos países que já se dispuseram a contribuir com este esforço.
A Aliança tampouco criará fundos novos. Vamos direcionar recursos globais e regionais que já existem, mas estão dispersos.
Recebemos com satisfação os anúncios feitos hoje pelo Banco Interamericanonew version 1xbetDesenvolvimento e pelo Banco Africanonew version 1xbetDesenvolvimento.
Ambas as instituições estabelecerão um mecanismo financeiro inovador para o uso do capital híbrido dos Direitos Especiaisnew version 1xbetSaquenew version 1xbetapoio à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.
É gratificante saber que a segurança alimentar será um tema central na agenda estratégica do Banco Mundial nos próximos anos e que a Associação Internacional para o Desenvolvimento fará nova recomposiçãonew version 1xbetcapital para ajudar os países mais pobres.
Todos os que queiram se somar a esse esforço coletivo são bem-vindos.
A Aliança Global nasce no G20, mas é aberta ao mundo.
Senhoras e senhores,
Em 22new version 1xbetjulhonew version 1xbet1944, há exatos 80 anos, encerrava-se a Conferêncianew version 1xbetBretton Woods.
Desde então, a arquitetura financeira global mudou pouco e as basesnew version 1xbetuma nova governança econômica não foram lançadas.
A representação distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é um obstáculo ao enfrentamento dos complexos problemas da atualidade.
Sem uma governança mais efetiva e justa, na qual o Sul Global esteja adequadamente representado, problemas como a fome e a pobreza serão recorrentes.
Essa é outra prioridade da nossa presidência do G20.
Lidar com a desigualdade também será parte desse esforço.
A riqueza dos bilionários passounew version 1xbet4% do PIB mundial para quase 14% nas últimas três décadas.
Alguns indivíduos controlam mais recursos do que países inteiros. Outros possuem programas espaciais próprios.
Vários países enfrentam um problema parecido. No topo da pirâmide, os sistemas tributários deixamnew version 1xbetser progressivos e se tornam regressivos.
Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora.
Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido no tema da cooperação internacional para desenvolver padrões mínimosnew version 1xbettributação global, fortalecendo as iniciativas existentes e incluindo os bilionários.
Juntamente com a União Africana, que participa pela primeira vez como membro pleno do G20, temos alertado sobre o problema do endividamento.
O que vemos hoje é uma absurda exportação líquidanew version 1xbetrecursos dos países mais pobres para os mais ricos.
Não se pode financiar o bem-estar coletivo, se parte expressiva do orçamento é consumido pelo serviço da dívida.
A fome e a mudança do clima são dois flagelos que se agravam mutuamente.
Quem sente fome temnew version 1xbetexistência aprisionada na dor do presente. Torna-se incapaznew version 1xbetpensar no amanhã.
Reduzir vulnerabilidades socioeconômicas pavimenta o caminho para a transição justa, constrói resiliência frente a eventos extremos e fortalece os esforços contra o aquecimento global.
A transição energética e a descarbonização do planeta são oportunidades nessa luta contra a fome.
Senhoras e senhores,
O lema da presidência brasileira do G20 “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável" parece inalcançável, mas hoje damos um passo decisivo paranew version 1xbetrealização.
A fome e a pobreza inibem o exercício pleno da cidadania e enfraquecem a própria democracia.
Erradicá-las equivale a uma verdadeira emancipação política para milhõesnew version 1xbetpessoas.
Enquanto houver famílias sem comida na mesa, crianças nas ruas e jovens sem esperança, não haverá paz.
Um mundo justo é um mundonew version 1xbetque as pessoas têm acesso desimpedido à alimentação, à saúde, à moradia, à educação e empregos decentes.
Essas são condições imprescindíveis para construir sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas.
Espero revê-losnew version 1xbetnovembro, aqui no Rionew version 1xbetJaneiro, para a reuniãonew version 1xbetCúpula do G20.
Será uma ocasião para lançar oficialmente a Aliança Global e anunciar seus membros fundadores.
Contamos com todas e todos para que ela seja um sucesso.