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    Documentos indicam que aliança da Folha com a ditadura foi mais forte do que jornal admite

    unibet paypal Maisunibet paypal40 pessoas, entre jornalistas, militantes, ex-agentes e empresários deram depoimentos sobre a Folha na repressão

    (Foto: Divulgação)

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    Implicações

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    Comparecer as Opções do Handicap

    Tipo do Handicap Van tagem da equipa Missão da equipa
    1:0 Para o time visitante A equipa visitante necessita empatar ou perder apenas por um golo
    0:1 Para a equipa da casa A equipa da casa necessita empatar ou vencer

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    Por Vasconcelo Quadros, da Agência Pública - Documentos e testemunhos obtidos pelo Centrounibet paypalAntropologia e Arqueologia Forense (Caaf), ligado a Universidade Federalunibet paypalSão Paulo (Unifesp) e analisados com exclusividade pela Agência Pública indicam que a colaboração da Folhaunibet paypalS. Paulo com a ditadura foi mais profunda do que se sabia.

    Segundo a pesquisa, o grupo Folha teria emprestado carrosunibet paypaldistribuiçãounibet paypaljornais para que agentes da repressão os usassem para disfarçar operações do regime nas ruas e que teriam resultadounibet paypalprisões, assassinatos e desaparecimentounibet paypalmilitantes da esquerda armada. Um dos testemunhos mais importantes obtidos pela Unifesp/Caaf foi uma entrevista dada aos pesquisadores pelo ex-agenteunibet paypalinformação do Exército, Marival Chaves do Canto, que atuou no DOI-CODI (Destacamentounibet paypalOperações e Informações e Centrounibet paypalOperaçõesunibet paypalDefesa Interna) do Exército,unibet paypalBrasília.

    Ele afirma que os carros eram usados como coberturaunibet paypalpontos (encontros) entre militantes da esquerda armada que na maioria das vezes eram presos, torturados e assassinados: “Era um contato feito dentro da direção. Essa direção escalava um carro para tal lugar, tal hora, para estar ali naquele local. Ali, entrava-seunibet paypalcontato com pessoas, dirigentes da operação, posicionava o carro no local mais adequado e, a partir daí, o processo se desenvolvia. Para que não houvesse testemunha, o motorista era dispensado”, diz ele.

    A pesquisa aprofunda também a compreensão sobre as relações íntimas do Grupo Folha no período mais agudo dos anosunibet paypalchumbo com policiais que perseguiam a esquerda e, ao mesmo tempo,unibet paypalacordo com testemunho colhido na pesquisa, estavam contratados pelo jornal, ora como repórteres e redatores ou prestando serviçosunibet paypalsegurança à empresa. Entre eles estavam dois delegados do Departamentounibet paypalOrdem Política e Social (DOPS), os irmãos Robert e Edward Quass, além do nome mais forte da repressão política no país, Sérgio Fleury, o delegado que chefiou o “esquadrão da morte” e depois recebeu carta branca do regime militar para torturar e matar oponentes políticos.

    Assim que renderam o soldado, que portava displicentemente uma arma longa (fuzil ou metralhadora), os militantes da ALN teriam sido surpreendidos pelos agentes. Eles teriam descido atirando, ferindo três militantes da organização que constam nas listasunibet paypaldesaparecidos políticos: Antônio Sérgiounibet paypalMatos, Eduardo Antônio da Fonseca e Manoel José Nunes Mendesunibet paypalAbreu. A pesquisa da Unifesp acrescenta ao episódio o depoimento que Suzana Lisboa, ex-militante da ALN, ex-integrante da Comissão Especialunibet paypalMortos e Desaparecidos Políticos e viúvaunibet paypalum ex-militante da mesma organização, Luiz Eurico Tejera Lisboa, morto pela políciaunibet paypal1972, deu à Comissão Nacional da Verdadeunibet paypal2014. “(…) um carro baú […] da Folhaunibet paypalSão Paulo. Esse é um dos momentosunibet paypalque há participação direta da empresa “Folhaunibet paypalSão Paulo” no assassinatounibet paypalmilitantes da ALN. Na época eu convivia aquiunibet paypalSão Paulo e ouvia essa informaçãounibet paypaldirigentes da ALN”, afirma ela.

    Marival diz que com poucos recursos oficiais à época, os órgãosunibet paypalrepressão buscavam apoio materialunibet paypalempresas. As camionetas baú da Folha eram práticas porque as portas abriam toda a parte traseira, permitindo mobilidade aos agentes. “A Folha participava, dava colaboração às operaçõesunibet paypalrua, especialmente aquelas (…)unibet paypalcoberturaunibet paypalpontos, onde as pessoas que entravam morriam”, afirma o ex-agente, lembrandounibet paypalapenas um dos episódios que teve sobrevivente. “(…) houve um caso, por exemplo, no restaurante Varela, na Mooca (…)unibet paypalAntônio Carlos Bicalho Lana. Ele conseguiu romper o cerco com uma metralhadora, a tiros etc. Mas a maioria morreu”, relata.

    Na emboscada,unibet paypal16unibet paypaljulhounibet paypal1972, morreram Ana Maria Nacinovic, Iuri Xavier Pereira e Marcos Nonato da Fonseca. Lana seria assassinadounibet paypalSão Vicente, litoral Sulunibet paypalSão Paulo,unibet paypaloutro cerco,unibet paypal30unibet paypalnovembrounibet paypal1973 junto com a também militante da ALN Sônia Angel Jones, nora da estilista Zuzu Angel, mortaunibet paypalacidente misterioso enquanto procurava pelo paradeiro do filho, Stuart Angel Jones, também executado.

    A informaçãounibet paypalque carros da Folha foram usados nas operações policiais surgiu depois que a ALN investigou caminhõesunibet paypaldistribuição da Ultragaz, que também se envolveu no apoio ao regime militar. A denúncia partiuunibet paypaluma militante da organização que, presaunibet paypal1970, viu que outro empresário, o dinamarquês Henning Albert Boilesen, integrante do GPMI (Grupo Permanenteunibet paypalMobilização Industrial) criado pela Federação das Indústrias do Estadounibet paypalSão Paulo (FIESP) para fornecer insumos e equipamentos à ditadura, era presença frequente na sede da Operação Bandeirantes (OBAN), centrounibet paypaltortura no Bairro Paraíso, Zona Sul da capital paulista.

    Editorial inédito assinado por “seu Frias”, dono do jornal, foi publicado na primeira páginaunibet paypal1971
    Editorial inédito assinado por “seu Frias”, dono do jornal, foi publicado na primeira páginaunibet paypal1971(Photo: Reprodução)

    Os pesquisadores da Unifesp/Caaf entrevistaram outras três testemunhas que viram os carros da Folhaunibet paypaldiferentes ações dos órgãos da repressão nas ruas. Ivan Seixas, que foi preso aos 16 anos, junto com o seu pai, Joaquim Alencar Seixas, contou ter estranhado a presençaunibet paypalcarrosunibet paypaldistribuiçãounibet paypaljornal da Folha estacionados na ruaunibet paypalfrente à OBAN, na Rua Tutóia. “Carrounibet paypaltransporteunibet paypaljornal parado na frenteunibet paypaluma delegacia? Tem alguma coisa errada. E a reincidência foi muito grande. Depois, vários companheiros relataram que foram até transportados por carros da Folha”, disse ele. Relato semelhante foi feito pelo jornalista Francisco Carlosunibet paypalAndrade, que afirmou ter visto carros do jornal enfileirados no pátio da OBAN. O ex-deputado Adriano Diogo, detido junto comunibet paypalmulher, Arlete, contou aos pesquisadores que um carro da Folha ficou estacionado próximo àunibet paypalcasa várias horas antes da invasão da polícia.

    Na direçãounibet paypaljornalismo do grupo, embora o assunto fosse incômodo, a maioria sabia da colaboração, indicam documentos e depoimentos. “(…). A Folha ajudava a fazer isso materialmente, não era ideologicamente. A história não pode ignorar isso, embora a Folha negue. […] a Folha apoiou os atos mais escabrosos [da ditadura], mais desumanos. Nada retirará esse caráter essencial do papel da Folha”, disse o jornalista Jorge Okubaro que, como secretáriounibet paypalredação da Folha da Tarde, participava das reuniõesunibet paypalpauta diárias. A versão é confirmada por outros três jornalistas, Antônio Carlos Fon, Wianey Pinheiro, à época repórter da Folha e presidente do Sindicato dos Jornalistasunibet paypalSão Paulo, e José Luiz Proença, assim como dois agentes dos órgãosunibet paypalrepressão, os delegados Cláudio Guerra e Carlos Alberto Augusto, este conhecido como Carteira Preta e Carlinhos Metralha. Carteira foi homemunibet paypalconfiança do delegado Sérgio Fleury.

    Em entrevista aos pesquisadores, o policial valoriza o trabalho realizado pelo Grupo Folha e defende que os dirigentes sejam recompensados por contaunibet paypalseus préstimos à ditadura: “Todo mundo que ajudou na repressão tem que ser indenizado (…) Sem sombraunibet paypaldúvidas. E com muito dinheiro. Porque o que estão fazendo com ele aqui agora, estão querendo denegrir a empresa dele (…) Tem que ser indenizado sim. E com muito dinheiro, tem que levantar o jornal”.

    Coordenadora da pesquisa, a jornalista Ana Paula Goulart, historiadora e professoraunibet paypalcomunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), frisa que não tem nenhuma dúvida que o Grupo Folha emprestou seus veículos às operaçõesunibet paypalcaçada aos militantesunibet paypalesquerda e diz que embora Caldeira tenha sido responsável pela frotaunibet paypalveículos do jornal e personagem tão próximo ao regime militar que acabou sendo indicado prefeito biônicounibet paypalSantos, no litoral Sulunibet paypalSão Paulo, a pesquisa aponta que a responsabilidade é dos dois sócios. “Tentam jogar para o Caldeira, mas os dois sabiam o que cada um fazia. O Caldeira não tomaria uma decisão dessa sem a anuência dos Frias”, conclui.

    Documentos encontrados no Arquivo Nacional, aos quais a Agência Pública teve acesso, indicam que Octavio Friasunibet paypalOliveira mantinha relações muito próximas com as entidades que conspiraram pelo golpeunibet paypal1964 e depois apoiaram sem restrições a ditadura. Trata-seunibet paypalum recibounibet paypalcontribuiçãounibet paypalFrias ao Institutounibet paypalPesquisas e Estudos Sociais (IPES), entidade que conspirou pelo golpe e atuou na manutenção do regime militar,unibet paypalvalores da época,unibet paypalCr$ 12.000 [em valores atuais, pelo IGP-DI, R$ 207 mil], com dataunibet paypal16unibet paypaljulhounibet paypal1967, eunibet paypalum outro papelunibet paypalque o dono da Folha é identificado como “Sócio do IPES” no período “pré-64”. Ao jornalista Oscar Pilagallo, autor do livro História da Imprensa paulista: jornalismo e poderunibet paypalD. Pedro I a Dilma, Frias não negou a relação com a entidade golpista, mas argumentou que havia participado apenasunibet paypaluma única reunião com outros ipesianos na casa do banqueiro José Adolpho da Silva Gordo, do Bancounibet paypalInvestimento do Brasil.

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    Recibounibet paypalcontribuiçãounibet paypalFrias ao Institutounibet paypalPesquisas e Estudos Sociais (IPES)(Photo: Reprodução)Reprodução

    Documentounibet paypalque o dono da Folha, “seu Frias”, é identificado como “Sócio do IPES”
    Documentounibet paypalque o dono da Folha, “seu Frias”, é identificado como “Sócio do IPES”(Photo: Reprodução)

    Numa análise às edições da Folhaunibet paypalS.Paulo anteriores ao golpe, os pesquisadores debruçaram-se sobre um material para contextualizar o período: um suplementounibet paypal44 páginas, intitulado 64 – Brasil continua, publicado como encarte do jornal exatamente no dia do golpe, 31unibet paypalmarçounibet paypal1964, cujo conteúdo, afirma a pesquisadora Ana Paula Goulart “é repletounibet paypalanúncios e textos opinativos que evidenciam um claro protagonismo exercido pela Folha nas articulações golpistas e a forte sintonia político-ideológica do grupo com o empresariado local, nacional e internacional”.

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    Suplementounibet paypal44 páginas publicado como encarte do jornal no dia do golpe, 31unibet paypalmarçounibet paypal1964(Photo: Reprodução)

    A pesquisa destaca que, nos dez primeiros anos do regime, o jornalismo da Folha também produziu significativas campanhas conclamando a população a “seguir com otimismo os preceitos da assim chamada ‘revolução democrática’ e assumiu um papel ativo no que foi denominadounibet paypal‘caça aos terroristas’”. A oposição armada, segundo o jornal, “ameaçava a soberania nacional e deveria ser combatida a partirunibet paypalum esforço coletivo”. Na ocasião das comemoraçõesunibet paypal50 anos da empresa,unibet paypal1971, a Folha afirmava se manter “profundamente identificada” com os rumos da nação, ao acompanhar “os esforços da Revoluçãounibet paypal64 para a reconstrução do Brasil”.

    A MANCHETE ANTECIPADA DE UM ASSASSINATO - Todos os jornais do grupo seguiram a linha editorial da Folhaunibet paypalapoio à ditadura. Mas nenhum teria chegado ao nível da Folha da Tardeunibet paypalcolaboração e subserviência ao regime militar, segundo depoimentosunibet paypaljornalistas que trabalhavam no veículo consultados pela Pública. No dia 17unibet paypalabrilunibet paypal1971, emunibet paypalmanchete o jornal noticiouunibet paypalletras garrafais: “Morto o assassino do industrial Boilesen”. O texto da chamada informava que no dia anterior, os órgãosunibet paypalsegurança interna, “agindo com rapidez identificaram no dia anterior” Joaquim Seixas como um dos participantes da execuçãounibet paypalBoilesen, ocorrida dois dias antes.

    A notícia informava que, cercado pela polícia, Seixas reagiu e acabou sendo morto no tiroteio com a polícia. O problema é que no dia anterior vários presos viram Joaquim e Ivan, então com 16 anos, serem retirados do interiorunibet paypaluma viatura, espancados já no pátio da Oban e depois torturados. O jornal começou a circular na manhã do dia 17, mas Seixas só morreriaunibet paypalconsequênciaunibet paypalchoques e espancamentos por volta das 19h do mesmo dia 17. À Pública, Ivan Seixas conta que viu,unibet paypaldentrounibet paypaluma viatura, a manchete num exemplar pregado à paredeunibet paypaluma bancaunibet paypaljornalunibet paypalfrente ao barunibet paypalque os policiais pararam para tomar café no retornounibet paypaluma simulaçãounibet paypalseu próprio fuzilamento. “Quanto chegueiunibet paypalvolta à Oban, vi meu pai sentado na cadeira do dragão [assentounibet paypalchoque elétrico] sendo torturado, mas vivo”, conta o jornalista. A Folha da Tarde, segundo ele, pesava a mão contra a esquerda, mas ele faz questãounibet paypallembrar que outros jornais também publicavam falsas notícias produzidas pela polícia.

    Folha da Tarde noticiouunibet paypalletras garrafais um assassinato que ainda não havia ocorrido
    Folha da Tarde noticiouunibet paypalletras garrafais um assassinato que ainda não havia ocorrido(Photo: Reprodução)Reprodução

    As pesquisas indicam que a Folha da Tarde se tornou no período o veículo mais próximo dos órgãosunibet paypalrepressão, publicandounibet paypalprofusão, sem o menor filtro, versões oficiais que interessavam à polícia política. Isso ocorreu também com outros presos, como no caso envolvendo Eduardo Collen Leite, o Bacuri, da mesma ALN, detidounibet paypal21unibet paypalagostounibet paypal1970 no Rio e levado para São Paulo, onde a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury o matouunibet paypal8unibet paypaldezembro, depoisunibet paypalum longo calváriounibet paypaltorturas.

    A mancheteunibet paypal9unibet paypaldezembrounibet paypal1970 não deixava dúvidas sobre a posição da Folha da Tarde. “Terror: Metralhado e morto outro fascínora”. Linhaunibet paypalfrente da esquerda armada, o militante havia participado do sequestrounibet paypalembaixadores que seriam trocados pela libertaçãounibet paypalpresos políticos, entre os quais estavaunibet paypalmulher, Denise Crispim, grávida. A matéria informou que o “bandoleiro” morrera num confronto com a políciaunibet paypalSão Sebastião, no litoral Sulunibet paypalSão Paulo, embora seus companheirosunibet paypalcárcere tenham protestado com gritos e muito barulho nas ferragens das grades quando ele foi retirado da celaunibet paypalestado físico deplorável no dia 27unibet paypaloutubro, dois dias depoisunibet paypalmais uma falsa notíciaunibet paypalque teria fugido. A Folha da Tarde se superava a cada edição na adjetivação, denominando militantes políticosunibet paypal“facínoras”, “assassinos”, “maníacos” e “loucos”.

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    Folha da Tarde chamava militantes políticosunibet paypal“facínoras”, “assassinos”, “maníacos” e “loucos”(Photo: Reprodução)Reprodução

    Por mais que a família Frias tenha tentado separar a Folha da Tarde da linha que viria a ser adotada pela Folha a partirunibet paypal1974, a pesquisa mostra que, resguardada as peculiaridadesunibet paypalcada veículo, “havia uma direção editorial uniforme no interior do conglomerado jornalístico liderado pelos empresários Octavio Frias e Carlos Caldeira” no período. Além disso, o nomeunibet paypalFriasunibet paypalOliveira se destacava como diretor-presidente no cabeçalho da primeira página da Folha da Tarde.

    POLICIAIS JORNALISTAS NA FOLHA - Um dos méritos da pesquisa da Unifesp foi reunir informações que estavam soltasunibet paypallivros, jornais e testemunhas da época para demonstrar que os jornais do grupo estavam infestadosunibet paypalpoliciais atuando como jornalistas nas redações, ao menos 11, identificados pelos pesquisadores. O diretor da Folha da Tarde, no período, foi o jornalista Antônio Aggio Júnior que era, ao mesmo tempo, funcionário da Secretariaunibet paypalSegurança Pública e, mais tarde, mas ainda no período repressivo, assessorunibet paypalimprensa do delegado e ex-senador Romeu Tuma, braço direitounibet paypalFleury na áreaunibet paypalinformação do DOPS. Quando deixou a Polícia Civil para construir carreira e perfil novos na Polícia Federal, Tuma era diretor do departamento.

    Segundo a pesquisa, Aggio também teria se utilizadounibet paypalum carrounibet paypalreportagem da Folha para camuflar a entradaunibet paypalconspiradores num quartel às vésperas do golpeunibet paypal1964. Repórter da Folha à época, ele teria usado aparelhounibet paypaltelex da sucursal da Folha no Rio para passar mensagens cifradas como senha do levante do II Exércitounibet paypalSão Paulo, seguindo instruções do coronel Antônio Lepiane, chefe do Estado Maior da 2ª Companhia do Exércitounibet paypalSão Paulo, que era seu padrinho e foi o comandante da OBAN quando esta foi criada,unibet paypal1969, no início do governo Emílio Garrastazu Médici.

    Aggio assumiu a direçãounibet paypalredação da Folha da Tardeunibet paypal1969 imprimindo uma mudança radical na linha editorial. Saíamunibet paypalcena jornalistas progressistas, como Jorge Miranda Jordão e o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Beto, ao mesmo tempounibet paypalque a redação contratava dois delegados, Carlos Antônio Guimarães Sequeira, agente do DEOPS, e Antônio Bim, os investigadores Carlos Dias Torres e Horley Antonio Destro, e um major da PM paulista, Edson Corrêa, que chamava a atenção por circular pela redação com uma pistola automática à mostra como se estivesse numa operaçãounibet paypalrua.

    A linha do jornal, que antes cobria segmentos como o movimento estudantil, passou a serunibet paypalapoio irrestrito à ditadura militar e às forçasunibet paypalrepressão. A combinaçãounibet paypalcomando e linha editorial levou o jornalista Claudio Abramo, ex-diretor da Folha,unibet paypalseu livrounibet paypalmemórias, A Regra do Jogo,unibet paypal1988, a qualificar a Folha da Tarde como “o jornal mais sórdido do país”. unibet paypal Mais bem humorado, o jornalista Carlos Brickmann, que assumiu a redação ao ladounibet paypalAdilson Laranjeirasunibet paypalsubstituição ao grupounibet paypalAggio, escreveuunibet paypaltomunibet paypalfina ironia que a grande conquista do novo comando foi ter conseguido “reduzir a tiragem do jornal”, uma alusão a expressão “tiras”, como eram chamados os policiais da época. Era também jocosamente qualificado como alusão “o jornalunibet paypalmaior tiragem”, como registraria Beatriz Kushnirunibet paypalCãesunibet paypalGuarda.

    A relação íntima entre polícia e jornalista não era, entretanto, exclusividade da Folha da Tarde. Outro periódico do grupo, o Notícias Populares, o sensacionalista NP, campeãounibet paypalvendasunibet paypalbanca no período, era dirigido por Jean Mellé, anticomunistaunibet paypalcarteirinha e notório entusiasta das Forças Armadas. Waldemar Ferreiraunibet paypalPaula, assistenteunibet paypalJean Mellé, era policial. Armando Gomide, que substituiu Mellé depois daunibet paypalmorte,unibet paypalmarçounibet paypal1970, era policial e ligado ao Serviço Nacionalunibet paypalInformação (SNI).

    Sobre ele, segundo a pesquisa, pesava a suspeita dos próprios colegasunibet paypalque “nas horas vagas” trabalhasse como agente secreto e informante dos militares. No Departamentounibet paypalInterior, Correspondentes e Sucursais (Dics) do Grupo Folha o diretor era Paulo Nunes, que se dizia agente da PF. Na Agência Folha, que substituiu o Dics, o comando foi entregueunibet paypaljunhounibet paypal1972 a Luiz Carlos Rocha Pinto, delegado da Polícia Civil paulista contratado como jornalista, tornando-se no período o principal interlocutor entre a empresa e a censura. Depoisunibet paypaldez anos na Agência Folhas (departamento cujo nome depois perderia o “s”), Rocha Pinto foi transferido para o departamentounibet paypalcirculação, desligando-se do jornal sóunibet paypal1995. Em 2005, ou seja, dez anos depois, ele continuava recebendo o mesmo salário, mas sem trabalhar. A pesquisa registra que a quem perguntava como conseguira tal privilégio, a resposta era lacônica: “sou heróiunibet paypalguerra”.

    A partir da retaliação da ALN, comunibet paypalinclusão na listaunibet paypal“justiçáveis”, Frias mudou-se para o 6º andar do prédio que abrigava os jornais, na Alameda Barãounibet paypalLimeira, Campos Elíseos, região central da capital e, segundo versão difundida pela Folha, conforme a pesquisa, passaria a contar com proteçãounibet paypaldois delegados do DOPS, os irmãos Robert e Edward Quass.

    A pesquisa mostra, no entanto, que a relação dos Quass com a Folha seria bem anterior à destruição dos carros pela ALN: Robert havia sido contratadounibet paypaljaneirounibet paypal1961, antes, portantounibet paypalFrias comprar a empresa, mas não apenas como datilógrafo e recepcionistaunibet paypalnoticiários como informou o jornal.

    Num comunicado interno encontrado nos arquivos do DOPS, o responsável pelo setorunibet paypaltransporte da Folha relata o furtounibet paypalum dos veículos do grupo se referindo a Quass como auditor da empresa. Outros dois membros da família, Joseph Quass e Joseph Quass Filho, respectivamente, auxiliarunibet paypalauditoria e auxiliarunibet paypalescritório, ambos ligados diretamente à direção da Folha, haviam sido contratadosunibet paypal1971 e 1970. Aindaunibet paypalacordo com a pesquisa, os delegados passariam a fazer a segurança da família, cuidando, entre outras tarefas, da escolta dos dois filhosunibet paypalFrias nas idas e voltas à escola, Otavinho e o atual diretor do grupo, Luís Frias. Contratado como chefeunibet paypalsegurança patrimonial da Folha, Edward passou a cuidarunibet paypaltodo o patrimônio do grupo e tinha uma sala dentro do jornal.

    Comunicado interno do jornal sobre o furtounibet paypalum dos veículos do grupo
    Comunicado interno do jornal sobre o furtounibet paypalum dos veículos do grupo(Photo: Reprodução)

    A pesquisadora Ana Paula Goulart anota no relatório: “A presençaunibet paypaltais indivíduos atesta uma problemática relaçãounibet paypalproximidade entre o Grupo Folha e agentes que cumpriam funções significativas na engrenagem repressiva da ditadura. A ameaça a Octavio Friasunibet paypalOliveira poderia justificar uma atenção especial por parte da Secretariaunibet paypalSegurança do Estadounibet paypalSão Paulo, mas não explicava a contratação, com vínculo trabalhista e remuneração direta,unibet paypaldelegados do DEOPS para atuarem como funcionários da empresa jornalística”.

    O nomeunibet paypaloutro agente, Messias Ayrton Scatena, carcereiro do DEOPS e jornalista que começou no grupo pelo jornal Última Hora surgiria num rumoroso caso que tramitou no Superior Tribunal Militar (STM),unibet paypal1973. Acusadounibet paypalvazar informações sigilosasunibet paypaloperações contra a subversão paraunibet paypalnamorada, a também jornalista do grupo Helena Mirandaunibet paypalFigueiredo, Scatena chegou a ser preso. Em seu depoimento ele afirmou que alémunibet paypaltrabalhar no Grupo Folha, “participavaunibet paypalserviçosunibet paypalrepressão, combate a subversão e terrorismo”, tendo atuado entre cinco a dez diligências no períodounibet paypaltrês anosunibet paypalque exerceu o cargo na delegacia”. O policial-jornalista dizia possuir, àquele momento, uma relação próxima com Octavio Friasunibet paypalOliveira e os membrosunibet paypalsua família, uma vez que ficou encarregadounibet paypaltrabalhar como seu motorista pessoal, alémunibet paypalatuar como segurançaunibet paypalseus filhos. Disse também que os diretores do jornal depositavam nele “grande confiança”, ao pontounibet paypalter sido liberado da funçãounibet paypaljornalista da empresa “para se dedicar integralmente à segurança da família […] sem prejuízo dos vencimentos”.

    De acordo com o documento, a contrataçãounibet paypalScatena foi recomendada pelo seu chefe, o delegado Edward Quass. É nesse depoimento, nas páginas 130 e 131 da ação penal 829/73 aberta pela justiça militar, que ele cita o nome do delegado Sérgio Fleury, afirmando que ele também atuava na segurança da Folha ao lado dos irmãos Quass. O que se sabia era que Fleury tinha sido visto algumas vezes na Folha, mas a justificativa é que era convidadounibet paypalAggio para algum evento festivo.

    A atençãounibet paypalFrias aos militares ficaria clara também quando este, segundo a pesquisa, a pedidounibet paypalum majorunibet paypalrelações públicas do II Exército, que falavaunibet paypalnome do general Ernani Ayrosa da Silva, fundador da Oban, contratou como jornalista da Folha da Tarde um ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Rômulo Fontes, que durante os 18 mesesunibet paypalque permaneceu preso, entre 1979 e 1971, se tornou um dos arrependidosunibet paypalparticipar da luta armada, prestando depoimentos contra a esquerda divulgados pela ditadura. Fontes conseguiu o emprego e depois confirmaria: “Entrei para a Folha manu militari”, conforme citação no livrounibet paypalPilagallo.

    LICENÇA NA PRISÃO - A pesquisa aponta perseguição política e violação aos direitos trabalhistas contra jornalistas que trabalhavam no Grupo Folha e foram presos sob a acusaçãounibet paypalparticiparemunibet paypalorganizações da luta armada. O caso mais emblemático é o da jornalista Rose Nogueira, que trabalhava como repórter da Folha da Tarde e, ao ser detidaunibet paypalcasa no dia 4unibet paypalnovembrounibet paypal1969, estavaunibet paypallicença maternidade 34 dias depoisunibet paypalum complicado partounibet paypalque deu à luz seu primeiro filho.

    Ela só descobriria anos depois que a demissão por justa causa, escrita à mão emunibet paypalficha funcional, tinha sido por “abandonounibet paypalemprego”, uma justificativa duplamente falsa, conforme relataria na entrevista concedidaunibet paypalmaiounibet paypal2022 aos pesquisadores da Unifesp. “Foi uma das maiores dores da minha vida, ver que a Folha me deu abandonounibet paypalemprego enquanto eu estava presa! Quem preso vai trabalhar no jornal? Quem, na licença maternidade vai? Eu estava com as duas coisas: licença maternidade e prisão. Eu senti como uma punição. A Folha me machucou muito. Eu já estava sendo punida. A Folha fica a duas quadras do DOPS. Alguém poderia ter ido lá saber se era verdade. Eles me ignoraram e publicaram o que a polícia mandou”, disse ela.

    A matéria da Folha da Tarde relacionava Rose e seu ex-marido, Luís Roberto Clauset, como pessoas próximas ao líder da ALN, Carlos Marighella, que havia sido executado pela polícia no mesmo diaunibet paypalSão Paulo e,unibet paypalocasiões anteriores, se refugiara na casa da jornalista. Ela não participava da luta armada, mas nunca negou que deu apoio logístico a Marighella. Ficou nove meses presa e, no final, acabou absolvida. Havia, no entanto, algo mais grave. “A Folha falseou a data do nascimento do meu filho. Meu filho nasceuunibet paypal30unibet paypalsetembrounibet paypal1969. A Folha escreve (no atounibet paypaldemissão) que meu filho nasceuunibet paypal9unibet paypalagosto (…) para me dar o abandonounibet paypalemprego no começounibet paypaldezembro”, disse.

    Reportagem do jornal associou Rose e seu ex-marido ao líder da ALN, Carlos Marighella
    Reportagem do jornal associou Rose e seu ex-marido ao líder da ALN, Carlos Marighella(Photo: Reprodução)

    Em outros casos, como ounibet paypalJosé Maria Domingues dos Santos, que também trabalhava na Folha da Tarde e era acusadounibet paypalligações com a ALN, preso tambémunibet paypal04unibet paypalnovembrounibet paypal1969, o jornal igualmente “antecipou” a data da demissão para o dia anterior para descaracterizar o vínculo com a empresa. A matéria sobre a prisãounibet paypalRose e José Maria informava no título que “Contra a subversão, polícia arma jogounibet paypalpaciência”. A empresa sabia que as prisões tinham motivação política e ainda assim carimbou as demissõesunibet paypalsuas fichas funcionais como “abandono” e “dispensado”, sem maiores explicações.

    No período,unibet paypal05unibet paypalnovembro, foi preso o fotógrafo Carlos Penafiel, que trabalhava na Folha da Tarde, o que não evitou o tratamento policialesco da notícia sobreunibet paypaldetenção: “Terror: prisão preventiva para jornalista implicado”, dizia o título da matéria, que também citava Rose e Luis Roberto como integrantes da ALN próximos a Marighella. Outros dois jornalistas da Agência Folha, Sérgio Gomes da Silva e José Vidal Pola Galé, presosunibet paypaloutubrounibet paypal1975 por ligações com o PCB, também amargaram mesesunibet paypalprisão, e tiveram seus nomes citados numa matériaunibet paypalduas páginasunibet paypal23unibet paypaldezembro, com o título “DOPS arrasa bando do nazismo vermelho” onde o jornal divulgava uma listaunibet paypal“comunistas” com idade, nome dos pais, dataunibet paypalnascimento, estado civil e endereço residencial completo dos suspeitos. Só que ignorava que trabalhavam no jornal ou no grupo.

    Preso entre 05unibet paypaloutubrounibet paypal1975 e 05unibet paypalabrilunibet paypal1976, Sérgio seria demitidounibet paypaljaneiro também por abandonounibet paypalemprego enquanto esteve encarcerado. Solto, tentou reaver o emprego, mas diz ter sofrido assédio moral do então diretor da Agência, o delegado Luiz Carlos Rocha Pinto, e pressão do diretor do departamento pessoal do grupo, Antônio Pison, para que se demitisse. Os pesquisadores também apontam perseguição política da Folha na demissãounibet paypalum grande númerounibet paypaljornalistas que participaram da greveunibet paypalmaiounibet paypal1979 por melhores salários. O SNI, que monitorou o movimento, informou que dos 128 demitidosunibet paypalvários veículos, 43 eram do Grupo Folha, enquanto o Sindicato dos Jornalistasunibet paypalSão Paulo sustentou que na verdade teriam sido 64.

    FOLHA E O "MILAGRE" - A trajetória do grupo mostra, segundo os pesquisadores, que o apoio à ditadura teria proporcionado expansão e crescimento da Folha já no chamado milagre econômico, entre 1968 e 1973, períodounibet paypalque o jornal estaria mergulhado na mais intensa faseunibet paypalcolaboração com os militares. No final desse ciclo a Folha iniciava um tímido distanciamento para,unibet paypalmeados da década 1980, sob o comando do filho do dono, Otavinho, implantar o Projeto Folha, marcado por mudanças internas e uma guinada forte na linha editorial.

    Em 1984, o jornal engajou-se na linhaunibet paypalfrente da campanha pelas Diretas-Já, estratégia que lhe rendeu o papelunibet paypalprotagonista e porta-voz dos anseios pela redemocratização do país. Não foi uma transição sem ruído: no dia 1ºunibet paypalsetembrounibet paypal1977, um texto considerado ofensivo à imagemunibet paypalDuqueunibet paypalCaxias, publicado pelo colunista Lourenço Diaféria forçou Octávio Friasunibet paypalOliveira, pressionado pelo então chefe da Casa Militar do governo, general Hugo Abreu, a pedir que seu então diretorunibet paypalredação, o jornalista Cláudio Abramo, se demitisse para serenar uma das poucas crises registradas até então entre o jornal e a ditadura.

    O texto, “Herói. Morto. Nós.”, comparava um sargento que morreu ao se jogar num poçounibet paypalariranha para salvar um menino a uma estátuaunibet paypalDuqueunibet paypalCaxias, na qual populares urinavam, o que foi considerado uma ofensa punível com a prisão do jornalista eunibet paypalfechamento do jornal caso a coluna continuasse sendo publicadaunibet paypalbranco. Friasunibet paypalOliveira cedeu e, segundo anotam os pesquisadores, “decidiu afastar o chefe da redação Cláudio Abramo e tirar o seu próprio nome do cabeçalho do jornal”. Abramo foi substituído por Boris Casoy, escolhido por seu bom trânsito na área militar à época, conforme admite o próprio jornalista na entrevista aos pesquisadores.

    Coluna “Herói.Morto.Nós”unibet paypalLourenço Diaféria (no canto direito da imagem)
    Coluna “Herói.Morto.Nós”unibet paypalLourenço Diaféria (no canto direito da imagem)(Photo: Reprodução)

    O relatório da Unifesp destaca que o jornal chegou ao fim da ditadura com identidade reformulada, o que permitiu que se tornasse o veículo impressounibet paypalmaior circulação do país, alcançando um recordeunibet paypaltiragem com maisunibet paypal1,5 milhãounibet paypalexemplares. “Não se trata apenasunibet paypaluma históriaunibet paypalsucesso empresarial. Seu crescimento esteve estrategicamente ligado aos interesses do regime”, diz Ana Paula Goulart. Em 1974, entre o encerramento do governo Médici e início do mandatounibet paypalGeisel, Friasunibet paypalOliveira foi chamado pelo general Golbery do Couto e Silva, eminência parda nos dois governos, para discutir o processounibet paypaldistensão e, é claro, o crescimento da Folha dianteunibet paypalseu principal concorrente, o Estadão, algo que interessava ao regime.

    Naquele momento o lucro líquido da Folha havia dobradounibet paypalrelação a 1973, e nos anos seguintes, até 1977, triplicaria, saltando,unibet paypalvalores da época,unibet paypalCr$ 47.564.807 para Cr$ 210.844.987, conforme balanços acessados pelos pesquisadores. Em valores atuais, pelo IGP-DI, o montante do lucrounibet paypal1977 equivale a maisunibet paypalR$ 330 milhões.

    O material sobre a Folha com documentos e testemunhos faz parteunibet paypalum relatório enviado ao Ministério Público Federal e que pretende servirunibet paypalbase para açõesunibet paypalreparação a vítimas da repressão na ditadura militar. “Um dos objetivos era reunir elementos, indícios e provas para que o MP pudesse abrir ações judiciais, inquéritos ou procedimentos administrativos contra essas empresas”, diz Edson Teles, coordenador do projeto pela Unifesp/Caaf.

    Resposta publicada pela Folha sobre a trajetória do grupo na ditadura no último domingo, 2unibet paypaljulho
    Resposta publicada pela Folha sobre a trajetória do grupo na ditadura no último domingo, 2unibet paypaljulho(Photo: Reprodução)Reprodução

    OUTRO LADO - Procurado pela Agência Pública no dia 23unibet paypaljunho, o superintendente do Grupo Folha, Carlos Ponceunibet paypalLeon não quis dar entrevista. Pediu, atravésunibet paypalsua secretária, que as perguntas fossem enviadas. As respostas chegaram apenas na tardeunibet paypalsexta, 30unibet paypaljunho. Dois dias depois, a Folha publicou “Documento abordará trajetória do Grupo Folha na ditadura”,unibet paypalduas páginas do caderno “Ilustrada Ilustríssima” do domingo, 2unibet paypaljulho.

    A matéria da Folha antecipou a posição do jornalunibet paypal“resposta” a esta reportagem que ainda não havia sido publicada, procedimento estranho ao próprio manual da Folha e que não explica os questionamentos sobre os principais pontos da pesquisa da Unifesp abordados pela reportagem. Eis a íntegra da nota do Grupo Folha encaminhada à Pública:

    “Os temas das perguntas enviadas, que versam sobre um período já distanciado no tempo, deram ensejo a indagações parecidas no passado e hoje são objetounibet paypaluma investigaçãounibet paypalhistoriadores, sob os auspícios do Ministério Público Federal, para a qual a Folha tem colaborado, franqueando aos pesquisadores amplo acesso à documentação remanescente que estejaunibet paypalseu poder. Foram também objetounibet paypalextensa apuração empregada pelo próprio jornal, cujos resultados têm sido publicadosunibet paypalsuas páginas eunibet paypallivros nas últimas décadas. Embasado numa dessas apurações, por exemplo, o então diretorunibet paypalRedação, Otavio Frias Filho, respondeuunibet paypal2018 ao blog do jornalista Fernando Morais sobre a acusaçãounibet paypalque carros do jornal teriam sido utilizados pelo aparatounibet paypalrepressão da ditadura.

    Escreveu então: “Em 2011, solicitei que uma pesquisa exaustiva fosse realizada para esclarecer o episódio. Seus resultados constam do livro ‘Folha Explica a Folha’ (2012; págs. 49 a 61), da jornalista Ana Estelaunibet paypalSousa Pinto.

    Não foram encontrados registros que comprovem essa utilização nem nos arquivos da ditadura, nem nos jornais clandestinos mantidos pela luta armada na época. A acusação se baseia no depoimentounibet paypaldois militantes presos que afirmaram ter visto veículos do jornal no prédio do DOI-Codi (Vila Mariana, SP). Os atentados terroristas contra veículos da Folha, praticados pelo grupo ALN, ocorreram quatro dias depois da morte pela repressão do guerrilheiro Carlos Lamarca no interior da Bahia, sugerindo que o motivo do ataque foi a cobertura, bastante hostil, que a Folha da Tarde fez daquele fato.

    A Folha sempre afirmou que, se a cessãounibet paypalveículos ocorreu, foiunibet paypalforma episódica e sem conhecimento nem autorizaçãounibet paypalsua direção”.

    A Folha manterá a mesma disposiçãounibet paypalpublicar tudo o que saiba sobre essa época.

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