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    Documentos indicam que aliança da Folha com a ditadura foi mais forte do que jornal admite

    roleta cassino blaze Maisroleta cassino blaze40 pessoas, entre jornalistas, militantes, ex-agentes e empresários deram depoimentos sobre a Folha na repressão

    (Foto: Divulgação)
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    Por Vasconcelo Quadros, da Agência Pública - Documentos e testemunhos obtidos pelo Centroroleta cassino blazeAntropologia e Arqueologia Forense (Caaf), ligado a Universidade Federalroleta cassino blazeSão Paulo (Unifesp) e analisados com exclusividade pela Agência Pública indicam que a colaboração da Folharoleta cassino blazeS. Paulo com a ditadura foi mais profunda do que se sabia.

    Segundo a pesquisa, o grupo Folha teria emprestado carrosroleta cassino blazedistribuiçãoroleta cassino blazejornais para que agentes da repressão os usassem para disfarçar operações do regime nas ruas e que teriam resultadoroleta cassino blazeprisões, assassinatos e desaparecimentoroleta cassino blazemilitantes da esquerda armada. Um dos testemunhos mais importantes obtidos pela Unifesp/Caaf foi uma entrevista dada aos pesquisadores pelo ex-agenteroleta cassino blazeinformação do Exército, Marival Chaves do Canto, que atuou no DOI-CODI (Destacamentoroleta cassino blazeOperações e Informações e Centroroleta cassino blazeOperaçõesroleta cassino blazeDefesa Interna) do Exército,roleta cassino blazeBrasília.

    Ele afirma que os carros eram usados como coberturaroleta cassino blazepontos (encontros) entre militantes da esquerda armada que na maioria das vezes eram presos, torturados e assassinados: “Era um contato feito dentro da direção. Essa direção escalava um carro para tal lugar, tal hora, para estar ali naquele local. Ali, entrava-seroleta cassino blazecontato com pessoas, dirigentes da operação, posicionava o carro no local mais adequado e, a partir daí, o processo se desenvolvia. Para que não houvesse testemunha, o motorista era dispensado”, diz ele.

    A pesquisa aprofunda também a compreensão sobre as relações íntimas do Grupo Folha no período mais agudo dos anosroleta cassino blazechumbo com policiais que perseguiam a esquerda e, ao mesmo tempo,roleta cassino blazeacordo com testemunho colhido na pesquisa, estavam contratados pelo jornal, ora como repórteres e redatores ou prestando serviçosroleta cassino blazesegurança à empresa. Entre eles estavam dois delegados do Departamentoroleta cassino blazeOrdem Política e Social (DOPS), os irmãos Robert e Edward Quass, além do nome mais forte da repressão política no país, Sérgio Fleury, o delegado que chefiou o “esquadrão da morte” e depois recebeu carta branca do regime militar para torturar e matar oponentes políticos.

    Assim que renderam o soldado, que portava displicentemente uma arma longa (fuzil ou metralhadora), os militantes da ALN teriam sido surpreendidos pelos agentes. Eles teriam descido atirando, ferindo três militantes da organização que constam nas listasroleta cassino blazedesaparecidos políticos: Antônio Sérgioroleta cassino blazeMatos, Eduardo Antônio da Fonseca e Manoel José Nunes Mendesroleta cassino blazeAbreu. A pesquisa da Unifesp acrescenta ao episódio o depoimento que Suzana Lisboa, ex-militante da ALN, ex-integrante da Comissão Especialroleta cassino blazeMortos e Desaparecidos Políticos e viúvaroleta cassino blazeum ex-militante da mesma organização, Luiz Eurico Tejera Lisboa, morto pela políciaroleta cassino blaze1972, deu à Comissão Nacional da Verdaderoleta cassino blaze2014. “(…) um carro baú […] da Folharoleta cassino blazeSão Paulo. Esse é um dos momentosroleta cassino blazeque há participação direta da empresa “Folharoleta cassino blazeSão Paulo” no assassinatoroleta cassino blazemilitantes da ALN. Na época eu convivia aquiroleta cassino blazeSão Paulo e ouvia essa informaçãoroleta cassino blazedirigentes da ALN”, afirma ela.

    Marival diz que com poucos recursos oficiais à época, os órgãosroleta cassino blazerepressão buscavam apoio materialroleta cassino blazeempresas. As camionetas baú da Folha eram práticas porque as portas abriam toda a parte traseira, permitindo mobilidade aos agentes. “A Folha participava, dava colaboração às operaçõesroleta cassino blazerua, especialmente aquelas (…)roleta cassino blazecoberturaroleta cassino blazepontos, onde as pessoas que entravam morriam”, afirma o ex-agente, lembrandoroleta cassino blazeapenas um dos episódios que teve sobrevivente. “(…) houve um caso, por exemplo, no restaurante Varela, na Mooca (…)roleta cassino blazeAntônio Carlos Bicalho Lana. Ele conseguiu romper o cerco com uma metralhadora, a tiros etc. Mas a maioria morreu”, relata.

    Na emboscada,roleta cassino blaze16roleta cassino blazejulhoroleta cassino blaze1972, morreram Ana Maria Nacinovic, Iuri Xavier Pereira e Marcos Nonato da Fonseca. Lana seria assassinadoroleta cassino blazeSão Vicente, litoral Sulroleta cassino blazeSão Paulo,roleta cassino blazeoutro cerco,roleta cassino blaze30roleta cassino blazenovembroroleta cassino blaze1973 junto com a também militante da ALN Sônia Angel Jones, nora da estilista Zuzu Angel, mortaroleta cassino blazeacidente misterioso enquanto procurava pelo paradeiro do filho, Stuart Angel Jones, também executado.

    A informaçãoroleta cassino blazeque carros da Folha foram usados nas operações policiais surgiu depois que a ALN investigou caminhõesroleta cassino blazedistribuição da Ultragaz, que também se envolveu no apoio ao regime militar. A denúncia partiuroleta cassino blazeuma militante da organização que, presaroleta cassino blaze1970, viu que outro empresário, o dinamarquês Henning Albert Boilesen, integrante do GPMI (Grupo Permanenteroleta cassino blazeMobilização Industrial) criado pela Federação das Indústrias do Estadoroleta cassino blazeSão Paulo (FIESP) para fornecer insumos e equipamentos à ditadura, era presença frequente na sede da Operação Bandeirantes (OBAN), centroroleta cassino blazetortura no Bairro Paraíso, Zona Sul da capital paulista.

    Editorial inédito assinado por “seu Frias”, dono do jornal, foi publicado na primeira páginaroleta cassino blaze1971
    Editorial inédito assinado por “seu Frias”, dono do jornal, foi publicado na primeira páginaroleta cassino blaze1971(Photo: Reprodução)

    Os pesquisadores da Unifesp/Caaf entrevistaram outras três testemunhas que viram os carros da Folharoleta cassino blazediferentes ações dos órgãos da repressão nas ruas. Ivan Seixas, que foi preso aos 16 anos, junto com o seu pai, Joaquim Alencar Seixas, contou ter estranhado a presençaroleta cassino blazecarrosroleta cassino blazedistribuiçãoroleta cassino blazejornal da Folha estacionados na ruaroleta cassino blazefrente à OBAN, na Rua Tutóia. “Carroroleta cassino blazetransporteroleta cassino blazejornal parado na frenteroleta cassino blazeuma delegacia? Tem alguma coisa errada. E a reincidência foi muito grande. Depois, vários companheiros relataram que foram até transportados por carros da Folha”, disse ele. Relato semelhante foi feito pelo jornalista Francisco Carlosroleta cassino blazeAndrade, que afirmou ter visto carros do jornal enfileirados no pátio da OBAN. O ex-deputado Adriano Diogo, detido junto comroleta cassino blazemulher, Arlete, contou aos pesquisadores que um carro da Folha ficou estacionado próximo àroleta cassino blazecasa várias horas antes da invasão da polícia.

    Na direçãoroleta cassino blazejornalismo do grupo, embora o assunto fosse incômodo, a maioria sabia da colaboração, indicam documentos e depoimentos. “(…). A Folha ajudava a fazer isso materialmente, não era ideologicamente. A história não pode ignorar isso, embora a Folha negue. […] a Folha apoiou os atos mais escabrosos [da ditadura], mais desumanos. Nada retirará esse caráter essencial do papel da Folha”, disse o jornalista Jorge Okubaro que, como secretárioroleta cassino blazeredação da Folha da Tarde, participava das reuniõesroleta cassino blazepauta diárias. A versão é confirmada por outros três jornalistas, Antônio Carlos Fon, Wianey Pinheiro, à época repórter da Folha e presidente do Sindicato dos Jornalistasroleta cassino blazeSão Paulo, e José Luiz Proença, assim como dois agentes dos órgãosroleta cassino blazerepressão, os delegados Cláudio Guerra e Carlos Alberto Augusto, este conhecido como Carteira Preta e Carlinhos Metralha. Carteira foi homemroleta cassino blazeconfiança do delegado Sérgio Fleury.

    Em entrevista aos pesquisadores, o policial valoriza o trabalho realizado pelo Grupo Folha e defende que os dirigentes sejam recompensados por contaroleta cassino blazeseus préstimos à ditadura: “Todo mundo que ajudou na repressão tem que ser indenizado (…) Sem sombraroleta cassino blazedúvidas. E com muito dinheiro. Porque o que estão fazendo com ele aqui agora, estão querendo denegrir a empresa dele (…) Tem que ser indenizado sim. E com muito dinheiro, tem que levantar o jornal”.

    Coordenadora da pesquisa, a jornalista Ana Paula Goulart, historiadora e professoraroleta cassino blazecomunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), frisa que não tem nenhuma dúvida que o Grupo Folha emprestou seus veículos às operaçõesroleta cassino blazecaçada aos militantesroleta cassino blazeesquerda e diz que embora Caldeira tenha sido responsável pela frotaroleta cassino blazeveículos do jornal e personagem tão próximo ao regime militar que acabou sendo indicado prefeito biônicoroleta cassino blazeSantos, no litoral Sulroleta cassino blazeSão Paulo, a pesquisa aponta que a responsabilidade é dos dois sócios. “Tentam jogar para o Caldeira, mas os dois sabiam o que cada um fazia. O Caldeira não tomaria uma decisão dessa sem a anuência dos Frias”, conclui.

    Documentos encontrados no Arquivo Nacional, aos quais a Agência Pública teve acesso, indicam que Octavio Friasroleta cassino blazeOliveira mantinha relações muito próximas com as entidades que conspiraram pelo golperoleta cassino blaze1964 e depois apoiaram sem restrições a ditadura. Trata-seroleta cassino blazeum reciboroleta cassino blazecontribuiçãoroleta cassino blazeFrias ao Institutoroleta cassino blazePesquisas e Estudos Sociais (IPES), entidade que conspirou pelo golpe e atuou na manutenção do regime militar,roleta cassino blazevalores da época,roleta cassino blazeCr$ 12.000 [em valores atuais, pelo IGP-DI, R$ 207 mil], com dataroleta cassino blaze16roleta cassino blazejulhoroleta cassino blaze1967, eroleta cassino blazeum outro papelroleta cassino blazeque o dono da Folha é identificado como “Sócio do IPES” no período “pré-64”. Ao jornalista Oscar Pilagallo, autor do livro História da Imprensa paulista: jornalismo e poderroleta cassino blazeD. Pedro I a Dilma, Frias não negou a relação com a entidade golpista, mas argumentou que havia participado apenasroleta cassino blazeuma única reunião com outros ipesianos na casa do banqueiro José Adolpho da Silva Gordo, do Bancoroleta cassino blazeInvestimento do Brasil.

    Reciboroleta cassino blazecontribuiçãoroleta cassino blazeFrias ao Institutoroleta cassino blazePesquisas e Estudos Sociais (IPES)
    Reciboroleta cassino blazecontribuiçãoroleta cassino blazeFrias ao Institutoroleta cassino blazePesquisas e Estudos Sociais (IPES)(Photo: Reprodução)Reprodução

    Documentoroleta cassino blazeque o dono da Folha, “seu Frias”, é identificado como “Sócio do IPES”
    Documentoroleta cassino blazeque o dono da Folha, “seu Frias”, é identificado como “Sócio do IPES”(Photo: Reprodução)

    Numa análise às edições da Folharoleta cassino blazeS.Paulo anteriores ao golpe, os pesquisadores debruçaram-se sobre um material para contextualizar o período: um suplementoroleta cassino blaze44 páginas, intitulado 64 – Brasil continua, publicado como encarte do jornal exatamente no dia do golpe, 31roleta cassino blazemarçoroleta cassino blaze1964, cujo conteúdo, afirma a pesquisadora Ana Paula Goulart “é repletoroleta cassino blazeanúncios e textos opinativos que evidenciam um claro protagonismo exercido pela Folha nas articulações golpistas e a forte sintonia político-ideológica do grupo com o empresariado local, nacional e internacional”.

    Suplementoroleta cassino blaze44 páginas publicado como encarte do jornal no dia do golpe, 31roleta cassino blazemarçoroleta cassino blaze1964
    Suplementoroleta cassino blaze44 páginas publicado como encarte do jornal no dia do golpe, 31roleta cassino blazemarçoroleta cassino blaze1964(Photo: Reprodução)

    A pesquisa destaca que, nos dez primeiros anos do regime, o jornalismo da Folha também produziu significativas campanhas conclamando a população a “seguir com otimismo os preceitos da assim chamada ‘revolução democrática’ e assumiu um papel ativo no que foi denominadoroleta cassino blaze‘caça aos terroristas’”. A oposição armada, segundo o jornal, “ameaçava a soberania nacional e deveria ser combatida a partirroleta cassino blazeum esforço coletivo”. Na ocasião das comemoraçõesroleta cassino blaze50 anos da empresa,roleta cassino blaze1971, a Folha afirmava se manter “profundamente identificada” com os rumos da nação, ao acompanhar “os esforços da Revoluçãoroleta cassino blaze64 para a reconstrução do Brasil”.

    A MANCHETE ANTECIPADA DE UM ASSASSINATO - Todos os jornais do grupo seguiram a linha editorial da Folharoleta cassino blazeapoio à ditadura. Mas nenhum teria chegado ao nível da Folha da Tarderoleta cassino blazecolaboração e subserviência ao regime militar, segundo depoimentosroleta cassino blazejornalistas que trabalhavam no veículo consultados pela Pública. No dia 17roleta cassino blazeabrilroleta cassino blaze1971, emroleta cassino blazemanchete o jornal noticiouroleta cassino blazeletras garrafais: “Morto o assassino do industrial Boilesen”. O texto da chamada informava que no dia anterior, os órgãosroleta cassino blazesegurança interna, “agindo com rapidez identificaram no dia anterior” Joaquim Seixas como um dos participantes da execuçãoroleta cassino blazeBoilesen, ocorrida dois dias antes.

    A notícia informava que, cercado pela polícia, Seixas reagiu e acabou sendo morto no tiroteio com a polícia. O problema é que no dia anterior vários presos viram Joaquim e Ivan, então com 16 anos, serem retirados do interiorroleta cassino blazeuma viatura, espancados já no pátio da Oban e depois torturados. O jornal começou a circular na manhã do dia 17, mas Seixas só morreriaroleta cassino blazeconsequênciaroleta cassino blazechoques e espancamentos por volta das 19h do mesmo dia 17. À Pública, Ivan Seixas conta que viu,roleta cassino blazedentroroleta cassino blazeuma viatura, a manchete num exemplar pregado à parederoleta cassino blazeuma bancaroleta cassino blazejornalroleta cassino blazefrente ao barroleta cassino blazeque os policiais pararam para tomar café no retornoroleta cassino blazeuma simulaçãoroleta cassino blazeseu próprio fuzilamento. “Quanto chegueiroleta cassino blazevolta à Oban, vi meu pai sentado na cadeira do dragão [assentoroleta cassino blazechoque elétrico] sendo torturado, mas vivo”, conta o jornalista. A Folha da Tarde, segundo ele, pesava a mão contra a esquerda, mas ele faz questãoroleta cassino blazelembrar que outros jornais também publicavam falsas notícias produzidas pela polícia.

    Folha da Tarde noticiouroleta cassino blazeletras garrafais um assassinato que ainda não havia ocorrido
    Folha da Tarde noticiouroleta cassino blazeletras garrafais um assassinato que ainda não havia ocorrido(Photo: Reprodução)Reprodução

    As pesquisas indicam que a Folha da Tarde se tornou no período o veículo mais próximo dos órgãosroleta cassino blazerepressão, publicandoroleta cassino blazeprofusão, sem o menor filtro, versões oficiais que interessavam à polícia política. Isso ocorreu também com outros presos, como no caso envolvendo Eduardo Collen Leite, o Bacuri, da mesma ALN, detidoroleta cassino blaze21roleta cassino blazeagostoroleta cassino blaze1970 no Rio e levado para São Paulo, onde a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury o matouroleta cassino blaze8roleta cassino blazedezembro, depoisroleta cassino blazeum longo calvárioroleta cassino blazetorturas.

    A mancheteroleta cassino blaze9roleta cassino blazedezembroroleta cassino blaze1970 não deixava dúvidas sobre a posição da Folha da Tarde. “Terror: Metralhado e morto outro fascínora”. Linharoleta cassino blazefrente da esquerda armada, o militante havia participado do sequestroroleta cassino blazeembaixadores que seriam trocados pela libertaçãoroleta cassino blazepresos políticos, entre os quais estavaroleta cassino blazemulher, Denise Crispim, grávida. A matéria informou que o “bandoleiro” morrera num confronto com a políciaroleta cassino blazeSão Sebastião, no litoral Sulroleta cassino blazeSão Paulo, embora seus companheirosroleta cassino blazecárcere tenham protestado com gritos e muito barulho nas ferragens das grades quando ele foi retirado da celaroleta cassino blazeestado físico deplorável no dia 27roleta cassino blazeoutubro, dois dias depoisroleta cassino blazemais uma falsa notíciaroleta cassino blazeque teria fugido. A Folha da Tarde se superava a cada edição na adjetivação, denominando militantes políticosroleta cassino blaze“facínoras”, “assassinos”, “maníacos” e “loucos”.

    Folha da Tarde chamava militantes políticosroleta cassino blaze“facínoras”, “assassinos”, “maníacos” e “loucos”
    Folha da Tarde chamava militantes políticosroleta cassino blaze“facínoras”, “assassinos”, “maníacos” e “loucos”(Photo: Reprodução)Reprodução

    Por mais que a família Frias tenha tentado separar a Folha da Tarde da linha que viria a ser adotada pela Folha a partirroleta cassino blaze1974, a pesquisa mostra que, resguardada as peculiaridadesroleta cassino blazecada veículo, “havia uma direção editorial uniforme no interior do conglomerado jornalístico liderado pelos empresários Octavio Frias e Carlos Caldeira” no período. Além disso, o nomeroleta cassino blazeFriasroleta cassino blazeOliveira se destacava como diretor-presidente no cabeçalho da primeira página da Folha da Tarde.

    POLICIAIS JORNALISTAS NA FOLHA - Um dos méritos da pesquisa da Unifesp foi reunir informações que estavam soltasroleta cassino blazelivros, jornais e testemunhas da época para demonstrar que os jornais do grupo estavam infestadosroleta cassino blazepoliciais atuando como jornalistas nas redações, ao menos 11, identificados pelos pesquisadores. O diretor da Folha da Tarde, no período, foi o jornalista Antônio Aggio Júnior que era, ao mesmo tempo, funcionário da Secretariaroleta cassino blazeSegurança Pública e, mais tarde, mas ainda no período repressivo, assessorroleta cassino blazeimprensa do delegado e ex-senador Romeu Tuma, braço direitoroleta cassino blazeFleury na árearoleta cassino blazeinformação do DOPS. Quando deixou a Polícia Civil para construir carreira e perfil novos na Polícia Federal, Tuma era diretor do departamento.

    Segundo a pesquisa, Aggio também teria se utilizadoroleta cassino blazeum carroroleta cassino blazereportagem da Folha para camuflar a entradaroleta cassino blazeconspiradores num quartel às vésperas do golperoleta cassino blaze1964. Repórter da Folha à época, ele teria usado aparelhoroleta cassino blazetelex da sucursal da Folha no Rio para passar mensagens cifradas como senha do levante do II Exércitoroleta cassino blazeSão Paulo, seguindo instruções do coronel Antônio Lepiane, chefe do Estado Maior da 2ª Companhia do Exércitoroleta cassino blazeSão Paulo, que era seu padrinho e foi o comandante da OBAN quando esta foi criada,roleta cassino blaze1969, no início do governo Emílio Garrastazu Médici.

    Aggio assumiu a direçãoroleta cassino blazeredação da Folha da Tarderoleta cassino blaze1969 imprimindo uma mudança radical na linha editorial. Saíamroleta cassino blazecena jornalistas progressistas, como Jorge Miranda Jordão e o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Beto, ao mesmo temporoleta cassino blazeque a redação contratava dois delegados, Carlos Antônio Guimarães Sequeira, agente do DEOPS, e Antônio Bim, os investigadores Carlos Dias Torres e Horley Antonio Destro, e um major da PM paulista, Edson Corrêa, que chamava a atenção por circular pela redação com uma pistola automática à mostra como se estivesse numa operaçãoroleta cassino blazerua.

    A linha do jornal, que antes cobria segmentos como o movimento estudantil, passou a serroleta cassino blazeapoio irrestrito à ditadura militar e às forçasroleta cassino blazerepressão. A combinaçãoroleta cassino blazecomando e linha editorial levou o jornalista Claudio Abramo, ex-diretor da Folha,roleta cassino blazeseu livroroleta cassino blazememórias, A Regra do Jogo,roleta cassino blaze1988, a qualificar a Folha da Tarde como “o jornal mais sórdido do país”. roleta cassino blaze Mais bem humorado, o jornalista Carlos Brickmann, que assumiu a redação ao ladoroleta cassino blazeAdilson Laranjeirasroleta cassino blazesubstituição ao gruporoleta cassino blazeAggio, escreveuroleta cassino blazetomroleta cassino blazefina ironia que a grande conquista do novo comando foi ter conseguido “reduzir a tiragem do jornal”, uma alusão a expressão “tiras”, como eram chamados os policiais da época. Era também jocosamente qualificado como alusão “o jornalroleta cassino blazemaior tiragem”, como registraria Beatriz Kushnirroleta cassino blazeCãesroleta cassino blazeGuarda.

    A relação íntima entre polícia e jornalista não era, entretanto, exclusividade da Folha da Tarde. Outro periódico do grupo, o Notícias Populares, o sensacionalista NP, campeãoroleta cassino blazevendasroleta cassino blazebanca no período, era dirigido por Jean Mellé, anticomunistaroleta cassino blazecarteirinha e notório entusiasta das Forças Armadas. Waldemar Ferreiraroleta cassino blazePaula, assistenteroleta cassino blazeJean Mellé, era policial. Armando Gomide, que substituiu Mellé depois daroleta cassino blazemorte,roleta cassino blazemarçoroleta cassino blaze1970, era policial e ligado ao Serviço Nacionalroleta cassino blazeInformação (SNI).

    Sobre ele, segundo a pesquisa, pesava a suspeita dos próprios colegasroleta cassino blazeque “nas horas vagas” trabalhasse como agente secreto e informante dos militares. No Departamentoroleta cassino blazeInterior, Correspondentes e Sucursais (Dics) do Grupo Folha o diretor era Paulo Nunes, que se dizia agente da PF. Na Agência Folha, que substituiu o Dics, o comando foi entregueroleta cassino blazejunhoroleta cassino blaze1972 a Luiz Carlos Rocha Pinto, delegado da Polícia Civil paulista contratado como jornalista, tornando-se no período o principal interlocutor entre a empresa e a censura. Depoisroleta cassino blazedez anos na Agência Folhas (departamento cujo nome depois perderia o “s”), Rocha Pinto foi transferido para o departamentoroleta cassino blazecirculação, desligando-se do jornal sóroleta cassino blaze1995. Em 2005, ou seja, dez anos depois, ele continuava recebendo o mesmo salário, mas sem trabalhar. A pesquisa registra que a quem perguntava como conseguira tal privilégio, a resposta era lacônica: “sou heróiroleta cassino blazeguerra”.

    A partir da retaliação da ALN, comroleta cassino blazeinclusão na listaroleta cassino blaze“justiçáveis”, Frias mudou-se para o 6º andar do prédio que abrigava os jornais, na Alameda Barãoroleta cassino blazeLimeira, Campos Elíseos, região central da capital e, segundo versão difundida pela Folha, conforme a pesquisa, passaria a contar com proteçãoroleta cassino blazedois delegados do DOPS, os irmãos Robert e Edward Quass.

    A pesquisa mostra, no entanto, que a relação dos Quass com a Folha seria bem anterior à destruição dos carros pela ALN: Robert havia sido contratadoroleta cassino blazejaneiroroleta cassino blaze1961, antes, portantoroleta cassino blazeFrias comprar a empresa, mas não apenas como datilógrafo e recepcionistaroleta cassino blazenoticiários como informou o jornal.

    Num comunicado interno encontrado nos arquivos do DOPS, o responsável pelo setorroleta cassino blazetransporte da Folha relata o furtoroleta cassino blazeum dos veículos do grupo se referindo a Quass como auditor da empresa. Outros dois membros da família, Joseph Quass e Joseph Quass Filho, respectivamente, auxiliarroleta cassino blazeauditoria e auxiliarroleta cassino blazeescritório, ambos ligados diretamente à direção da Folha, haviam sido contratadosroleta cassino blaze1971 e 1970. Aindaroleta cassino blazeacordo com a pesquisa, os delegados passariam a fazer a segurança da família, cuidando, entre outras tarefas, da escolta dos dois filhosroleta cassino blazeFrias nas idas e voltas à escola, Otavinho e o atual diretor do grupo, Luís Frias. Contratado como cheferoleta cassino blazesegurança patrimonial da Folha, Edward passou a cuidarroleta cassino blazetodo o patrimônio do grupo e tinha uma sala dentro do jornal.

    Comunicado interno do jornal sobre o furtoroleta cassino blazeum dos veículos do grupo
    Comunicado interno do jornal sobre o furtoroleta cassino blazeum dos veículos do grupo(Photo: Reprodução)

    A pesquisadora Ana Paula Goulart anota no relatório: “A presençaroleta cassino blazetais indivíduos atesta uma problemática relaçãoroleta cassino blazeproximidade entre o Grupo Folha e agentes que cumpriam funções significativas na engrenagem repressiva da ditadura. A ameaça a Octavio Friasroleta cassino blazeOliveira poderia justificar uma atenção especial por parte da Secretariaroleta cassino blazeSegurança do Estadoroleta cassino blazeSão Paulo, mas não explicava a contratação, com vínculo trabalhista e remuneração direta,roleta cassino blazedelegados do DEOPS para atuarem como funcionários da empresa jornalística”.

    O nomeroleta cassino blazeoutro agente, Messias Ayrton Scatena, carcereiro do DEOPS e jornalista que começou no grupo pelo jornal Última Hora surgiria num rumoroso caso que tramitou no Superior Tribunal Militar (STM),roleta cassino blaze1973. Acusadoroleta cassino blazevazar informações sigilosasroleta cassino blazeoperações contra a subversão pararoleta cassino blazenamorada, a também jornalista do grupo Helena Mirandaroleta cassino blazeFigueiredo, Scatena chegou a ser preso. Em seu depoimento ele afirmou que alémroleta cassino blazetrabalhar no Grupo Folha, “participavaroleta cassino blazeserviçosroleta cassino blazerepressão, combate a subversão e terrorismo”, tendo atuado entre cinco a dez diligências no períodoroleta cassino blazetrês anosroleta cassino blazeque exerceu o cargo na delegacia”. O policial-jornalista dizia possuir, àquele momento, uma relação próxima com Octavio Friasroleta cassino blazeOliveira e os membrosroleta cassino blazesua família, uma vez que ficou encarregadoroleta cassino blazetrabalhar como seu motorista pessoal, alémroleta cassino blazeatuar como segurançaroleta cassino blazeseus filhos. Disse também que os diretores do jornal depositavam nele “grande confiança”, ao pontoroleta cassino blazeter sido liberado da funçãoroleta cassino blazejornalista da empresa “para se dedicar integralmente à segurança da família […] sem prejuízo dos vencimentos”.

    De acordo com o documento, a contrataçãoroleta cassino blazeScatena foi recomendada pelo seu chefe, o delegado Edward Quass. É nesse depoimento, nas páginas 130 e 131 da ação penal 829/73 aberta pela justiça militar, que ele cita o nome do delegado Sérgio Fleury, afirmando que ele também atuava na segurança da Folha ao lado dos irmãos Quass. O que se sabia era que Fleury tinha sido visto algumas vezes na Folha, mas a justificativa é que era convidadoroleta cassino blazeAggio para algum evento festivo.

    A atençãoroleta cassino blazeFrias aos militares ficaria clara também quando este, segundo a pesquisa, a pedidoroleta cassino blazeum majorroleta cassino blazerelações públicas do II Exército, que falavaroleta cassino blazenome do general Ernani Ayrosa da Silva, fundador da Oban, contratou como jornalista da Folha da Tarde um ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Rômulo Fontes, que durante os 18 mesesroleta cassino blazeque permaneceu preso, entre 1979 e 1971, se tornou um dos arrependidosroleta cassino blazeparticipar da luta armada, prestando depoimentos contra a esquerda divulgados pela ditadura. Fontes conseguiu o emprego e depois confirmaria: “Entrei para a Folha manu militari”, conforme citação no livroroleta cassino blazePilagallo.

    LICENÇA NA PRISÃO - A pesquisa aponta perseguição política e violação aos direitos trabalhistas contra jornalistas que trabalhavam no Grupo Folha e foram presos sob a acusaçãoroleta cassino blazeparticiparemroleta cassino blazeorganizações da luta armada. O caso mais emblemático é o da jornalista Rose Nogueira, que trabalhava como repórter da Folha da Tarde e, ao ser detidaroleta cassino blazecasa no dia 4roleta cassino blazenovembroroleta cassino blaze1969, estavaroleta cassino blazelicença maternidade 34 dias depoisroleta cassino blazeum complicado partoroleta cassino blazeque deu à luz seu primeiro filho.

    Ela só descobriria anos depois que a demissão por justa causa, escrita à mão emroleta cassino blazeficha funcional, tinha sido por “abandonoroleta cassino blazeemprego”, uma justificativa duplamente falsa, conforme relataria na entrevista concedidaroleta cassino blazemaioroleta cassino blaze2022 aos pesquisadores da Unifesp. “Foi uma das maiores dores da minha vida, ver que a Folha me deu abandonoroleta cassino blazeemprego enquanto eu estava presa! Quem preso vai trabalhar no jornal? Quem, na licença maternidade vai? Eu estava com as duas coisas: licença maternidade e prisão. Eu senti como uma punição. A Folha me machucou muito. Eu já estava sendo punida. A Folha fica a duas quadras do DOPS. Alguém poderia ter ido lá saber se era verdade. Eles me ignoraram e publicaram o que a polícia mandou”, disse ela.

    A matéria da Folha da Tarde relacionava Rose e seu ex-marido, Luís Roberto Clauset, como pessoas próximas ao líder da ALN, Carlos Marighella, que havia sido executado pela polícia no mesmo diaroleta cassino blazeSão Paulo e,roleta cassino blazeocasiões anteriores, se refugiara na casa da jornalista. Ela não participava da luta armada, mas nunca negou que deu apoio logístico a Marighella. Ficou nove meses presa e, no final, acabou absolvida. Havia, no entanto, algo mais grave. “A Folha falseou a data do nascimento do meu filho. Meu filho nasceuroleta cassino blaze30roleta cassino blazesetembroroleta cassino blaze1969. A Folha escreve (no atoroleta cassino blazedemissão) que meu filho nasceuroleta cassino blaze9roleta cassino blazeagosto (…) para me dar o abandonoroleta cassino blazeemprego no começoroleta cassino blazedezembro”, disse.

    Reportagem do jornal associou Rose e seu ex-marido ao líder da ALN, Carlos Marighella
    Reportagem do jornal associou Rose e seu ex-marido ao líder da ALN, Carlos Marighella(Photo: Reprodução)

    Em outros casos, como oroleta cassino blazeJosé Maria Domingues dos Santos, que também trabalhava na Folha da Tarde e era acusadoroleta cassino blazeligações com a ALN, preso tambémroleta cassino blaze04roleta cassino blazenovembroroleta cassino blaze1969, o jornal igualmente “antecipou” a data da demissão para o dia anterior para descaracterizar o vínculo com a empresa. A matéria sobre a prisãoroleta cassino blazeRose e José Maria informava no título que “Contra a subversão, polícia arma jogoroleta cassino blazepaciência”. A empresa sabia que as prisões tinham motivação política e ainda assim carimbou as demissõesroleta cassino blazesuas fichas funcionais como “abandono” e “dispensado”, sem maiores explicações.

    No período,roleta cassino blaze05roleta cassino blazenovembro, foi preso o fotógrafo Carlos Penafiel, que trabalhava na Folha da Tarde, o que não evitou o tratamento policialesco da notícia sobreroleta cassino blazedetenção: “Terror: prisão preventiva para jornalista implicado”, dizia o título da matéria, que também citava Rose e Luis Roberto como integrantes da ALN próximos a Marighella. Outros dois jornalistas da Agência Folha, Sérgio Gomes da Silva e José Vidal Pola Galé, presosroleta cassino blazeoutubroroleta cassino blaze1975 por ligações com o PCB, também amargaram mesesroleta cassino blazeprisão, e tiveram seus nomes citados numa matériaroleta cassino blazeduas páginasroleta cassino blaze23roleta cassino blazedezembro, com o título “DOPS arrasa bando do nazismo vermelho” onde o jornal divulgava uma listaroleta cassino blaze“comunistas” com idade, nome dos pais, dataroleta cassino blazenascimento, estado civil e endereço residencial completo dos suspeitos. Só que ignorava que trabalhavam no jornal ou no grupo.

    Preso entre 05roleta cassino blazeoutubroroleta cassino blaze1975 e 05roleta cassino blazeabrilroleta cassino blaze1976, Sérgio seria demitidoroleta cassino blazejaneiro também por abandonoroleta cassino blazeemprego enquanto esteve encarcerado. Solto, tentou reaver o emprego, mas diz ter sofrido assédio moral do então diretor da Agência, o delegado Luiz Carlos Rocha Pinto, e pressão do diretor do departamento pessoal do grupo, Antônio Pison, para que se demitisse. Os pesquisadores também apontam perseguição política da Folha na demissãoroleta cassino blazeum grande númeroroleta cassino blazejornalistas que participaram da greveroleta cassino blazemaioroleta cassino blaze1979 por melhores salários. O SNI, que monitorou o movimento, informou que dos 128 demitidosroleta cassino blazevários veículos, 43 eram do Grupo Folha, enquanto o Sindicato dos Jornalistasroleta cassino blazeSão Paulo sustentou que na verdade teriam sido 64.

    FOLHA E O "MILAGRE" - A trajetória do grupo mostra, segundo os pesquisadores, que o apoio à ditadura teria proporcionado expansão e crescimento da Folha já no chamado milagre econômico, entre 1968 e 1973, períodoroleta cassino blazeque o jornal estaria mergulhado na mais intensa faseroleta cassino blazecolaboração com os militares. No final desse ciclo a Folha iniciava um tímido distanciamento para,roleta cassino blazemeados da década 1980, sob o comando do filho do dono, Otavinho, implantar o Projeto Folha, marcado por mudanças internas e uma guinada forte na linha editorial.

    Em 1984, o jornal engajou-se na linharoleta cassino blazefrente da campanha pelas Diretas-Já, estratégia que lhe rendeu o papelroleta cassino blazeprotagonista e porta-voz dos anseios pela redemocratização do país. Não foi uma transição sem ruído: no dia 1ºroleta cassino blazesetembroroleta cassino blaze1977, um texto considerado ofensivo à imagemroleta cassino blazeDuqueroleta cassino blazeCaxias, publicado pelo colunista Lourenço Diaféria forçou Octávio Friasroleta cassino blazeOliveira, pressionado pelo então chefe da Casa Militar do governo, general Hugo Abreu, a pedir que seu então diretorroleta cassino blazeredação, o jornalista Cláudio Abramo, se demitisse para serenar uma das poucas crises registradas até então entre o jornal e a ditadura.

    O texto, “Herói. Morto. Nós.”, comparava um sargento que morreu ao se jogar num poçoroleta cassino blazeariranha para salvar um menino a uma estátuaroleta cassino blazeDuqueroleta cassino blazeCaxias, na qual populares urinavam, o que foi considerado uma ofensa punível com a prisão do jornalista eroleta cassino blazefechamento do jornal caso a coluna continuasse sendo publicadaroleta cassino blazebranco. Friasroleta cassino blazeOliveira cedeu e, segundo anotam os pesquisadores, “decidiu afastar o chefe da redação Cláudio Abramo e tirar o seu próprio nome do cabeçalho do jornal”. Abramo foi substituído por Boris Casoy, escolhido por seu bom trânsito na área militar à época, conforme admite o próprio jornalista na entrevista aos pesquisadores.

    Coluna “Herói.Morto.Nós”roleta cassino blazeLourenço Diaféria (no canto direito da imagem)
    Coluna “Herói.Morto.Nós”roleta cassino blazeLourenço Diaféria (no canto direito da imagem)(Photo: Reprodução)

    O relatório da Unifesp destaca que o jornal chegou ao fim da ditadura com identidade reformulada, o que permitiu que se tornasse o veículo impressoroleta cassino blazemaior circulação do país, alcançando um recorderoleta cassino blazetiragem com maisroleta cassino blaze1,5 milhãoroleta cassino blazeexemplares. “Não se trata apenasroleta cassino blazeuma históriaroleta cassino blazesucesso empresarial. Seu crescimento esteve estrategicamente ligado aos interesses do regime”, diz Ana Paula Goulart. Em 1974, entre o encerramento do governo Médici e início do mandatoroleta cassino blazeGeisel, Friasroleta cassino blazeOliveira foi chamado pelo general Golbery do Couto e Silva, eminência parda nos dois governos, para discutir o processoroleta cassino blazedistensão e, é claro, o crescimento da Folha dianteroleta cassino blazeseu principal concorrente, o Estadão, algo que interessava ao regime.

    Naquele momento o lucro líquido da Folha havia dobradoroleta cassino blazerelação a 1973, e nos anos seguintes, até 1977, triplicaria, saltando,roleta cassino blazevalores da época,roleta cassino blazeCr$ 47.564.807 para Cr$ 210.844.987, conforme balanços acessados pelos pesquisadores. Em valores atuais, pelo IGP-DI, o montante do lucroroleta cassino blaze1977 equivale a maisroleta cassino blazeR$ 330 milhões.

    O material sobre a Folha com documentos e testemunhos faz parteroleta cassino blazeum relatório enviado ao Ministério Público Federal e que pretende servirroleta cassino blazebase para açõesroleta cassino blazereparação a vítimas da repressão na ditadura militar. “Um dos objetivos era reunir elementos, indícios e provas para que o MP pudesse abrir ações judiciais, inquéritos ou procedimentos administrativos contra essas empresas”, diz Edson Teles, coordenador do projeto pela Unifesp/Caaf.

    Resposta publicada pela Folha sobre a trajetória do grupo na ditadura no último domingo, 2roleta cassino blazejulho
    Resposta publicada pela Folha sobre a trajetória do grupo na ditadura no último domingo, 2roleta cassino blazejulho(Photo: Reprodução)Reprodução

    OUTRO LADO - Procurado pela Agência Pública no dia 23roleta cassino blazejunho, o superintendente do Grupo Folha, Carlos Ponceroleta cassino blazeLeon não quis dar entrevista. Pediu, atravésroleta cassino blazesua secretária, que as perguntas fossem enviadas. As respostas chegaram apenas na tarderoleta cassino blazesexta, 30roleta cassino blazejunho. Dois dias depois, a Folha publicou “Documento abordará trajetória do Grupo Folha na ditadura”,roleta cassino blazeduas páginas do caderno “Ilustrada Ilustríssima” do domingo, 2roleta cassino blazejulho.

    A matéria da Folha antecipou a posição do jornalroleta cassino blaze“resposta” a esta reportagem que ainda não havia sido publicada, procedimento estranho ao próprio manual da Folha e que não explica os questionamentos sobre os principais pontos da pesquisa da Unifesp abordados pela reportagem. Eis a íntegra da nota do Grupo Folha encaminhada à Pública:

    “Os temas das perguntas enviadas, que versam sobre um período já distanciado no tempo, deram ensejo a indagações parecidas no passado e hoje são objetoroleta cassino blazeuma investigaçãoroleta cassino blazehistoriadores, sob os auspícios do Ministério Público Federal, para a qual a Folha tem colaborado, franqueando aos pesquisadores amplo acesso à documentação remanescente que estejaroleta cassino blazeseu poder. Foram também objetoroleta cassino blazeextensa apuração empregada pelo próprio jornal, cujos resultados têm sido publicadosroleta cassino blazesuas páginas eroleta cassino blazelivros nas últimas décadas. Embasado numa dessas apurações, por exemplo, o então diretorroleta cassino blazeRedação, Otavio Frias Filho, respondeuroleta cassino blaze2018 ao blog do jornalista Fernando Morais sobre a acusaçãoroleta cassino blazeque carros do jornal teriam sido utilizados pelo aparatoroleta cassino blazerepressão da ditadura.

    Escreveu então: “Em 2011, solicitei que uma pesquisa exaustiva fosse realizada para esclarecer o episódio. Seus resultados constam do livro ‘Folha Explica a Folha’ (2012; págs. 49 a 61), da jornalista Ana Estelaroleta cassino blazeSousa Pinto.

    Não foram encontrados registros que comprovem essa utilização nem nos arquivos da ditadura, nem nos jornais clandestinos mantidos pela luta armada na época. A acusação se baseia no depoimentoroleta cassino blazedois militantes presos que afirmaram ter visto veículos do jornal no prédio do DOI-Codi (Vila Mariana, SP). Os atentados terroristas contra veículos da Folha, praticados pelo grupo ALN, ocorreram quatro dias depois da morte pela repressão do guerrilheiro Carlos Lamarca no interior da Bahia, sugerindo que o motivo do ataque foi a cobertura, bastante hostil, que a Folha da Tarde fez daquele fato.

    A Folha sempre afirmou que, se a cessãoroleta cassino blazeveículos ocorreu, foiroleta cassino blazeforma episódica e sem conhecimento nem autorizaçãoroleta cassino blazesua direção”.

    A Folha manterá a mesma disposiçãoroleta cassino blazepublicar tudo o que saiba sobre essa época.

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