Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES
São tantos problemas miúdos e macros, que, quando se juntam, esbugalham os olhos, contraem a testa e põem a todos a refletir sobre quais as saídas, estreitas e/ou largas, avanços ou retrocessos.
A esquerda hoje enfrenta um problema crucial emfreebet layidentidade e conceitos basilares: existem partidos que carregam a palavra socialista no nome e não tem correspondência na práxis que operam, que têm trabalhismo ou trabalhadores no nome e se orientam pelos anseios da pequena burguesia e da casta burocrática sindical dos trabalhadores.
Existem partidos que, no máximo, se aproveitam da luta, ocasionalmente ideológica e do identitarismo atual, para aumentar o seu eleitorado, sem vinculação à lutafreebet layclasses.
Esses caminhos táticos, muitas vezes, representam oportunidades importantes para transformar a realidade social e política do Brasil, porém, acabam negligenciadosfreebet laynomefreebet layuma estratégia eleitoral que se preocupafreebet laypreservar votos sem propor as mudanças estruturais.
O PT prometia ser a frente progressista que levaria o país a um caminho mais inclinado à esquerda, rompendo com as amarras do neoliberalismo e das políticas conservadoras. Entretanto, na prática, o que vemos hoje é um partido social-democrata, que utiliza pautas políticas diversificadas para desviar do rótulofreebet layserfreebet layfato um partido social-democrata, tentando, ao mesmo tempo, manter afreebet laygênese estatutáriafreebet laypartido socialista.
Ele se apoia emfreebet laybase fiel efreebet laylonga data para fazer discursos atraentesfreebet layperíodos eleitorais e aumentar afreebet layrepresentatividade nas urnas, contudo, perde seu contatofreebet laytrabalhofreebet laybase, perde seu contato com o brasileiro médio no seu cotidiano, que, ainda que siga sonhando, mesmo tendo variados problemas cotidianosfreebet laycasa e ao seu redor, não deposita mais afreebet layesperança na política para acolher e sim na politicagem mercenária para colher seu voto.
A afirmaçãofreebet layque é preciso ir para as periferias é inconteste, entretanto, não deve ser entendida como abandono da classe média, que é um pêndulo na luta eleitoral. Trata-sefreebet laytrazê-la para o nosso ladofreebet layvezfreebet layestigmatizá-la como já foi feito.
O PT tem que assumir que é social-democrata e conscientizar a sociedade do que é um Estado social-democrata.
O retorno a esse cenário é um retrocesso que agravará as desigualdades e enfraquecerá o processo democrático.
As sugestõesfreebet layreformulação do PT devem necessariamente passar por uma nova estrutura organizacional, caso contrário, o partido corre o riscofreebet laymanter e repetir os erros pretéritos.
O que vem estrangulando o partido é afreebet layopção preferencial e preponderante pelo viés institucional, republicanista, estrutura organizacional e cronograma voltadas para o calendário eleitoral, sem projetofreebet laynação que galvanize e faça o povo sonhar.
Deixou há muito empofreebet layenfrentar o sistema, a ele se submeteu. Perdeu a identidade socialista e não assume explicitamente a social-democracia como objetivo. Está perdido no tempo e perdendo espaço. Age conforme a biruta das circunstâncias, sem estratégia,freebet layforma intuitiva e amadora.
Não querem ir às causas, querem remendar, bandeide, andar que nem caranguejo.
É a praga do pragmatismo sem princípios, sem norte! Se concretizado, serão os dois passos atrás.
Quando Zé Dirceu disse que o governo éfreebet laycentro-direita, não foi um ato falho, foi certeiro.
O PT tem uma estrutura prioritariamente voltada para a luta eleitoral, com alguns penduricalhos identitários, é necessário para evitar essa torrefreebet laypisa, uma torre paralela para equilibrá-la, com os poderes e funções análogas e correspondentes à estrutura vigente.
Abaixo um singelo diagrama ilustrativo desta proposta.
O PT nestas eleições não teve a visibilidade necessária e obrigatória, principalmente considerando o respeito que deve aos seus milhõesfreebet layeleitores e àfreebet laybase fiel. Focou no curto prazo submetido à equivocada estratégia do governofreebet layfortalecer a amplíssima frente governamental.
A estratégiafreebet layreproduzi-la sem a polarização no nível municipal foi amadora e ilusória, e o partido acabou crescendo apenasfreebet laymaneira modestafreebet laytermos eleitorais, enquanto politicamente perdeu força.
Esse enfraquecimento da principal força políticafreebet layesquerda atinge a todo o campo progressista.
Entretanto, muitos jornalistas ignoram a realidade, não fazem análise da situação concreta, e repetem o discursofreebet layque o PT está envelhecido. Ora, basta observar os 133 eleitos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), os 27.014 jovens, mulheres, negros e LGBTQIA+, para perceber que o partido tem potencialfreebet layrelevância renovadora.
Exemplos: Candisse chegou ao segundo turnofreebet layAracaju com maisfreebet lay28 mil votos; Mari Lacerda, eleitafreebet layFortaleza para vereadora com 8.034 votos, Taináfreebet layPaula, eleita com maisfreebet lay49 mil votos; Pedro Rousseff e Luiza Dulci, ambos eleitos vereadores na capitalfreebet layMinas Gerais, que, juntos, somam maisfreebet lay27 mil votos; Teca Nelma é a mulher mais votadafreebet layAlagoas, com 9.969 votos; Luna Zarattini eleita a vereadora com maisfreebet lay100 mil votos na cidadefreebet laySão Paulo; Carla Ayres, mulher LGBT+, reeleita como vereadora com maisfreebet lay5 mil votos na cidadefreebet layFlorianópolis; Karla Coser, reeleita com a maior votaçãofreebet layVitória-ES; Açucena, a única mulher, lésbica, negra, enfermeira, 25 anos, eleita vereadora no municípiofreebet layCariacica-ES.
Todos estes nomes são pessoas jovens fazendo históriafreebet layseus respectivos municípios com candidaturas e votações inéditas, todas dedicados a mostrar a força jovem do Partido dos Trabalhadores.
Essas novas lideranças não fazem uso das mesmas narrativas desgastadas, mas, sim, trazem novas perspectivas e vigor à luta pela transformação social.
O desenvolvimento das forças produtivas é o que gera o antagonismo com o modofreebet layprodução vigente.
Independentemente das novas formasfreebet layterceirização e precarização do trabalho, com a reindustrialização, a forma fabrilfreebet layprodução tende a aumentar o contingentefreebet layoperários, que são potencialmente mais propensos a adquirir uma consciênciafreebet layclasse.
Contudo, essa inclusão quantitativa deve ser acompanhada por um trabalho político nas fábricas, nos bairros populares e nas ruas.
Ocorrendo o avanço da reforma agrária, a política do MST aumentaráfreebet layqualidade e contribuição ao desenvolvimento econômico e social do país.
Há muitos lulistas que acham que Lula toma decisões como um autocrata fechado emfreebet laytorre. Não é assim. Lula sempre ouve alguns poucos, entre esses afreebet laycompanheira, Janja, e às vezes muitos, para decidir, ocasionalmente levando à perda do timing.
Ele acerta não por ser ungido, mas por ouvir, matutar e decidir. Quanto mais nos manifestarmos com opiniões e pressões, e saibam que sempre chega, direta ou indiretamente, a ele, melhor para a democracia e o povo.
A corrupção, infelizmente, é uma característica intrínseca ao sistemafreebet layque estamos submetidos. A sociedade é corruptível, e nos governos,freebet layalguns casos mais,freebet layoutros menos, a corrupção acaba ocorrendo. No entanto, a bandeira anticorrupção, que já foi uma das flâmulas da esquerda, saiufreebet laysuas mãos.
Chegando próximo aos dois anosfreebet laymandato, Lula ainda está pensandofreebet laytirar os pobres do Impostofreebet layRenda e taxar os ricos.
O razoável a fazer é uma alíquotafreebet lay35% para os que recebemfreebet lay30 a 45 mil reaisfreebet layganhos mensais, e 50% para osfreebet layrenda bem acima.
Ouse, presidente, a entrar para a história pela grandezafreebet laysuas ações e não pelas tibiezasfreebet laylidar com as contradições estruturais do sistema capitalista.
Não pense mais. Faça!
O identitarismo, quando desfocado da lutafreebet layclasses, serve apenas para a manutenção do “status quo”.
Um exemplo claro disso é a Rede Globo e outras mídias golpistas, que aumentaram a visibilidadefreebet laymulheres, negros e LGBTQIA+freebet layseus quadros, mas que, na prática, não mudaram a ideologia desta mídia golpista e propulsora da estrutura desigual e excludente da sociedade brasileira.
Para os que gostamfreebet laynúmeros: se temos na população 56%freebet laynegros, 53%freebet laymulheres, temos 67%freebet laytrabalhadores economicamente ativos.
Sendo que,freebet layper si, nem negros, nem mulheres, acalentam o potencial ideológicofreebet laytransformação estrutural, somente a classe trabalhadora (sem a qual o capitalismo não vive) é que nutre as potencialidades objetivas para isso, e, para tanto, é imprescindível as condições subjetivas (consciência, motivação, organização...) a fimfreebet layconquistar crescentemente seu empoderamento político, que são conseguidas através do exercício contínuo da FOP.
A síntesefreebet laymulher, negra e trabalhadora, pode vir a ser a vanguarda social da revolução necessária.
Não é brigar com o identitarismo, é cooptá-lo para a compreensão e operação da lutafreebet layclasses. Se o PT tivesse o projetofreebet laytransformação estrutural, teriafreebet laycada bairrofreebet layum município comitêsfreebet layluta social e núcleos eleitorais, e seriam forças mobilizadoras numa eleição municipal.
É indubitável a importância da vitória do Boulos neste segundo turno, e o caminho é o da polarização entre o bolsonarismo genocida versus o democratismo social, aliado às constantes presençasfreebet layLula e demais lideranças do campo progressista na campanha.
Essa combinação reúne as condições potenciaisfreebet layuma possibilidadefreebet layvitória eleitoral e certamente na políticafreebet layagitprop – imprescindível para o terrenofreebet lay2026.
A pane elétricafreebet laySP evidencia a incapacidade dos bolsonaristas na gestão pública municipal e estadual, como foram na gestão federal, alertando aos paulistas para a escolha certa no candidato do Lula.
Um passo adiante e nenhum atrás!
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