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    Ser ou não ser Charlie: esta não é a questão

    A questão é o reconhecimento dos direitosfavbet vbetuma população discriminada, que sofre um desemprego duas vezes e meia maior que a média dos franceses

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    2024/12/07.

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    O bárbaro atentado contra a revista Charlie Hebdo matou mais que um punhadofavbet vbetjornalistas.

    A vítima maior parecer ter sido a racionalidade no debate político que se seguiu.

    Rapidamente, a reação ao atentado produziu, aqui e acolá, duas tendências contrárias: a do "eu sou Charlie" e a do "eu não sou Charlie". Assim, o atentado, que deveria ter unificado as forças da tolerância e da democracia, parecer ter tido o efeito contrário, provocando uma divisão estéril.

    A reação inicial do "eu sou Charlie" foi primária e equivocada.

    Na França, por exemplo, a populaçãofavbet vbetorigem imigrante, a maioria descendentefavbet vbetgente proveniente do Magreb árabe e islâmico, dista muitofavbet vbetdesfrutarfavbet vbetcondiçõesfavbet vbetvida semelhantes à da população francesa nata e cristã.

    Ao finalfavbet vbet2012, a taxafavbet vbetdesemprego geral da França erafavbet vbet10,2%. Mas a taxafavbet vbetdesemprego entre franceses filhosfavbet vbetimigrantesfavbet vbetpaíses não-europeus erafavbet vbet24,4%, quase duas vezes e meia superior. Além disso, quando conseguiam empregos, seus salários eram,favbet vbetmédia 13% inferiores ao da população geral para o mesmo trabalho.

    Esse não é um padrão surgido no pós-crise. Em 2006, antes da crise, a taxafavbet vbetdesemprego total erafavbet vbet9,9%, a qual caia para 9,1% entre a populaçãofavbet vbetfranceses natos, mas subia assustadoramente para 26,2%, 26,4% e 27,6%, entre os descendentesfavbet vbetargelinos, marroquinos e tunisianos, respectivamente. E essa diferença abissal não pode ser explicada simplesmente por discrepâncias educacionais, pois ela se mantém para os que têm os mesmos anosfavbet vbetestudo. Assim,favbet vbet2012, a taxafavbet vbetdesemprego entre os que possuíam curso superior erafavbet vbetapenas 4,6% para os franceses natos, masfavbet vbet14,1% para os descendentesfavbet vbetimigrantesfavbet vbetpaíses não-europeus.

    Na realidade, a populaçãofavbet vbetorigem árabe efavbet vbetprofissão religiosa muçulmana que mora na França, bem comofavbet vbetoutros países europeus, é discriminada. Vivefavbet vbetcondiçõesfavbet vbetinferioridade econômica, social e cultural. Esse é o caldofavbet vbetcultura que ajuda a explicar, mas não justifica, o surgimentofavbet vbetgrupelhosfavbet vbetterroristas fundamentalistas nesses países. Ao contrário do que diz tolamente Žižek, o apoio ao terrorismo não surgefavbet vbetum sentimentofavbet vbetinferioridade, masfavbet vbetcondições reaisfavbet vbetinferioridade efavbet vbetdiscriminação. O tão propalado "multiculturalismo" é uma falácia, pois há uma clara e aberrante assimetria entre as distintas "culturas" existentes nessas sociedades.

    Na Palestina, os habitantes dos guetos, como ofavbet vbetGaza, sofrem diuturnamente imensas humilhações, quando não a morte nos ataques israelenses , que incluem até bombasfavbet vbetfósforo. Só na última ofensivafavbet vbetmeadosfavbet vbet2014, morreram 2.137 palestinos, entre os quais 577 crianças.

    No Iraque, o conflito promovido por chefesfavbet vbetEstado ocidentais, alguns presentes na passeatafavbet vbethomenagem à Charlie, sob a desculpa do combate ao terrorismo e da destruiçãofavbet vbetinexistentes armasfavbet vbetdestruiçãofavbet vbetmassa, já matou, segundo estimativas conservadoras, cercafavbet vbetmeio milhãofavbet vbetiraquianos.

    Na Síria, a guerra civil insuflada por chefesfavbet vbetEstado ocidentais, alguns presentes na passeatafavbet vbethomenagem à Charlie, já matou cercafavbet vbet200 mil pessoas. Somente o grupo terrorista do Estado Islâmico, surgido com o apoio da administração Obama, que também é "je suis Charlie", já massacrou dezenasfavbet vbetmilharesfavbet vbetpessoas. No Ocidente, entretanto, o escândalofavbet vbettorno do grupo só surgiu quando brancos ocidentais também começaram a ser degolados.

    No Afeganistão, na Líbia e alhures o padrão se repete: as intervenções militares e/ou políticas do "Ocidente democrático" acabam resultando no sofrimento e na mortefavbet vbetorientais e muçulmanos.

    A questão fundamental é ser ou não realmente democrata e tolerante, tanto nas políticas internas quanto na política externa.

    Essa é a questão que poderia unir todas as forças efetivamente democráticas, tanto do Ocidente quanto do Oriente.

    Daria até uma bela passeata, mas duvido que alguns chefesfavbet vbetEstado ocidentais a ela comparecessem.

    * Este é um artigofavbet vbetopinião,favbet vbetresponsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasilfavbet vbet.

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