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    Marcelo Auler

    Marcelo Auler, 68 anos, é repórter desde janeirobet365 jackpot1974 tendo atuado, no Rio, São Paulo e Brasília,bet365 jackpotquase todos os principais jornais do país, assim como revistas e na imprensa alternativa.

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    Rubens Paiva: o que o filme não mostrou!

    Ao abrir mão do relato policial/criminal da história, o filme deixoubet365 jackpotrevelar os bastidoresbet365 jackpotuma novela macabra, diz Auler

    Cena do filme "Ainda estou aqui" (Foto: Divulgação)
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    Ao optar por narrar a História do ex-deputado Rubens Beyrodt Paiva a partir do drama familiarbet365 jackpotsua esposa, Maria Eunice Facciola Paiva, e dos cinco filhos do casal - Vera Silvia, Maria Eliana, Ana Lucia, Maria Beatriz e Marcelo –, o cineasta Walter Salles produziu um filme impactante, repletobet365 jackpotafeto e emoção. Deu visibilidade a um dos inúmeros crimes da ditadura civil-militar, que as novas gerações jamais tinham tomado conhecimento.

    Porém, ao abrir mão do relato policial/criminal do episódio macabro, o filme deixoubet365 jackpotrevelar os bastidoresbet365 jackpotuma novela macabra. São informações da lutabet365 jackpotmuitos – não apenas seus familiares e amigos próximos - para desvendar as últimas 60 horasbet365 jackpotvida do ex-deputado e os motivos pelos quais ele permanecerá como um “desaparecido político”. História que teve seu final reveladobet365 jackpot2014, 43 anos apósbet365 jackpotmortebet365 jackpot21bet365 jackpotjaneirobet365 jackpot1971.

    O assassinatobet365 jackpotPaiva nunca foi assumido pelo Exército, que até tentou negarbet365 jackpotpassagem pelo quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército (1º BPE), à Rua Barãobet365 jackpotMesquita, Tijuca, onde funcionava o Destacamentobet365 jackpotOperaçõesbet365 jackpotInformações (DOI). Algo impossívelbet365 jackpotesconder, afinal Eunice e a filha Eliana foram levadas presas para o mesmo quartel e ali, ao ser liberada, a esposabet365 jackpotPaiva avistou o carro com o qual o ex-parlamentar saiubet365 jackpotcasa, dirigindo. Posteriormente no local passou a funcionar também o CODI - Centrobet365 jackpotOperaçõesbet365 jackpotDefesa Interna – formando a sigla DOI-CODI.

    A prisão do ex-deputado, eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)bet365 jackpot1962 e cassadobet365 jackpot1964 logo após o golpe, foi conseqüência das prisões, na noitebet365 jackpot19bet365 jackpotjaneiro,bet365 jackpotCecíliabet365 jackpotBarros Correia Viveirosbet365 jackpotCastro e Marilene Corona Franco, a Leninha, ao desembarcarembet365 jackpotum vôobet365 jackpotSantiago do Chile. Na época, o país andino era governado pelo presidente Salvador Allende, do Partido Socialista. As duas retornavam da visita a Luiz Rodolfo Viveirobet365 jackpotCastro, o Gaiola (filhobet365 jackpotCecília), casado com Jane Corona Viveirobet365 jackpotCastro (irmãbet365 jackpotMarilene). Ambos exilados.

    A partir dessa descoberta, segundo o Ministério Público Federal, “Marilene foi forçada, mediante tortura cometida pessoalmente pelo comandante da IIIª Zona Aérea, da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, a telefonar para o número indicado no pacote que recebera e dizer a “Rubens” que as cartas do Chile haviam chegado. O oficial portava na ocasião um radiocomunicador e, assim que a mensagem foi transmitida por telefone, começou a gritar: ‘já cercou a casa do homem?’, ‘ele estábet365 jackpotcasa, podem invadir’”.

    Foi o que levou os agentes do Centrobet365 jackpotInteligência da Aeronáutica (CISA) a invadirem a casa do bairro do Leblon. O prenderambet365 jackpot20bet365 jackpotjaneiro, feriadobet365 jackpotSão Sebastião, padroeiro da cidade do Riobet365 jackpotJaneiro, capital do antigo Estado da Guanabara. Os agentes, no aguardobet365 jackpotum possível contato/intermediário, ficaram na casa até o dia seguinte.

    Como narrou Luiz Paulo no documento escritobet365 jackpot2000, “Carlos Alberto Muniz, o ‘Adriano’ que saíra e voltara ao país como clandestino, era o contato com todas as principais organizaçõesbet365 jackpotatividade no país. Ele chegou a ir até a esquina da casabet365 jackpotRubens Paiva para o encontro. Mas, desconfiado pela não observânciabet365 jackpotalguns detalhesbet365 jackpotsegurança – telefonou para a residência e foi atendido por Eunice, que disse que Rubens viajara - tratoubet365 jackpotir para o ‘ponto’ alternativo e acabou indo embora”.

    Na mesma noite, três jovens foram à residência dos Paiva visitar a amiga Maria Eliana. Acabaram detidos e levados para o Setorbet365 jackpotDiligências Reservadas da Polícia Civil do Estado da Guanabara, que funcionava no Alto da Boa Vista. Ali passaram a noite até serem liberados na manhã seguinte.

    Lembrançasbet365 jackpotCecília: “Com os olhos esbugalhados”

    Esse relato repetiu-se na carta que ela depois endereçou a Eunice e no seu depoimento, prestadobet365 jackpot1986, no Inquérito 91/86 aberto pelo DOPS, da Superintendência da Polícia Federal (PF) do Rio.

    Em 1978, seu marido, Eurico Viveirosbet365 jackpotCastro não permitiu o contato dela com os jornalistas Fritz Utzeri e Heraldo Dias, do Jornal do Brasil, os primeiros a apurarembet365 jackpotdetalhes o desaparecimento/mortebet365 jackpotPaiva. Alegou que ela ficou traumatizada com a prisão, experiência que deseja esquecer.

    Em depoimentos posteriores, Marilene relatou que na Aeronáutica, “foi chamada e confrontada com Rubens Paiva, que não conhecia. Antesbet365 jackpotambos serem postos frente a frente, ouviu gritos e ameaças e uma voz dizendo ‘não seibet365 jackpotJane nembet365 jackpotLuiz Rodolfo’. Lembra-se que Rubens Paiva era um homem gordo e naquela ocasião estava com o rosto muito vermelho, como se estivesse muito nervoso ou mesmo levado alguns tapas na face. Ele suava muito e dizia: ‘nunca vi essa mulher’. A declarante também afirmava nunca ter visto a vítima”.

    Bens apreendidos confirmaram estada no quartel

    Esses relatosbet365 jackpotCecília foram também citados por seu filho, Luiz Paulo,bet365 jackpotcarta escritabet365 jackpot2000. Segundo ele,bet365 jackpotmãe admitiu também: “que vira Rubens Paiva apanhar ao entrar no quartel da Barãobet365 jackpotMesquita, que ouvira seus gritos ao ser torturado na cela ao lado dabet365 jackpote, finalmente, que o ouvira repetir seu nome seguidas vezes quando já estertorava, lembrando que ele fazia questãobet365 jackpotsoletrar o sobrenome “Beyrodt” antes do Paiva”.

    Dias após as prisõesbet365 jackpotPaiva (20bet365 jackpotjaneiro),bet365 jackpotsua mulher e da filha (21bet365 jackpotjaneiro), questionado sobre o paradeiro do ex-parlamentar, o então Comando do Iº Exército (hoje Comando Militar do Leste), generalbet365 jackpotExército Syseno Sarmento, alegou que “o paciente não se encontra preso por ordem nem à disposiçãobet365 jackpotqualquer OM [organização militar] deste Exército”.

    Mas, ao entregarem à famíliabet365 jackpotPaiva o Opel Kadett dele que Eunice identificou no pátio do quartel ao ser libertadabet365 jackpot2bet365 jackpotfevereiro, o Exército acabou fornecendo provabet365 jackpotque o ex-parlamentar esteve naquela unidade militar. O documento serviu ao advogado Lino Machado nos vários habeas corpus que impetrou à época, sem que nenhum tivesse resposta. Foram arquivados.

    O carro não foi o único bem apreendido. Em novembrobet365 jackpot2012 o então governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro,bet365 jackpotcerimônia pública que contou com a presençabet365 jackpotMaria Beatriz Paiva Keller, filhabet365 jackpotPaiva, entregou à Comissão Nacional da Verdade (CNV) documentos que estiveram sob o poder do coronel Júlio Miguel Molinas Dias, ex-comandante do DOI-CODI do Iº Exército. Os documentos foram apreendidos pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, após o assassinato do coronel Molinas,bet365 jackpot1bet365 jackpotnovembrobet365 jackpot2012.

    Um dos papéis intitulado “Turmabet365 jackpotrecebimento”,bet365 jackpot21bet365 jackpotjaneirobet365 jackpot1971, atestava a entradabet365 jackpotRubens Paiva no do DOI-CODI do Iº Exército na véspera e relacionava o que tinha sido apreendido: “cartãobet365 jackpotidentificaçãobet365 jackpotcontribuinte, cartão Diners Club, carteirabet365 jackpothabilitação, cintobet365 jackpotcouro preto, canetas, relógio (“de metal branco marca Movado”), dinheiro (“260 cruzeiros”), 14 livros,bet365 jackpotdiversos autores, e quatro cadernosbet365 jackpotanotações”.

    Versãobet365 jackpotsequestro para explicar desaparecimento

    Sem admitir a morte do preso, surgiu a explicação do seu desaparecimento na versãobet365 jackpotum sequestro entre a noitebet365 jackpot21 e madrugadabet365 jackpot22bet365 jackpotjaneiro daquele ano (1971), no Alto da Boa Vista, local mais afastado, junto à Floresta da Tijuca, na cidade do Riobet365 jackpotJaneiro.

    Segundo o Ministério Público Federal (MPF), montaram uma grande farsa, envolvendo vários níveisbet365 jackpotcomando e uma sequênciabet365 jackpotatos praticados com o objetivobet365 jackpotocultar, para sempre, os autores diretos dos crimes ebet365 jackpotmanter absoluto sigilo a respeito do destino dado ao corpo. Mesmo sendo inverossímil, a farsa foi endossada entre outras instituições, a Câmara dos Deputados, Ministério da Justiça, do Exército e Aeronáutica.

    As primeiras informações sobre esse pseudo-sequestro aparecerambet365 jackpot22bet365 jackpotjaneiro, com a distribuição à imprensabet365 jackpotum comunicadobet365 jackpotduas páginas. Noticiaram o sequestrobet365 jackpotalguém cuja prisão sequer tinha sido noticiada.

    O pesquisador e biógrafo Jason Tércio, ex-produtor da rede BBCbet365 jackpotLondres, afirmoubet365 jackpot2013 no trabalho que fez sobre o ex-deputado para a sériebet365 jackpotPerfis Parlamentares, produzida pela Câmara dos Deputados, que a imprensa brasileira embarcou na farsa dos órgãosbet365 jackpotsegurança.

    “A mentira foi reproduzida num comunicadobet365 jackpotduas páginas entregue à imprensa, repetindo quase na íntegra o ofício do capitão Raymundo, com a recomendaçãobet365 jackpotque os repórteres não acrescentassem nenhuma informação. Além disso, eles foram levados à Avenida Edson Passos para observar o local da “fuga”, puderam fazer anotações à vontade e fotografarbet365 jackpotdiferentes ângulos o fusca carbonizado e com o capô meio levantado.”

    Tércio prosseguiu: “Já na noitebet365 jackpot22bet365 jackpotjaneiro as emissorasbet365 jackpotTV noticiavam a ‘fuga’ e no dia seguinte os principais jornais do Rio estampavam com destaque na primeira página, alguns com letras maiúsculas.

    O Globo: “TERROR LIBERTA SUBVERSIVO DE UM CARRO DOS FEDERAIS”; Jornal do Brasil: “Terroristas metralham automóvel da polícia e resgatam subversivo”; O Jornal: “TERROR METRALHA CARRO LIBERTANDO PRISIONEIRO”; O Dia: “BANDIDOS ASSALTAM CARRO E SEQUESTRAM PRESO”; Tribuna da Imprensa:“Terror resgatou presobet365 jackpotoperação-comando”.

    Como solicitado, os textos eram quase idênticos nos diferentes jornais, só o estilobet365 jackpotredação variava um pouco. Mas nem todos divulgaram o nomebet365 jackpotRubens, e alguns publicaram o sobrenome errado, “Rubens Seixas”, como no boletimbet365 jackpotocorrência. Somente a Tribuna da Imprensa, que publicou a notícia no dia 24, deu o nome completo”

    Em 2bet365 jackpotfevereirobet365 jackpot1971, quando o Ministério do Exército foi intimado a prestar informações no habeas corpus impetrado pelo advogado Lino Machado (HC 30,381) no Superior Tribunal Militar (STM)bet365 jackpotnomebet365 jackpotEunice Paiva, o então ministro, o general Silvio Frota, expôs:

    “O paciente não se encontra preso por ordem nem à disposiçãobet365 jackpotqualquer OM deste Exército. Esclareço, outrossim, que, segundo informaçõesbet365 jackpotque dispõe este Comando, o citado paciente quando era conduzido por Agentesbet365 jackpotSegurança, para ser inquirido sobre fatos que denunciam atividades subversivas, teve seu veículo interceptado por elementos desconhecidos, possivelmente terroristas, empreendendo fuga para local ignorado, o que está sendo objetobet365 jackpotapuração por parte deste Exército”

    Reportagem contestou sequestro

    A versão do sequestro jamais foi aceita por familiares, amigos e políticos que acompanhavam os fatos. E foi contestada publicamente,bet365 jackpot1978, pelos jornalistas Fritz e Heraldo, na reportagem “Quem matou Rubens Paiva?”.

    Os dois, com a ajuda do ex-capitão-paraquedista Sérgio Ribeiro Mirandabet365 jackpotCarvalho, dedicaram-se durante meses investigando o desaparecimentobet365 jackpotPaiva. Conhecido como “Sérgio Macaco”, Carvalho perdeu o comando da tropabet365 jackpotelite da FAB, o esquadrão paraquedistabet365 jackpotresgate Para-Sar e acabou expulso da Força Aérea ao se recusar,bet365 jackpotjunhobet365 jackpot1968, a usar abet365 jackpottropabet365 jackpotatividades subversivas. O mesmo brigadeiro Burnier que torturou Leninha obrigando-a a telefonar para Paiva, queria que o capitão Sérgio e seus comandados explodissem bombas no gasômetro do Riobet365 jackpotJaneiro que poderiam causar milharesbet365 jackpotvítimas, alémbet365 jackpotpromover ataques a autoridades,bet365 jackpotforma a incriminar gruposbet365 jackpotesquerda.

    “Sérgio Macaco” foi reformado pelo AI-5bet365 jackpotdezembrobet365 jackpot1968, perdendo a patente e o ganhobet365 jackpotvida. Só foi anistiado e promovido a brigadeiro depoisbet365 jackpotmorto,bet365 jackpot1994. Burnier só perdeu o Comando da IIIª Zona Aérea ao passar para a reserva, mantendo seus vencimentos,bet365 jackpotdezembrobet365 jackpot1971, após o assassinato do estudante Stuart Angel Jones, na Base Aérea do Galeão. bet365 jackpot Mais um dos inúmeros assassinatos atribuídos aos seus comandados.

    Nas três páginas do Caderno Especial do Jornal do Brasil,bet365 jackpotdomingo. 22bet365 jackpotoutubrobet365 jackpot1978, os jornalistas já admitiam a possível morte no quartel da PE:

    O ex-Deputado federal Rubens Beyrodt Paiva, que aparecebet365 jackpotlistasbet365 jackpotpessoas desaparecidas desde 1971, provavelmente morreu no dia 21bet365 jackpotjaneiro desse ano, sob guarda do DOI-CODI, sediado no quartel da Polícia do Exército, no Rio, devido a maus tratos que sofreu no dia anterior, no quartel da então III Zona Aérea.

    A reportagem relata como tendo sido no Comando Aéreo as pancadas mais fortes que Paiva recebeu. Ele realmente apanhou na Aeronáutica, mas as maiores torturas, como se descobriu depois, ocorreram no quartel do Exército. Começaram na mesma tardebet365 jackpotque os três chegaram ao 1º BPE, após serem “recepcionados” pelos agentes do Centrobet365 jackpotInformações do Exército (CIE), o major Rubens Paim Sampaio e o capitão Freddie Perdigão (Pereira). Logo após, Paiva, Cecília e Marilene passaram a ser interrogados por agentes do DOI e do CIE, entre eles o “oficial loirobet365 jackpotolhos azuis”, identificado como o tenente Antonio Fernando Hughesbet365 jackpotCarvalho.

    Na reportagem, Fritz e Heraldo mostraram que até no registro policial sobre o suposto sequestrobet365 jackpotPaiva na 19ª Delegaciabet365 jackpotPolícia (Tijuca), os militares do DOI escamotearam a verdade. Rubens Paiva foi chamadobet365 jackpotRubens Seixas; sobre o oficial do Exército que comandou a escolta do preso, constava apenas o apelido usado no quartel, não o nome. Os jornalistas narraram:

    O primeiro registro do sequestro está no livro da 19ª DP, na Rua José Higino, na Tijuca. É a ocorrência 257, anotada no serviçobet365 jackpot21 para 22bet365 jackpotjaneirobet365 jackpot1971, assinada pelo comissário Norival Gomes dos Santos. Nela, a versãobet365 jackpotque “o elemento Rubens Seixas”, indiciadobet365 jackpotIPM do CODI-1º Exército, tinha sido sequestrado por um grupo terrorista. O carro era dirigido por um militar, identificado pela polícia como capitão Aranha, e nele viajavam dois outros militares.

    Segundo o registro o carro (Volkswagen 1300, cor verde, motor BF-97562, chassis B7426414, placa GB-214899) dos militares foi interceptado na Av. Edison Passos, quase no Alto da Boa Vista, entre os postes 510/350 e 510/348, por dois outros carros Volkswagen, um azul e outrobet365 jackpotcor clara, finalbet365 jackpotplaca 08, nos quais viajavambet365 jackpotseis a oito elementos.

    A sindicância fixou um detalhe: na fuga, um dos "elementos" foi ferido a tiros. O major sindicante registra que "com um tiro, ele caiu ao chão" e foi arrastado para dentrobet365 jackpotum carro jábet365 jackpotmovimento. Os carros fugirambet365 jackpotdireção à Tijuca, "em alta velocidade, sob uma saraivadabet365 jackpottiros disparados pela equipe".

    Os jornalistas só encontraram a identificação dos três personagens e detalhes do suposto sequestro na Auditoria do Exército:

    Em sindicância datadabet365 jackpot11bet365 jackpotfevereirobet365 jackpot1971, assinada pelo então Major Ney Mendes, o sequestro é recontadobet365 jackpotforma semelhante ao registro policial. O "Rubens Seixas" da delegacia se transforma, então,bet365 jackpotRubens Beyrodt Paiva, e o "Capitão Aranha" é agora identificado como Capitão Raimundo Ronaldo Campos. Os outros dois militares são o 1º sargento Jurandir Ochsendorf e Sousa e o 3º sargento Jacy Ochsendorf e Sousa. O Major sindicante não esclareceu, no documento, mas os dois sargentos são irmãos e paraquedistas. Os quatro militares ainda estão na ativa.

    Diz o Major sindicante que ouviu os três e eles informaram que conduziam Rubens para que este indicasse a casa onde poderia estar um "elemento" que trazia do Chile correspondênciabet365 jackpotbanidos. Rubens não identificou a casa. Na volta, descendo do Alto da Boa Vista, foram interceptados por dois carros Volkswagen, um branco e outro verde ou azul-claro.

    Atacados a tiros, os três militares abandonaram o carro "rapidamente", refugiando-se atrásbet365 jackpotum muro para responder ao fogo. Rubens, ainda segundo a sindicância, durante a trocabet365 jackpottiros, fugiu pela porta esquerda do carro, atravessou a avenida e abrigou-se atrásbet365 jackpotum poste. Ainda durante o tiroteio, Rubens correu para um dos carros, que arrancoubet365 jackpotdisparada.

    A sindicância fixou um detalhe: na fuga, um dos "elementos" foi ferido a tiros. O major sindicante registra que "com um tiro, ele caiu ao chão" e foi arrastado para dentrobet365 jackpotum carro jábet365 jackpotmovimento. Os carros fugirambet365 jackpotdireção à Tijuca, "em alta velocidade, sob uma saraivadabet365 jackpottiros disparados pela equipe".

    A história do sequestro persistiu por anos seguidos, ainda que jamais tenha merecido credibilidade. Tanto assim que a própria Sindicância do Exército, que teoricamente deveria tentar chegar aos seqüestradores, não resultoubet365 jackpotnada. Nem o possível baleado foi procurado e a sindicância foi arquivada. Jamais foi para valer.

    Primeiras informações, quinze anos depois

    Com a redemocratização e a decisão do governobet365 jackpotinvestigar o caso, foi instaurado o Inquérito 91/86 no DOPS da Superintendência da Polícia Federal do Rio. Também abriram um processo na 1ª Auditoria do Exército da 1ª Circunscrição da Justiça Militar (CJM) do Rio. Surgiram então informações desconhecidas.

    O médico/psicanalista Amilcar Lobo – identificado por ex-prisioneiras políticas como tendo atuado no DOI-CODI do 1º BPE para dar suporte às torturas físicas -, nos dois procedimentos admitiu ter sido buscadobet365 jackpotcasabet365 jackpotuma madrugada para atender a um preso. Na Auditoria Militar identificou a data: 21bet365 jackpotjaneirobet365 jackpot1971. Diante do juiz auditor, Oswaldo Lima Rodrigues Júnior, deixou claro que o preso atendido corria riscobet365 jackpotvida:

    “Esse preso apresentava inúmeras equimoses, escoriações e o que mais me chamou a atenção na ocasião, o abdômenbet365 jackpottábua, endurecido, o que me levou a fazer um diagnósticobet365 jackpotuma hemorragia abdominal, provavelmente hepática; que esta pessoa disse chamar-se Rubens Paiva; que no momentobet365 jackpotque terminava esse atendimento o paciente voltou a repetir seu nome – Rubens Paiva; que o depoente aconselhou o oficial que o acompanhava a internação imediata num hospital do referido preso e chegou a mencionar que suspeitavabet365 jackpotuma ruptura hepática; o que não foi atendido, no momento; que no dia seguinte o depoente veio a saber que o mencionado Rubens Paiva havia falecido”.

    Em 1986, o Conselho Regionalbet365 jackpotMedicina do Estado do Riobet365 jackpotJaneiro (CREMERJ) cassou o registro profissional do médico Amilcar Lobo porbet365 jackpotparticipação nas torturas a presos políticos. A decisão foi ratificadabet365 jackpot1989 pelo Conselho Federalbet365 jackpotMedicina (CFM).

    43 anos depois, a confissão: “Não conheci Rubens Paiva”

    Com a instalação da Comissão Nacional da Verdade – CNV (maiobet365 jackpot2012) e da Comissão Estadual da Verdade do Rio – CEV-Rio (maiobet365 jackpot2013) novos relatos sobre a mortebet365 jackpotPaiva surgiram.

    Os relatos das atrocidades culminaram, 43 anos depois, com o desmentido oficial da versão do sequestro. Partiu justamente do oficial do Exército que registrou na 19ª Delegaciabet365 jackpotPolícia a ocorrência que teria acontecido na noitebet365 jackpot21bet365 jackpotjaneiro e madrugadabet365 jackpot22bet365 jackpotjaneirobet365 jackpot1971.

     “Eu jamais conheci Rubens Paiva”, admitiu o já então coronel da reserva Raymundo Ronaldo Campos,bet365 jackpot18bet365 jackpotnovembrobet365 jackpot2013,bet365 jackpotuma conversa pessoal que tivemos nabet365 jackpotcasa, na Barra da Tijuca. Para chegar lá, foram necessários dez mesesbet365 jackpotcontatos telefônicos semanais, até concordarbet365 jackpotme receber como assessor da CEV-Rio.

    De possebet365 jackpotcópia da reportagembet365 jackpotFritz e Heraldo com as evidênciasbet365 jackpotque não houve sequestro, alertei-obet365 jackpotque por conta do registro da ocorrência na polícia, seu nome estava vinculado eternamente ao desaparecimento/mortebet365 jackpotPaiva. Depois, este repórter apelou para o seu lado emocional:

    “Coronel, o senhor já imaginou a reaçãobet365 jackpotumbet365 jackpotseus netos caso um  amiguinho dele aponte o senhor como assassino do Rubens Paiva’? Afinalbet365 jackpotcontas, o desaparecimento dele está relacionado a um sequestro (que não houve) relatado pelo senhor”.

    A pergunta inesperada o fez pensativo. Poucos minutos depois, tirando um peso da consciência como iria admitir meses depois, desabafou: “Eu jamais conheci Rubens Paiva”. A partirbet365 jackpotentão,bet365 jackpotuma conversa toda gravada, detalhou a montagem da farsa do sequestro.

    Após digitalizarbet365 jackpotformabet365 jackpotdepoimento o que foi narrado, uma semana depois, ele assinou o texto já na presença do presidente da Comissão Estadual da Verdade, Wadih Damous.

    Hughes flagrado espancando Paiva

    Sete meses antes dessa confissão,bet365 jackpot24bet365 jackpotabrilbet365 jackpot2013, o então coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o ex-Procurador Geral da República Claudio Fonteles, ouviubet365 jackpotum militar cuja identidade naquele momento foi mantidabet365 jackpotsegredo, o relato que comprovou que o tenente Hughes foi o principal responsável pelos espancamentos no ex-deputado, dentro das instalações do DOI-CODI.

    O segredo na identificação do militar foi derrubado pelo Ministério Público Federal, após depoimento da testemunha. Tratava-se do na época comandante do Pelotãobet365 jackpotInvestigações Criminais do 1º BPE, tenente Armando Avólio Filho.

    No depoimento por escrito, narrou: “Nesse mesmo dia (seguinte à chegada [de Rubens Paiva ao DOI]) e quase ao término do expediente por volta das 17hs., ao me despedir dos soldados e sargentos do pelotão, reparei que a portabet365 jackpotuma das salasbet365 jackpotoitiva do DOI estava entreaberta. (...) Ao dirigir-me para fechá-la, deparei com um interrogador do DOI,bet365 jackpotnome HUGHES (...), no seu interior, utilizando-sebet365 jackpotempurrões, gritos e ameaças contra um homem que aparentava já ter uma certa idade. Reparei, na fisionomia desta pessoa, um arbet365 jackpotprofundo esgotamento físico”.

    O fato foi levado ao conhecimento do chefe da 2ª Seção do Batalhãobet365 jackpotPE, capitão Ronald José Motta Baptistabet365 jackpotLeão. Ambos foram à sala do comandante do DOI-CODI, major José Antônio Nogueira Belham, e “comunicaram-lhe pessoalmente que Hughes estava matando a vítima”. A mesma comunicação foi feita ao comandante do 1º BPE, coronel Ney Fernandes Antunes. Mas nada foi feito.

    “Fui o último civil a ver Paiva agonizando”

    A esse relato soma-se outro, levantado pela CEV-Rio que localizou o médico Edson Medeiros, provavelmente o último civil a ver Rubens Paiva vivo. Ele foi presobet365 jackpotCanoas (RS), na véspera do Natalbet365 jackpot1970, e levado ao Rio pelo então coronel Paulo Malhães, um dos agentes do CIE que mais se destacou na repressão, especialmente na tortura.

    Medeiros, que não tinha militância política, foi liberado na tardebet365 jackpot21bet365 jackpotjaneirobet365 jackpot1971, motivo pelo qual fixou a data do que presenciou. Em marçobet365 jackpot2015 ele concordoubet365 jackpotfalar à CEV-Rio. Fomos à casa dele,bet365 jackpotCopacabana, eu e o membro da Comissão, Álvaro Caldas. Um relato que demorou 1h30 minutos no qual ele nos garantiu:

    “Declaro ter a mais inabalável e firme convicçãobet365 jackpotter sido a última pessoa, sem contar os seus algozes, a ver na dependência do DOI-CODI a figura agonizante do então deputado Rubens Beyrodt Paiva e horas depois, o que deve ter sido sem sombrabet365 jackpotdúvida, a passagem do corpo, coberto, inerte e decesso do ex-deputado. Claro, sou médico, mas não posso cometer a leviandadebet365 jackpotafirmar com absoluta certezabet365 jackpotque ele estava morto, mas estava inerte e arrastado pelo corredor”.

    A morte ocorreubet365 jackpot21bet365 jackpotfevereiro conforme a confissão que nos foi dada,bet365 jackpotnovembrobet365 jackpot2013, pelo então coronel da reserva Raymundo Ronaldo Campos, quebet365 jackpot1971 usava o apelidobet365 jackpot“capitão Aranha”. No depoimento à CEV-Rio explicou como seu nome foi envolvido na repressão política:

    ”...que embora nunca tenha feito nenhuma prisão e nem participadobet365 jackpotinterrogatório, acredita que seu nome veio a público e ficou conhecido por conta do chamado Caso Rubens Paiva, pois acham que tenha interrogado o ex-deputado Rubens Paiva; que jamais conheceu Rubens Paiva, embora a versão que tenha sido dada é que ele tenha o transportado como preso ao Alto da Boa Vista momentobet365 jackpotque teria ocorrido um sequestro, creditado a militantes políticosbet365 jackpotorganizaçõesbet365 jackpotesquerda; que, na verdade, jamais viu Rubens Paiva;”

    “Morreu, morreu, morreu no interrogatório”

    Ao dar detalhes das ordens que recebeu na noitebet365 jackpot21bet365 jackpotjaneiro do chefe do setorbet365 jackpotoperações que estavabet365 jackpotplantão, o Major Francisco Demiurgo Santos Cardoso, o coronel Raimundo acabou confirmando indiretamente a mortebet365 jackpotPaiva sob tortura:

    “...que no diabet365 jackpotque estes fatos ocorreram, na noitebet365 jackpot21 para 22bet365 jackpotjaneirobet365 jackpot1971,bet365 jackpotdado momento, sem lembrar da hora exata, o chefe do setorbet365 jackpotoperações que estavabet365 jackpotplantão, no caso, o Major Francisco Demiurgo Santos Cardoso o chamou e disse ‘olha, você vai pegar o carro, levarbet365 jackpotum ponto bastante distante daqui, vai tocar fogo no carro para dizer que o carro foi interceptado por terroristas e vem para cá’; que chegou a questionar seu superior perguntando ‘ué, por quê?’ tendo ouvido como resposta que era para ‘justificar o desaparecimentobet365 jackpotum prisioneiro’; que nesta hora o major Demiurgo não lhe deu o nome do prisioneiro e só depois, quando voltou ao quartel e preencheu o Mapabet365 jackpotMissão, é que foi informadobet365 jackpotque se tratavabet365 jackpotRubens Paiva, motivo pelo qual no Mapabet365 jackpotMissão aparece o nome do preso político; que a justificativa para o desaparecimento do preso, segundo ouviu do major Demiurgo, foi que a pessoa que deveria estar no carro morreu no interrogatório; que não lhe foi ditobet365 jackpotque condições esta pessoa morreu no interrogatório; que o major apenas informou, ‘morreu, morreu, morreu no interrogatório’; que assim como não foi informadobet365 jackpotdetalhes da morte do preso, nada soube a respeito do destino do corpo do mesmo.”

    Torturador, tornou-se um achacador”.

    Durante as suas apurações no anobet365 jackpot1978, os repórteres Fritz e Heraldo receberam informaçõesbet365 jackpotque os restos mortaisbet365 jackpotPaiva foram enterrados no Alto da Boa Vista, nas proximidades do Setorbet365 jackpotDiligências Reservadas da Polícia Civil do Estado da Guanabara, que funcionava no prédio onde hoje está um quartel do Corpobet365 jackpotBombeiros.

    Nesse Setorbet365 jackpotDiligências atuavam policiais ligados ao Esquadrão da Morte – como o detetive Fernando Gargaglione -, que prestaram serviços aos órgãosbet365 jackpotrepressão política, notadamente ao DOI-CODI, ao Centrobet365 jackpotInteligência do Exército (CIE) e ao Centrobet365 jackpotInformações da Marinha (CENIMAR).

    Fritz e Heraldo, para desespero do administrador do Jornal do Brasil, apresentaram ao mesmo pedidobet365 jackpotreembolso através da entregabet365 jackpotnota fiscal da comprabet365 jackpotuma pá e uma enxada. Entendendo serem objetos estranhos ao jornalismo, o administrador relutoubet365 jackpotpagar e acabou surpreso com a ordem do então diretor da redação do JB, Walter Fontoura: “pague sem discutir”, Os dois chegaram a fazer algumas escavações naquele bairro, sem nenhum sucesso.

    Atravésbet365 jackpotSérgio Macaco, souberam depois que o corpo poderia estar no Recreio dos Bandeirantes. O então capitão reformado da Aeronáutica conseguiu uma escavadeira e remexeu parte da areiabet365 jackpotbuscabet365 jackpotalgum vestígio, novamente sem sucesso.

    Mesmo após a reportagem publicadabet365 jackpot1978, os jornalistas continuaram buscando informações do caso. Chegaram,bet365 jackpot1979, ao capitão Ronald José Motta Batista Leão, quebet365 jackpot1971 era chefe da 2ª Seção (o chamado serviço secreto) do 1º BPE e teria sido alertado pelo “Agente Y”, na tardebet365 jackpot21bet365 jackpotjaneiro para o interrogatório com “método não tradicional”.

    No Relatório da CEV-Rio consta que o capitão pediu aos dois “uma quantia significativa para apresentar provas que Rubens Paiva havia sido morto no DOI-CODI”. O Relatório concluiu: “de torturador, tornou-se um achacador”.

    O fato fez com que o ministro do Exército à época, general Walter Pires, ligasse para Fontoura, o diretor da redação do JB, recomendando que não pagassem ao capitão Leão por ele não ter nenhuma informação. Fontoura, tal como me revelou quando o procurei na condiçãobet365 jackpotassessor da CEV-Rio, chegou a cobrar do general Pires as informações sobre o corpo que ele alegava que o capitão não teria. Não obteve resposta.

    Dois enterros e desenterros

    Em 1986 a versão do enterrobet365 jackpotPaiva nas proximidades da praia da Barra da Tijuca levou o secretário estadualbet365 jackpotPolícia Civil do Rio, Nilo Batista, do governobet365 jackpotLeonel Brizola, a promover uma escavaçãobet365 jackpotterrenos da região. Localizaram uma ossada levada ao Instituto Médico Legal verificou-se ser esqueletobet365 jackpotum equino.

    O mistériobet365 jackpottorno do destino dos restos mortaisbet365 jackpotPaiva, enterrado e desenterrado duas vezes, acabou esclarecidobet365 jackpotmarçobet365 jackpot2014 quando, ainda pela CEV-Rio, juntamente com a advogada Nadine Borges, que chegou a coordenar a Comissão por alguns meses, conseguimos o depoimento do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, ex-participante do CIE, torturador e assassino confesso.

    Na casabet365 jackpotque ele residia na zona rural do municípiobet365 jackpotNova Iguaçu, na Baixada Fluminense, gravamos maisbet365 jackpot10 horasbet365 jackpotdepoimentosbet365 jackpotduas tardes. Suas declarações foram transcritasbet365 jackpot249 páginas com as mais diversas informações sobre fatos relacionados à repressão política. No Relatório da CEV-Rio, a respeitobet365 jackpotPaiva, consta:

     “Em 11bet365 jackpotmarçobet365 jackpot2014, o coronel reformado do exército Paulo Malhães, torturador e assassino confesso, admitiu ter ajudado a ocultar os restos mortais do parlamentar. Segundo seu relato, num primeiro momento o corpo foi enterrado no Alto da Boa Vista, iniciativa dos militares do DOI-CODI, com a participação do policial civil Fernando Próspero Gargaglionebet365 jackpotPinho, lotado no chamado Setorbet365 jackpotDiligências Reservadas da polícia Civil do Estado da Guanabara, que funcionavabet365 jackpotum prédio situado no Alto da Boa Vista. Devido àbet365 jackpotintegração com os militares do DOI-CODI e do CIE e do Centrobet365 jackpotInformações da Marinha (CENIMAR), a delegacia serviu à repressão política.

    Pouco tempo depois, militares do DOI-CODI perceberam que uma obrabet365 jackpotcalçamento da estrada poderia levar à descoberta do cadáver e providenciaram seu traslado para um terreno na Barra da Tijuca. Malhães admitiu ter participadobet365 jackpotum segundo desenterro, no terreno da Barra. O corpo,bet365 jackpotestadobet365 jackpotputrefação, foi transportado porbet365 jackpotequipebet365 jackpotum saco impermeável e jogadobet365 jackpotum rio, provavelmente o Piabanha,bet365 jackpotItaipava, região serrana do Riobet365 jackpotJaneiro. O Piabanha deságua no Rio Paraíba que correbet365 jackpotdireção ao oceano Atlântico”. 

    Crimes contra humanidade, crimes permanentes

    Pouco tempo depois do depoimento prestado à CEV-Rio, o coronel Raymundo foi ouvido pelos procuradores da República Sérgio Gardenghi Suiama e Antonio do Passo Cabral, que participam do Grupobet365 jackpotTrabalho Justiçabet365 jackpotTransição, encarregadobet365 jackpotbuscar a punição dos agentes estatais que violaram os Direitos Humanos.

    Os dois, com as procuradoras da República do Rio Tatiana Pollo Flores e Ana Cláudiabet365 jackpotSales Alencar, o colegabet365 jackpotSão Paulo Andrey Borgesbet365 jackpotMendonça e o Procurador Regional da República Marlon Alberto Weichert apresentaram,bet365 jackpotmaiobet365 jackpot2014, na 4ª Vara Criminal Federal do Riobet365 jackpotJaneiro denúncia criminal contra os militares pela morte e desaparecimentobet365 jackpotPaiva.

    Eles relacionaram nove militares envolvidos no homicídio doloso, triplamente qualificado: por motivo torpe; com empregobet365 jackpottortura; e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Também foram incluídos no crimebet365 jackpotformaçãobet365 jackpotquadrilha para a prática dos crimesbet365 jackpotlesa-humanidade tipificados como sequestros, homicídios e ocultaçõesbet365 jackpotcadáver

    A denúncia atingiu apenas os cinco militares que estavam vivos: o já então general reformado José Antonio Nogueira Belham; os coronéis reformados Rubens Paim Sampaio e Raymundo Ronaldo Campos; e os capitães Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza.

    O coronel Raymundo e os irmãos Ochsendorf também foram acusados por fraude processual, por conta da invençãobet365 jackpotum sequestro que não ocorreu.

    Por já terem falecido, ficarambet365 jackpotfora da denúncia pelo homicídio o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier; o coronel Ney Fernandes Antunes; o capitão Freddie Perdigão Pereira; e o tenente Antônio Fernando Hughesbet365 jackpotCarvalho. Também por estarem mortos, deixarambet365 jackpotser acusados pela formaçãobet365 jackpotquadrilha o generalbet365 jackpotExército Syseno Sarmento (o ex-comandante do Iº Exército), o tenente coronel José Luiz Coelho Netto, que comandava o Centrobet365 jackpotInteligência do Exército; os majores Ney Mendes (chefe da Secçãobet365 jackpotOperações do DOI-CODI) e Francisco Demiurgo Santos Cardoso (Chefe da Seçãobet365 jackpotInformações do DOI-CODI), além do tenente coronel Paulo Malhães, agente do CIE.

    Em maiobet365 jackpot2014, a denúncia foi acatada pelo juiz federal Caio Márcio Gutterres Taranto, da 4ª Vara Federal. Ele ressaltou que “a qualidadebet365 jackpotcrimes contra a humanidade do objeto da ação penal obsta a incidência da prescrição”. E acrescentou: “o homicídio qualificado pela práticabet365 jackpottortura, a ocultação do cadáver (após tortura), a fraude processual para a impunidade (da práticabet365 jackpottortura) e a formaçãobet365 jackpotquadrilha armada (que incluía torturabet365 jackpotsuas práticas) foram cometidos por agentes do Estado como formabet365 jackpotperseguição política”.

    O advogado Rodrigo Roca, defensor dos militares, questionou o fatobet365 jackpoto MPF buscar no direito internacional justificativa para a denúncia. Recorreu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região pedindo trancamento da ação por ausênciabet365 jackpotcompetência constitucional da Justiça Federal para formaçãobet365 jackpottribunal do júri; a natureza militar dos crimes, que atrairia a competência da Justiça Militar; e a aplicabilidade da Lei da Anistia,bet365 jackpot1979.

    Em setembrobet365 jackpot2014, a Segunda Turma do TRF2 negou o habeas corpus para trancar a ação penal. O relator, desembargador federal Messod Azulay (hoje ministro do STJ), entendeu que se tratabet365 jackpotcrime permanente, ou seja, crime que,bet365 jackpottese, ainda continua sendo perpetrado porque o corpo não foi localizado. Foge ao escopo da Lei da Anistia.

    No Supremo Tribunal, porém, Rocca teve um resultado melhor. Em setembrobet365 jackpot2014, o ministro Teori Zavascki reconheceu que “não há como negar que a decisão reclamada (a denúncia recebida) é incompatível com o que decidiu esta Suprema Corte no julgamento da ADPF 153,bet365 jackpotque foi afirmada a constitucionalidade da Lei 6.683/79 (Leibet365 jackpotAnistia)”. A ação foi suspensa.

    Mas a defesa também recorreu ao Superior Tribunalbet365 jackpotJustiça (STJ) - Recursobet365 jackpothabeas corpus nº 57.799 (2015/0068683-1). Nele, inicialmente (abrilbet365 jackpot2015) o ministro relator, Gurgelbet365 jackpotFarias, negou a liminar. Masbet365 jackpotdezembrobet365 jackpot2019 a Quinta Turma concedeu a ordem por unanimidade e trancou a Ação Penal, respaldada no voto do relator Joel Ilan Paciornik

    O debatebet365 jackpottorno do crime permanentebet365 jackpotocultaçãobet365 jackpotcadáver voltou a ser provocado junto ao Supremo Tribunal Federal,bet365 jackpotoutra ação impetrada pela defesabet365 jackpotmilitares acusadosbet365 jackpottortura. O ministro Flávio Dino nabet365 jackpotargumentação citou o filme “Ainda estou aqui” , cuja atriz Fernanda Torres, acababet365 jackpotreceber o prêmio Globobet365 jackpotOuro:

    "No momento presente, o filme “Ainda Estou Aqui” - derivado do livrobet365 jackpotMarcelo Rubens Paiva e estrelado por Fernanda Torres (Eunice) - tem comovido milhõesbet365 jackpotbrasileiros e estrangeiros. A história do desaparecimentobet365 jackpotRubens Paiva, cujo corpo jamais foi encontrado e sepultado, sublinha a dor imprescritívelbet365 jackpotmilharesbet365 jackpotpais, mães, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, que nunca tiveram atendidos seus direitos quanto aos familiares desaparecidos. Nunca puderam velá-los e sepultá-los, apesarbet365 jackpotbuscas obstinadas como abet365 jackpotZuzu Angel à procura do seu filho", diz o voto do ministro. O assunto, portanto, voltará ao debate na Suprema Corte após o recesso judicial.

    Só dois ainda estão aqui

    Nesse períodobet365 jackpottempo, desde que a Reclamação foi impetrada no STF, faleceram três dos cinco denunciados: Rubens Paim Sampaio,bet365 jackpot2017, Jurandyr Ochsendorf e Souza,bet365 jackpot2019, e Raymundo Ronaldo Campos,bet365 jackpot2020.

    Restam vivos José Antonio Nogueira Belham que, mesmo denunciadobet365 jackpot2014, no governo Bolsonaro foi promovido à patentebet365 jackpotmarechal. Também sobrevive o hoje já major Jaci Ochsendorf e Souza.

    * Este é um artigobet365 jackpotopinião,bet365 jackpotresponsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasilbet365 jackpot.

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