O Brasil deve se alinhar a um dos polos da nova “Guerra Fria”?

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O caso da Venezuela vem provocando críticas internas à política externa do Brasil. 

No plano mundial, está tudo indo bem. O Brasil vem recuperando celeremente o protagonismo regional e internacional perdido com Bolsonaro. Nosso papeltabela das oitavas de final da copa do mundo 2024mediador é muito elogiado por diversos países e até mesmo pela oposição venezuelana.

No plano interno, não obstante, às velhas críticas da direita se somam, agora, críticastabela das oitavas de final da copa do mundo 2024alguns setores da esquerda. Esses setores consideram que o Brasil deveria ser mais assertivo na luta contra o “imperialismo”, o que implicaria escolher alinhar-se ao “polo oposto”, na luta pelo poder mundial.

Acredito que isso seria um erro estratégico.

Em primeiro lugar, é preciso considerar que o que se chamatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024nova “Guerra Fria” é uma invenção e uma imposição do EUA e aliados.

Esses países querem a volta da antiga ordem mundial, que predominava até o início deste século, caracterizada pela hegemonia praticamente absoluta dos EUA e por um unilateralismo agressivo, que corroía, e ainda corrói, as instituições multilaterais.

Nesse sentido, os EUA e aliados pressionam o denominado Sul Global para que “escolha” entre o lado das “democracias” e o lado das “autocracias”.  

Pude testemunhar pessoalmente essa pressão na Comissãotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024Relações Exteriores etabela das oitavas de final da copa do mundo 2024Defesa Nacional da Câmara dos Deputados do Brasil, quando da visitatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024uma delegação da Comissãotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024Relações Exteriores do Parlamento Europeu ao nosso país.

Na conversa, um parlamentar estoniano, do grupotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024direita “Identidade e Democracia”, afirmou, a respeito do conflito na Ucrânia e da geopolíticatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024geral, que o Brasil “teriatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024decidir” entre ficar do lado das “democracias”, isto é, o lado da Europa, dos EUA e aliados, ou do lado das “ditaduras”, a saber, Rússia, China e outros países. Não haveria meio-termo e equidistância possíveis.

Outro parlamentar europeu afirmou que a China tende a “escravizar” outros países, por meiotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024empréstimos e dívidas. Um parlamentar espanhol classificou o conflito da Ucrânia como uma “guerra imperialista” promovida unilateralmente pela Rússia, que, segundo ele, quer impor seu domínio autocráticotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024toda a Europa.

Essa é a mentalidade binária, simplista e obsoleta que predomina nos EUA e seus aliados. Não apenas isso. É uma mentalidade profundamente antidemocrática, que considera que democracia, a democracia segundo o modelo ocidental, é algo a ser imposto via sanções, golpes e intervenções militares.

Por outro lado, não há nenhuma pressão por partetabela das oitavas de final da copa do mundo 2024China, Rússia, Irã outabela das oitavas de final da copa do mundo 2024nenhuma outra “autocracia” para que o Brasil se alinhe automaticamente aos seus interesses.

Tome-se o exemplo das estratégicas relações bilaterais Brasil-China, que completam, neste ano, meio séculotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024grandes realizações.

Neste longo período, o único momentotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024alguma tensão se deu quando Bolsonaro et caterva passaram a agredir a China sistematicamente. Em nenhum momento, Beijing pressionou o Brasil a se tornar “socialista” ou a se afastar dos EUA e da Europa para cooperar ativamente com o nosso país. O mesmo se dá com a Rússia, Irã, Turquia etc.

A construção do BRICS, fundamental para a afirmaçãotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024um mundo multipolar, também obedece à mesma lógica não-excludente. Com efeito, esse bloco geopolítico incorpora países que têm boas relações com EUA e aliados, como Brasil, África do Sul, Índia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes. Observe-se que a Argentinatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024Milei só não entrou porque não quis. Não foi o Brics que vetou a Argentina. Foi a Argentinatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024Milei que vetou o BRICS, por alinhamento ideológico aos falsos dilemas da nova “Guerra Fria”.

A questão essencial, contudo, tange ao fatotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024que quaisquer alinhamentos desse tipo limitariam, a priori, o protagonismo do Brasil. Uma política externa realista, racional, profícua e realmente soberana temtabela das oitavas de final da copa do mundo 2024ser sustentada essencialmente com base nos interesses nacionais, não com basetabela das oitavas de final da copa do mundo 2024interessestabela das oitavas de final da copa do mundo 2024terceiros países, por mais “amigáveis” que possam ser.

É claro que, no atual cenário mundial, muito mais diverso do que aquele que prevalecia até o início deste século, as oportunidades maiores para a expansão do protagonismo do Brasil estão no Sul Global e,tabela das oitavas de final da copa do mundo 2024especial, natabela das oitavas de final da copa do mundo 2024própria região.

Isso não significa, porém, investirtabela das oitavas de final da copa do mundo 2024uma política externa confrontacionista com os EUA, a União Europeia etc. Com esses países, as oportunidadestabela das oitavas de final da copa do mundo 2024cooperação são mais estreitas e sujeitas a maiores assimetrias e, muitas vezes, a imposições políticas inaceitáveis. Mas estão longetabela das oitavas de final da copa do mundo 2024serem inexistentes.

Nos dois primeiros governos Lula e nos governos Dilma, a política externa ativa e altiva aumentou muito o protagonismo brasileiro, mediante a estratégia da “autonomia pela diversificação”. Naquela época, o Brasil sem abandonar seus parceiros mais tradicionais (EUA e Europa), expandiu-se no mundo mediante parcerias estratégicas com países como China e Rússia, mediante a aproximação à África e ao Oriente Médio, e por meiotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024um grande investimento na integração regional soberana.

É verdade que o cenário mundialtabela das oitavas de final da copa do mundo 2024hoje é bem mais complicado e conflitivo que o quadro daquela época. O superciclo das commodities encerrou-se, tivemos uma crise econômica profunda, a emergênciatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024uma extrema-direita internacional bastante ativa, a desaparição paulatina, mas constante, da complementariedade entre as economias chinesa e estadunidense, a reação da Rússia à continua expansão da Otantabela das oitavas de final da copa do mundo 2024direção às suas fronteiras, a centralidade da política externa dos EUA na “disputa pelo poder mundial” com China, Rússia e as “autocracias” etc. etc.

Mas é justamente esse quadro mais conflitivo que recomenda, á luz dos interesses do Brasil, a insistência e o aprofundamentotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024uma política externa universalista, pacifista e não-alinhada.

Não se tratatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024neutralismo ingênuo, como avaliam alguns.

Na realidade, é a melhor maneiratabela das oitavas de final da copa do mundo 2024propugnar por uma ordem mundial multipolar e simétrica, mais permeável aos interessestabela das oitavas de final da copa do mundo 2024países como o Brasil. As grandes disputas mundiais criam espaços para o Brasil ocupar. 

Hátabela das oitavas de final da copa do mundo 2024se considerar, ademais, nessa avaliação, uma questãotabela das oitavas de final da copa do mundo 2024estratégia geoeconômica absolutamente fundamental para o futuro do Brasil.

Nosso país precisa muito se “reindustrializar”, com basetabela das oitavas de final da copa do mundo 2024novas tecnologias limpas e “descarbonizadas”. O Brasil tem imenso potencial nesse campo, mas precisatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024parcerias tecnológicas etabela das oitavas de final da copa do mundo 2024investimentos para concretizar esse potencial. Dessa maneira, a nova dimensão criada pela necessidade da “neoindustrialização” temtabela das oitavas de final da copa do mundo 2024ter absoluta centralidade na política externa do Brasil, emtabela das oitavas de final da copa do mundo 2024dimensão econômica, comercial e tecnológica.

Temos se fazer um grande esforço,tabela das oitavas de final da copa do mundo 2024política externa, para dar sustentáculo a um esforço interno vital. Por conseguinte, não podemos rejeitar, a priori, por motivos geopolíticos, nenhuma oportunidadetabela das oitavas de final da copa do mundo 2024cooperação.  Esse seria um erro crasso, um bolsonarismo com sinais invertidos. 

E teremostabela das oitavas de final da copa do mundo 2024revisar as prioridades nas relações com alguns países que têm maior capacidade tecnológica etabela das oitavas de final da copa do mundo 2024investimentos que o nosso, independentementetabela das oitavas de final da copa do mundo 2024que “lado” da nova “Guerra Fria” estejam. Afinal, se permanecermos como exportadorestabela das oitavas de final da copa do mundo 2024commodities etabela das oitavas de final da copa do mundo 2024produtos industriaistabela das oitavas de final da copa do mundo 2024baixo valor agregado nosso protagonismo internacional será sempre limitado.

Já escrevi, alhures, que entre um e outro lado da “Guerra Fria”, o Brasil, rejeitando as imposições e as pressõestabela das oitavas de final da copa do mundo 2024EUA e aliados, escolhe o Brasil. Não se tratatabela das oitavas de final da copa do mundo 2024frase vazia e retórica ingênua.

É simplesmente a melhor estratégia para promover nossos interesses próprios. Sempre será.