Madurismo e a traição ao chavismo

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Se havia um sentido revolucionário na “Revolução Bolivariana”casa de apostas afiliadosHugo Chávez, este foi traído por Nicolás Maduro. Chávez pretendia uma Venezuela menos dependente, mais igual, mais justa, mais livre e democrática. Os eixos principaiscasa de apostas afiliadossua transformação implicavamcasa de apostas afiliadosuma democracia fortemente participativa e popular ecasa de apostas afiliadosprogramas sociais distributivos, que produzissem igualdade social. O controle estatal da cadeia petrolífera, principal riqueza da Venezuela, deveria impedir que as elites patrimonialistas se apossassem dela com exclusividade, deixando o povo na pobreza. O aprofundamento do caráter democrático do regime previa o uso dos instrumentos do plebiscito ecasa de apostas afiliadosreferendos revogatórios.

Com Chávez, a Venezuela superou uma longa crise econômica e social, reduziu a pobreza, melhorou os Índicescasa de apostas afiliadosDesenvolvimento Humano, reduziu as desigualdades, implementou políticas públicas distributivas, sem destruir o caráter democrático do regime.

O chavismo tinha um sentido democrático, inclusivo e socializante. O madurismo é ditatorial, oligárquico e excludente. Sob Maduro, os programas sociais distributivistas estão agonizantes. Milhõescasa de apostas afiliadosvenezuelanos migram para outros paísescasa de apostas afiliadosbuscacasa de apostas afiliadostrabalho para mandar dinheiro para suas famílias e parentes empobrecidos nos bairros da Venezuela.

Pepe Mujica não tem dúvidascasa de apostas afiliadosque o regimecasa de apostas afiliadosMaduro é uma ditadura e que ele é um ditador. Alémcasa de apostas afiliadosimplantar um regime “cívico-militar e policial”, desde 2013 viabilizou a repressão não só a opositorescasa de apostas afiliadosdireita, mas também aoscasa de apostas afiliadosesquerda, que foram rompendo com o regime à medidacasa de apostas afiliadosque ele foi se tornando antipopular, e restaurador do rentismo das velhas elites agora com novos sócios: os militares e policiaiscasa de apostas afiliadosalta patente, a alta burocracia estatal e a elite política corrupta. O regime ditatorialcasa de apostas afiliadosMaduro transformou-se tambémcasa de apostas afiliadosuma oligarquia rentista.

Um dos primeiros a denunciar a traiçãocasa de apostas afiliadosMaduro foi o historiador e ex-guerrilheiro Toby Valderrama a quem Chávez chamavacasa de apostas afiliados“velho camarada”. Valderrama e seus companheiros acusaram o novo grupocasa de apostas afiliadospoder pós-Chávezcasa de apostas afiliadoster reconstituído “o pacto com a burguesia” e reconstruído o capitalismo das elites. Héctor Navarro, ocupantecasa de apostas afiliadosquatro ministérios no governo Chávez e amigo do ex-presidente, afirma que Maduro entregou o país nas mãoscasa de apostas afiliadosinteresses estrangeiros.

Gustavo Márquez, ex-ministro do Comércio Exteriorcasa de apostas afiliadosChávez e ex-embaixador, denunciou várias vezes a faltacasa de apostas afiliadoslegitimidadecasa de apostas afiliadosMaduro. Afirmou que Maduro e Juan Guaidó são duas faces da mesma moeda. Sustentou que Maduro e os generais promoveram a partilha do bolo do petróleo entre empresas americanas, a China e a Rússia. Com efeito, além dos russos e chineses, agora o regime tem novos parceiros no negócio do petróleo: a Chevron americana, a britânica Shell, a Repsol espanhola e a francesa Maurel & Pron. Para Márquez, esse regime oligárquico aprofunda o rentismo petroleiro, tornando “mais barato importar do que produzir” e estabelecendo controles que destruíram a economia do país.

Rafael Ramirez, ex-ministro do Petróleo da Venezuela foi mais longe: disse que Maduro promove eleições com o medo, a fome e a manipulação. Não se pode ter eleições livres “com a pistola apontada para as cabeças das pessoas”. Ele foi um dos primeiros a dizer que Maduro não é chavista: "El gobiernocasa de apostas afiliadosMaduro no se puede definircasa de apostas afiliadosotra manera que um Gobiernocasa de apostas afiliadosderecha", afirma categórico ao denunciar a corrupção e o caráter militar e policialesco do regime. Acrescenta que o fatocasa de apostas afiliadosesquerdistas apoiarem Madurocasa de apostas afiliadosvárias partes do mundo representa “uma desfiguração dessas esquerdas”, pois “muitas abordagenscasa de apostas afiliadosum partido que se dizcasa de apostas afiliadosesquerda coincidem com as abordagenscasa de apostas afiliadosdireita”.

A revistacasa de apostas afiliadosesquerda francesa, Les Temps Modernes, fundada por Jean Paul Sartre e Simonecasa de apostas afiliadosBeauvoir, já havia rompido com o regimecasa de apostas afiliadosMadurocasa de apostas afiliados2018, acusando-ocasa de apostas afiliadoster promovido um grande fracasso. Noam Chomsky foi taxativocasa de apostas afiliadosafirmar que a Venezuela não é socialista e que “o capitalismo privado se manteve”. O sociólogo alemão Heinz Deiterich, ideólogo do “Socialismo no Século XXI” e ex-assessorcasa de apostas afiliadosChávez, vem denunciando o regime desde a ascensãocasa de apostas afiliadosMadurocasa de apostas afiliados2013. Para ele, alémcasa de apostas afiliadosrestaurar o rentismo, o regime não respeita os mecanismos democráticos.

Maduro faz na Venezuela o que Bukele fazcasa de apostas afiliadosEl Salvador, Ortega faz na Nicarágua e o que Bolsonaro queria fazer no Brasil. Ele domina o parlamento, a Suprema Corte e a Comissão Eleitoral Nacional, o exército e as polícias, instituiçõescasa de apostas afiliadosEstado transformadascasa de apostas afiliadosaparatoscasa de apostas afiliadoscontrole e repressão madurista. Bolsonaro comprou o parlamento com o orçamento secreto e investiu forte contra o STF e o TSE, querendo dominá-los, até com articulaçõescasa de apostas afiliadosprisões e substituiçõescasa de apostas afiliadosjuízes.

Agora, com a brutal repressão desencadeada pelas forças policiais-militarescasa de apostas afiliadosMaduro contra os protestos populares, é o Partido Comunista da Venezuela (PCV), que denuncia a fraude eleitoral:

“El Buró Político del Comité Central del Partido Comunistacasa de apostas afiliadosVenezuela (PCV) hace un llamado a las fuerzas genuinamente democráticas, populares y patrióticas a unir fuerzas para defender la voluntad del pueblo venezolano que se expresó este domingo 28casa de apostas afiliadosjulio con una clara intencióncasa de apostas afiliadoscambio político en el país.

Alertamos a la opinión pública internacional que así como el Gobiernocasa de apostas afiliadosNicolás Maduro há despojado al pueblo venezolanocasa de apostas afiliadossus derechos sociales y económicos, hoje pretende privarlocasa de apostas afiliadossus derechos democráticos”.

O PCV é perseguido por Maduro ecasa de apostas afiliados2023 a sigla sofreu um sequestro pelos órgãos judiciais do regime, com intervenção e destituiçãocasa de apostas afiliadosdirigentes. O partido Marea Socialista também não reconhece a vitóriacasa de apostas afiliadosMaduro e o acusacasa de apostas afiliadosproibir candidaturas, atacar organizações políticas e privar o povocasa de apostas afiliadosseus direitos democráticos. Vários partidos comunistas das Américas se solidarizaram com o PCV e com os outros partidos e movimentoscasa de apostas afiliadosesquerda que não reconhecem a vitóriacasa de apostas afiliadosMaduro. Gustavo Martinez, dirigente do Marea Socialista, acusa Madurocasa de apostas afiliadoster “preparado as eleições àcasa de apostas afiliadosmedida,casa de apostas afiliadosforma antidemocrática e autoritária, agredindo organizações políticas, proibindo ou desqualificando candidaturas”.

Os bairros mais ativos e que puxam os protestos contra a autodeclaraçãocasa de apostas afiliadosvitóriacasa de apostas afiliadosMaduro são tradicionais redutos do chavismo, que se revoltam contra a herança trágica promovida pelo regime corrupto e rentista que se apodera das riquezas produzidas pelo petróleo. Em bairros como Caricuao, Catia, Petare, La Vega e El Cementerio, os panelaços e as manifestaçõescasa de apostas afiliadosrua foram recorrentes nos últimos dias. Os jovens que puxam os protestos afiram que eles não são liderados nem por partidos e nem pelos políticos da oposição. Dizem que a fraude eleitoral precisa ser interrompida e que o governocasa de apostas afiliadosMaduro precisa sair. Se declaram cansadoscasa de apostas afiliadosser maltratados.

Sustentam ainda que o governo rouboucasa de apostas afiliadosdignidade, que eles não têm sequer dinheiro para comprar comida para os filhos. “Olhe os meus sapatos, estão furados e não tenho dinheiro para comprar novos”, disse um jovemcasa de apostas afiliadosPetare,casa de apostas afiliadosAltamira. Maduro respondeu com repressão violenta que matou maiscasa de apostas afiliados20 pessoas. casa de apostas afiliados Maiscasa de apostas afiliadosdois mil manifestantes foram presos. Pepe Mujica tem razão: trata-secasa de apostas afiliadosuma ditadura.

Aldo Fornazieri – Professor da Escolacasa de apostas afiliadosSociologia e Política e autorcasa de apostas afiliadosLiderança e Poder.