Geandré, a ovelha negra

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 Eu achava lindo o desenho feio do Geandré.

Era fã dos cartunistas que tinham o traço tosco, incerto, trêmulo, quase infantil, como o meu. Um deles, era Geandré. O desenho dele, como o do Jaguar, possui um encanto que vem da feiura do seu traço.

Geandré anda sumido da mídia. Recentemente (em 2017, acho), nos encontramos no lançamentopin up slotsuma revistinha do Ota,pin up slotsSão Paulo.

A profissãopin up slotscartunista é difícil, mais a dificuldade do ofício compensa pela alegriapin up slotsconhecer artistas talentosos, gentis, e simpáticos como Geandré. 

A trajetóriapin up slotsGeandré como cartunista, jornalista, escritor e ilustrador começou no suplemento infantil “A Tribuninha”, do jornal “A Tribuna”, na cidadepin up slotsSantos,pin up slots1963. 

Aos 12 anospin up slotsidade, o menino Arlindo Rodrigues foi levado pela mãe, Aparecida Benedita Rodrigues, do bairro do Macuco, onde nasceu, ao centropin up slotsSantos, para conhecer a redação do jornal “A Tribuna”, onde, mais tarde, viria trabalhar. 

No suplemento “A Tribuninha”, Arlindo criou seu primeiro personagem, o  antropomórfico ratinho Gil, compin up slotscabeleira e calça bocapin up slotssino, moda nos anos 1960. Assinava A. Rodrigues, abreviando o seu nomepin up slotsnascimento Arlindo Rodrigues. 

O universo dos quadrinhos para o menino, naqueles tempos,pin up slotsSantos, era limitado. Os desenhos que comhecia eram os impressos nos três jornais da cidade: O Diáriopin up slotsSantos, Diário da Noite e A Tribuna. 

Geandré era fã do cartunista Dino que trabalhava no jornal “A Tribuna”. Dino era um dos cartunistas mais conhecido da época. Foi o primeiro chargista a fazer uma caricaturapin up slotsPelé,pin up slots1957, muito antespin up slotsPelé se tornar o “Rei do Futebol” . Dino foi o primeiro cartunista que conheceu. Tornar-se “companheiropin up slotsprofissão” do ídolo, era um sonho que o menino realizava. 

Aos 16 anos, Geandré mudou-se para São Paulo, onde trabalhou nas revistas das editoras Fittipaldi, Penteado e Prelúdio, nos bairros do Brás e da Mooca. Nessa época, para homenagear o amigo e incentivador Geraldo André, passou a assinar seus desenhos como Geandré Rodrigues. Depois,  só, Geandré.

Na cidadepin up slotsSão Paulo, já como cartunista profissional publicou nos jornais “O Dia”, “Diário Popular”, “Jornal da Tarde”, “Jornal do Brasil”, “Folhapin up slotsS. Paulo” epin up slots“O Pasquim”. 

Em 1971, transferiu-se para o jornal “Última Hora”,pin up slotsSamuel Wainer, onde publicou suas charges e ilustrou textospin up slotsChico Anísio, Antonio Contente, Plínio Marcos. 

No começo da décadapin up slots1970, Geandré se mudou para a Europa onde trabalhou na Espanha e na Suíça e foi premiado no Salãopin up slotsHumorpin up slotsBerlim, na Alemanha. No Velho Continente, colaboroupin up slotspublicações como  “Correo Catalan”, “Jano”, “La Codorniz”, “Paris Match” e “Schweizer Ilustriére”. 

Seu trabalho faz parte do Museu Internacionalpin up slotsCartoonpin up slotsBasel (Suíça). É o único cartunista brasileiro a ter um cartum no “Tallerpin up slotsPicasso”, o atelierpin up slotsPicasso,pin up slotsBarcelona.

O artista teve seus trabalhos publicados nas revistas “O Cruzeiro”, “Vogue”, “IstoÉ”, “Playboy”, “Claudia”, “Nova”, “Visão”, “Status”, “Senhor”, “Planeta”, “Privé” e na “MAD” brasileira. 

Em São Paulo, na galeria do Carmo, batizou uma exposiçãopin up slotsdesenhos com o título “Chiclete com banana”, título quepin up slots1985 seria usado por Toninho Mendespin up slotsuma revista da Circo Editorial.

Publicou os livros “Ovelha Negra”, “Qual é a Graça”, “Faz me rir”, “Marketing Comics”, “Almanaque Collorido”, “O Impeachment”, “Os Gênios” e “As Malaguetas”. 

Ilustrou trabalhospin up slotsco-autoria com Caetano Veloso, “Leãozinho”; Ignáciopin up slotsLoyola Brandão, “O homem que espalhou o deserto”; Ciro Pellicano, “Era uma vez uma rês” e Fernandopin up slotsMoraes “Chatô áudio livro”. 

Foi uma espéciepin up slotsprecursor do “Plim-Plim” da “TV Globo”, quando,pin up slots1975, apresentava seus cartuns no programa “TV Cartum”, na “TV Cultura”pin up slotsSão Paulo.

Em 1974, Geandré retornava do continente europeu,pin up slotsnavio, quando teve a idéiapin up slotslançar um jornal dedicado ao cartum, na linha do semanário “Hermano Lobo” (Madrid), que contava com os melhores cartunistas da Espanha. 

O “Ovelha Negra”, nascido na cozinha do apartamento do cartunista abriu espaço para os cartunistas manifestarem, através do desenhopin up slotshumor, apin up slotsinsatisfação contra a Ditadura Militar, vindo a ser a maior contribuiçãopin up slotsGeandré para a imprensa alternativa. 

Com tiragem médiapin up slots20 mil exemplares, o “Ovelha Negra” reuniupin up slotssuas páginas cartunistas e redatorespin up slotstalento como, Canini, Angeli, Laerte, Miran, JAAB, Santiago, Dirceu, Nicolielo, Emil, Luscar, Mariza, Racsow, João Zero, Fraga, Racy, Nani, Solda, Maurício Veneza, Reinaldo, Guidacci, Luís Gê, Jota, Jaime Leão, Alcy, Chico, Paulo Caruso, Marcon, Canini, Edgar Vasques, Luis Fernando Veríssimo, Sílvio Abreu, Luis Pimentel, e Tabaré.

O jornal “Ovelha Negra” que tinha setenta por cento do seu espaço usado por cartuns e os outros trinta por centopin up slotspequenos textos, contospin up slotshumor e piadas, foi inovador, na opinião do Geandré: “não houve um veículo que, até então, na história da imprensa brasileira, fosse exclusivamente dedicado ao humor gráfico”.

Cartunistas estrangeiros eram convidados para participar do Ovelha Negra, na seção “Humor sem Passaporte”. O cartunista espanhol Chumy Chumez, que também trabalhou como escritor e diretorpin up slotscinema, foi o estreante.

A distribuição do “Ovelha Negra” era feita pelo próprio Geandré, Wilson - sócio do Café Paris - e pelo amigo  Telmo Cortes, fã do jornal no centro e nos bairrospin up slotsPinheiros e Vila Madalena - bairro boêmio onde havia a maior concentraçãopin up slotsuniversitários, jornalistas e artistas. 

A comercialização forapin up slotsSão Paulo - Rio, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais - eram feitas pelos próprios cartunistas que levavam os exemplares, e nem sempre acertavam as contas. A revista era vendida tambémpin up slotsbancaspin up slotsrodoviárias, centros estudantis e pequenas livrariaspin up slotsSão Paulo. 

Em 1977, Geandré recebeu o Prêmio Abrilpin up slotsJornalismo. 

No mesmo ano, depoispin up slotsoito edições, o “Ovelha Negra” teve que ser fechado. A censura e a repressão pressionavam o jornal e o cartunista era constantemente intimado a comparecer à Polícia Federal para dar explicações. 

Geandré era a ovelha negra da imprensa. 

N.A.: O cartunista faleceupin up slots17pin up slotsjulhopin up slots2022.