Jornalista vencedor do Pulitzer Prize (maior prêmio do jornalismo nos EUA), foi correspondente estrangeiro do New York Times, trabalhou para o The Dallas Morning News, The
Christian Science Monitor e NPR.
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Caro Refaat,
Não estamosjogos da trivsilêncio. Estamos sendo silenciados. Os estudantes estadunidenses que, durante o último ano acadêmico, montaram acampamentos, ocuparam prédios, fizeram grevesjogos da trivfome e se manifestaram contra o genocídio, foram recebidos neste outono com uma sériejogos da trivregras que transformaram os campi universitáriosjogos da trivgulags acadêmicos. Entre a minoriajogos da trivacadêmicos que ousaram se pronunciar, muitos foram sancionados ou demitidos. Profissionais da saúde que criticam a destruiçãojogos da trivmassajogos da trivhospitais, clínicas e os assassinatos direcionadosjogos da trivtrabalhadores da saúdejogos da trivGaza foram suspensos ou demitidos das faculdadesjogos da trivmedicina, com alguns enfrentando ameaçasjogos da trivrevogaçãojogos da trivsuas licenças médicas.Jornalistas que relatam o massacrejogos da trivmassa e expõem a propaganda israelense foram tirados do ar ou demitidosjogos da trivsuas publicações. Empregos foram perdidos por causajogos da trivpostagens nas redes sociais. O pequeno punhadojogos da trivpolíticos que condena os assassinatos viu milhõesjogos da trivdólares serem gastos para afastá-losjogos da trivseus cargos. Algoritmos, shadow banning, desmonetização e deplatforming – tudo isso eu experimentei – são usados para nos marginalizar ou banirjogos da trivplataformas digitais. Um sussurrojogos da trivprotesto, e somos apagados.
Nenhuma dessas medidas será revertida quando o genocídio terminar. O genocídio é o pretexto. O resultado será um enorme passojogos da trivdireção a um estado autoritário, especialmente com a ascensãojogos da trivDonald Trump. O silêncio se expandirá, como uma grande nuvemjogos da trivgás sulfuroso. Engasgamos com palavras proibidas. Eles mataram você. Estão nos estrangulando. O objetivo é o mesmo. Apagamento. Sua história, a históriajogos da trivtodos os palestinos, não deve ser contada.
Se devo morrer,
você deve viver
para contar a minha história
para vender as minhas coisas
olhando para o céu
esperando pelo seu pai que partiujogos da trivuma explosão —
e não se despediujogos da trivninguém
nem dajogos da trivcarne
Se devo morrer,
que traga esperança,
que seja um conto.
Você se juntou aos poetas martirizados. O poeta espanhol Federico García Lorca. O poeta russo Osip Mandelstam. O poeta húngaro Miklós Radnóti, que escreveu os seus versos finaisjogos da trivuma marcha da morte. O cantor e poeta chileno Víctor Jara. O poeta negro Henry Dumas, morto pela políciajogos da trivNova York.
Você se junta aos palestinos martirizados, aos pais, filhos, esposas, maridos e crianças que, como você, foram arrancadosjogos da trivsuas famílias ejogos da trivnós. Eles e você são a memória viva.
Seus assassinos, que controlam as narrativas e os artefatos da história, não são os donos do passado. Eles têm o poder da força, mas você tem o poder do espírito. Eles são os sepultadores; você é o semeador. Suas palavras resistem.
Os poetas martirizados falam com uma intensidade particular. Suas palavras são pressentimentos, prenúnciosjogos da trivseus próprios destinos. Eles canalizam o sofrimento humano universal, expressando-ojogos da trivuma beleza pura, vulnerável e atemporal. Eles mantêm a fé na vida mesmo enquanto se dirigem para a morte.
Seus assassinos queriam apagar o seu trabalho. No entanto, cada poema que você escreveu é um gritojogos da trivindignação, uma celebração da dignidade humana e um chamado à resistência.
Você era uma ameaça porque, como você escreveu, “poesia é arma e poesia é vida”.
Lembro-mejogos da trivcomo você ria quando conversávamos. Você zombava dos seus opressores. Você estava determinado a viver. Você dizia que ajogos da trivvida era sagrada, mas não mais sagrada do que a vida dos outros. Você se recusou a odiar. Você confiava no poder da verdade.
Você disse que o que mantinha você e ajogos da trivfamília vivos era a capacidadejogos da trivcriar beleza,jogos da trivpreservar a poesia, as músicas e as danças palestinas.
Você resistiu ao apagamento que, ao longojogos da trivdécadas, procurou destruir a memória palestina, reescrever ajogos da trivhistória, confiscar as suas propriedades e vilarejos, demolir as suas casas e escolas, roubar os seus poetas e escritores e transformar os palestinosjogos da trivestranhos na terra onde viveram por milênios.
O poeta martirizado palestino Mahmoud Darwish escreveu:
Levante o peso dajogos da trivterra para que o pássaro dos pássaros possa pousar.
A terra dajogos da trivterra é mais leve do que uma pena.
Com o pesojogos da trivsuas mãos, proteja o seu pão da aridez do rio.
Você escreveu para preservar a almajogos da trivseu povo.
Em seu poema “Before I Die” [Antes Que Eu Morra], você escreve:
Antesjogos da trivmorrer,
Quero ver a minha mãe sorrir
ao sair do banheiro
me perguntando se algum dia
poderei pagar as contasjogos da trivágua e luz.
Seus assassinos não são apenas os seus assassinos, mas os assassinosjogos da trivtodos os poetas, todos os sonhadores, todos os que amam e celebram a vida.
Estamos sob ataque, você e eu. Mas o ataque é maior que nós. Ele é contra a humanidade. Ele visa destruir a nossa capacidadejogos da trivresistir, a nossa dignidade e a nossa capacidadejogos da trivsonhar.
Você me ensinou a não ceder ao ódio. Você me ensinou a escrever para preservar a memória. Você me ensinou que “o homem pode ser destruído, mas não derrotado”.
Você está conosco, Refaat. Está sempre conosco.
Chris Hedges,
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