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    Tarso Genro

    Advogado, político filiado ao Partido dos Trabalhadores, foi governador do Rio Grande do Sul, prefeitoPorto Alegre, ministro da Justiça, ministro da Educação e ministro das Relações Institucionais do Brasil

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    A invençãoMilei e a invençãoMorel

    Javier Milei venceu porque se comportou como revolucionário

    Javier Milei (Foto: Reuters/Agustin Marcarian)

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    Javier Milei – profético, doentio e mítico – reinventa a Argentina entre a tosca decadência do peronismo sem presente e o ultraliberalismo sem futuro. Neste apertado espaço da história ele indica à nação os intermediários que habitavam acabeça, desde o início, sem que se desse conta que eles existiam, pois só os via como espectros projetados pela mecânica daanarquia mental: Mauricio Macri e Patrícia Burich vão, se puderem – à ferro e fogo – governar um paísexpatriados dahistória.

    Lição importante a ser retirada deste episódios histórico, além das demais convencionais que estão transitando no campo democrático e especialmente na esquerda, é que Javier Milei venceu porque se comportou como revolucionário, já taticamente nomeado como “libertário” pela grande mídia, que não deixalhe devotar – mesmo lhe atacando – uma explícita admiração por ter derrotado uma esquerda insossa e sem projeto.

    Deslocados do seu destino imaginário, os argentinos votaramquem disse acreditar que receber conselhos“cachorros mortos” era uma originalidade sadia e que a Argentina fora “a grande potência mundial no século passado”. A Argentina morre e o surrealismo pós-moderno se recria numa naçãoque o seu principal líder do século passado – Juan Domingo Perón – comandava, àdireita, a Triple A, que liderava assassinatosmassa e, àesquerda, orientava as suas frações mais fiéis que entregassem seus lutadores para os cemitérios sem endereço, com a indicaçãoIzabelita – comosegunda – sabendo que ia morrerbreve. O peronismo foi a formatação caudilhescacaráter social democrático que levou a Argentina para um patamar social superior aos principais países da América, especialmente favorecida pelos eventos da Segunda Guerra Mundial.

    Se Jorge Luis Borges vivesse e escrevesse, depoisJavier Milei, poderia dizer deste o que seu discípulo e parceiro Adolfo Bioy Casares colocou na boca do seu personagem, fugitivo na novela InvençãoMorel, depois que ele – o fugitivo – aportou na ilha inventada pelo autor. Na narrativa, os personagens da ilha – observados pelo fugitivo – são apenas projeções: imagens provenientesuma mecânica destinada a criar ilusões.

    Cito três aspectos da vida cotidiana que compõem a crise política da democracia moderna, que geram as condições favoráveis para o ascenso do fascismo e para a precarização da democracia política: a fragilidade da segurança pública que implica numa redução da qualidadevida das massas populares e que torna a vida dos jovens mais “enturmada”, logo, uma vidaguetificação cercada pela cultura deformante das redes “profundas” e dos assédios do crime organizado, que os separam dos bens culturais e educacionais mais universais e que fundem ricos e pobres num mesmo universo mercantil ilusório; a segregação e a gentrificação territorial, nas grandes regiões metropolitanas, onde porejam as ofertas criminosas para, rapidamente, os jovens “vencerem na vida” e falsamente compartilharem do consumismo anárquico do capitalismo desenfreado, dentro e fora da lei; a concentraçãorenda e aconsequência na subjetividade popular pelo contraste brutal entre ricos e pobres.

    Celi Pintoseu belo livro Tempo e memórias – vidamulheres, bem menciona Paul Ricoeur “que nos falaum tempo anônimo, que está a meio caminho entre o tempo privado e o tempo público”, cuja separação e integração na memória formam uma totalidade viva. Elas criam no indivíduo o seu modo particularviver este dois tempos num só: pela memória. Creio que devemos nos perguntar, se queremos voltar a impulsionar o mundo na direção da Igualdade, da República e da Liberdade, se o tempo dominante deste ciclo histórico não criou na memória – não na coletiva mas na memória dos indivíduos isolados  – um túmulo para o tempo público.

    Isso pode ter ocorrido, já que todo o tempovida, hoje, é a sublimação histérica do presente, voltada para a única realidade universal: o mercado pulsante e o consumo manipulado. Se isso for verdade, a luta será mais penosa do que se pensa, já que o fugitivoBioy Casares – junto com os cães conselheirosJavier Milei – terão vencido: e todos para todos serão espectros ilusórios eternizados numa ilhaMorel.

    * Este é um artigoopinião,responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil.

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