A economia é mesmo o fator social determinante?
"Não estamos propondo que as questõesb2x betcunho moral, religioso,b2x betcostume, e outros, sejam ignoradas", escreve Jairb2x betSouza
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Alguns fenômenos sociais recentes vêm transtornando a menteb2x betmuita gente no campo políticob2x betesquerda. É que tínhamos aprendido desde cedo a entender que a economia representava o fator socialb2x betmaior relevância na determinação do curso das transformações sociais. No entanto, estamos vendo acontecer certas coisas que ameaçam fazer ruir esta idéia que vínhamos cultivando há muito tempo.Os processos eleitorais que acabamb2x better lugarb2x betnosso país e nos Estados Unidos parecem desferir um violento golpe contra nossa crençab2x betque é a economia o principal fator que dá o tomb2x betcomo as pessoas vão se comportar. Como pudemos dar-nos conta, tanto lá como cá, a maioria dos eleitores emitiram seu voto motivados por questões que evidentemente não revelam nenhuma vinculação direta com fatoresb2x betcunho econômico.
Prova do que acabab2x betser mencionado é a constataçãob2x betque, apesarb2x betos indicadores econômicos imperantes no Brasil e nos Estados Unidos neste períodob2x betque as eleições foram realizadas serem comparativamente muito positivos, as forças políticas associadas com os governantes do momento sofreram reveses significativos.
No caso do Brasil, o PT e as forçasb2x betesquerda saíram do processo eleitoralb2x betcondições muito debilitadas, ao passo que a direita conservadora e a extrema direita obtiveram resultados muito mais favoráveis. Nos Estados Unidos o panorama foi bastante semelhante. Embora as estatísticas indicassem crescimento econômico e baixíssimo nívelb2x betdesemprego, o partido no comando do governo (Partido Democrata) foi fragorosamente derrotado pelo Partido Republicano, agrupadob2x bettorno do extremistab2x betdireita Donald Trump.
No entanto, a despeitob2x bettudo o que acabab2x betser dito, queremos demonstrar que os fatores queb2x betúltima instância impulsam todas essas pessoasb2x betsetores sociais não dominantes a deixaremb2x betlado proposições que dizem respeito a seus interesses econômicos reais são,b2x betfato, motivações também essencialmente embasadasb2x betfatores relacionados com disputas nitidamente associadas a interesses econômicos. O que ocorre é que essas motivações não se originam nesses grupos socialmente subordinados, e sim naqueles que detêm o poder para manipulá-los e desviá-los das questões econômicas que seriamb2x betseu benefício direto.
Como sabemos pelos estudos sociológicos com base no materialismo histórico, as classes que detêm o controle do processob2x betproduçãob2x betriquezasb2x betuma sociedade exercem também seu domínio por meiob2x betsua influência ideológica. Assim, este poder ideológico das classes dominantes é empregado sobre os grupos sociais a elas subordinados com vista a induzi-los a assumir como se fossem seus os objetivos e desejos infundidos por seus dominadores. Porém, o objetivo real dessas classes detentoras do poderb2x betmanipulação não é outro que preservar e ampliar os privilégios econômicosb2x betque gozam.
Quando pessoas pobres são instigadas a gritar, berrar e se revoltar contra uma hipotética liberaçãob2x betbanheiros unissexb2x betescolas e shopping centers, elas são levadas a agir assim para que os interesses econômicosb2x betbanqueiros, latifundiários e dos grandes capitalistasb2x betgeral não sejam qüestionados. O mesmo se pode dizer com respeito àqueles elementosb2x betclasse média que aceitam compactuar com a destruição da base econômica do país e,b2x betconsequência, sofrer os severos impactos do desemprego que disto advirão. Em outras palavras, eles acabarão por ser vítimasb2x betsuas próprias ações. É que essa gente é manipulada para que os interesses econômicos dos países imperialistas,b2x betsuas empresas eb2x betseus sócios locais possam prevalecer.
Não é correto assumir que a maioriab2x betnosso povo seja inerentemente conservadora. O grande pesob2x bettemas ligados à moralidade se deve,b2x betboa medida, ao trabalhob2x betmanipulação efetuado pelos mecanismos à disposição das classes dominantes. Quando as questões da pauta moral não estão presentes, ou não existem, os agentes a serviço das classes dominantes não hesitamb2x bettrazê-las à tona, ou criá-las, para que possam servir como instrumentob2x betdefesa daquilo que realmente lhes interessa. Sem essa intervenção manipuladora executada por agentes a serviço das classes que detêm o poder real, muito provavelmente, a disposição e as energias dos pobres e dos setores das camadas médias seriam dirigidas à luta para a obtençãob2x betganhos reaisb2x betcaráter econômico para benefício próprio, o que afetaria bastante os interesses econômicos dos setores que hegemonizam o poder na sociedade.
* Este é um artigob2x betopinião,b2x betresponsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasilb2x bet.
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