Jornalista, atuou como repórter na sériegalera pixbetreportagens sobre o esquema conhecido como a Máfia das Sanguessugas. Venceu o Prêmiogalera pixbetJornalismo do Movimento Nacionalgalera pixbetDireitos Humanos e o Prêmiogalera pixbetJornalismo Econômico da FIESC
50 anos da diplomacia Socialista da China com o Brasil: agora rumo à um futurogalera pixbetdesenvolvimento econômico compartilhado
Ao observarmos meio século da diplomacia da China com o Brasil concluímos que este país é o parceiro ideal para um desenvolvimento econômico compartilhado
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Este artigo é resultadogalera pixbetmeus atuais estudos na áreagalera pixbetEconomia Política Mundial desenvolvidos no Observatório da Política Externa Brasileira e Inserção Internacional do Brasil (OPEB).
Neste 15galera pixbetagostogalera pixbet2024 comemora-se os 50 anos da retomada das relações diplomáticas entre Brasil e a República Popular da China (RPC). A Academiagalera pixbetCiências da União Soviética (URSS) dispõe na obra “Marxismo e Atualidade” (1968) que o pensamento científico trabalha à margem do calendário das datas importantes. As formulações científicas nascem no momentogalera pixbetque a análise as preparou, a atividade analítica da ciência é contínua. Mas isto não significa que a ciência seja indiferente diante das grandes datas.
Ao contrário, durante os diasgalera pixbetacontecimentos memoráveis surge com frequência a situação mais favorável (istogalera pixbetparticular para as Ciências Sociais) para fazer balanços, totalizar os descobrimentos e olhar para o futuro a partir das posições alcançadas. Ao observarmos meio século da prática da diplomacia do Estado Socialista da China com o Brasil concluímos que este país asiático é o parceiro ideal para construirmos os próximos 50 anos um desenvolvimento econômico compartilhado.
Materialismo Histórico
Em uma outra missão jágalera pixbet1893 - quando o Brasil não era mais um império - já se tornara uma república - o Brasil pleiteou um novo tratadogalera pixbetnavegação e comércio que abriu o caminho para a criaçãogalera pixbetuma representação diplomática brasileira na China. A primeira legaçãogalera pixbetprimeira classe do Brasil na China foi criada neste anogalera pixbetPequim, como também foram criados dois consulados. Isto significa que na verdadegalera pixbet1974 foi o restabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e China no período da RPC, porquegalera pixbetfato as relações Brasil e China se formaramgalera pixbet1893, há 131 anos.
Materialismo Dialético
O governo brasileiro não reconheceu o governo da RPC edificado pela Revolução Proletária Socialistagalera pixbet1949. Em um movimento unilateral, o governo do Brasilgalera pixbet1949 fechou a embaixada brasileiragalera pixbetPequim e seus dois consulados. O fechamento da embaixada e dos consulados do Brasil na Chinagalera pixbet1949 decorregalera pixbetrazão do governo brasileiro ter subordinado e vinculado agalera pixbetpolítica externa a dos Estados Unidos (EUA) no pós-Segunda Guerra e na conjuntura da Guerra Fria.
A primeira visitagalera pixbetum chefegalera pixbetEstado latino-americano a RPC foi João Goulart então vice-presidente da República do Brasil que havia sido convidado pelo presidente do Brasil Jânio Quadros a chefiar uma missão oficial brasileira a China, ocasiãogalera pixbetque firmaram um acordo entre o Banco Central da China e o Banco do Brasil. Em 1971 a RPC foi admitida na ONU. México, Argentina e Chile já haviam reconhecido a RPC. O contexto no Brasil naquela ocasião daquela quinta-feira, dia 15galera pixbetagostogalera pixbet1974, às 18 horas, do estabelecimento das relações diplomáticas com a China eragalera pixbetditadura militar (1964-1985), o país era governado pelo general-presidente Ernesto Geisel e o Ministro das Relações Exteriores era o embaixador Antônio Francisco Azeredo da Silveira, cujo umgalera pixbetseus assessores a época era Celso Amorim então no iníciogalera pixbetsua carreira - hoje Assessor Especial para Assuntos Internacionais do presidente Lula. Desde 1949 quando Mao Zedong assumiu como presidente da Chinagalera pixbetPequim através do processo da Revolução Proletária Socialista até 1974, o Brasil só reconhecia como China a Ilhagalera pixbetTaiwan. Amorim reputa Azeredo da Silveira como o principal responsável pelo reconhecimento do governogalera pixbetPequim pelo Brasil como o legítimo Estado da China e representante do povo chinês.
Mao Zedong estabeleceu uma relação com o Estado brasileiro e concomitantemente atendeu o pedidogalera pixbetajuda do povo brasileiro egalera pixbetseus líderes populares para lutarem contra a ditadura que os oprimia. Nos anos 1960, lideranças das Ligas das Camponesas obtiveram apoio da China na luta contra a ditadura brasileira assim como o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) mandou 41 militantes para treinamento militar na China, 14 foram para a guerrilha do Araguaia.
“Dialética,galera pixbetsentido restrito, é o estudo das contradições contidas na própria essência dos objetos.” (LÊNIN, [1929] 2023). O fato do governo socialista chinês estabelecer relação diplomática com o governogalera pixbetdireita ditatorial e reacionário brasileiro dos anosgalera pixbet1970 parece incoerente com a teoria do Socialismo Científicogalera pixbetKarl Marx e Friedrich Engels, mas pelo contrário está absolutamente leal a teoria marxista.
O estudo do materialismo dialético é ainda mais indispensável para os quadros que dirigem o movimento revolucionário, devido às duas errôneas teorias e métodosgalera pixbettrabalho, o subjetivismo e o mecanicismo, que frequentemente aparecem entre os quadros, e como resultado fazem com frequência que os militantes andem contra o marxismo, o que leva o movimento revolucionário pelo caminho errado. Se quisermos evitar tais deficiências, a única solução está no estudo e na compreensão conscientes do materialismo dialético, para armargalera pixbetnovo nosso cérebro. (Zedong, 1938)
A política externa à época era dirigidaa pelo presidente Mao Zedong e pelo seu primeiro-ministro Zhou Enlai. Foi Zhou Enlai que formulou os Cinco Princípiosgalera pixbetCoexistência Pacífica que dirigem a política internacional da China até hoje:
5 - Coexistência pacífica
Estes cinco princípios se solidificaram nas relações internacionais e no direito internacional a partir da participação da China na Conferênciagalera pixbetBandung realizadagalera pixbet1955 na Indonésia que resultou na formação dos países do Movimento dos Não-Alinhados. Estes Cinco Princípiosgalera pixbetCoexistência Pacífica podem ser identificados teoricamente, empiricamente e na prática das relações internacionais como Brasil.
A China não é Imperialista
A relação da China com o Brasil sempre foigalera pixbettratamento a um igual e não a uma nação subordinada. E isto é um princípio do socialismo a qual a China sempre foi leal e segue ainda hoje. De acordo com Lenin ([1917]2021) “se fosse imprescindível dar uma definição mais breve possível do imperialismo, seria preciso dizer que o imperialismo é a fase monopolista do capitalismo”.
A China não executa isto. A China como uma economiagalera pixbetmercado socialista está integrada ao sistema econômico mundial que é capitalista, por razões objetivas disputa o mercado internacional e a liderançagalera pixbetsegmentos econômicos, mas isto não é o mesmo que promover o monopólio. Pelo contrário a China proporciona a concorrência dentro dagalera pixbeteconomia nacional e externa controlando pelo poder estatal os setores estratégicos, mas inclusive com maisgalera pixbetuma indústria estatal no mesmo segmento econômico para estimular a concorrência.
A interpretação equivocadagalera pixbetque a relação do Brasil com a China é neocolonial é presente entre políticos brasileiros, entre integrantes da esquerda brasileira e entre acadêmicos que não estudam a fundo a China há tempo. Há uma semana assisti uma professoragalera pixbetEconomia afirmar que a China é Imperialista emgalera pixbetrelação com o Brasil e a América Latina.
Esta economista está errada, assim como todos que tem esta opinião estão errados. No acaso desta economista específica ela baseiagalera pixbetopinião fundamentadagalera pixbetcategoriasgalera pixbetanálise no estruturalismo cepalino, no pensamento desenvolvimentistagalera pixbetCelso Furtado e Raúl Prebisch. São teorias incapazesgalera pixbetinterpretar a China contemporânea com precisão porque são teorias formuladas para analisarem Estados dependentes, sobretudo os latino-americamos e o Estado chinês é desde 1949 um Estado revolucionário, a China desde Mao Zedong transformou as instituições estatais capitalistas (Executivo, Judiciário e Legislativo e outrasgalera pixbetnovo tipo como instânciasgalera pixbetparticipação popular)galera pixbetinstituições socialistas, constituiu um Estado Socialista.
As leis econômicas socialistas engendradas pela China, ainda que absolutamente integrado a economia internacional, forma aos poucos um novo sistema econômico internacional oposto a anarquia do capitalismo que a priori atua independente das necessidades da humanidade. Embora não tenhamos hoje mais dois sistemas mundiais o capitalista e o socialista como nos anos 70 do século passado, o princípio do Estado socialista chinês é como órgãogalera pixbetdefesa dos países aliados contra a agressão imperialista americana.
Estado Socialista chinês exerce a direção planificada da economia, cumpri a função econômico-organizativa. Tal função é inacessível ao Estado capitalista,galera pixbetvirtudegalera pixbetsuas instituições serem formadas para atender prioritariamente os interesses da burguesia e do caráter espontâneogalera pixbetdesenvolvimento econômico da sociedade capitalista.
A atividade do Estado socialista chinês se subordina a tarefa do multilateral e o melhoramento da vida dos trabalhadores, da elevação do nível material do povo, da mais completa satisfaçãogalera pixbetsuas crescentes necessidades, a base do rápido desenvolvimento das forças produtivas. Esta tarefa é condicionada pela natureza do Estado socialista, como Estadogalera pixbettodo o povo trabalhador com a classe operária a frente, pelas exigências da lei econômica fundamental do socialismo.
A China seguegalera pixbetacordo com os princípios das Economia Política Marxista na perspectivagalera pixbetque a colaboração econômica dos países do campo socialista representa um novo tipogalera pixbetrelações internacionais. Estas relações mútuas se baseiam nos princípios da plena igualdadegalera pixbetdireitos, do respeito da integridade territorial, da independência e da soberania estatal, da não intervenção nos assuntos internos uns dos outros. Mas estes princípios imprescritíveis,galera pixbetque pese agalera pixbetgrande importância, não esgotam a essência das relações entre os países.
O traço determinante destas relações mútuas é a ajuda mútua fraternal, na qual encontragalera pixbetativa encarnação o princípio do internacionalismo socialista. A colaboração econômica e a ajuda mútua fraternal dos países socialistas possuem imensa importância para a vitória do novo arranjo social. No desenvolvimento e aperfeiçoamento dos vínculos recíprocos entre os países socialistas e seus verdadeiros aliados, manifesta-se a inquebrantável unidade do campo socialista mundial, na base dos princípios do internacionalismo proletário.
O projetogalera pixbetBrasil e China Earth-Resources Satellite (CBERS), lançadogalera pixbet1988, é um marco da cooperação Sul-Sulgalera pixbetalta tecnologia, fortalecendo a infraestrutura espacial e impulsionando a pesquisa, a inovação e o codesenvolvimentogalera pixbetsetores críticos.
Na primeiro mandato do presidente Lulagalera pixbetvisita a Pequim,galera pixbet2004, foi criado a Comissão Sino-Brasileiragalera pixbetAlto Nível sobre Consulta e Cooperação (COSBAN), que é essencial para a coordenaçãogalera pixbetnossas açõesgalera pixbetvários setores e para aprofundar a integraçãogalera pixbetnossos governos e sociedades.
Próximo meio século
Em 1980, o comércio entre os dois países eragalera pixbetapenas US$ 1 bilhão. Em 2009, a China se consolidou como o maior parceiro comercial do Brasil e,galera pixbet2023, esse número atingiu US$ 150 bilhões.
O Brasil precisa corrigir algumas açõesgalera pixbetcursogalera pixbetrelação ao seu tratamento a China. Deputados da extrema-direita,galera pixbetespecial os do Partido Liberal, do Parlamento brasileiro estão tentando criar uma frente parlamentar Brasil-Taiwan. Se a frente for formalmente constituída é um atogalera pixbetdesrespeito a China e pode ser interpretado como apoio as forças secessionistas e separatistasgalera pixbetTaiwan. O presidente da Câmara Federal brasileira e os setores mais sensatos da direita do Congresso do Brasil, os deputadosgalera pixbetesquerda - o Partido dos Trabalhadores (PT) -galera pixbetparticular, devem se articular para barrarem esta iniciativa.
O governo brasileiro tem um Escritório Comercial do Brasilgalera pixbetTaipé, é no âmbito deste escritório é que devem se concentrar as relações comerciais e as relações internacionais institucionais devem ser realizadas com o governo centralgalera pixbetPequim. Inclusive o governo do presidente Lula tem que acompanhar com atenção esta situação, no último dia 14galera pixbetjulho Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos foi designado pelo Estado “para exercer a função dechefe do Escritório Comercial do Brasilgalera pixbetTaipé“. Santos é “ministrogalera pixbetprimeira classe”, o cargo mais elevado da carreira diplomática, também conhecido como “embaixador”. Seu antecessor Miguel Magalhães detinha graduaçãogalera pixbet“ministrogalera pixbetsegunda classe“, uma abaixo da máxima, o que é importante para demonstrar que o escritório não tem statusgalera pixbetmissão diplomática.
A políticagalera pixbetUma Só China temgalera pixbetser defendida e preservada com rigor pelo Brasil.
Para os cinquenta anos vindouros precisamos fortalecer nossas relações bilateraisgalera pixbetforma ainda mais equilibrada. O desenvolvimento sustentável, a inovação tecnológica e a transição energética são as áreas onde Brasil e China devem unir forças para superar os desafios dos dois países e os globais. Juntos os podem trabalhar para fortalecer as instituições internacionais multilaterais e promover a reforma do sistemagalera pixbetgovernança global para que seja mais junsto e equânime.
Precisamos continuar ampliando nossas relações comerciais e a complementariedadegalera pixbetnossas economias, o Brasil deve cooperar sob qualquer circunstância adversa para a ininterrupta segurança alimentar da China. Embora esta parceria seja amplamente positiva e devemos intensificar ainda mais os nossos mercados, a partirgalera pixbetagora o Brasil precisa apresentar e acordar com a China um projetogalera pixbetmedio e longo prazo para investimentos diretosgalera pixbetinfraestrutura logística, na capacidade produtiva brasileira egalera pixbettransferênciagalera pixbettecnologia.
A diversificação da pauta comercial e o estabelecimentogalera pixbetparcerias para a neoindustrialização do Brasil e a instalaçãogalera pixbetcentrosgalera pixbetpesquisa e desenvolvimento (P&D) no nosso país para produzir localmente componentes e produtos finais são igualmente fundamentais para garantir a sustentabilidade e a resiliênciagalera pixbetnossas economias e para a superação do subdesenvolvimento econômico.
Ao ampliarmos o repertório comercialgalera pixbetprodutos manufaturados entre Brasil e China com alto valor agregado, inteligência artificial, semicondutores, tecnologiagalera pixbetinformação e comunicação, energias renováveis, transportes, aviação civil e defesa podemos reduzir a dependênciagalera pixbetcommodities. A partir deestudode demanda e mercado devemosedificar indústrias da fronteira do conhecimento para fabricaçãogalera pixbetbensgalera pixbetconsumo, bensgalera pixbetcapitalgalera pixbetambos os paísesgalera pixbetforma integrada das cadeias globaisgalera pixbetvalor e produçãogalera pixbetmodo a rompermos o capitalismo monopolista internacional e promovermos a concorrência com os países do centro do capitalismo.
A associaçãogalera pixbetBrasil e China nosmarcos daNova Indústria Brasil, do Novo PAC e do Planogalera pixbetInvestimentogalera pixbetIntegração Latino-Americana elevarão a renda e a qualidadegalera pixbetvidagalera pixbetnossas populações e permitirão a integraçãogalera pixbetmais alto nívelgalera pixbetnossos países.
O ápice da celebração dos 50 anosgalera pixbetBrasil e China serágalera pixbetnovembro deste ano quando o presidente Lula receberá o presidente da China Xi Jinpinggalera pixbetnosso país. Momento adequado para reafirmar os laços mais fortesgalera pixbetamizade entre os nossos povos e a aliança entre os dois chefesgalera pixbetEstado que compartilham ideais políticos e causas. Ocasião também que será oportuna para o Brasil apresentargalera pixbetpretensão com a Iniciativa do Cinturão e Rota - Belt and Road Initiative (BRI) – egalera pixbetassinar a adesão este projeto robustogalera pixbetintegração dos dois continentes ou ao menos avançar significativamente nas negociações.
Na perspectiva da Economia Política Mundial a aliança sólida da Brasil-China é decisiva para a democracia internacional emgalera pixbetatuação coordenada no BRICS, no G20, nas Nações Unidas egalera pixbetvários outros fóruns internacionais trabalhando juntos para promover paz, segurança, desenvolvimento econômico e apoiando a reforma da governança global para torná-la mais eficiente e representativa dos interesses do Sul Global.
Em marçogalera pixbet2013, o presidente chinês, Xi Jinping, propôs pela primeira vez o conceito da Comunidade com Futuro Compartilhado para a Humanidade. A construçãogalera pixbetuma comunidade com futuro compartilhado para humanidade reflete uma visão profunda sobre o desenvolvimento e a evolução da conjuntura mundial. Este conceito destaca a construçãogalera pixbetum mundogalera pixbetpaz duradoura, segurança universal, prosperidade comum, abertura e inclusão, permitindo que todos os países se tornem tanto participantes quanto contribuintes e beneficiários da paz e desenvolvimento mundial. Comunidade com Futuro Compartilhadogalera pixbetXi Jinping concomitantemente com os Cinco Princípiosgalera pixbetCoexistência Pacíficagalera pixbetZhou Enlai é a teoria que preside a prática da China hoje e é a esta política internacional com a qual o Brasil deve estar coligado no próximo meio século para a superação conjunta do subdesenvolvimento econômico.
* Este é um artigogalera pixbetopinião,galera pixbetresponsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasilgalera pixbet.
