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    Entenda por que a obesidade vai além2 beta hcg“comer muito e se exercitar pouco”

    Ideia2 beta hcgque a condição se resume apenas ao estilo2 beta hcgvida dificulta a busca por ajuda médica e a elaboração2 beta hcgpolíticas públicas, apontam especialistas

    (Foto: FreePik)

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    Por Victória Ribeiro, da Agência Einstein - A obesidade é uma doença crônica que afeta mais2 beta hcg1 bilhão2 beta hcgpessoas, segundo levantamento global divulgado2 beta hcgfevereiro na revista The Lancet. Mas ainda é senso comum a ideia2 beta hcgque a condição está relacionada simplesmente aos hábitos2 beta hcgcomer muito e se exercitar pouco.

    Esse pensamento simplista — presente2 beta hcgdiversos setores da sociedade, inclusive na saúde — tem sido apontado por especialistas como prejudicial para a compreensão da complexidade metabólica da doença. Além disso, influencia negativamente as decisões das autoridades2 beta hcgsaúde, dificulta a busca por ajuda médica e perpetua estigmas e preconceitos.

    No Brasil, a obesidade afeta um a cada quatro adultos, segundo o Ministério da Saúde. Com a atual taxa2 beta hcgcrescimento, estima-se que quase metade (48%) da população brasileira será diagnosticada com a doença até 2044,2 beta hcgacordo análise da Fiocruz Brasília apresentada2 beta hcgjunho. 

    Apesar dos números alarmantes, o estudo aprofundado da obesidade é recente — começou há menos2 beta hcguma década. Contudo, mesmo diante2 beta hcgevidências cada vez maiores2 beta hcgque essa é uma condição multifatorial, ainda impera a visão2 beta hcgque é algo fácil2 beta hcgser tratado ou evitado. 

    Para o endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), é essencial compreender que as causas da obesidade são diversas. Embora o excesso2 beta hcgcalorias aumente o risco populacional2 beta hcgobesidade, estima-se que 70% da doença corresponda a uma carga genética, o que torna estratégias que se baseiam apenas2 beta hcg“coma menos, mova-se mais” — embora importantes para qualquer pessoa — ineficazes para alguns diagnosticados com a condição. 

    Isso significa que, assim como a doença se manifesta2 beta hcgmaneiras variadas, o tratamento também precisa levar2 beta hcgconsideração as individualidades2 beta hcgcada um. Isso pode incluir, além2 beta hcguma boa dieta e exercícios, intervenções como medicamentos e até mesmo cirurgias.

    Outro ponto é que muitos mecanismos relacionados à obesidade acontecem no cérebro, influenciando o consumo alimentar. Por exemplo: o hipotálamo, região cerebral que controla a fome, a sede, a temperatura corporal e a respiração, regula o peso corporal2 beta hcgforma a defender o peso máximo alcançado. “Ou seja, quando uma pessoa come menos calorias ou aumenta a atividade física, o gasto metabólico diminui e a fome aumenta2 beta hcguma tentativa do corpo para retornar ao peso ‘original’”, explica Halpern. 

    Além disso, fatores externos, como medicamentos, disruptores endócrinos, poluição atmosférica e sono ruim, também podem contribuir para o desbalanço energético que leva à obesidade.

    As consequências também se refletem na formulação2 beta hcgpolíticas2 beta hcgsaúde, já que há um desconhecimento sobre a condição entre profissionais e gestores da área. “Isso mostra que nós temos, antes2 beta hcgtudo, que melhorar a capacitação. Antes2 beta hcgfalarmos sobre epidemiologia, como controle e prevenção, precisamos discutir sobre os aspectos biológicos da doença e como eles exigem que cada paciente possua um tratamento personalizado”, recomenda a médica da USP. 

    Na visão2 beta hcgHalpern, associar a obesidade apenas a escolhas individuais também funciona como uma desculpa conveniente para a falta2 beta hcgformulação2 beta hcgpolíticas públicas eficazes. "Ao atribuir a doença exclusivamente às decisões pessoais, fica subentendido, tanto para o sistema quanto para a sociedade e as indústrias, que não é necessário estabelecer políticas2 beta hcgprevenção e tratamento; afinal, basta que cada um faça a2 beta hcgparte”, avalia. “Justamente por isso, inverter essa conversa é importante, porque do jeito que está, é conveniente para a inação.”

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