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    Rússia e China, dois anos da nova erapag betmultipolaridade

    Os dois gigantes reafirmaram a aliança estratégica, granítica, sem limites

    Vladimir Putin e Xi Jinpingpag bet4pag betfevereiropag bet2022 (Foto: Aleksey Druzhinin/Sputnik/Kremlin via Reuters)
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    Dilermando Toni (*) - Neste 4pag betfevereiro completaram-se exatos dois anos da vinda a público do Comunicado Conjunto da Federação Russa e da China Popular. O documento longo e abrangente,pag betmaturação cuidadosa e demorada, surgiu durante a visita do presidente Wladimir Putin a Pequim quando da realização dos Jogospag betInvernopag bet2022,pag betterritório chinês.

    Não foi à toa que nomes respeitados na cena das relações internacionais elevaram tal documento à categoria histórica e estrutural. O embaixador Celso Amorim escreveu na revista Carta Capital: “A declaração conjuntapag betVladimir Putin, presidente da Rússia, e Xi Jinping, líder chinês, cristaliza um processopag betimenso significado geopolítico e constitui,pag betsi mesma, o fato singular mais importante desde os eventos que marcaram o fim da Guerra Fria,pag betparticular, a derrubada do Muropag betBerlim e, sobretudo, a dissolução da União Soviética. Mesmo sem a força jurídicapag betum tratado, a declaração expressa, com uma clareza nunca antes alcançada, uma realidade até aqui vista apenas como uma possibilidade: o fim da era da hegemonia quase absoluta dos Estados Unidos sobre os destinos do mundo.”[i]

    No documento é reafirmada a aliança estratégica, granítica, sem limites entre as duas potências pela via do estreitamento da cooperação nos mais variados terrenos, econômico e financeiro, militar, cultural, científico e tecnológico. Isso não se constitui propriamentepag betuma novidade. Esta aparece quando os dois países se reconhecem como potências mundiais e avaliam a situação internacional e suas responsabilidadespag betoutro patamar, da seguinte forma: “Hoje, o mundo está passando por mudanças importantes, e a humanidade está entrandopag betuma nova erapag betrápido desenvolvimento e profunda transformação. Vê o desenvolvimentopag betprocessos e fenômenos como multipolaridade, globalização econômica, advento da sociedade da informação, diversidade cultural, transformação da arquiteturapag betgovernança global e ordem mundial; há crescente inter-relação e interdependência entre os Estados; surgiu uma tendência à redistribuição do poder no mundo; e a comunidade internacional mostra uma demanda crescente por lideranças visando um desenvolvimento pacífico e gradual.” (os grifos são meus, DT).[ii]

    Dessa forma o documento consagra formalmente o adventopag betuma nova ordem mundial a ordem multipolar cujo pilar central é a aliança estratégica entre a Rússia contra hegemônica e a China socialista que passa a ser a principal característica da presente situação internacional.

    Com efeito, Lênin observando os diferentes ritmospag betdesenvolvimento dos principais países imperialistas formulou a lei da desigualdade do desenvolvimento econômico e político dos países capitalistas na época do imperialismo. Essa constatação está postapag betuma sériepag betpassagenspag betsua obra O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismopag bet1916 epag betvárias outras obras deste período. Mas, aos olhospag betLênin e depoispag betStálin essas mudanças na correlaçãopag betforças se davampag betforma rápida, às vezes aos saltos, e nãopag betforma lenta. Em época do imperialismo exacerba-se o dinamismo do desenvolvimento do capitalismopag betque pese a tendência à estagnação. Falando sobre essa questão Stálin partia da síntesepag betLêninpag betque “a desigualdade do desenvolvimento econômico e político é uma lei absoluta do capitalismo”[iii] para concluir que “é determinado pela possibilidade que têm alguns grupos imperialistaspag betincrementarpag betmodo rapidíssimo seus equipamentos técnicos,pag betbaratear mercadorias epag betapoderar-se dos mercados,pag betdetrimentopag betoutros grupos imperialistas.”[iv]

    Para chegarem a uma dupla conclusão. 1) que devido à concorrência monopolista era inevitável que ocorressem guerras inter-imperialistas e 2) que era possível a ruptura da cadeia imperialista no seu elo mais fraco e, portanto, que seria possível que o socialismo triunfassepag betum grupo ou até mesmopag betum único país.

    Em 1953, analisando a experiência da II Guerra Mundial, Stálin escreveu: “Após a primeira guerra mundial, considerava-se também que a Alemanha havia sido definitivamente posta forapag betcombate, do mesmo modo como pensam atualmente alguns camaradas que o Japão e a Alemanha foram definitivamente postos forapag betcombate. Naquela época também se falava e se proclamava na imprensa que os Estados Unidos haviam posto a Europa no regimepag bettutela, que a Alemanha não poderia mais pôr-sepag betpé, que daí por diante não haveria mais guerra entre os países capitalistas. Apesar disso a Alemanha pôs-sepag betpé e elevou-se a grande potência passados 15-20 anos depois dapag betderrota, libertou-se do cativeiro e tomou o caminho do desenvolvimento independente.”[v] Por óbvio, aqui Stálin não estava tratando das transiçõespag betuma época histórica à outra, mais prolongadas, e sim das modificações na correlaçãopag betforças entre potências dentropag betuma mesma época histórica. No caso concreto, dentro da época histórica do imperialismo e das revoluções proletárias que ora vivemos.

    Na presente situação embora tenha se reforçado muito a dominação dos EUA sobre a Europa é possível que,pag betperspectiva, devido ao encolhimento do mercado único mundial e o surgimento gradualpag betum outro mercado e outras formaspag betpagamento alternativas ao dólar norte-americano entre o chamado Sul Global, surjam maiores contradições entre os países do chamado Ocidente Coletivo. Não se pode deixarpag betlevar essa perspectivapag betconsideração.

    A resultante geral desses três níveispag betcontradições geradas pelos ritmos diferentespag betdesenvolvimento é o isolamento do Ocidente Coletivo, particularmente dos EUA, seu núcleo imperialista, atolado no rentismo parasitário, elevado às alturas nos tempospag betglobalização neoliberal, e o consequente crescimentopag betsua agressividade. Em contrapartida temos o advento do mundo multipolar.

    A retrospectiva pontual dessa nova era pode, resumidamente, ser assim descrita. Após o término da II Guerra Mundial, durante a Guerra Fria, entre 1947 e 1991, os EUA e a URSS conformaram a bipolaridade. O dólar passa a ser a moedapag bettroca epag betreservapag bettodo o Ocidente a partir dos acordospag betBretton Woods que estabeleceram as regraspag betfuncionamento do sistema financeiro ocidentalpag bet1944. Nesse período, com correlaçãopag betforças da bipolaridade, foi que se deu a revolução chinesapag bet1949, foi quando apareceram a Coréia Popular, o Vietnã, Cuba e que se deram grandes passos na superação do colonialismo na África. Foi ainda quando vários países conseguiram forjar seus parques industriais.

    Com a debacle soviéticapag bet1991, a situação sofre profunda viragem. Sobreveio o mundo unipolar sob a hegemonia dos EUA. Foi um tempopag betque os EUA traçaram como linha centralpag betsua política externa a guerra total ao terror, particularmente após o ataque às torres gêmeaspag bet2001. Tempopag betinvasão do Iraque e da Líbia,pag betdestruição da Iugoslávia. Períodopag betpujança do neoliberalismo,pag betexpansão capitalista sobre a Europa do Leste epag betreunificaçãopag betum só o mercado mundial. As forças avançadas, comunistas entre elas, algumas resistiram nas novas condiçõespag betdifícil defensiva estratégica, outras capitularam vergonhosamente diante das pressões e retrocessos civilizacionais. O socialismo, porém, continuou a viver na China,pag betCuba, no Vietnã, na Coréia e noutros países como o Brasil, através do PCdoB.[ix]

    Entretanto a lei do desenvolvimento desigual continuou a fazer seus efeitos e já por voltapag bet2007/2008 com a grande crise sistêmica do capitalismo com epicentro nos EUA, mas que também atinge profundamente a Europa, com o já grande ascenso da China, e com o avanço da reconstrução russa que se iniciarapag bet2001, abre-se um períodopag bettransição[x] da unipolaridade

    China e Rússia procuram moldar, através dessa Declaração Conjunta, as principais características da multipolaridade já posta como fenômeno objetivo,pag betum futuro compartilhado para a Humanidade, segundo os chineses. O proletariado mundial alcança assim uma vitória estratégica reunindo melhores condições para lutar pelos seus interesses.

    Algumas palavras sobre a Rússia e sobre Putin são necessárias porque existem muitas restrições a eles,pag betparte da esquerda europeia epag betoutros lugares que se tremem diante da enorme onda russofóbica desencadeada pelo Ocidentepag betuníssono. A Rússia é um país capitalista que adota na cena internacional uma postura contra hegemônicapag betoposição frontal aos EUA epag betaliada fundamental do país socialista mais desenvolvido e mais forte. Tem também relações estreitas com a Coréia do Norte. Mantem uma estrutura econômica onde os setores principais da economia estão nas mãos do Estado, depoispag betvários choques com a oligarquia russa, o que possibilita ousadia construtiva, pois o país tem os maiores recursos naturais do mundo. Entre esses projetos destaca-se a reconstruçãopag betseu poderosíssimo complexo industrial-militar. Putin desfrutapag betum grande prestígio interno e desperta crescente interesse externo, como se pode ver pelas repercussões da entrevista recente a Tucker Carlson. Tem boas relações com o Partido Comunista da Federação Russa que lhe empresta apoio no front externo. Além disso, faz referências muito elogiosas e preserva símbolos da época da URSS, critica severamente a destruição gorbachoviana, comemora respeitosamente o grande feito da vitória da guerra patriótica sobre os nazistas. Empenha-sepag betlivrar a Ucrâniapag betsua versão moderna. Por tudo isso, Putin é odiado e demonizado pela elite do Ocidente que tudo faz para isolá-lo e derrubá-lo. Ao falar da Rússia não se deveria menosprezá-la, mas levarpag betconta esses fatos e argumentos.

    Para onde quer se olhe aparecem sinais do declínio dos EUA, da ascensão chinesa e russa, bem comopag betuma sériepag betoutros paísespag betporte médio, cujo todo compõe um sistema multipolar. No terreno econômico o PIB chinês, pela Paridade do Poderpag betCompra, segundo o FMI se igualou ao dos EUApag bet2016 e, a partirpag betentão, começou a se distanciar esperando-se que ao finalpag bet2024 chegue a US$ 35,04 trilhões contra US$ 27,97 trilhões. A Rússia mesmo sofrendo milhares e milharespag betsanções por parte do Ocidente, voltou a crescer. Seu PIB/PPP para 2024 deverá atingir US$ 5,23 trilhões, o segundopag bettoda a Europa. O déficit dos EUA na Conta Corrente do Balançopag betPagamentos chegoupag bet2023 a US$ 795,15 bilhões, já a China teve um superávitpag betUS$ 271,439 bilhões,pag betacordo com o FMI. Segundo o Tesouro dos EUA o total da dívida nacional do país atualizada atinge US$ 34,23 trilhões.[xiii] A seu favor os EUA contam com a recuperaçãopag betsua condição como grande produtorpag betpetróleo e gás.

    A China está muito à frente dos EUApag bettermospag bettecnologia e inovação. O Relatório do think tank australiano, Australian Strategic Policy Institute-ASPI, publicado pelo Wall Street Journalpag bet2023, põe os pesquisadores chineses à frente dos americanospag bet37pag bet44 tecnologias examinadas nos setorespag betdefesa, espacial, robótica, energia, meio-ambiente, biotecnologia, inteligência artificial, materiais avançados e tecnologia quântica. Daí ter concluído que “a China estabeleceu uma liderança impressionantepag betpesquisapag betalto impacto, sob programas governamentais”.

    Além desse declínio relativopag betvários terrenos há também elementos muito sériospag betdecadência absoluta como o triste númeropag betmaispag betcem mil mortespag betjovens por ano ocasionadas por overdosepag betFentanyl. O mesmo se poderia dizer da polarização política fratricida que está a desgastar e consumir a elite dirigente dos EUA, fracionando o país.

    Mas a principal argumentação dos acadêmicos que não aceitam o advento da multipolaridade épag betque a força militar dos EUA é muito superior à dos seus principais oponentes. Aqui a desinformação, a partir do cerco feito pela mídia Ocidental, se faz sentir forte. Utiliza-se como argumento básico o alto númeropag betbases militares no exterior, cercapag bet750 dos mais variados tamanhos e especificações, as sete frotas navais estadunidenses a zanzar pelos mares do planeta, prontas para intervirpag betqualquer situação onde julguem estarpag betperigo a “segurança dos Estados Unidos” e ainda, o fato do orçamento militar dos EUA ser muito maior do que a soma dos orçamentos militarespag bettodos os outros países. Acontece que esse enorme orçamento, que pesquisas sérias dizem ser na realidade pelo menos o dobro que o divulgado oficialmente, se transformapag betum fardo extremamente pesado que tem que ser sucessivamente financiado, o que só se consegue às custas do brutal endividamento público.

    Os EUA têm mais porta-aviões, mas no ranking das maiores marinhaspag betguerra do mundo dos EUA aparecempag betquarto lugar, antecedidos pela China, pela Rússia e pela Coréia do Norte. O númeropag betogivas nucleares dos EUA e da Rússia se equivalem com vantagem para os russos. Até pouco tempo o exército dos EUA era considerado o mais forte do mundo. Entretanto, após o conflito ucraniano é o exército russo passou a ser considerado o mais poderoso e numeroso pelo grande númeropag betcombatentes que a ele se incorporou recentemente.[xiv] A Rússia tem demonstrado uma capacidadepag betproduzir armamento, bem maior que o Ocidente que parece ter dificuldades para repor armas para a Ucrânia. Sergey Shoigu, ministro da Defesa russo assim avaliou a presente situação, “hoje, o exército russo é o mais treinado e capazpag betcombater no mundo, com armamentos avançados que foram testadospag betcondiçõespag betcombate”[xv].

    O site Global Firepower produz um levantamento anual chamado Global Military Ranking System que com base na análisepag betmaispag bet60 diferentes fatores disponíveis, com variados aspectos do poder militarpag betuma nação, gerando uma pontuação numérica, chamada PowerIndex, capazpag betcompará-la àpag betoutra nação. Os resultadospag bet2023 colocam praticamente no mesmo patamar EUA (0,0712), Rússia (0,0714) e China (0,0722), por essa ordem porque considera-se que o número menor representa mais poderio.

    Levandopag betconta as opiniões expostas e ainda outras o que parece haver é um certo equilíbriopag betforçaspag betmuitos aspectos tradicionais. No entanto, tudo leva a crer que o grande diferencial da capacidade combativa moderna está nos extremamente avançados mísseis hipersônicos, com velocidadespag betaté 27 Mach, ou seja 27 vezes a velocidade do som ou 32.200 km/h, manipuláveis,pag betlongo alcance, que podem ser lançados pelo ar, por terra ou por mar, desenvolvidos pela Rússia, anunciados por Putin há alguns anos, que tornam porta-aviões e bases militares vulneráveis e que vem se mostrando extremamente eficazes quando usados ofensiva ou defensivamente, pois, ainda não se desenvolveram armas capazespag betinterceptá-los. Junto a eles os sistemaspag betlocalização via satélite, os diversos tipospag betsensores ultrassofisticados, os mecanismospag betguerra eletrônica capazespag betinterferir na trajetória e desviar a rotapag betobjetos voadores não tripulados dos mais variados tipos ... e tropas,pag betabundância e altamente preparadas do pontopag betvista tecnológico, marcam os combates atuais.

    Poucos dias após a divulgação da Declaração Conjunta, a Rússia desencadeou uma operação militar na Ucrânia afimpag betbarrar a guerra que o regime ucraniano levava a cabo contra a população do Donbass, visando proteger seus habitantes, desnazificar o país e impedi-lopag betaderir a OTAN, pretensões e acontecimentos práticos que aconteciam com a supervisão e total apoio do Ocidente coletivo.

    Começado o conflito os EUA, os países da União Europeia e alguns outros lá já enterraram cercapag betUS$250 bilhões,pag betajuda militar e financeira, patrocinaram uma fracassada contraofensiva com a pretensãopag betderrotar a Rússia no campopag betbatalha. Além disso, estabeleceram cercapag bet15 mil sanções contra a Rússia visando sufocá-la econômica e financeiramente para com isso criar um climapag betdescontentamento interno contra o governo. Não conseguiram nada, alémpag betlevar à morte e à mutilação centenaspag betmilharespag betucranianos. Poderão prolongar o conflito negando a possibilidade que qualquer acordopag betpaz, como têm feito, mas já estão inexoravelmente derrotados. Esse fato é a comprovaçãopag betque os EUA não mais podem decidir o destinopag betoutras nações a seu bel prazer, reflexo da realidade multipolar. Tal qual acontece na Síria.

    De outra parte, estalou mais uma ondapag betconflitos no Oriente Médio. Embora infligindo sofrimentos inauditos ao povo palestino, massacrandopag betespecial crianças e mulheres, o sionista e terrorista Estadopag betIsrael, preposto do imperialismo estadunidense, enfrenta, dessa vez, uma resistência muito maior, que se espalha por diversas frentes,pag betum conflito que tende a se prolongar e a ser decididopag betprazo médio. Uma nova situação do mundo, como têm dito representantespag betforças políticas da resistência, formam um ambiente propício para a resistência se desenvolver e conquistar a vitória. O mesmo raciocínio pode ser feitopag betrelação à nova ondapag betdescolonização surgida na África atravéspag betlevantes militar-populares.

    Parte importante dessa nova configuração mundial é a construçãopag betuma nova arquitetura financeira alternativa ao dólar e colocada como necessidade a partir do uso e abuso do expedientepag betpressão imperialista das sanções econômicas. Mas, como é sabido a forçapag betqualquer moeda depende da saúde da economia do país que a emite. Acontece que a China tem hoje a maior produção e comérciopag betmercadorias do mundo. Assim, também outros países não têm mais os EUA como entreposto comercial. Os fluxospag betcomércio entre os países do Sul global e deles com a Europa, momentaneamente abalado, são crescentes e volumosos. Em uma situaçãopag betequilíbrio estratégicopag betpoder militar os EUA não têm mais como impor a ditadura do dólar a qualquer preço. Daí, particularmente no âmbito dos BRICS, se passar a adotar novas formaspag betpagamentos epag betcompensações financeiras seja para mercadorias, seja para investimentos ou empréstimos. Um processo ainda inicial, mas que avança, inclusive com a comprapag betouro e o abandono gradual da reservaspag betdólares pelos países do Sul Global .[xvi]

    A construção revolucionária do mundo multipolar emergente segue tomando forma. Para os comunistas consequentes ela é a maneira pela qual se expressa hoje a luta pela superação do capitalismo imperialista, ou a luta pelo socialismo. Toda a razão teve Xi Jinping líder do Partido Comunista da China e presidente da China Socialista ao se despedir calorosamentepag betVladmir Putinpag betMoscou, quandopag betsua última viagem,pag bet2023 ao dizer: “Neste momento há mudanças como não víamos há 100 anos – e somos nós que juntos conduzimos essas mudanças”

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    *Dilermando Toni é jornalista, foi editor do jornal A Classe Operária, integrou do CC do PCdoB e é atualmente membro do Conselho Consultivo do Cebrapaz.

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    Bibliografia e notas

    [i] Celso Amorim, Declaração conjuntapag betPutin e Xi projeta uma liderança mundial alternativa, Carta Capital, 11/02/2022.

    [ii] Declaração Conjunta da Federação Russa e da República Popular da China sobre as Relações Internacionais na Nova Era e o Desenvolvimento Sustentável, 04 fevereiropag bet2022.

    [iii] VI Lênin, A Consigna dos Estados Unidos da Europa, 1915.

    [iv] JV Stálin cita Lênin no artigo Resumo da Discussãopag bettorno do Informe sobre o Desvio Social-Democrata no nosso Partido, cap. 3 A Propósito do Desenvolvimento Desigual dos Países Capitalistas, 1926.

    [v] JV Stálin, Problemas Econômicos do Socialismo na URSS, 1953, capítulo 6, A inevitabilidade da guerra entre os países capitalistas.

    [vi] VI Lênin, O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, 1916, Cap IV A Exportaçãopag betCapital, OE I.

    [vii] VI Lênin, O Programa Militar da Revolução Proletária, 1916, OC tomo 30.

    [viii] Ver no site imf.org o DataMapper, World Economic Outlook, tanto o Purchasing Power Parity, Trend 1980-2028, como o Real GDP Growth, Trend 1980-2028, ou ainda o GDP based on PPP, share of world.

    [ix] A esse respeito ver o Informepag betJoão Amazonas ao 8º Congresso do PCdoBpag bet1992 que se reuniu sob o lema “O Socialismo Vive”.

    [x] Dilermando Toni, Um Mundopag betTransição: Lento Declínio dos EUA e Rápida Ascensão da China, 2007. Texto apresentado no seminário Capitalismo Contemporâneo e a Nova Luta pelo Socialismo.

    [xi] O Manualpag betEconomia Política do Institutopag betEconomia da Academiapag betCiências da então URSS, no capítulo O Lugar Histórico do Imperialismo, descreve essas mutações na passagem do séc. XIX ao XX da seguinte forma: “Em 1860, a Inglaterra ocupava o primeiro lugar na produção industrial do mundo, seguida pela França, pela Alemanha e pelos EUA que acabavampag betaparecer na cena mundial. Dez anos depois, o país do jovem capitalismo – os EUA – se adiantoupag betrápido desenvolvimento à França e passou a ocupar o seu posto. Ao fimpag betoutros dez anos, os EUA haviam suplantado a Inglaterra e se afirmavam fortemente no primeiro lugar na produção industrial do mundo, enquanto a Alemanha ultrapassava a França e passava a ocupar o terceiro lugar, depois dos EUA e da Inglaterra. Ao começar o séc. XX, a Alemanha havia deixado para trás a Inglaterra, colocando-sepag betsegundo lugar, depois dos EUA. Como resultado das mudanças operadas na correlaçãopag betforças entre os países capitalistas se produziu a divisão do mundo capitalistapag betdois campos imperialistas hostis e iniciam-se as guerras mundiais.

    [xii] Os fatos deste processo turbulento estão descritospag betmaneira interessante no livropag betHelen Thompson, Disorder Hard Times in the 21st Century, part I Geopolitics, 2022.

    [xiii] Ver a FiscalData no site do Tesouro do Governo dos EUA.

    [xiv] Essa foi a conclusão a que chegou a publicação recente da revista americana US News and World Reportpag betlevantamento que considerou 73 atributos.

    [xv] Sergey Shoigupag betreunião ampliada do conselho do Ministério da Defesa da Rússia, 19/12/2023.

    [xvi] A trajetória forçada do dólar como moeda dominante no mundo é descritapag betforma bem-humorada e ricapag betdetalhes por Michael Hudson no seu The Destiny of Civilization: Finance Capitalism, Industrial Capitalism or Socialism, cap. 10 Dollar Hegemony; The Privilege of Creating ‘Paper Gold’, 2022. Atenção especial merece a explicaçãopag betcomo os EUA, mesmo deixando a condiçãopag betnação credora para se tornar a maior devedora do planeta, conseguiu manter e ampliar, a dominância do dólar.

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